Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 99-104

Foram só alegrias os dezoito meses da primeira visita de Haydn (1732 — 1809) em Londres nas temporadas de concertos de 1791 e 1792. Abriremos este último post da integral das sinfonias do mestre com o empresário Johann Peter Salomon tentando trazê-lo a Londres para o início da nova temporada no “Hanover Square Rooms” que iria se iniciar em Fevereiro de 1793. Porém alguns imprevistos impediram o mestre de retornar a Londres: primeiro por problemas de saúde (fez uma cirurgia mal sucedida no nariz) e sobretudo pelas tensões políticas da época: a Europa se deteriorava gradualmente com a repercussão da Revolução Francesa: os franceses haviam guilhotinado o rei Luís XVI em janeiro de 1793. Era o início da guerra que se estenderia até a Batalha de Waterloo, em 1815. Eles chegaram a um acordo e fizeram um novo contrato para a temporada de 1794. Após um intervalo vienense relativamente tranquilo de dezoito meses, durante o qual deu aulas intermitentes ao jovem Beethoven, Haydn chegou a Londres, para sua segunda visita em 4 de fevereiro de 1794. Trazia consigo quartetos, uma sinfonia recém-concluída, a número 99 e mais duas em andamento, a centésima e a centésima primeira. No final da temporada de 1794, Salomon foi forçado a suspender seus concertos nesta temporada porque a guerra com a França estava impossibilitando o envolvimento dos principais talentos, sobretudo vocais, vindos do exterior. Para a temporada seguinte Haydn concordou em escrever mais três sinfonias (as suas últimas) para a série de concertos de 1795.

As últimas seis sinfonias de Haydn foram escritas para sua segunda visita a Londres. A primeira delas, a sinfonia número 99 em Mi bemol maior, havia sido concluída no ano anterior, em Viena, e foi apresentada pela primeira vez em Londres, no concerto da “Hanover Square”, em 10 de fevereiro, em um programa que incluía a habitual mistura de música vocal e instrumental, com um novo concerto escrito e tocado pelo famoso violinista Viotti e um novo concerto para piano de Dussek. Salomon reuniu uma orquestra com cerca de sessenta músicos. A sinfonia começa com uma introdução lenta ao primeiro movimento, levando a um Vivace assai, no qual o tema principal é introduzido pelos primeiros violinos, a ser retomado pelos instrumentos de sopro, com um segundo tema que também faz uso melódico do clarinete. Haydn faz uso mais pleno dos instrumentos de sopro os tratando com um maior grau de independência. O movimento lento é um bom exemplo disso, quando flauta, oboé e fagote ecoam. O belo minuet, com seus contrastes dinâmicos, com a linda pontuação dos oboés, clarinetes, fagotes e cordas. O último movimento é na forma de sonata-rondo, com dois temas que evoloem de forma surpreendente. A centésima sinfonia foi tocada no oitavo concerto, em 31 de março, em um programa que incluía a apresentação de um novo quarteto Haydn e um concerto composto e tocado pelo violinista Viotti. A “Grande Abertura Militar”, como o novo trabalho foi descrito, começa com uma introdução lenta, evolui para o alegro, a segunda parte foi, mais tarde, utilizada por Johann Strauss. O segundo movimento, allegretto, inclui uma bateria militar, triângulo, pratos e bumbo em sua pontuação. O minuet é relativamente lento, com um toque de mistério. A sinfonia termina com um rondo, cujo tema principal se tornou rapidamente popular na Inglaterra, nos salão de baile. No final, a percussão militar é novamente usada proporcionando uma peculiaridade neste trabalho.

A sinfonia 101 é aberta com uma introdução lenta e portentosa e pela primeira vez, é o movimento lento que dá o apelido ‘The Clock’, derivados do acompanhamento ostinato de ‘tique-taque’ até o tema principal do andante. Incomum nas obras do mestre, uma combinação diferente do rondo, o tema principal recorrente nunca aparece exatamente da mesma forma: em sua reexposição ‘tique-taque’ é dado à flauta e fagote, com o tema evoluindo entre os dois nos violinos. Nessa fase de sua carreira, os minuetos de Haydn estavam assumindo maior importância na sinfonia e já tendendo para os scherzos, neste caso, um trio prolongado que diverte-se com um ostinato, um movimento muito elaborado e divertido de ouvir! Muitos críticos cravam que o final desta sinfonia seria o seu melhor “finale. Em minha nula opinião, cravar apenas um movimento como sendo o “melhor” não faz sentido. Mas este finale é tão brilhante que sim está entre os “top 10” melhores. A orquestração é sublime, se final realmente é exuberante. A estreia desta sinfonia trouxe consigo ondas de aclamação da imprensa londrina: “…como sempre, a parte mais deliciosa do entretenimento foi a nova grande Overture (sinfonia) de Haydn; inesgotável, o maravilhoso, o sublime Haydn! …. Toda a composição foi de autêntica alegria. Cada nova sinfonia que ele escreve, tememos, até que seja ouvido, ele pode apenas se repita; e sempre estamos enganados….”.

A belíssima sinfonia número 102 teve a seguinte repercussão na imprensa inglesa em 3 de fevereiro (Morning Chronicle) … a nova Overture, composta pelo inimitável Haydn, foi realizada em um estilo magistral, como merecia ser o mais ricamente possível. Sua genialidade, como já tivemos oportunidade de observar com frequência, é inesgotável. Em harmonia, modulação, melodia, paixão e efeito, ele é totalmente incomparável…” A introdução lenta tornou-se uma prática mais ou menos comum nas sinfonias de Haydn e a 102º não é exceção. No primeiro incrível desenvolvimento do movimento existe um rigor temático comparável ao final da 101º. O Adagio aqui é mais direto, qualidade e uma calma que beira um sonho. Da mesma forma, o minuet mostra um lado diferente da personalidade de Haydn da relativa dignidade exibida na de número 101; aqui o sentimento é totalmente mais rústico, com o contraste proporcionado pelo trio levemente pontuado e dominado pelos instrumentos de sopro. O final é um dos sonata-rondos mais humorísticos e alegres de Haydn, com suas raízes musicais na ópera italiana “buffa”, tanto quanto na tradição sinfônica, contrsta esta alegria com a seriedade dos movimentos iniciais.

Chegamos ao último CD desta série com as sinfonias 103 e 104. Haydn escreveu a sinfonia número 103, apelidada de “Mit dem Psukenwirbel” em 1795, durante sua segunda visita a Londres. A sinfonia foi apresentada pela primeira vez no “King’s Theatre” em 2 de março, no Opera Concert. A lenta introdução do primeiro movimento começa com um soar dos tímpanos, seguido de um longo tema de violoncelos, contrabaixos e fagotes, sugerindo o “Dies irae” da missa de Requiem, (um contraste absurdo em comparação com o alegre final da 102) com seus contrastes dinâmicos que levam a um animado Allegro, no final os tímpanos reaparecem assim como o adagio inicial (sei não… tem alguma coisa do primeiro movimento da quarta sinfonia de Beethovem também… ou tenho que visitar o otorrino…). O segundo movimento é um conjunto de variações duplas, temas aparentemente de origem folclórica dos Bálcãs e depois uma chuva de belíssimas variações, com toda a sutileza de que Haydn era um enorme mestre. O minuet permite aos clarinetistas de Londres uma perigosa liberdade. As trompas introduzem o Finale, notavelmente baseado em mais um tema e tão original quanto qualquer coisa que o genial Haydn escreveu.

A última sinfonia de Haydn, a centésima quarta, estreou com o aplausos de êxtase habitual do público no concerto beneficente de 4 de maio de 1795, que lhe trouxe uma soma colossal em bônus “…tal coisa só é possível na Inglaterra…”, ele registrou em seu caderno. Se ele pretendia ou não mostrar neste trabalho o seu testamento sinfônico, sua grandeza e vigor, poder argumentativo e poesia visionária fazem dele uma gloriosa “última sinfonia”. Uma das explicações mais plausíveis para o motivo pelo qual essa, das doze últimas sinfonias, ficou conhecida como ‘Londres’, é que o tema principal do final lembrou aos ouvintes um grito de rua de Londres com as palavras “Live cod!” A lenta introdução rivaliza com tensão e mistério com a segunda parte, evocando uma vastidão cósmica dentro de seu período de dois minutos. O Allegro tem uma melodia linda. Essa música retorna, variada, como um reesposição; e há outra variação agradável, pontuada por flautas e oboés. O magnífico desenvolvimento é talvez o mais poderoso e rigoroso em todas as sinfonias de Haydn, o tema se desenvolve até um clímax de intensidade muito quente. A abertura tranquila do Andante é enganosa. A segunda parte da melodia se expande com uma amplitude e profundidade magníficas, enquanto a ferocidade do episódio central é comparável no Andante da sinfonia 101 “Clock”. A música flutua em formas tonais “sobrenaturais” antes de voltar magicamente de volta, como tantas vezes nesses movimentos lentos das últimas sinfonias, são impregnadas de um brilho nostálgico. O minueto nos leva a ópera com incomuns contrastes dinâmicos. Há uma “brincadeira” típica de Haydn, suas pausas terminando em pianíssimo. Haydn começa o trio pastoral com uma brincadeira mais sutil que para o público de Londres, sua origem também foi atribuída a uma música folclórica croata, é um tema contrastante em notas sustentadas, de um tipo único nos finales de Haydn. Fiel à forma, o compositor continua a explorar o potencial da música “folk” da abertura, até uma coda incandescente que Brahms – um fervoroso defensor da música de Haydn – deveria se lembrar ao compor o final da sua sinfonia número dois.

Ao falecer aos 77 anos de idade, em 31 de maio de 1809, em Viena, Joseph Haydn era o mais popular e, sem dúvida, também um dos mais abastados compositores da Europa. Sua música era executada em todo o continente, o público aclamava cada nova obra com entusiasmo. Altezas imperiais convidavam à sua mesa o filho de um artesão e de uma cozinheira. Sua carreira, no entanto, durou o período em que a sinfonia clássica se desenvolveu como a principal forma orquestral. Ele próprio certamente desempenhou um papel importante nesse desenvolvimento, espero que estes despretensiosos posts levem todo o entusiasmo que este mero admirador teve desde a audição de sua primeira sinfonia até a série final.

Adam Fischer feliz, tal qual as sinfonias de Haydn

Ufa!!! Chegamos ao fim de mais esta série. Hoje em dia, a imagem de Joseph Haydn é ambivalente. Por um lado, continua celebrado como o verdadeiro criador do classicismo vienense. Por outro, jamais conseguiu sair da sombra super-humana de Mozart e Beethoven – os quais, por sua vez, sempre apontaram o compositor mais velho como seu ponto de partida. Se Beethoven foi transformado pela posteridade em “Titã da Música”, e Mozart permaneceu o “menino-prodígio”, com Haydn ficava difícil aplicar tais rótulos. Ainda em 1870, o crítico musical Eduard Hanslick o definia como “um vovô sacudido, bonzinho, simpático que dava vontade de apertar e beijar”. E assim nascia um clichê fatídico. Mas felizmente nas últimas décadas representantes da “prática de execução historicamente informada” – como estas interpretações que tivemos a honra de compartilhar com os amigos do blog – começaram a trazer à tona um Haydn novo, inesperado. Para além de clichês petrificados e dos preconceitos auditivos, é possível redescobrir, hoje, a obra haydniana, em sua profunda humanidade. Um tesão !

Austro-Hungarian Haydn OrchestraPosando com lentes amarelas

A apresentação da Orquestra Austro-Húngara Haydn é limpa, articulada e totalmente profissional. Em suma, eu não poderia pedir uma orquestra melhor para estes posts. A característica principal de Adam Fischer é sua sempre excelente escolha dos tempos e a claridade das interpretações. Esta é uma coleção impressionante que merece ser ouvida por todos que amam a música de Franz Josef Haydn !!!!

Disc: 31 (Recorded September 1988 (#100) and September 1989 (#99))
1. Symphony No. 99 (1793) in E flat major, H. 1/99: Adagio-vivace assai
2. Symphony No. 99 (1793) in E flat major, H. 1/99: Adagio
3. Symphony No. 99 (1793) in E flat major, H. 1/99: Menuet & trio, allegretto
4. Symphony No. 99 (1793) in E flat major, H. 1/99: Finale, vivace
5. Symphony No. 100 (1793 & 4) in G major (‘Military’) H. 1/100: Adagio-allegro
6. Symphony No. 100 (1793 & 4) in G major (‘Military’) H. 1/100: Allegretto
7. Symphony No. 100 (1793 & 4) in G major (‘Military’) H. 1/100: Menuet & trio, moderato
8. Symphony No. 100 (1793 & 4) in G major (‘Military’) H. 1/100: Finale, presto

Disc: 32 (Recorded June 1987 (#101) and June 1988 (#102))
1. Symphony No. 101 (1793 & 4) in D major (‘Clock’), H. 1/101: Adagio-presto
2. Symphony No. 101 (1793 & 4) in D major (‘Clock’), H. 1/101: Andante
3. Symphony No. 101 (1793 & 4) in D major (‘Clock’), H. 1/101: Menuet & trio, allegretto
4. Symphony No. 101 (1793 & 4) in D major (‘Clock’), H. 1/101: Finale, presto
5. Symphony No. 102 (1794) in B flat major, H. 1/102: Largo-allegro vivace
6. Symphony No. 102 (1794) in B flat major, H. 1/102: Adagio
7. Symphony No. 102 (1794) in B flat major, H. 1/102: Menuetto & trio, allegro
8. Symphony No. 102 (1794) in B flat major, H. 1/102: Finale, presto

Disc: 33 (Recorded June 1987 (#103) and September 1989 (#104))
1. Symphony No. 103 (1795) in E flat major (‘Drumroll’), H. 1/103: Adagio-allegro con spirito
2. Symphony No. 103 (1795) in E flat major (‘Drumroll’), H. 1/103: Andante più tosto allegretto
3. Symphony No. 103 (1795) in E flat major (‘Drumroll’), H. 1/103: Menuet & trio
4. Symphony No. 103 (1795) in E flat major (‘Drumroll’), H. 1/103: Finale, allegro con spirito
5. Symphony No. 104 (1795) in D major (‘London’), H. 1/104: Adagio-allegro
6. Symphony No. 104 (1795) in D major (‘London’), H. 1/104: Andante
7. Symphony No. 104 (1795) in D major (‘London’), H. 1/104: Menuetto & trio, allegro
8. Symphony No. 104 (1795) in D major (‘London’), H. 1/104: Finale, spiritoso

Rainer Küchl, violin
Wolfgang Herzer, cello
Gerhard Turetschek, oboe
Michael Werba, bassoon
Austro-Hungarian Haydn Orchestra
Conductor: Adam Fischer

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O verdadeiro “Quarteto fantástico” !

