Não quero provocar polêmicas entre os brucknerianos como eu, mas minha opinião é que esta sinfonia é a única que talvez mereça os comentários críticos de Brahms acerca do caráter das enormidades musicais de Bruckner. Ela é dedicada a Richard Wagner e é também conhecida como Sinfonia Wagner.
Dizem que, em visita a Wagner, Bruckner apresentou-lhe os manuscritos da segunda e terceira sinfonias. Perguntou-lhe qual a que ele preferia, pois desejava dedicar-lhe uma delas; Wagner escolheu, mas Anton, que bebera muita cerveja durante o encontro, esqueceu qual fora a resposta… E Wagner acabou com esta.
Esta sinfonia é uma exceção na obra do compositor e, depois da terceira, a coisa fica séria e Bruckner irá enfileirar uma obra-prima atrás da outra.
As versões da terceira são a habitual pândega que explicitamos com ajuda deste site. Em negrito, a versão da gravação que escolhi.
P.Q.P. Bach.
Versão original de 1873, composição iniciada em 23 de fevereiro de 1873, partitura completa concluída em 31 de dezembro de 1873. Um esboço anterior fora apresentado a Wagner em Bayereuth em setembro 1873, quando o Finale ainda não tinha sido orquestrado. Uma cópia final completa foi enviada mais tarde a Wagner, na primavera de 1874, e esta é a base da edição de Nowak [1977].
Versão de 1874, representou, de acordo com Bruckner, “uma melhoria considerável da primeira versão “. Não publicada e não gravada.
Versão de 1876, é o resultado de uma revisão rítmica; só o Adágio desta versão foi publicado até agora, por Nowak.
Versão de 1877, realizada entre 1876-77. As citações de Wagner foram suprimidas, o Finale encurtado e o Scherzo ganhou uma nova conclusão. Executada em Viena em 16 de dezembro de 1877, sob a direção de Bruckner. A primeira edição foi publicada em 1880 por Rättig, com algumas pequenas diferenças em relação ao autógrafo da versão de 1877, como a eliminação da coda do Scherzo (de fato a coda leva a indicação “não imprimir” no autógrafo). Não há uma edição Haas desta sinfonia, e a primeira edição crítica para a Sociedade Bruckner foi preparada por Oeser em 1950. A edição de Oeser é uma mistura da versão de 1877 e da edição de 1880, pois está baseada na partitura manuscrita mas segue a partitura impressa ao deixar de fora a coda do Scherzo. A edição Nowak da versão de 1877 (incorporando a coda do Scherzo) apareceu em 1981 e desde então tornou-se a edição mais aceita da obra.
Versão de 1888/89, é uma revisão feita com ajuda de Franz Schalk durante os anos 1888-89. A obra foi ainda mais abreviada, e a Coda do Scherzo foi mais uma vez abandonada. Mudanças na orquestração modificaram todo o clima da obra, tornando-a mais próxima do mundo sonoro das últimas sinfonias. Esta versão foi publicada com algumas modificações por Rättig em 1890 (segunda edição). Executada pela primeira vez em 21 de dezembro de 1890 pela Filarmônica de Viena sob a direção de Hans Richter. A edição crítica desta versão é de Nowak [1959]. Antes da recente proeminência da versão de 1877 versão, esta era a versão mais executada.
Sinfonia Nº 3 em ré menor de Anton Bruckner.
I. Gemäßigt, mehr bewegt, Misterioso 21`15
II. Adagio. Bewegt, quasi Andante 14`40
III. Scherzo. Ziemlich schnell – Trio – Scherzo da capo 7`15
IV. Finale. Allegro 14`40
Orquestra Sinfônica da Rádio Bávara;
Reg.: Rafael Kubelik.
Acho extraordinário o primeiro movimento e o scherzo dessa. A introdução lembra alguma coisa da 9ª de Beethoven. Porém, no todo, essa sinfonia mais parece um treino, ou um rascunho da 4ª; é essa a impressão que mais me martela. Ao mesmo tempo, parece uma tentativa de buscar uma enormidade nos metais, como Mahler na 5ª. Porém, escultei pouco Wagner na minha vida, tirando as obras mais famosas, mas não consigo muito ver, o que poderia ser essa homenagem.