Embalado pela chuva que insiste em cair lá fora, este cão faz uma pausa no bop para enlevar-se em harmonias menos angulares.
Embora um músico genial, John Coltrane foi um jovem pouco inteligente até quase matar-se na heroína. Refeito e levando sua vida e sua música com a seriedade que mereciam, foi encontrar a deidade (que previu numa crise de abstinência) na forma de uma negra forte, estudiosa de jazz e virtuose no piano, na harpa e no vibrafone. Tocava nos bares de Detroit com seu trio desde 62; conheceu John em 63. Tiveram três filhos e alguns trabalhos juntos; abraçaram o free jazz e, mais ela do que ele, a espiritualidade hindu – o que deu às composições de Alice um corpo próprio, bastante dissociado do que John fazia. Alice alternou sua carreira entre discos etéreos, de um jazz hipnótico, e outros de furor avant-garde improvisado nas teclas. Este Journey in Satchidananda faz parte do primeiro grupo. Gravado na casa da família, em 8 de novembro de 1970, é um disco de blue jazz cheio de personalidade. Do começo bluesy e compassado, um solo de harpa claro como cristal e o sax de Pharaoh Sanders – aqui temos a “resposta da família” à eletricidade de Miles Davis e do fusion que acelerava os compassos em direções distintas. Homogênea e desapressada, a música composta por Alice atingia o grau acima que lhe faltava para que assumisse o primeiro posto entre os músicos de jazz com este disco.
Alice Coltrane: harp, piano
Pharoah Sanders: soprano saxophone, percussion
Cecil McBee: bass
Tulsi: tambura
Rashied Ali: drums
Majid Shabazz: bells, tambourine
Vishnu Wood: oud (track 5)
Charlie Haden: bass (track 5)
Produzido por Alice Coltrane e Ed Michael para a Impulse!
02 Shiva-Loka – 6’37
03 Stopover Bombay – 2’54
04 Something About John Coltrane – 9’43
05 Isis and Osiris – 11’28 (ao vivo no The Village Gate, NY, 04 junho 1970)
Boa audição!
Blue Dog
excelente blog, parabéns
Camarada, gostaria de lhe fazer um pedido: Que você colocasse aqui a Messe de Notre Dame (Missa de nossa senhora) do Guillaume de Machaut.Seria muito bom ;DBelo blog, aliás. Continue com o trabalho.
Vocês não têm noção da importância desembenhada por vocês no futuro da humanidade!!!Parabéns pelo blog. O meu favorito!
Sejamos sinceros, em que outro local se poderá encontrar dois primores de gravações, como esse Monteverdi abaixo e esse petardo da Alice Coltrane acima senão aqui no PQP???A seu dispor, FDP Bach.
Não consigo encontrar um cd de homenagem a Gershwin, chamado “S’Wonderful”. Nele, existe uma gravação de “The Man I Love”, interpretado por Betty Carter, que é uma pérola dos céus. Por acaso não serei sortudo o suficiente para ver tal coisa postada aqui?
este blog mais uma vez me salva do desespero.