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 91-98 e Sinfonia Concertante, Adam Fischer

Como vimos no post anterior a década de 1780 viu um rompimento gradual das composições regulares exclusivamente para Eszterháza, com obras produzidas a pedido de editoras de toda a Europa. Um resultado dessa nova liberdade contratual foi o conjunto das chamadas Sinfonias de Paris de 1784-1786. O clímax da carreira sinfônica de Haydn (1732 — 1809), entretanto, ocorreu após 1790, o ano da morte do príncipe. Quando o príncipe Nikolaus morreu em 1790, ele foi sucedido por seu filho, príncipe Antal, que não gostava de música e acabou por demitir a maioria dos músicos da corte mantendo Haydn, que estava ao serviço da família há quase trinta anos, como Kapellmeister apenas no nome.

Foi um ponto de virada na carreira de Haydn. Nenhum dever era exigido dele, permitindo que Haydn fizesse o que quisesse. Depois de tanto tempo na corte de Ezsterházy o compositor estava ansioso por experimentar um modo de vida diferente. Ofertas começaram a chegar aos montes para o compositor recém emancipado, estava a ponto de aceitar um cargo com o rei de Nápoles quando um estranho apareceu na porta de seu alojamento, em Viena, e proferiu palavras imortais: “Eu sou Salomon de Londres e vim procurar você”. Johann Peter Salomon, natural da cidade natal de Beethoven, Bonn, foi um dos promotores e empresários de concertos mais bem-sucedidos de Londres. Com a promessa de comissões generosas e bônus de ‘faturamento de estrelas’ em sua temporada de concertos em Londres, Haydn foi facilmente persuadido a fazer a viagem de dezessete dias do continente europeu à Inglaterra, apesar de raramente ele ter viajado antes além dos limites de Viena e das propriedades Ezsterházy. Salomon, chegou e encomendou a Haydn 6 novas sinfonias e 20 composições menores a serem conduzidas pelo próprio compositor em uma série de concertos orquestrais em Londres patrocinados por Salomon. Haydn aceitou de bom grado essa oferta e os dois homens partiram para Londres em dezembro de 1790. Finalmente pela primeira vez Haydn desembarcou na Inglaterra no dia de Ano Novo de 1791, pouco depois chegando a Londres, onde se alojou com o violinista-empresário Johann Peter Salomon, que havia organizado a visita. A temporada de shows de Salomon começou no dia 11 de março, na Hanover Square Rooms, onde Johann Christian Bach e seu colega Carl Friedrich Abel haviam feito anteriormente uma série de concertos. A orquestra de Salomon naquela época consistia em cerca de quarenta artistas altamente competentes e foi para eles que Haydn escreveu o primeiro de seus Salomon ou London Symphonies. Em junho, a temporada chegou ao fim e, em julho, Haydn viajou para Oxford, onde participou de uma série de concertos e recebeu o diploma de Doutor em Música. Conforme relatou à sua amiga e confidente Maria Anna von Genzinger, uma semana após sua chegada a Londres: “Todo mundo quer me conhecer. Eu tive que jantar fora seis vezes até agora e, se quisesse, poderia receber um convite todos os dias; mas primeiro devo considerar minha saúde e depois meu trabalho. Exceto pela nobreza, não admito encontros até as duas da tarde”. A fama de Haydn na Inglaterra, como na França, baseava-se sobretudo em suas sinfonias das décadas de 1770 e 1780, particularmente a número 53, apelidada de “L’Impériale”, a favorita do público até então.

Johann Peter Salomon

A parte principal de seu lucrativo acordo com Salomon foi a composição de seis novas sinfonias (da 93 até a 98) em duas temporadas, pelas quais ele receberia 300 libras – na época uma fortuna. Haydn agora está menos inclinado à excentricidade, suas melodias se tornam mais amplas e cativantes (a maioria dos movimentos da sonata contém um ‘segundo tema’ distinto e afinado), suas formas ainda mais livres, suas modulações ainda mais ousadas. Inspirado também pelas substanciais forças londrinas, o tratamento de Haydn à orquestra supera até os trabalhos escritos para Paris. Essas são as sinfonias mais brilhantes e mundanas, refletindo o ambiente emocionante em que foram escritas e a determinação de Haydn de impressionar um público diferente. Talvez mais do que qualquer música instrumental anterior ou posterior, as sinfonias de “Londres” encapsularam e moldaram o “gosto” de seus ouvintes, enquanto os expandiam e desafiavam cada vez mais. Juntamente com as maiores sinfonias da década de 1780 (principalmente 82, 86, 88 e 92), elas são a consumação do que Charles Rosen, em seu grande livro “The Classical Style”, chamou de “pastoral heroica”: não apenas pela trios rústicos e melodias quase-folclóricas, mas para “aquela combinação de ironia sofisticada e inocência superficial que faz parte do gênero pastoral”. As duas primeiras sinfonias de “Londres” foram os números 95 e 96, estrearam nos concertos de Salomon numa noite de sexta-feira no “Hanover Square Rooms” (com capacidade para cerca de 500 ouvintes) em abril ou no início de maio de 1791.

Enquanto estava em Londres em 1791, Haydn ficou profundamente comovido com a música de George Frid eric Handel em performances magistrais dos oratórios. Decidindo compor outros trabalhos nesse gênero, obteve um libreto adequado e, depois de se estabelecer em Viena e retomar suas funções para o príncipe Ezsterházy, começou a trabalhar no oratório “A Criação” , mas ai é outra história, aliás outro lindo post (AQUI)…. Em junho de 1792, Haydn deixou Londres para voltar a Alemanha. Em sua jornada, ele parou em Bonn, onde o jovem de 22 anos, Ludwig van Beethoven, foi apresentado a ele, e foi combinado que o jovem e tempestuoso compositor se mudasse para Viena para receber as instruções de Haydn. Em uma carta de 1793 ao patrono de Beethoven, o eleitor de Colônia, Haydn afirmou que “Beethoven será um dia considerado um dos maiores compositores da Europa, e terei orgulho em ser chamado de professor”…. né que estava certo ? Estas e outras histórias do Renano estão sendo lindamente contadas ao longo deste ano pelo querido Vassily Genrikhovich (AQUI).

A sinfonia que inicia o CD 28 é a sinfonia concertante. Tem uma curiosa historinha: Haydn teve grande sucesso em sua primeira temporada em Londres que provou ser imbatível nos concertos de Salomon, onde ele apresentou novas e brilhantes sinfonias escritas para a ocasião. Na próxima temporada, uma organização rival, a Professional Concerts, contratou o ex-aluno de Haydn, Ignace Pleyel, como contra-atração. Haydn escreveu a um amigo em Viena em janeiro de 1792: “Então uma guerra sangrenta e harmoniosa começará entre mestre e aluno.” Aparentemente, era ideia de Salomon que Haydn enfrentaria agora uma das poucas formas que ele nunca havia testado antes – a sinfonia concertante, no qual Pleyel se destacava. E foi assim que Haydn, que havia escrito mais de noventa sinfonias e cerca de quatro dúzias de quartetos de cordas, compôs a única sinfonia concertante de sua longa carreira. O manuscrito de Haydn parece ter sido escrito com tanta pressa que ele pode tê-lo escrito entre 27 de fevereiro e 9 de março, a data da estreia de Haydn. Independentemente das circunstâncias de sua criação e a pressa da composição, a Sinfonia concertante foi um sucesso; foi repetido na semana seguinte. “Foi profundo, arejado, comovente e original”, escreveu o crítico do Morning Herald. As sinfonias números 90, 91 e 92 foram trabalhos que Haydn escreveu no continente antes de sair em sua histórica primeira viagem a Londres. O Largo que abre a sinfonia 91 é uma imponente introdução, o Allegro começa enganosamente simples, com seu tema principal pouco mais que uma escala crescente cromática. O movimento lento está em forma de variação. O minuet e o trio são seguidos por outro final monotemático em forma de sonata. Haydn completou a Sinfonia nº 92 em 1789. Em julho de 1791, ele recebeu um doutorado honorário pela Universidade de Oxford e conduziu para a ocasião sua sinfonia no “Sheldonian Theatre”, de onde ganhou seu apelido de “Oxford”. Foi realmente o trabalho ideal para demonstrar seu valor. A última sinfonia antes do doze obras de Londres, resume sua conquista sinfônica dos trinta anos anteriores, com sua introdução refinada levando a um de seus Allegros mais motivadamente concisos, cuja vivacidade contrasta com a poético lirismo do Adagio cantabile. Um minuet representativo e trio leva ao final do Presto, um cruzamento entre a forma sonata e rondo, com uma das invenções melódicas mais envolventes de Haydn.

Haydn iniciou as sinfonias números 93 e 94 no verão de 1791 enquanto permanecia na propriedade rural, perto de Hertford, do banqueiro e comerciante Nathaniel Brassey e sua família. Durante a temporada de 1791, ele teve tempo de estudar o gosto inglês; e os dois trabalhos são mais amplos em escala e mais ousados, ambas as sinfonias foram projetadas para atrair seu público londrino a contrastes espetaculares, às vezes irônicos. A sinfonia número 93 foi tocada pela primeira vez em 17 de fevereiro de 1792 como peça central do primeiro concerto de Salomon da nova temporada no “Hanover Square Rooms” e foi recebida com entusiasmo. “Tal combinação de excelência estava contida em todos os movimentos” – comentou o Times na manhã seguinte – “…, como inspirou todos os artistas, bem como deixou o público com entusiasmado. Novas idéias, capricho agradável combinado com a grandeza sublime e habitual de Haydn deu mais alma e sentimentos para cada indivíduo presente.” A sinfonia começa com uma introdução lenta, o ‘Allegro assai’ que se desenvolve lindamente. O movimento lento é um conjunto de variações sobre um tema apresentado por um quarteto de de cordas e repetido com tutti cordas e com a melodia posteriormente dobrada por um fagote solo, lembrando uma variação de Handel, cuja música Haydn já tinha tido contato desde a sua chegada a Londres. O Minuet espirituoso é seguido por um rondo finale com o mesmo humor genial que o tema principal do primeiro movimento. A belíssima e popular nonagésima quarta sinfonia teve que esperar até o sexto concerto da Temporada de 1792 de Salomon para sua primeira apresentação e foi muito bem recebido. O ‘Vivace assai’ que segue a lenta introdução é um dos mais brilhantes e inventivos movimentos de Haydn, cheios de energia e harmônicos, delícias temáticas e rítmicas. Apesar da lenda, Haydn mais tarde desmentiu que a ‘surpresa’ do acorde alto no movimento lento não foi adicionado para acordar um público desatento, mas simplesmente como um efeito dramático. O Minuet e o final continuam o nível particularmente alto de inspiração encontrado nesta sinfonia, sendo o último movimento uma emocionante sonata rondo que passa por uma vasta gama de notas e combinações instrumentais em seu caminho agitado para sua conclusão. A sinfonia número 95 em dó menor também foi escrita em Londres em 1791 e foi apresentada em algum momento durante a primeira temporada de Haydn lá, aparentemente se mostrando menos popular do que suas outras novas sinfonias. A forte figura de abertura do primeiro movimento é anunciada por sopros e cordas. O Andante cantábile é introduzido pelas cordas. A primeira variação usa um violoncelo solo, seguido dos primeiros violinos, ecoados pelo violoncelo solo. O Minuet composto na escala de um sinistro dó menor. O Trio, no entanto, agora emdó maior, com um violoncelo solo acompanhado por cordas em alegre contraste. O Final, em dó maior, iniciado pelas cordas, seguindo-se uma passagem em fuga, após a qual o tema principal retorna em recapitulação, com um toque a mais de contraponto antes da conclusão firme.

A sinfonia nº 96 conhecida como “The Miracle”: ao invés de ter conotações religiosas o apelido se deu por causa da escapada milagrosa de várias pessoas da plateia que saíram de seus lugares e avançaram para ver Haydn de perto quando ele apareceu, evitando assim serem esmagados por um candelabro que caiu em seguida em seus lugares. O primeiro movimento abre, assim como a maioria das sinfonias de Londres, com uma introdução lenta, o oboé solo que leva ao Allegro, no qual o primeiro violino propõe o tema principal, o desenvolvimento parece terminar com uma pausa repentina, mas o que se segue é uma bela recapitulação. O movimento lento permite que os instrumentos de sopro desenvolvam gradualmente, após o tema principal tocado pelo primeiro violino. O Minuet pede a orquestra completa, com suas flautas, oboés, fagotes, trompetes e tímpanos, enquanto o companheiro Trio é dominado pelo oboé solo. O final é aberto pelas cordas com o tema principal, um rondo animado e delicado. O início da sinfonia 97 é marcado com uma introdução lenta, utilizando material melódico intimamente relacionado ao final do exposição e à coda que conclui o movimento. O Vivace abre triunfantemente com uma figura de fanfarra compartilhada por toda a orquestra. O movimento lento é introduzido pelas cordas, o tema principal pontuado por acordes de sopros. O Minuet faz uso de contrastes dinâmicos e enquadra um trio que leva os primeiros violinos às alturas. Há surpresas estruturais no belíssimo Finale. A sinfonia

Adam posando num belo jogo de sombras no PQPBach Hall Center

número 98 que encerra esta postagem novamente é iniciada de forma lenta, a figura de abertura do Allegro fornece material para o início do desenvolvimento central, para que apareça novamente para iniciar a recapitulação e dominar a coda final. O famoso Adagio tem seu tema principal um hino que sugere “Deus salve o rei”. O material é desenvolvido com movimento e a recapitulação se abre com o acompanhamento de um violoncelo solo. O Minuet é direto, com sua bonita duplicação dos primeiros violinos com o fagote. O Finale permite que os primeiros violinos afirmem o tema principal, ecoado por um oboé solo.

Ótimas sinfonias em belíssimas interpretações da valorosa Austro-Hungarian Haydn Orchestra e seu maestro Adam Fischer, penso eu nesta penúltima postagem que o maestro chamando a atenção para a profundidade e a beleza das sinfonias, produziu interpretações de primeira classe de todos os movimentos, em cada performance ele nos traz uma condução mais expressiva sem exageros, Haydn iria amar estas performances. Trabalho formidável !

Disc: 28 (Recorded September 1988 (Hob. I:105), September 1990 (#92) and September 1991 (#91))
1. Symphony No. 91 (1788) in E flat major (‘Letter T’), H. 1/91: Largo-allegro assai
2. Symphony No. 91 (1788) in E flat major (‘Letter T’), H. 1/91: Andante
3. Symphony No. 91 (1788) in E flat major (‘Letter T’), H. 1/91: Menuet & trio, un poco allegretto
4. Symphony No. 91 (1788) in E flat major (‘Letter T’), H. 1/91: Finale, vivace
5. Symphony No. 92 (1789) in G major (‘Oxford’/’Letter Q’), H. 1/92: Adagio-allegro spiritoso
6. Symphony No. 92 (1789) in G major (‘Oxford’/’Letter Q’), H. 1/92: Adagio
7. Symphony No. 92 (1789) in G major (‘Oxford’/’Letter Q’), H. 1/92: Menuet & trio, allegretto
8. Symphony No. 92 (1789) in G major (‘Oxford’/’Letter Q’), H. 1/92: Presto
9. Sinfonia Concertante (1792) for violin, cello, oboe, bassoon & orchestra, H. 1/105: Allegro
10. Sinfonia Concertante (1792) for violin, cello, oboe, bassoon & orchestra, H. 1/105: Andante
11. Sinfonia Concertante (1792) for violin, cello, oboe, bassoon & orchestra, H. 1/105: Allegro con spirito

Disc: 29 (Recorded June 1989 (#93 & 95) and September 1998 (#94))
1. Symphony No. 93 (1791) in D major, H. 1/93: Adagio-allegro assai
2. Symphony No. 93 (1791) in D major, H. 1/93: Largo cantabile
3. Symphony No. 93 (1791) in D major, H. 1/93: Menuetto & trio, allegro
4. Symphony No. 93 (1791) in D major, H. 1/93: Finale, presto ma non troppo
5. Symphony No. 94 (1791) in G major (‘Surprise’), H. 1/94: Adagio-vivace assai
6. Symphony No. 94 (1791) in G major (‘Surprise’), H. 1/94: Andante
7. Symphony No. 94 (1791) in G major (‘Surprise’), H. 1/94: Menuet & trio, allegro molto
8. Symphony No. 94 (1791) in G major (‘Surprise’), H. 1/94: Finale, allegro di molto
9. Symphony No. 95 (1791) in C minor, H. 1/95: Allegro moderato
10. Symphony No. 95 (1791) in C minor, H. 1/95: Andante
11. Symphony No. 95 (1791) in C minor, H. 1/95: Menuetto & trio
12. Symphony No. 95 (1791) in C minor, H. 1/95: Finale, vivace

Disc: 30 (Recorded June 1988 (#96) and June 1989 (#97 & 98))
1. Symphony No. 96 (1791) in D major (‘Miracle’), H. 1/96: Adagio-allegro
2. Symphony No. 96 (1791) in D major (‘Miracle’), H. 1/96: Andante
3. Symphony No. 96 (1791) in D major (‘Miracle’), H. 1/96: Menuetto & trio, allegretto
4. Symphony No. 96 (1791) in D major (‘Miracle’), H. 1/96: Finale, vivace assai
5. Symphony No. 97 (1792) in C major, H. 1/97: Adagio-vivace
6. Symphony No. 97 (1792) in C major, H. 1/97: Adagio ma non troppo
7. Symphony No. 97 (1792) in C major, H. 1/97: Menuetto & trio, allegretto
8. Symphony No. 97 (1792) in C major, H. 1/97: Finale, presto assai
9. Symphony No. 98 (1792) in B flat major, H. 1/98: Adagio-allegro
10. Symphony No. 98 (1792) in B flat major, H. 1/98: Adagio
11. Symphony No. 98 (1792) in B flat major, H. 1/98: Menuet & trio, allegro
12. Symphony No. 98 (1792) in B flat major, H. 1/98: Finale, presto

Rainer Küchl, violin
Wolfgang Herzer, cello
Gerhard Turetschek, oboe
Michael Werba, bassoon
Austro-Hungarian Haydn Orchestra
Conductor: Adam Fischer

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Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 82-90, Adam Fischer

Músico admirado, que criou gêneros totalmente inéditos em sua época, que não se curvava a nenhuma regra teórica e que sabia como poucos traduzir em sons o humor e a comicidade. Contrapondo expectativas e surpresas, o convencional e o anticonvencional, simetrias e assimetrias, ele sabia fazer seu público se divertir, Franz Joseph Haydn (1732 — 1809) era um homem simpático e organizado, considerado “apenas” como o pai do classicismo musical vienense. Com muito carinho e reverência, nós deste delicioso e despretensioso blog, estamos fazendo uma singela homenagem a talvez um dos poucos gênios que em sua época recebeu “grande reverência” dos seus contemporâneos. Porém por alguma razão as interpretações de sua obra a posteriori de sua morte foram “esfriando”. Por incrível que pareça, no fim do século XIX e meados do século XX, Haydn foi rotulado como compositor “antiquado”que deixou composições bastante agradáveis, porém “sem muito arrojo”. Neste conjunto de 11 postagens estamos mostrando que vale a pena reencontrar sua música. As oito postagens já publicadas nos mostraram o Haydn do “palácio”, um funcionário extremamente criativo que bolava seus trabalhos para servir a corte do seu “mecenas”. Limitado por sua pequena orquestra em Eszterháza e mesmo assim fazendo trabalhos espetaculares. Nas próximas três postagens veremos um Haydn fazendo geniais criações para “o mundo”.

Papa Haydn !!

Um fato que nós do blog não podemos deixar passar: a relação entre Haydn e o pequeno “menino prodígio” Mozart. A relação entre Haydn e Mozart foi realmente uma das maiores amizades artísticas da história. Haydn era 24 anos mais velho que Mozart, e quando se conheceram em Viena perto do Natal de 1783, Haydn provavelmente era o compositor mais famoso do mundo. Diz a lenda que Mozart, ao ser apresentado a Haydn, ficou tão emocionado ao simplesmente vê-lo que foi as lágrimas antes mesmo de poder dizer “oi”, tal a mágica empatia que nascia ali. Haydn foi um dos maiores entusiastas e o que mais defendeu a música do jovem. Exaltando as virtudes musicais de Mozart a todos que quisessem ouvir sua música. Em carta informou o pai de Mozart que seu amado filho era o maior compositor conhecido por ele: “Eu digo a você, Leopold, diante de Deus e, como homem honesto, seu filho é o maior compositor conhecido, por pessoa e reputação, ele tem bom gosto que é impressindível para se ter habilidade em composição”. Mozart por sua vez idolatrava as sinfonias de Haydn e os quartetos de cordas, chegando a dedicar ao velho mestre em 1785 seus seis genias quartetos K. 387, 421, 428, 458, 464 e 465, conhecidos como “Quartetos Haydn” e AQUI postados pelo querido fdpbach. Estes quartetos foram tocados pela primeira vez num concerto privado para amigos das famílias de Mozart e Haydn. Em 1789, Mozart convidou Haydn para os ensaios da ópera “Cosi fan Tutte”. Por esta época um inglês chamado Johann Peter Salomon convidou Haydn e Mozart para visitar Londres em 1790. Mozart planejava ir, mas Constanze estava grávida. A lenda nos diz que em um jantar na véspera da viagem Mozart disse: “Papa, você não pode ir a Londres, não conhece o idioma deles”. Haydn respondeu: “Minha música é entendida em todo o mundo, não se preocupe”. No dia da viagem, no porto de Viena, Mozart despediu-se de seu grande amigo com um grande e carinhoso abraço e comentou, com lágrimas nos olhos, que ele temia que nunca mais iriam se ver. Isso seria verdade, pois menos de 18 meses depois, Mozart morreria aos 35 anos. Eles se influenciaram enormemente e eram acima de tudo bons amigos. Mas o mais legal desta relação é a completa ausência de ciúmes profissional entre os dois compositores.

Como foi dito, até a sinfonia 81 Haydn compunha com o objetivo de agradar o gosto do seu chefe e sua corte. Belez, a partir da octogésima segunda Haydn compunha para o público dos grandes teatros da Europa, e com total liberdade para inovar. São obras com o melhor do melhor estilo alegre e brilhante que o mestre poderia oferecer. São obras mais livres, mais virtuosísticas.

Apesar de restrito aos eventos da corte de Ezsterházy, a música de Haydn se espalhou por toda parte, em toda a Europa, para lugares tão distantes da Áustria-Hungria como Espanha e Inglaterra. Os parisienses, em particular, o tinham com muito respeito, como mostra o grande número de publicações de suas obras. Com liberdade que aos poucos estava conquistando na corte, Haydn fazia trabalhos externos e ganhou popularidade. Aproveitou todas as oportunidades para responder às comissões no exterior, particularmente em Paris, a mais importante das quais resultou nas seis sinfonias conhecidas como ‘Paris’, números 82 até 87. Haydn gozava de considerável estima em Paris e, em 1785, em resposta a uma encomenda do jovem conde Comte d’Ogny (1757-1790), ele forneceu um conjunto de seis sinfonias, projetadas para a maior orquestra disponível no teatro da capital francesa (na época esta orquestra dispunha de quarenta violinos e dez baixos), bem diferente de sua pequena orquestra no palácio de Eszterháza, os “Concert de la Loge Olympique”, para a qual ele escreveu suas novas sinfonias eram obras com novas perspectivas, mais complexas. Como vimos nos posts anteriores a numeração das sinfonias era uma zona e não reflete a ordem do período em que foram compostas, Haydn solicitou a sua editora, a Artaria, para emiti-los na ordem em que ele enviou (87, 85, 83, 84, 86, 82), porém a editora Artaria, presumivelmente por razões comerciais, deixou na ordem em que os conhecemos hoje.

As seis sinfonias foram apresentadas pela primeira vez com grande aclamação durante a temporada de 1787 do Olympique (com o jovem Cherubini entre os violinistas) e logo depois foram repetidas no Concert Spirituel. Em janeiro de 1788, eles foram anunciados para venda pela editora parisiense Imbault (Haydn também deu os direitos das obras às editoras de Viena e Londres): “…essas sinfonias … não podem deixar de ser avidamente procuradas por aqueles que tiveram a sorte de ouvi-las, e também por aqueles que não as conhecem. O nome de Haydn responde por seu extraordinário mérito! “

A sinfonia número 82 que inicia o CD 25 ganhou o apelido de “L’Ours” existe um vigor e excitação quase animal no movimento de abertura. O Allegretto tem uma semelhança com a forma de variação, mas o tratamento de Haydn sobre o seu tema é caracteristicamente idiossincrático. O minuet favorece a graça e grandeza francesas e no trio ele põe em teste a estimada reputação dos instrumentistas de sopro do Olympique. Passagens virtuosísticas continuam no movimento final (definitivamente rústico), um movimento de sonata em que o ostinato ‘parecido com um urso’ marca cada momento. Uma excelente sinfonia! Haydn raramente retornou à escala menor para uma sinfonia depois dos trabalhos do período “Sturm e Drang”, porém na sinfonia 83 o resultado é deslumbrante. Está em pé de igualdade com as sinfonias equivalentes de Mozart. Apelidada de “La Poule” o primeiro movimento é muito intenso e belo. O Andante é um movimento cheio de contrastes dinâmicos dramáticos, enquanto o minuet é talvez um pouco mais no estilo germânico. O final é lembra um galope de cavalos. Coisa de lôco meu, que sinfonia! A sinfonia 84 diferente de suas irmãs não tem “apelido”. Sua individualidade não é menos aparente a introdução Largo e Allegro deliciosamente seguido por um conjunto de variações aproveitando ao máximo seus instrumentos de sopro, no segundo tema ouvimos ressoar o primeiro movimento da sinfonia 45 em belíssimas variações. O do Andante eles conseguem independência das cordas numa passagem breve, mas eficaz, acompanhada de pizzicato. O minuet e final espirituoso completam mais este genial trabalho. Tal foi o sucesso desses trabalhos que ninguém menos que a rainha Marie Antoinette expressou seu agradecimento, alegando que a sinfonia 85 era a sua favorita. Esperto o editor Imbault adicionou a legenda “La Reine de France” para a primeira edição. Haydn já tinha conquistado seu lugar nos corações parisienses por ter incluindo uma canção folclórica francesa, ‘La gentille jeune Lisette’, como tema de seu movimento lento na sinfonia. A última frase do flautista no solo da segunda metade do movimento, na primeira partitura publicada, tinha uma instrução para uma exclamação de alegria. O minuet revela um uso solo distinto dos instrumentos de sopro, característicos dessas obras parisienses, enquanto o final energético é um bom exemplo da forma sonata de Haydn.

A sinfonia 86 é um dos trabalhos harmonicamente mais avançados de Haydn. A introdução do Adagio é direta, mas o primeiro tema do Allegro chega apenas por meio de uma manobra que dá a Haydn muito espaço para modulações rápidas na seção de desenvolvimento, bem legal. O movimento lento – incomumente chamado Capriccio – continua a tendência ao cromatismo, com passagens de uma pungência digna de Haydn no melhor estilo. O minuet vê o mestre introduzindo elementos de sonata especialmente no desenvolvimento, em a estrutura de dança tripartida padrão. O final é outro rondo caracteristicamente espirituoso. Háaaa… a alegre octogésima sétima sinfonia foi provavelmente a primeira deste conjunto a ser escrita, embora todas as seis tenham sido compostas em um breve período de tempo. São todas sinfonias equivalentes, não há uma mais avançada que outra. Dito isto, a abertura da 87 (transmite muita alegria) apresentam maior concisão e transparência de textura do que suas irmãs mais elaboradas. O Adagio faz muito uso de solo sopros de madeira (flauta, oboé e fagote) e há um extenso solo para o oboé no trio simples do minuet. Um rápido rondo finale termina uma das sinfonias mais iluminadas, ensolaradas, felizes de Haydn (provavelmente ele transmitiu toda a alegria do momento que vivia na partitura desta obra ao ser contratado para elaborar as sinfonias “Paris”).

Austro-Hungarian Haydn Orchestra

O CD 27 inicia com a “volta para casa” do Kapellmeister. A sinfonia nº 88 em sol maior foi escrita para a orquestra de Eszterháza para o benevolente príncipe Nikolaus Ezsterházy. É a primeira de suas sinfonias escrita após a conclusão das seis sinfonias de Paris em 1786. A sinfonia foi concluída em 1787, assim como sua 89ª sinfonia. É uma das obras mais conhecidas de Haydn, apesar de não ser uma das sinfonias do grupo de “Paris” ou “Londres” e não ter um apelido descritivo. O primeiro movimento começa com uma breve introdução que se espalha rapidamente e é o corpo principal do movimento. As cordas abrem o Allegro, afirmando o tema principal e o restante do movimento se desenvolve a partir daí, com quase todas as frases derivadas deste tema. O movimento lento em ré maior consiste principalmente em variações do tema do oboé e do solo de violoncelo que o abrem, embora de vez em quando seja pontuado por acordes tocados por toda a orquestra. Depois de ouvir esse movimento lento, reza a lenda que Johannes Brahms observou: ‘Quero que minha Nona Sinfonia seja assim’ (sem brincadeira a introdução parece o momento solene da “Flauta Mágica”…. lindo é pouco. O movimento lento mais genial de Haydn de todas as sinfonias em minha modesta opinião). É a segunda das sinfonias de Haydn a usar trombetas e tímpanos no movimento lento (a outra foi a número 60 “Il Distratto”). O belo minuet está em sol maior. O final é estilo sonata-rondo, com o tema rondo apresentado pela primeira vez em forma binária. A primeira seção disso é digna de nota por terminar em cadência incomum um “final de movimento perpétuo”, é considerado um dos mais insanamente alegres que Haydn já escreveu. A sinfonia no.89 em Fá maior cordas em tutti abrem o primeiro movimento que leva ao tema principal. O movimento lento é emprestado, como é o último movimento, de um dos concertos escritos em 1786 para o rei de Nápoles. O tema principal do último movimento é marcado com a incomum direção strascinando (arrastar), quando faz sua primeira reaparição e há marcados contrastes dinâmicos que fornecem o elemento necessário de surpresa, com o qual Haydn encantava seu público. A sinfonia 90 que encerra este post foi composta 1788. O Allegro inicial é vivo e belo, o tema secundário é dada à flauta, depois ao oboé, e mostra nos escritos de Haydn a ansiedade para ir trabalhar em Londres. O movimento lento é a forma favorita de Haydn: a dupla variação. Uma melodia em Fá maior em um padrão A – B – A – B. Segue-se um menuet de som francês (Haydn até usa o título francês) com uma seção de trio delicadamente pontuada. O final em forma de sonata, um notável final para mais esta sensacional sinfonia.

Quem não conhece a obra do mestre ou acha que ele é um compositor “morno” vai se surpreender, háaaaaa se vai !!!!! Comecem pela 88 e me digam se o tal de Johannes Brahms estava errado. Este post vale o download, com certeza.

Disc: 25 (Recorded September 1991 (#83), September 1992 (#82) and June 1994 (#84))
1. Symphony No. 82 (1786) in C major (‘The Bear’), H. 1/82: Vivace assai
2. Symphony No. 82 (1786) in C major (‘The Bear’), H. 1/82: Allegretto
3. Symphony No. 82 (1786) in C major (‘The Bear’), H. 1/82: Menuet & trio
4. Symphony No. 82 (1786) in C major (‘The Bear’), H. 1/82: Finale, vivace
5. Symphony No. 83 (1785) in G minor (‘The Hen’), H. 1/83: Allegro spiritoso
6. Symphony No. 83 (1785) in G minor (‘The Hen’), H. 1/83: Andante
7. Symphony No. 83 (1785) in G minor (‘The Hen’), H. 1/83: Menuet & trio, allegretto
8. Symphony No. 83 (1785) in G minor (‘The Hen’), H. 1/83: Finale, vivace
9. Symphony No. 84 (1786) in E flat major (‘In Nomine Domini’), H. 1/84: Largo-allegro
10. Symphony No. 84 (1786) in E flat major (‘In Nomine Domini’), H. 1/84: Andante
11. Symphony No. 84 (1786) in E flat major (‘In Nomine Domini’), H. 1/84: Menuet & trio, allegretto
12. Symphony No. 84 (1786) in E flat major (‘In Nomine Domini’), H. 1/84: Finale, vivace

Disc: 26 (Recorded September 1991 (#85), September 1992 (#86) and June 1994 (#87))
1. Symphony No. 85 (1785) in B flat major (‘La Reine’), H. 1/85: Adagio-vivace
2. Symphony No. 85 (1785) in B flat major (‘La Reine’), H. 1/85: Romance, allegretto
3. Symphony No. 85 (1785) in B flat major (‘La Reine’), H. 1/85: Menuetto & trio, allegretto
4. Symphony No. 85 (1785) in B flat major (‘La Reine’), H. 1/85: Finale, presto
5. Symphony No. 86 (1786) in D major, H. 1/86: Adagio-allegro spiritoso
6. Symphony No. 86 (1786) in D major, H. 1/86: Capriccio, largo
7. Symphony No. 86 (1786) in D major, H. 1/86: Menuet & trio, allegretto
8. Symphony No. 86 (1786) in D major, H. 1/86: Finale, allegro con spirito
9. Symphony No. 87 (1785) in A major, H. 1/87: Vivace
10. Symphony No. 87 (1785) in A major, H. 1/87: Adagio
11. Symphony No. 87 (1785) in A major, H. 1/87: Menuet & trio
12. Symphony No. 87 (1785) in A major, H. 1/87: Finale, presto

Disc: 27 (Recorded September 1990 (#88 & 90) and September 1991 (#89))
1. Symphony No. 88 (1787) in G major (‘Letter V’), H. 1/88: Adagio-allegro
2. Symphony No. 88 (1787) in G major (‘Letter V’), H. 1/88: Largo
3. Symphony No. 88 (1787) in G major (‘Letter V’), H. 1/88: Menuetto & trio, allegretto
4. Symphony No. 88 (1787) in G major (‘Letter V’), H. 1/88: Finale, allegro con spirito
5. Symphony No. 89 (1787) in F major (‘Letter W’), H. 1/89: Vivace
6. Symphony No. 89 (1787) in F major (‘Letter W’), H. 1/89: Andante con moto
7. Symphony No. 89 (1787) in F major (‘Letter W’), H. 1/89: Menuet & trio, allegretto
8. Symphony No. 89 (1787) in F major (‘Letter W’), H. 1/89: Finale, vivace assai
9. Symphony No. 90 (1788) in C major (‘Letter R’), H. 1/90: Adagio-allegro assai
10. Symphony No. 90 (1788) in C major (‘Letter R’), H. 1/90: Andante
11. Symphony No. 90 (1788) in C major (‘Letter R’), H. 1/90: Menuet & trio
12. Symphony No. 90 (1788) in C major (‘Letter R’), H. 1/90: Finale, allegro assai

Rainer Küchl, violin
Wolfgang Herzer, cello
Gerhard Turetschek, oboe
Michael Werba, bassoon
Austro-Hungarian Haydn Orchestra
Conductor: Adam Fischer

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Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 73-81, Adam Fischer

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 73-81, Adam Fischer

Como vimos nos posts anteriores as três décadas em que Joseph Haydn (1732 — 1809) passou a serviço da família Eszterházy se mostrou como uma das associações artisticamente mais frutíferas do mecenato musical. Em meados do século XVIII, os Eszterházy era a família mais rica e poderosa da Hungria a aristocracia e tinha sede em Eisenstadt, uma pequena cidade nas Colinas de Burgenland, ao sul de Viena, perto da atual Áustria na fronteira húngara. Aqui, na década de 1750, o príncipe Paul Ezsterházy (1711-1762) fundou uma orquestra permanente e estabeleceu temporadas de performances teatrais. Haydn foi contratado em 1761, primeiro como vice Kapellmeister, então como titular.

Prince Paul Anton [Pál Antal] (1711–1762)
Em 1764, o sucessor de Paul, o príncipe Nikolaus (conhecido como ‘O Magnífico’), visitou Versalhes pela primeira vez e ele ficou tão impressionado que em seu retorno à Hungria resolveu construir seu próprio e sumptuoso palácio na margem sul do Neusiedlersee. Ainda em fase de conclusão em 1766, quando Haydn se mudou para lá, chamado de Palácio de Eszterháza, tornou-se o castelo de residência de verão – o clima bastante úmido os obrigou a passar o inverno em Eisenstadt – mas suas confortáveis instalações superaram qualquer uma de suas outras propriedades a tornando a preferida. Havia uma casa de ópera (inaugurado em 1768) que podia acomodar mais de quatrocentas pessoas, um teatro de marionetes (de 1773) e um “Music House” especial com mais de noventa quartos, fornecendo alojamentos para Haydn, todos os músicos, atores, servidores e quem estivesse trabalhando lá.

Com sua extensa temporada de ópera (Haydn costumava se apresentar duas ou três vezes por semana) Eszterháza logo se tornou renomado em toda a Europa como um centro de excelência musical e cultural, com visitas regulares de aristocratas e músicos de toda europa. Para Haydn se fez necessário fornecer um fluxo constante de sinfonias, óperas ,e música litúrgica, vocal e de câmara para cada uma dessas ocasiões especiais. Assim, no início da década de 1780 – quando estas nove sinfonias aqui compartilhadas foram compostas – Haydn esteva trabalhando quase que exclusivamente para a família Ezsterházy há cerca de vinte anos. Apesarde estar confortavelmente bem em termos de remuneração e condições, ele já tinha começado a querer sair do ambiente “claustrofóbico” de Eszterháza (apesar de estar livre para visitar Viena no inverno) e, ignoran do os termos de seu contrato original (exclusividade), ele foi escrevendo cada vez mais obras para encomendas externas. As sinfonias 73, 74 e 75 representam ambos os lados dessa divisão. Apesar de viver praticamente isolado do mundo boa parte do ano, sua música já gozava de imensa popularidade e ele era uma espécie de celebridade em toda a Europa. De fato, no final de 1770, suas sinfonias eram apresentadas regularmente em concertos em Paris e Londres, as duas cidades que em poucos anos fariam mais do que qualquer outro momento na vida do mestre para nutrir alguns de seus maiores trabalhos.

As colunas de mármore, sem músicos

Nesta fase o desenvolvimento da sinfonia como um gênero, a forma de quatro movimentos estava bem estabelecida e é seguido por todas as nove sinfonias aqui postadas. Destas sinfonias, apenas uma, a de número 73, tem uma ligação afetiva com o príncipe: Nikolaus ficou particularmente impressionado com a ópera de Haydn, “La fedelta premiata”, estreada em fevereiro de 1781 para reabrir a casa de ópera em Eszterhaza que havia queimado no inverno anterior. O início da sinfonia começa com os temas do final da ópera, parece bastante provável que Haydn tenha montado o trabalho para comemorar o retorno do príncipe de uma viagem a Paris no final de1781, dando-lhe as boas-vindas em casa com uma reformulação surpresa de um dos trabalhos favoritos de Nikolaus. A música do movimento lento também foi emprestado, desta vez de um dos “German Lieder” de Haydn,“Gegenliebe” (publicado na mesma época). O subtítulo’La Chasse‘ corretamente se aplica apenas ao final. Haydn era um caçador afiado e fez uso de um então famoso chamado de caça para os solos dos sopros.

As colunas de mármore, com músicos

As sinfonias 74 e 75 provavelmente datam do ano antes da 73 (como dissemos nos posts anteriores a numeração das sinfonias de Haydn contém muitas discrepâncias de cronologia). A primeira aparição registrada da septuagésima quarta é sua chegada em agosto de 1781 à editora londrina William Forster, a quem Haydn havia vendido os direitos através da intercessão do embaixador britânico no tribunal vienense, general Herningham. O primeiro movimento, marcado vivace assai, chama a atenção imediata do público com acordes fortes para toda a orquestra, respondidos pela suavidade das cordas, ornamentado com repetição. A número 75 também apareceu pela primeira vez em 1781, embora provavelmente também tivesse sido escrita no ano anterior. A sinfonia foi estreada em Londres durante a primeira apresentação de Haydn pelas bandas de lá. Em sua viagem à Inglaterra em 1792 e ele relatou em seu diário: “ Em 26 de março, no concerto de Barthelemon, um inglês estava presente e me disse que um clérigo que assistia a apresentação caiu na mais profunda melancolia ao ouvir o Andante … isso porque ele sonhara na noite anterior que esta peça era uma premonição de sua morte. Ele deixou o concerto imediatamente e foi para a cama. Hoje, 25 de abril, ouvi de Herr Barthelemon que esse clérigo protestante havia morrido….”  A sinfonia não tem outras associações mórbidas, no entanto. De fato, seu o final é um dos mais espirituosos de Haydn, repleto de súbitas pausas e lindas surpresas.

Sabemos que naquela época não havia nenhuma lei de direitos autorais, a disseminação da a música era frequentemente através do trabalho de editores que não tinham remorso na recriação de versões piratas de partes da orquestração (uma forma usual de publicação), ainda mais se a cópia que lhes caisse em mãos tivesse sido elaborada por copistas de má reputação. Haydn, logicamente avesso às publicações piratas de sua música já que não lhe dava recompensa financeira, era astuto o suficiente e muitas vezes mandava seus trabalhos para mais de um editor. Esse foi o caso das sinfonias 76, 77 e78, editadas no início da década de 1780 por nada menos que três empresas: Torricella em Viena, Boyer em Paris e Forster em Londres. Estes foram os primeiros trabalhos que Haydn escreveu expressamente para desempenho fora dos limites de Eszterháza. Eles eram destinados a uma turnê em Londres, uma viagem que Haydn nunca fez (ele teve que esperar até a morte do príncipe em 1790  – além de tudo Haydn era extremamente profissional e grato – para o empresário Johann Peter Salomon finalmente leva-lo para Londres). Em 1781 (o ano em que ele começou sua associação com o editor William Forster) Haydn parece ter sido convidado apresentar pessoalmente algumas de suas óperas e sinfonias para o público de Londres.

Adam feliz com a ótima acolhida dos amigos do blog

A popularidade de Haydn só crescia e nessa época sua sinfonia número 53 havia sido apresentada na Inglaterra, com grande sucesso em um dos concertos de Bach-Abel (dirigido pelo ‘Bach Londrino’, Johann Christian e Karl Friedrich Abel) no jornal “The Morning”o jornalista Herald cravava, em novembro de 1781, que Haydn era o “Shakespeare da composição musical”e lamentava que o mestre ainda não havia visitado Londres. Em fevereiro de 1783, quando o mesmo Herald novamente disse“….nós ainda não temos nem ele nem toda sua música e provavelmente, o músico ainda permanecerá em Viena este ano”. Dois anos depois, quando o compositor ainda era ansiosamente esperado, foi discutido e até sutilmente sugerido que ele poderia ser sequestrado, como segue, de outro periódico, o “Gazetteer and New Advertiser Daily”: “….este homem maravilhoso, que é o “Shakespeare da música”, está fadado a residir no palácio de um obscuro príncipe alemão, que é incapaz de recompensá-lo dignamente … não seria uma conquista para alguns jovens corajosos, a resgatá-lo e transplantá-lo para a Grã-Bretanha, o país para o qual a música parece ter sido feita?” Em carta de recomendação oferecendo as três sinfonias (76, 77 e 78) a Boyer em Paris, Haydn as descreve como “bonitas, elegantes e de modo algum longas demais … são todas muito leves e sem muitas dificuldades para os músicos”. Elas realmente se destacam dos trabalhos dedicados a corte de Eszterháza, faltando algumas das idiossincrasias que, embora adequado para suas próprias performances na corte, podem assustar artistas não acostumados com suas obras. Isso não quer dizer, no entanto, que eles não têm nada em originalidade ou qualidade. A Sinfonia nº 76, como as outras duas, tem o padrão de quatro movimentos. O que é mais notável sobre a sinfonia número 77 é o seu finale, um dos primeiros exemplos de uma forma sonata-rondo que recapitula motivos dos movimentos anteriores. A septuagésima oitava sinfonia é uma verdadeira aula de contraponto. Ouvimos fragmentos da melodia principal fragmentados por toda a orquestra, linda obra, os instrumentos de sopro são integrados ao tema desde o início.

Mais uma foto do auditório do palácio dos Esterházy, dá para o gasto né ?

O grupo de três sinfonias que incluem as números 79,80 e 81, escritas entre 1783 ou 1784, foram publicadas em Viena, Paris e Londres pela empresa holandesa-alemã de Hummel , com sede em Berlim e Amsterdã, testemunham a grande popularidade que o trabalho de Haydn agora desfrutava no exterior. A sinfonia número 79 em Fá maior mais uma das tantas obras primas do gênio Haydn! Começa com um primeiro tema oferecido pelo primeiro violino, após a reexposição do tema, o desenvolvimento central muda abruptamente de tom, levando a um dramático contraponto. Haydn avança para no segundo movimento atacar uma dança “country” marcada como “un poco allegro”, novamente uma grata surpresa criativa. O minuet, usa e abusa dos sopros. O final é um legítimo rondo, com um tema principal recorrente, encerrando uma elegante obra-prima no estilo rococó. A sinfonia nº 80 em ré menor inicia de forma dramática, a segunda exposição é bem contrastante, Haydn era f…., um final de delicadeza alternada, quase um minuet só que dramático. O bonito movimento lento nos leva até o minuet em ré menor tem um trio em contraste com uma melodia na qual o oboé, a trompa e o primeiro violino se juntam. O último movimento é caracterizado pela sincopação que marca o tema principal, retornando ao clima geral da sinfonia, apesar de iniciar de forma “dramática” ela finaliza alegremente ! A terceira sinfonia do grupo, a sinfonia número 81 em Sol maior, está nos padrões clássicos de suas irmãs, também muito leve e muito interessante.

Citações de jornais foram retiradas do artigo de Christopher Roscoe( ‘Haydn and London in the 1780s’ in Music and Letters 49 )(1968). ‘Haydn and London years 1780’ Música e letras 49 (1968). Matthew Rye 1991.

Deliciem-se com mais este precioso conjunto de sinfonias do mestre Haydn !

Disc: 22 (Recorded June 1997 (#73) and May 1998 (#74 & 75))
1. Symphony No. 73 (1782) in D major (‘La chasse’/’The Chase’), H. 1/73: Adagio-allegro
2. Symphony No. 73 (1782) in D major (‘La chasse’/’The Chase’), H. 1/73: Andante
3. Symphony No. 73 (1782) in D major (‘La chasse’/’The Chase’), H. 1/73: Menuetto & trio, allegretto
4. Symphony No. 73 (1782) in D major (‘La chasse’/’The Chase’), H. 1/73: La Chasse, presto
5. Symphony No. 74 (1781) in E flat major, H. 1/74: Vivace assai
6. Symphony No. 74 (1781) in E flat major, H. 1/74: Adagio cantabile
7. Symphony No. 74 (1781) in E flat major, H. 1/74: Menuetto & trio, allegretto
8. Symphony No. 74 (1781) in E flat major, H. 1/74: Finale, allegro assai
9. Symphony No. 75 (1781) in D major, H. 1/75: Grave-presto
10. Symphony No. 75 (1781) in D major, H. 1/75: Poco adagio (andante con variazioni)
11. Symphony No. 75 (1781) in D major, H. 1/75: Menuetto & trio, allegretto
12. Symphony No. 75 (1781) in D major, H. 1/75: Finale, vivace

Disc: 23 (Recorded May 1998 (#76-78))
1. Symphony No. 76 (1782) in E flat major, H. 1/76: Allegro
2. Symphony No. 76 (1782) in E flat major, H. 1/76: Adagio, ma non troppo
3. Symphony No. 76 (1782) in E flat major, H. 1/76: Menuet & trio, allegretto
4. Symphony No. 76 (1782) in E flat major, H. 1/76: Finale, allegro ma non troppo
5. Symphony No. 77 (1782) in B flat major, H. 1/77: Vivace
6. Symphony No. 77 (1782) in B flat major, H. 1/77: Andante sostenuto
7. Symphony No. 77 (1782) in B flat major, H. 1/77: Menuetto & trio, allegro
8. Symphony No. 77 (1782) in B flat major, H. 1/77: Finale, allegro spiritoso
9. Symphony No. 78 (1782) in C minor, H. 1/78: Vivace
10. Symphony No. 78 (1782) in C minor, H. 1/78: Adagio
11. Symphony No. 78 (1782) in C minor, H. 1/78: Menuetto & trio, allegretto
12. Symphony No. 78 (1782) in C minor, H. 1/78: Finale, presto

Disc: 24 (Recorded May 1998 (#79-81))
1. Symphony No. 79 (1784) in F major, H. 1/79: Allegro con spirito
2. Symphony No. 79 (1784) in F major, H. 1/79: Adagio cantabile-un poco allegro
3. Symphony No. 79 (1784) in F major, H. 1/79: Menuetto & trio, allegretto
4. Symphony No. 79 (1784) in F major, H. 1/79: Finale, vivace
5. Symphony No. 80 (1784) in D minor, H. 1/80: Allegro spiritoso
6. Symphony No. 80 (1784) in D minor, H. 1/80: Adagio
7. Symphony No. 80 (1784) in D minor, H. 1/80: Menuetto & trio
8. Symphony No. 80 (1784) in D minor, H. 1/80: Finale, presto
9. Symphony No. 81 (1784) in G major, H. 1/81: Vivace
10. Symphony No. 81 (1784) in G major, H. 1/81: Andante
11. Symphony No. 81 (1784) in G major, H. 1/81: Menuetto & trio, allegretto
12. Symphony No. 81 (1784) in G major, H. 1/81: Finale, allegro, ma non troppo

Rainer Küchl, violin
Wolfgang Herzer, cello
Gerhard Turetschek, oboe
Michael Werba, bassoon
Austro-Hungarian Haydn Orchestra
Conductor: Adam Fischer

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Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 64-72, Adam Fischer

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 64-72, Adam Fischer

Hoje vamos trazer aos amigos do blog mais um conjunto soberbo com nove sinfonias do mestre Haydn (1732 — 1809), interpretação de altíssimo nível da Filarmônica Haydn – orquestra residente no Palácio Eszterháza – que foi fundada por Adam Fischer em 1987 como a “Filarmônica Austro-Húngara Haydn”, composta por membros da Filarmônica de Viena e da Filarmônica Nacional da Hungria. A intenção de Fischer – antes da queda da “Cortina de Ferro” – era reunir os melhores músicos originários desses dois países para superar musicalmente a barreira política tocando as obras de Joseph Haydn.

A sinfonia que inicia esta nova postagem é a número 64 em Lá maior escrita por volta de 1773. O estranho título “Tempora mutantur” é encontrado nas partes manuscritas autênticas que sobreviveram ao tempo. A citação em si é bem conhecida – “Tempora mutantur, et nos in illis” (os tempos mudam e mudamos com o tempo) – mas sua relevância precisa para a sinfonia não é clara. O primeiro movimento se contrasta com o calmíssimo e belíssimo “largo” lembra muito uma área de ópera de um certo menino prodígio da época. Segue-se o belo minuet e trio, e a obra se encerra num breve presto. Foi sugerido que a sinfonia número 65 em Lá maior originalmente concebida como uma introdução ou música incidental para um dos muitos trabalhos dramáticos realizados em Eszterháza. Foi datado dos anos 1771-1773. O animado primeiro movimento começa com três acordes, fazendo lindos desenhos nas cordas. Uma obra de sutil beleza. O presto final inicia como um movimento de caça no qual oferece aos sopros a liberdade apropriada para desenvolver.

Adam Fischer

Em meados da década de 1770, Haydn encontrou-se ocupado com as variadas obrigações de sua posição. As óperas deveriam ser compostas e encenadas tanto para o teatro em Eszterháza quanto para o teatro de marionetes o “Marionette Theatre“, e havia também as apresentações no Palácio Imperial de Schönbrunn. Embora a maior parte do trabalho de Haydn tenha sido realizada em Eszterháza, houve períodos mais curtos em Viena no qual ele era solicitado. Os meses de intenso trabalho trouxeram a composição em um nível mais pesado, várias sinfonias, incluindo as de número 66, 67 e 68, datadas dos anos de 1774 a 1776. O primeiro movimento da sinfonia 66 começa com uma fórmula que Haydn teve a oportunidade de usar em outras sinfonias, um acorde inicial em fortíssimo, seguido pelas notas descendentes do arpejo. A maior parte do belo movimento lento é confiada às cordas, com contrastes dinâmicos para os violinos. Um clímax dramático termina a primeira seção em um violino, seguido por uma seção central que é uma pérola. O tradicional minuet, emoldurando um trio no qual o fagote e o oboé se revezam para dobrar o primeiro violino. O rondo final começa com o tema principal, que são imediatamente repetidas, e esse material é usado para desenvolver uma série de nuances contrastantes. Da mesma forma orquestrada, a sinfonia número 67 em Fá maior abre com um tema muito suave e rápido dos primeiros violinos, logo respaldados pelos segundos, antes de um desenvolvimento mais forte. O ritmo raramente é interrompido ao longo do movimento, e apenas diminui para introduzir o tema secundário no qual o mesmo tema persiste. Violinos introduzem o tranquilo movimento lento. Segue-se mais um bonito minuet como terceiro movimento. O último movimento apresenta uma surpresa quando, após a apresentação dos dois temas iniciais, a orquestra silencia e seu lugar é ocupado por um trio de cordas, dois violinos solo e um violoncelo solo, em um movimento ainda mais lento, marcado como adagio, em que toda a orquestra se junta para encerrar a obra com um “allegro di molto”. Um brilhante vivace abre a sinfonia 68 em si bemol maior, sua abertura é desenvolvida por pares de oboés e fagotes. O tema secundário é anunciado pelo primeiro violino acompanhado em staccato do segundo violino, viola, violoncelo e contrabaixo, fórmula utilizada na recapitulação final, após o desenvolvimento central do tema. O minuet, aqui colocado como segundo movimento, enquadra um trio de contrastes dinâmicos. O clima muda com um rondo final de grande alegria, o movimento final é uma bela conclusão muito animada. Haydn provavelmente escreveu sua sinfonia número 69 em 1778 ou por volta do ano, dedicando-a ao general Laudon (Freiherr von Laudon), um herói célebre nas guerras contra a Turquia. Em 1783, Haydn fez um arranjo para a sinfonia ser tocada em pianoforte ( violino opcional), embora o último movimento tenha sido omitido na publicação. Em correspondência com a editora Artaria, Haydn deixou claro que a dedicatória a Laudon atrairia compradores. O movimento final é brilhante, dominado pelas cordas.

Esterhazy palace, legalzinho né ?

Por volta de 1772 a resposta do príncipe Nikolaus para o castelo de Versalhes foi concluída. Este novo palácio de verão de Eszterháza, que faz fronteira com o Neusiedlersee, agora tornou-se a casa de Haydn por grande parte do ano, e foi aqui, com as performances regulares de óperas e concertos, que a reputação do castelo como um dos mais cultos da Europa foi crescendo. O palácio ostentava sua própria casa de ópera e também como um teatro de marionetes. Mas em novembro de 1779, um incêndio, que começou quando os fogões superaqueceram e explodiram enquanto estavam trabalhando para atender a uma cerimônia de casamento, varreram a área da ópera, vizinha a cozinha. Haydn perdeu seu cravo e inúmeros manuscritos (particularmente de suas óperas) e a vida cultural do palácio parecia condenada. No entanto, a companhia de ópera se retirou para o pequeno teatro de marionetes e os fantoches para um pavilhão ainda menor nos jardins e exatamente um mês após o incêndio uma cerimônia foi realizada em que o príncipe lançou a pedra fundamental para um novo e ainda maior teatro de ópera. Foi nessa ocasião que Haydn escreveu uma nova sinfonia, sempre pronto para responder a

Pensa em um trabalhador dedicado !

circunstâncias particulares, ele produziu um trabalho digno da ocasião, sua septuagésima sinfonia em Ré maior, datada de 18 de dezembro de 1779, começa de maneira convencional. O primeiro tema é um vivace, porém é na breve seção de desenvolvimento que algo diferente do convencional acontece, o motivo é fragmentado em três camadas sobrepostas nas cordas. Este “stretto” (uma fuga, quando tema aparece em todas as vozes da orquestra em rápidas sucessões) é altamente condensado, embora não seja inédito para o período, é um antegozo do arcaísmo que está por vir. O segundo movimento andante é tão frio e bonito quanto o mármore. As repetições das diferentes seções e a enigmática estrutura contrapontística aparece por toda parte. Essa austeridade de pontuação é levada adiante para o ágil minuet (lembra muito uma passagem do “Rapto de Serralho”), para levar ao monumental allegro final. Aqui, depois de uma passagem introdutória com cadências concisas, essas notas repetidas se transformam em temas curtos que são os elementos básicos da notável seção principal, uma fuga a três vozes. A densidade e a tensão aumentam progressivamente, principalmente através do uso do “stretto”, um acorde dissonante introduz o material da fuga de forma brilhante, com o qual o movimento termina. Esta sinfonia vale o download !

Datado por volta de 1780, a sinfonia 71 em Mi bemol maior é um trabalho mais sutil e o tradicional positivismo do mestre está em toda a obra é uma ótima representante das sinfonias mais diretas de Eszterháza. Um breve adagio de introdução nos leva a um genial ‘Allegro con brio‘. Um Andante pacífico e tranquilo nos leva ao minuet (o trio é pontuado por dois solos de violino e em grande parte acompanhamento pizzicato) levam a um final exuberante. A sinfonia número 72 pertence ao período entre 1763 e 1765 mais ou menos como uma peça de exibição para seu novo quarteto de trompas na sua orquestra, ainda em formação, lembrando a estrutura da sinfonia 31, sua irmã.

Este conjunto de sinfonias nos mostram como o mestre criava efeitos sonoros inusitados, o humor haydniano é como um mundo de fundos falsos e alçapões. Mas quando um desses alçapões se abre, não se cai no abismo, mas sim no humano. Bom divertimento !

Disc: 19 (Recorded June 1997 (#64-66))
1. Symphony No. 64 (1778) in A major (‘Tempora Mutantur’), H. 1/64: Allegro con spirito
2. Symphony No. 64 (1778) in A major (‘Tempora Mutantur’), H. 1/64: Largo
3. Symphony No. 64 (1778) in A major (‘Tempora Mutantur’), H. 1/64: Menuet & trio, allegretto
4. Symphony No. 64 (1778) in A major (‘Tempora Mutantur’), H. 1/64: Finale, presto
5. Symphony No. 65 (1778) in A major, H. 1/65: Vivace e con spirito
6. Symphony No. 65 (1778) in A major, H. 1/65: Andante
7. Symphony No. 65 (1778) in A major, H. 1/65: Menuetto & trio
8. Symphony No. 65 (1778) in A major, H. 1/65: Finale, presto
9. Symphony No. 66 (1779) in B flat major, H. 1/66: Allegro con brio
10. Symphony No. 66 (1779) in B flat major, H. 1/66: Adagio
11. Symphony No. 66 (1779) in B flat major, H. 1/66: Menuetto & trio
12. Symphony No. 66 (1779) in B flat major, H. 1/66: Finale, scherzando e presto

Disc: 20 (Recorded June 1997 (#67-69))
1. Symphony No. 67 (1779) in F major, H. 1/67: Presto
2. Symphony No. 67 (1779) in F major, H. 1/67: Adagio
3. Symphony No. 67 (1779) in F major, H. 1/67: Menuetto & trio
4. Symphony No. 67 (1779) in F major, H. 1/67: Finale, allegro di molto-adagio e cantabile-allegro di molto
5. Symphony No. 68 (1779) in B flat major, H. 1/68: Vivace
6. Symphony No. 68 (1779) in B flat major, H. 1/68: Menuetto & trio
7. Symphony No. 68 (1779) in B flat major, H. 1/68: Adagio cantabile
8. Symphony No. 68 (1779) in B flat major, H. 1/68: Finale, presto
9. Symphony No. 69 (1779) in C major (‘Laudon’), H. 1/69: Vivace
10. Symphony No. 69 (1779) in C major (‘Laudon’), H. 1/69: Un poco adagio più tosto andante
11. Symphony No. 69 (1779) in C major (‘Laudon’), H. 1/69: Menuetto & trio
12. Symphony No. 69 (1779) in C major (‘Laudon’), H. 1/69: Finale, presto

Disc: 21 (Recorded June 1997 (#70 & 71) and May 1998 (#73))
1. Symphony No. 70 (1779) in D major, H. 1/70: Vivace con brio
2. Symphony No. 70 (1779) in D major, H. 1/70: Specie d’un canone in contrrapunto doppio, andante
3. Symphony No. 70 (1779) in D major, H. 1/70: Menuet & trio, allegretto
4. Symphony No. 70 (1779) in D major, H. 1/70: Finale, allegro con brio
5. Symphony No. 71 (1780) in B flat major, H. 1/71: Adagio-allegro con brio
6. Symphony No. 71 (1780) in B flat major, H. 1/71: Adagio
7. Symphony No. 71 (1780) in B flat major, H. 1/71: Menuetto & trio
8. Symphony No. 71 (1780) in B flat major, H. 1/71: Finale, vivace
9. Symphony No. 72 (1765) in D major, H. 1/72: Allegro
10. Symphony No. 72 (1765) in D major, H. 1/72: Andante
11. Symphony No. 72 (1765) in D major, H. 1/72: Menuet & trio
12. Symphony No. 72 (1765) in D major, H. 1/72: Finale, andante (Thema, variationen I-VI)-presto

Rainer Küchl, violin
Wolfgang Herzer, cello
Gerhard Turetschek, oboe
Michael Werba, bassoon
Austro-Hungarian Haydn Orchestra
Conductor: Adam Fischer

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Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 55-63, Adam Fischer

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 55-63, Adam Fischer

Nesta sexta postagem da série dedicada as sinfonias de Joseph Haydn (1732 — 1809) vamos trazer aos amigos do blog mais três CDs com a Austro-Hungarian Haydn Orchestra sob aregência do maestro Adam Fischer. Estas sinfonias marcam a época em que o compositor mostra sua maturidade e consolidou sua fama de grande músico. O sucesso profissional de Haydn não foi acompanhado em sua vida pessoal. Seu casamento com Maria Anna Keller em 1760 não produziu um lar agradável e pacífico, nem filhos. A esposa de Haydn não entendia de música e não demonstrou interesse no trabalho do marido. Seu desdém foi ao extremo de usar os manuscritos dele para forros de panelas. Haydn não era insensível às atrações de outras mulheres e, durante anos, manteve um caso de amor com Luigia Polzelli, uma jovem mezzo-soprano italiana a serviço do príncipe.

As três sinfonias do CD 16 foram escritas em Esterhaza em 1774, por sinal um ano movimentado em que Haydn recebeu recompensas extras de seu patrono. A sinfonia no.55 em Mi bemol maior, popularmente conhecida como “Der Schulmeister” (The Schoolmaster) a origem de seu apelido não é clara, mas foi listada em 1805 pelo assistente de Haydn, Eissler, como “Der verliebte Schulmeister”. O primeiro movimento começa com quatro acordes em fortíssimo, seguidos por uma resposta mais suave das cordas. Sinfonia elegante e bela. No segundo movimento temos um tema simples no qual alguns detectaram a mão do pedagogo e sua subsequente paixão. Haydn faz diversas variações sobre o tema, mantendo durante a maior parte do movimento a textura simples de duas vozes, com violinos dobrando um ao outro e viola dobrando violoncelo e contrabaixo. O jocoso minuet tem um trio contrastante para violinos e violoncelo solo, enquanto o Rondo final reserva uma seção apenas para os quatro instrumentos de sopro. A sinfonia termina com uma troca espirituosa entre todos os instrumentos em uma breve coda. A sinfonia nº 56 inicia elegantemente, na sequência a orquestra se junta em arpejo descendente, gentilmente respondida pelas cordas, que mais tarde introduzem o elegante segundo tema. O movimento lento desta sinfonia é um primor, aberto por violinos e depois silenciados, seguido pelo surgimento de um fagote solo, acompanhado pelas cordas. O movimento, à medida que prossegue, traz um uso efetivo dos dois oboés e passagens lindas do violino. O Prestíssimo final agitado proporciona empolgação no encerramento desta bela obra. A sinfonia nº 57 começa com uma introdução lenta, seguida por um Allegro energético, o destaque desta obra é o final rápido de movimento quase perpétuo, uma peça de escrita tecnicamente exigente.

Austro-Hungarian Haydn Orchestra – Haydn Esterházy Palace – Viena

O CD 17 começa com a sinfonia número 58 em Fá maior que foi datado de 1768. Já a sinfonia número 59 em Lá maior, apelidada de “Feuersymphonie” (Fire Symphony), pode ter adquirido seu epíteto descritivo por associação a uma peça encenada no teatro Eszterháza, e parece pelo menos ter sido utilizado, alguns anos após a sua composição, como um “entr’acte” para a peça de teatro. Em 1774, Haydn, agora estabelecido definitivamente em Eszterháza, fez uma sinfonia para a peça “Der Zerstreute“, uma adaptação da comédia francesa “Le distrait“, de Jean François Regnard, apresentada pela trupe de teatro liderada por Carl Wahr, que vinha se apresentando em sucessivas temporadas para o príncipe Nikolaus. A distração do personagem principal, sobre a qual a comédia gira, ecoou na música incidental de Haydn, a base de sua sinfonia número 60 em dó maior (“Il Distratto“) com seis movimentos. Marcada para uma orquestra que inclui trompetes e tímpanos, ela inicia com uma espécie de abertura, com um imponente Adagio inicial e um animado Allegro. O segundo movimento é o andante e nos oferece uma melodia suave, interrompida com mais pelos instrumentos de sopro e na seção central descrevendo uma antiga melodia francesa . Há um minuet e trio, sugerindo influência camponesa local. As cordas entram em uníssono no presto que se segue. O sexto movimento é um prestissimo que aparece mais uma canção folclórica, identificada por estudiosos como “O Vigia Noturno” e, em consequência, uma alusão à narrativa da peça. Sensacional este último movimento !

Haydn se divertindo com os amigos nos idos de 1775

A sinfonia n ° 61 em ré maior que inicia o CD 18 pertence a um período ligeiramente posterior da vida de Haydn. Foi escrito em 1776, numa época em que predominavam os interesses do príncipe Nikolaus Ezsterházy no teatro e na ópera, com grupos de teatro visitantes trabalhando em Eszterháza e um teatro de marionetes estabelecido lá em 1773. Haydn forneceu música para óperas em ocasiões especiais, mas a presença sazonal dos atores e os requisitos do teatro de marionetes envolviam o fornecimento de música incidental para uma variedade de peças alemãs, incluindo traduções de Shakespeare. Embora o material da sinfonia 61 não possa ser diretamente associado a nenhuma das peças conhecidas por terem sido apresentadas em Eszterháza, ele pertence a um grupo de sinfonias que fazem uso de músicas incidentais originalmente destinadas a acompanhar os dramas. A vigorosa abertura Vivace desta sinfonia é seguida por um Adagio em movimento e um Menuet alegre, com a repetição habitual após um trio contrastante. Há um movimento final particularmente teatral que parece contar sua própria história. A Sinfonia número 62 é bela

Bora para a sexta postagem ?

e dramática, uma das obras do mestre que é relativamente desconhecida do período intermediário, compostas por volta de 1780 em Eszterháza, quando Haydn, cada vez mais ocupado com atividades teatrais, muitas vezes adaptava seus trabalhos de palco em sinfonias. A sinfonia número 63 em dó maior, conhecida como “La Roxelane”, parece ter sido concluída em sua segunda versão em 1780. O primeiro movimento foi retirado da abertura de Haydn para a ópera “Il mondo della luna”, encenado em Eszterháza em 1777. O movimento lento, do qual a sinfonia leva seu nome popular, foi retirado da comédia de “Favart Les trois sultanes”, aparentemente apresentada em Eszterháza em 1777 por uma trupe visitante. A própria Roxelane é uma das mulheres do elenco, e notavelmente problemática. Uma ótima obra, para encerrar esta postagem. Deliciem-se com mais estas nove sinfonias do mestre Haydn, sempre com a magnífica Austro-Hungarian Haydn Orchestra sendo regida pelo mestre Adam Fischer !

Disc: 16 (Recorded May 1996 (#55-57))
1. Symphony No. 55 (1774) in E flat major (‘The Schoolmaster’), H. 1/55: Allegro di molto
2. Symphony No. 55 (1774) in E flat major (‘The Schoolmaster’), H. 1/55: Adagio, ma semplicemente
3. Symphony No. 55 (1774) in E flat major (‘The Schoolmaster’), H. 1/55: Menuet & trio
4. Symphony No. 55 (1774) in E flat major (‘The Schoolmaster’), H. 1/55: Finale, prestissimo
5. Symphony No. 56 (1774) in C major, H. 1/56: Allegro di molto
6. Symphony No. 56 (1774) in C major, H. 1/56: Adagio
7. Symphony No. 56 (1774) in C major, H. 1/56: Menuet & trio
8. Symphony No. 56 (1774) in C major, H. 1/56: Finale, prestissimo
9. Symphony No. 57 (1774) in D major, H. 1/57: Adagio-allegro
10. Symphony No. 57 (1774) in D major, H. 1/57: Adagio
11. Symphony No. 57 (1774) in D major, H. 1/57: Menuet & trio, allegretto
12. Symphony No. 57 (1774) in D major, H. 1/57: Prestissimo

Disc: 17 (Recorded May 1996 (#58-60))
1. Symphony No. 58 (1775) in F major, H. 1/58: Allegro
2. Symphony No. 58 (1775) in F major, H. 1/58: Andante
3. Symphony No. 58 (1775) in F major, H. 1/58: Menuet alla zoppa-trio
4. Symphony No. 58 (1775) in F major, H. 1/58: Finale, presto
5. Symphony No. 59 (1769) in A major (‘Fire’), H. 1/59: Presto
6. Symphony No. 59 (1769) in A major (‘Fire’), H. 1/59: Andante o più tosto allegretto
7. Symphony No. 59 (1769) in A major (‘Fire’), H. 1/59: Menuetto & trio
8. Symphony No. 59 (1769) in A major (‘Fire’), H. 1/59: Allegro assai
9. Symphony No. 60 (1774) in C major (‘Il distratto’), H. 1/60: Adagio-allegro di molto
10. Symphony No. 60 (1774) in C major (‘Il distratto’), H. 1/60: Andante
11. Symphony No. 60 (1774) in C major (‘Il distratto’), H. 1/60: Menuetto & trio
12. Symphony No. 60 (1774) in C major (‘Il distratto’), H. 1/60: Presto
13. Symphony No. 60 (1774) in C major (‘Il distratto’), H. 1/60: Adagio (di Lamentatione)
14. Symphony No. 60 (1774) in C major (‘Il distratto’), H. 1/60: Finale, prestissimo

Disc: 18 (Recorded May 1996 (#61 & 63) and June 1997 (#62))
1. Symphony No. 61 (1776) in D major, H. 1/61: Vivace
2. Symphony No. 61 (1776) in D major, H. 1/61: Adagio
3. Symphony No. 61 (1776) in D major, H. 1/61: Menuet & trio, allegretto
4. Symphony No. 61 (1776) in D major, H. 1/61: Prestissimo
5. Symphony No. 62 (1781) in D major, H. 1/62: Allegro
6. Symphony No. 62 (1781) in D major, H. 1/62: Allegretto
7. Symphony No. 62 (1781) in D major, H. 1/62: Menuet & trio, allegretto
8. Symphony No. 62 (1781) in D major, H. 1/62: Finale, allegro
9. Symphony No. 63 (1781) in C major (‘La Roxelane’), H. 1/63: Allegro
10. Symphony No. 63 (1781) in C major (‘La Roxelane’), H. 1/63: La Roxelane, allegretto (o più tosto allegro)
11. Symphony No. 63 (1781) in C major (‘La Roxelane’), H. 1/63: Menuet & trio
12. Symphony No. 63 (1781) in C major (‘La Roxelane’), H. 1/63: Finale, presto

Rainer Küchl, violin
Wolfgang Herzer, cello
Gerhard Turetschek, oboe
Michael Werba, bassoon
Austro-Hungarian Haydn Orchestra
Conductor: Adam Fischer

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Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 46-54, Adam Fischer

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 46-54, Adam Fischer

Dando continuidade as postagens da integral das sinfonias de Joseph Haydn (1732 — 1809) em mais três conjuntos vamos apreciar as sinfonias que vão da quadragésima sexta à quinquagésima quarta. O baixo número de sinfonias nas escalas menores reflete o gosto do público da época que esperavam apenas o entretenimento pouco exigente. Na década de 1770, o quarteto de cordas estava se desenvolvendo de gênero de divertimento informal dos grandes salões para concertos em pequenas reuniões onde se parava para apreciar a música; o concerto, por outro lado, era direcionado para o povão, que não parava para escutar, algo como “música ambiente” dos grandes salões ou ao ar livre. As sinfonias, porém, podem refletir o desejo dos clientes que as encomendavam em incentivar a escuta atenta, objetivos que ajudariam a explicar uma linguagem mais elaborada encontrado nessas obras. As obras em escalas menores provavelmente eram encomendadas para serviços religiosos, ou introspectivos, um teórico de música Joseph Riepel observou que a partir de 1765 “….a maioria dos amantes de música não gosta mais de ouvir coisas tristes, exceto a Igreja….”.

A linda Sinfonia nº 49 intitulada “La Passione” (A Paixão) em seu tom menor e apesar do seu número, é a mais antiga das deste post, datada de 1768 o nome sugere que ela foi destinada à Igreja e composta para o ser tocada no período da Quaresma – provavelmente na própria Sexta-Feira Santa. Esta sinfonia marca algo como um divisor de águas no desenvolvimento sinfônico de Haydn, combinando uma forma relativamente antiquada – a da sonata igreja – com o emocional particularmente moderno no conteúdo. Todos os quatro movimentos de ‘La Passione’ são em Fá menor, o movimento lento da abertura sugere uma visão da “Via Crucis”, enquanto o bonito movimento ‘Allegro di molto’ nos transmite seriedade e após o minuet, o presto, leva ao fim de uma das sinfonias mais sombrias e austeras de Haydn, uma obra de tal paixão que não se pode deixar de sentir a dor explicita escrita em suas páginas. Já a sinfonia 46, escrita em 1772, Haydn volta a usar uma escala raramente usada, si maior. O primeiro movimento é um dos mais legais que este admirador acha, conciso, lindo. O final é um movimento notável: não apenas contém passagens extensas divididas em duas partes nas vozes dos violinos, mas muitas vezes a música para abruptamente, ou desaparece, em pausas dramáticas; depois, no clímax, temas do minuet são lembrados, antes da coda final temas do início do presto são espirituosamente retomados.

Tapete vermelho estendido na Entrada do PQPBach Hall, denominada “Esterházy Palace”

As sinfonias 48 e 50, são trabalhos festivos em Dó maior. Haydn não recorre a meras fórmulas do tipo fanfarra para transmitir o espírito de festa. O primeiro movimento da sinfonia número 48 intitulado “Maria Theresa” é complexo, com uma riqueza de temas diferentes. O final, fornece uma conclusão adequada para um dos mais importantes trabalhos sinfônicos de Haydn. A obra tem o apelido de Maria Theresa, porque se pensava ter sido composta para uma visita da Imperatriz Maria Teresa da Áustria em 1773. Porém anos mais tarde foi encontrada uma cópia desta obra com a data de 1769, mas o apelido pegou. A sinfonia composta, provavelmente, para a visita da imperatriz era a número 50. Apesar de sua proximidade numérica, a quinquagésima datada de 1773 foi composta umas oito ou nove sinfonias após a 48º e combina fórmulas mais antigas contrastando com as mais recentes. Esta sinfonia retorna ao padrão dominado pelas cordas e seu final é um ‘Presto’ sério, finalizado com uma coda no bom estilo positivo que tanto caracterizou as obras do mestre Haydn. A sinfonia nº 52 em dó menor é uma das últimas sinfonias no estilo “Sturm und Drang” ( “tempestade e ímpeto”, movimento ocorrido na Alemanha no final do século XVIII que era marcado por combater a influência francesa na cultura alemã). Foi descrita como “o avô de Quinta Sinfonia de Beethoven”. É possível que, como em outras sinfonias do mestre, esta teria sido encomendada para algum serviço litúrgico, prática comum da época era tocar sinfonias nos eventos da Igreja. Dificilmente se pode imaginar um contraste mais forte entre a Sinfonia nº 52 e a Sinfonia nº 53 em ré maior. O início cerimonioso da sinfonia 53 “L’Imperiable” implica um trabalho mais imponente em contraste com a dramática sinfonia 52, seu caráter não é apressado, com seu lento início ele muda para um bonito vivace. No Andante, ouvimos dois temas encantadores que podem estar relacionado a um tema folclórico. O terceiro movimento, um minuet, transparente e leve. O movimento final termina de uma maneira animada e literalmente marcante, com um solo para o “timpanista”. Esta sinfonia se tornou a mais popular até então.

Os eleitos de Euterpe e Apolo fazendo rodinha.

A belíssima sinfonia que fecha esta postagem é a sinfonia 54, acho notável o avanço na orquestração devido à independência do fagote das outras partes do baixo além da utilização dos instrumentos de sopro que sustentam a harmonias enquanto as cordas se expandem nas melodias. O movimento lento é um dos que este mero ouvinte-blogueiro mais gosta, seja pela calma e principalmente pelo lindo solo de violino. Assim como a sinfonia número 40 esta interpretação do Adam Fischer e a Austro-Hungarian Haydn Orchestra também levou o prêmio de “Melhor do ano” da revista de música inglesa Gramophone. Sem mais delongas, pois vou escrevendo enquanto ouço as magnificas obras, deliciem-se com este mega conjunto lindamente interpretado pelo Adam e sua afinadíssima orquestra dos eleitos de Euterpe e Apolo.

Disc: 13 (Recorded June 1995 (#46-48))
1. Symphony No. 46 (1772) in B major, H. 1/46: Vivace
2. Symphony No. 46 (1772) in B major, H. 1/46: Poco adagio
3. Symphony No. 46 (1772) in B major, H. 1/46: Menuet & trio, allegretto
4. Symphony No. 46 (1772) in B major, H. 1/46: Finale, presto e scherzando
5. Symphony No. 47 (1772) in G major (‘The Palindrome’/’Letter L’), H. 1/47: Allegro
6. Symphony No. 47 (1772) in G major (‘The Palindrome’/’Letter L’), H. 1/47: Un poco adagio, cantabile
7. Symphony No. 47 (1772) in G major (‘The Palindrome’/’Letter L’), H. 1/47: Menuet & trio
8. Symphony No. 47 (1772) in G major (‘The Palindrome’/’Letter L’), H. 1/47: Finale, presto assai
9. Symphony No. 48 (1769) in C major (‘Maria Theresia’), H. 1/48: Allegro
10. Symphony No. 48 (1769) in C major (‘Maria Theresia’), H. 1/48: Adagio
11. Symphony No. 48 (1769) in C major (‘Maria Theresia’), H. 1/48: Menuet & trio, allegretto
12. Symphony No. 48 (1769) in C major (‘Maria Theresia’), H. 1/48: Finale, allegro

Disc: 14 (Recorded June 1994 (#51) and June 1995 (#49 & 50))
1. Symphony No. 49 (1768) in F minor (‘La passione’), H. 1/49: Adagio
2. Symphony No. 49 (1768) in F minor (‘La passione’), H. 1/49: Allegro di molto
3. Symphony No. 49 (1768) in F minor (‘La passione’), H. 1/49: Menuet & trio
4. Symphony No. 49 (1768) in F minor (‘La passione’), H. 1/49: Finale, presto
5. Symphony No. 50 (1773) in C major, H. 1/50: Adagio e maestoso – allegro di molto
6. Symphony No. 50 (1773) in C major, H. 1/50: Andante moderato
7. Symphony No. 50 (1773) in C major, H. 1/50: Menuet & trio
8. Symphony No. 50 (1773) in C major, H. 1/50: Finale, presto
9. Symphony No. 51 (1774) in B flat major, H. 1/51: Vivace
10. Symphony No. 51 (1774) in B flat major, H. 1/51: Adagio
11. Symphony No. 51 (1774) in B flat major, H. 1/51: Menuetto-trio I-trio II
12. Symphony No. 51 (1774) in B flat major, H. 1/51: Finale, allegro

Disc: 15 (CD15 Recorded June 1994 (#52) and June 1995 (#53 & 54))
1. Symphony No. 52 (1774) in C minor, H. 1/52: Allegro assai con brio
2. Symphony No. 52 (1774) in C minor, H. 1/52: Andante
3. Symphony No. 52 (1774) in C minor, H. 1/52: Menuetto & trio, allegretto
4. Symphony No. 52 (1774) in C minor, H. 1/52: Finale, presto
5. Symphony No. 53 (1778) in D major (‘L’Impériale’/’Festino’), H. 1/53: Largo maestoso-vivace
6. Symphony No. 53 (1778) in D major (‘L’Impériale’/’Festino’), H. 1/53: Andante
7. Symphony No. 53 (1778) in D major (‘L’Impériale’/’Festino’), H. 1/53: Menuetto & trio
8. Symphony No. 53 (1778) in D major (‘L’Impériale’/’Festino’), H. 1/53: Finale-Capriccio, presto
9. Symphony No. 54 (1774) in G major, H. 1/54: Adagio maestoso-presto
10. Symphony No. 54 (1774) in G major, H. 1/54: Adagio assai
11. Symphony No. 54 (1774) in G major, H. 1/54: Menuet & trio, allegretto
12. Symphony No. 54 (1774) in G major, H. 1/54: Finale, presto

Rainer Küchl, violin
Wolfgang Herzer, cello
Gerhard Turetschek, oboe
Michael Werba, bassoon
Austro-Hungarian Haydn Orchestra
Conductor: Adam Fischer

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Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 38-45, “A” e “B” – Adam Fischer

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 38-45, “A” e “B” – Adam Fischer

Nesta quarta postagem das belíssimas sinfonias do mestre de Joseph Haydn (1732 — 1809) teremos o prazer de compartilhar mais três Cds que compreendem as sinfonias de número 38 até a de número 45. No CD 10 encontraremos as sinfonias 38, 39 e as Sinfonias “A” e “B”. As sinfonias “A” e “B” , provavelmente foram escritas para a orquestra do conde Mozin entre 1757 e 1760. Não está no esquema de numeração usual das sinfonias, porque foi originalmente considerado como sendo quarteto de cordas (Op. 1/5) por estudiosos do século XIX. A sinfonia 38 também conhecida como “Echo” devido ao uso de motivos de imitação (ou eco) no fraseado da cadencia do segundo movimento. O efeito de eco é criado marcando a linha principal para os primeiros violinos não silenciados e a resposta dos segundos violinos silenciados. Essa inovação na pontuação expande uma prática barroca comum anterior de repetição de frases. A linda sinfonia 39 (“Tempesta di mare”) escrita em sol menor influenciou a sinfonia 25 de Mozart, um verdadeiro espetáculo! No CD 11 a sinfonia 42 representa o período intermediário de Haydn um trabalho colorido em ré maior, ele revela o seu poder sinfônico, essas qualidades são exibidas no lindo primeiro movimento ‘moderato e maestoso‘. O movimento lento é mais expansivo, permitindo a elaboração gradual de seus dois temas principais. O minuet é notável pela simplicidade, enquanto o final representa um dos primeiros movimentos em que o rondo aparece completo, os quais Haydn logo se tornaria conhecido. Para a adorável sinfonia número 40, a presente gravação do Adam Fischer e orquestra fizeram uma interpretação que levou o prêmio de “Melhor do ano” da revista de música inglesa Gramophone, tá bom ou querem mais?

Austro-Hungarian Haydn Orchestra in the Haydnsaal

Nada menos que dezessete sinfonias datam do início da década de 1770, anos em que a forma “sinfonia” verdadeiramente atingiu a maturidade em suas mãos. Foi também o período em que uma nova tendência entre as artes contemporâneas influenciou a sua música. Embora muitas vezes vinculado ao movimento “Sturm und Drang” na literatura, essas atividades foram efetivamente as primeiras do movimento romântico que dominariam o empreendimento artístico no século seguinte. Junto com maior aceitação da emoção na expressão artística, encorajados pelos ideais humanistas da Era do Iluminismo, foi a grande influência nesses primeiros romances da nova literatura tendo como um dos expoentes Goethe. Esse novo movimento intelectual alemão mal tocou os círculos literários austríacos e Haydn, com presença de espírito, já os colocava na sua música. Neste período alegres sinfonias se encontram ao lado de suas obras mais abertamente “introspectivas” ou “trágicas”. A maioria dessas características está presente na incrivelmente bela sinfonia 44 do CD 12 conhecida como “Trauersinfonie” ou “Luto Symphony”, diz a lenda que Haydn solicitou que o movimento lento deveria ser tocado em seu funeral. Não há tentativa de marcha fúnebre como o luto transmite é mais o sentimento de perda e contemplação silenciosa. O tenso movimento de abertura resume o “Sturm” de Haydn com seus contrastes ferozes de dinâmica, uma breve passagem combinando contraponto com cromatismo. O contraponto está novamente em destaque no minuet um humor mais brilhante do trio prepara o caminho para o sublime adagio, um movimento que fornece a contemplação calma contrastando com o primeiro movimento. O final é um dos mais notáveis de Haydn, um movimento repleto de energia tremendamente bem escrito e lindamente interpretado pela turma do Fischer. A fonte do apelido “Mercury” da sinfonia 43 permanece desconhecido. Pode se referir ao seu uso como música incidental de alguma peça. Esta sinfonia é marcada por uma figura unificadora que une o material temático dos movimentos da mesma maneira que Beethoven fez com o motivo de sua quinta sinfonia. O tema é ouvido pela primeira vez na abertura do alegro, esta ideia principal é repetida no adagio, e, finalmente, repetido no minuet, apenas o final não utiliza, sendo a sinfonia elegantemente encerrada.

O verão já acabou! Como vou explicar lá em casa?

A divertida história de como a sinfonia 45 “Farewell” foi composta foi contada por Haydn na sua velhice aos biógrafos Albert Christoph Dies e Georg August Griesinger. “….naquela época, o patrono de Haydn, o príncipe Eszterházy era residente, junto com todos os seus músicos e comitiva, em seu palácio de verão em Eszterháza, na zona rural da Hungria. Naquela temporada a estadia foi mais longa do que o esperado, foi-se o verão e já estavam nas primeiras semanas do outono, e a maioria dos músicos foi forçado a adiar o retorno para casa, deixando as esposas e família que os estavam esperando revoltadas, sabemos que isso é um perigo!!! Além disso o palácio ficava a um dia de viagem do vilarejo aonde as famílias dos músicos moravam. Desejando voltar, os músicos pediram ajuda ao Kapellmeister. O diplomático e incrivelmente criativo Haydn, em vez de fazer um apelo direto, colocou seu pedido na música da sinfonia: durante o adágio final, cada músico suavemente para de tocar, apaga a vela da sua estante de partitura e sai um por vez, até que no final restariam apenas dois violinos (interpretados pelo próprio Haydn e seu mestre do concerto, Luigi Tomasini)”. Eszterházy parece ter entendido a mensagem subliminar do final da obra: de bom humor parece ter dito ‘…se eles todos estão indo, nós também devemos ir…”. Então a comitiva de músicos pode retornar a Eisenstadt no dia seguinte à apresentação.

Papa Haydn

Temos ai o “porque” dos músicos da orquestra do castelo de Esterházy tinham o hábito de chamar  “Pai” a seu Kapellmeister, numa demonstração de carinho e respeito. Com a mesma admiração profissional e pessoal, Mozart se dirigia ao veterano, fundador da sinfonia e do quarteto de cordas clássicos, como “Papa Haydn”. Seus contemporâneos descreveram seu caráter como amigável, informal, engraçado e modesto. Ele era, além disso, bom homem de negócios, econômico, patriótico, religioso, aplicado e organizado. Apesar de, em suas últimas duas décadas de vida, haver sido cumulado de honrarias, adulado por imperadores, reis, príncipes e outras personalidades importantes, jamais se deixou impressionar. “Não quero intimidades com essas pessoas”, escreveu certa vez, “prefiro estar com a gente de minha classe.” Deliciem-se com mais esta mega postagem das sinfonias do querido Kapellmeister Franz Joseph Haydn, nas belíssimas interpretações de Adam Fischer e sua afinadíssima Austro-Hungarian Haydn Orchestra !

Disc: 10 (Recorded June 2000 (“A” & “B”) and May 2001 (#38 & 39))
1. Symphony No. 38 (1769) in C major, H. 1/38: Allegro di molto
2. Symphony No. 38 (1769) in C major, H. 1/38: Andante molto
3. Symphony No. 38 (1769) in C major, H. 1/38: Menuet & trio, allegro
4. Symphony No. 38 (1769) in C major, H. 1/38: Finale, allegro di molto
5. Symphony No. 39 (1770) in G minor (‘The Fist’), H. 1/39: Allegro assai
6. Symphony No. 39 (1770) in G minor (‘The Fist’), H. 1/39: Andante
7. Symphony No. 39 (1770) in G minor (‘The Fist’), H. 1/39: Menuet & trio
8. Symphony No. 39 (1770) in G minor (‘The Fist’), H. 1/39: Finale, allegro di molto
9. Symphony No. 107 (1762) in B flat major (‘Letter A’), H. 1/107: Allegro
10. Symphony No. 107 (1762) in B flat major (‘Letter A’), H. 1/107: Andante
11. Symphony No. 107 (1762) in B flat major (‘Letter A’), H. 1/107: Allegro molto
12. Symphony No. 108 (1765) in B flat major, H. 1/108: Allegro molto
13. Symphony No. 108 (1765) in B flat major, H. 1/108: Menuetto & trio, allegretto
14. Symphony No. 108 (1765) in B flat major, H. 1/108: Andante
15. Symphony No. 108 (1765) in B flat major, H. 1/108: Finale, presto

Disc: 11 (Recorded May 1991 (#40), June 1994 (#42) and June 1995 (#41))
1. Symphony No. 40 (1763) in F major, H. 1/40: Allegro
2. Symphony No. 40 (1763) in F major, H. 1/40: Andante piu tosto allegretto
3. Symphony No. 40 (1763) in F major, H. 1/40: Menuet & trio
4. Symphony No. 40 (1763) in F major, H. 1/40: Finale-fuga, allegro
5. Symphony No. 41 (1770) in C major, H. 1/41: Allegro con spirito
6. Symphony No. 41 (1770) in C major, H. 1/41: Un poco andante
7. Symphony No. 41 (1770) in C major, H. 1/41: Menuet & trio
8. Symphony No. 41 (1770) in C major, H. 1/41: Finale, presto
9. Symphony No. 42 (1771) in D major, H. 1/42: Moderato e maestoso
10. Symphony No. 42 (1771) in D major, H. 1/42: Andantino e cantabile
11. Symphony No. 42 (1771) in D major, H. 1/42: Menuet & trio, allegretto
12. Symphony No. 42 (1771) in D major, H. 1/42: Finale, scherzando e presto

Disc: 12 (Recorded September 1988 (#45) and June 1994 (#43 & 44))
1. Symphony No. 43 (1772) in E flat major (‘Mercury’), H. 1/43: Allegro
2. Symphony No. 43 (1772) in E flat major (‘Mercury’), H. 1/43: Menuetto & trio, allegretto
3. Symphony No. 43 (1772) in E flat major (‘Mercury’), H. 1/43: Adagio
4. Symphony No. 43 (1772) in E flat major (‘Mercury’), H. 1/43: Finale, presto
5. Symphony No. 44 (1772) in E minor (‘Trauer’ /’Funeral’/’Letter E’), H. 1/44: Allegro con brio
6. Symphony No. 44 (1772) in E minor (‘Trauer’ /’Funeral’/’Letter E’), H. 1/44: Menuetto & trio, allegretto
7. Symphony No. 44 (1772) in E minor (‘Trauer’ /’Funeral’/’Letter E’), H. 1/44: Adagio
8. Symphony No. 44 (1772) in E minor (‘Trauer’ /’Funeral’/’Letter E’), H. 1/44: Finale, presto
9. Symphony No. 45 (1772) in F sharp minor (‘Farewell’/’Candle’/’Letter B’), H. 1/45: Allegro assai
10. Symphony No. 45 (1772) in F sharp minor (‘Farewell’/’Candle’/’Letter B’), H. 1/45: Adagio
11. Symphony No. 45 (1772) in F sharp minor (‘Farewell’/’Candle’/’Letter B’), H. 1/45: Menuet & trio, allegretto
12. Symphony No. 45 (1772) in F sharp minor (‘Farewell’/’Candle’/’Letter B’), H. 1/45: Finale, presto-adagio

Rainer Küchl, violin
Wolfgang Herzer, cello
Gerhard Turetschek, oboe
Michael Werba, bassoon
Austro-Hungarian Haydn Orchestra
Conductor: Adam Fischer

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Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 25-37, Adam Fischer

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 25-37, Adam Fischer

Continuando nossa saga, nesta terceira postagem da integral das sinfonias de Joseph Haydn (1732 — 1809), vamos compartilhar mais doze sinfonias com os amigos do blog, da vigésima quinta a trigésima sétima. A época destas sinfonias o príncipe Eszterházy havia construído, em seu suntuoso castelo em Eisenstadt, um ‘prédio exclusivo para os músicos’, em que os instrumentistas, cantores e o próprio Haydn viviam durante os movimentados meses de verão. O Kapellmeister trabalhou duro para manter seus músicos abastecidos de sinfonias originais, óperas e música de câmara seja para eventos cerimoniais ou sociais. Devido ao contrato inédito na Europa e com a moral em alta, sua reputação como compositor logo conseguiu alcançar centros musicais em outras partes do Velho Continente, provavelmente através da influência dos visitantes nas performances em Eisenstadt.

O suntuoso castelo em Eisenstadt

Nesta postagem, algumas sinfonias se destacam e no CD 07 temos a sinfonia 25 que é uma sinfonia “híbrida”, com uma introdução lenta no estilo sonata de igreja. A sinfonia 26 é a primeira escrita pelo mestre em tonalidade menor (ré menor), intitulada “Lamentação”, tem a estrutura de três movimentos. O agitado início com sua emocionante sincopação do começo até o lamento apaixonado do minueto, este trabalho atinge uma nota de sofrimento e desespero. Estas duas sinfonias mostram bem como Haydn foi capaz de assumir e usar as formas antigas, mesmo arcaicas, que ele herdara, enquanto as transformava com sua própria criatividade. O CD 08 começa com a linda sinfonia número 30 conhecida como “Alleluja”, o primeiro movimento lembra muito a principal linha melódica do final da sinfonia número 41 de Mozart. A sinfonia 31 é uma das maiores sinfonias que Haydn escreveu, inventiva e encantadora, nesta obra ele dá chance a cada grupo de instrumentistas a mostrar o seu talento, muito bacana. Essa era, supostamente, a maneira de Haydn sugerir ao seu patrono, o príncipe Eszterházy, que seus músicos mereciam seu apoio. No CD 09 inicia com a segunda sinfonia em tom menor escrita pelo mestre, o adagio de abertura da sinfonia 34 adota o plano de movimento lento-rápido-lento-rápido da sonata barroca, um movimento de notável beleza. A número 35 é um trabalho

Adam rindo da piada que o René Denon fez no PQPBach’s Caffé

mais leve. Seu movimento lento, nos lembra um dos movimentos de concerto de Mozart. Já a sinfonia número 37 é daquelas em que a numeração é completamente enganosa, uma cópia desta partitura encontrada é datada de 1758. Pode-se presumir que foi escrita para a orquestra do conde Morzin, na qual Haydn foi empregado até fevereiro de 1761. Essa sinfonia é candidata à primeira que ele deve ter escrito. Divirtam-se com mais este conjunto de sinfonias, sempre com o maestro Adam Fischer à frente da ótima Austro-Hungarian Haydn Orchestra.

Disc: 7 (Recorded June 1989 (#27), September 1990 (#25) and June 2000 (#26 & 28))
1. Symphony No. 25 in C major, H. 1/25: Adagio-allegro molto
2. Symphony No. 25 in C major, H. 1/25: Menuet & trio
3. Symphony No. 25 in C major, H. 1/25: Presto
4. Symphony No. 26 in D minor (‘Lamentatione’), H. 1/26: Allegro assai con spirito
5. Symphony No. 26 in D minor (‘Lamentatione’), H. 1/26: Adagio
6. Symphony No. 26 in D minor (‘Lamentatione’), H. 1/26: Menuet & trio
7. Symphony No. 27 in G major (‘Brukenthal’), H. 1/27: Allegro molto
8. Symphony No. 27 in G major (‘Brukenthal’), H. 1/27: Andante: siciliano
9. Symphony No. 27 in G major (‘Brukenthal’), H. 1/27: Finale, presto
10. Symphony No. 28 in A major, H. 1/28: Allegro di molto
11. Symphony No. 28 in A major, H. 1/28: Poco adagio
12. Symphony No. 28 in A major, H. 1/28: Menuet & trio, allegro molto
13. Symphony No. 28 in A major, H. 1/28: Presto assai
14. Symphony No. 29 in E major, H. 1/29: Allegro ma non troppo
15. Symphony No. 29 in E major, H. 1/29: Andante
16. Symphony No. 29 in E major, H. 1/29: Menuet & trio, allegretto
17. Symphony No. 29 in E major, H. 1/29: Finale, presto

Disc: 8 (Recorded April 2001 (#30-32) and May 2001 (#33))
1. Symphony No. 30 in C major (‘Alleluja’), H. 1/30: Allegro
2. Symphony No. 30 in C major (‘Alleluja’), H. 1/30: Andante
3. Symphony No. 30 in C major (‘Alleluja’), H. 1/30: Finale, tempo di menuet, piu tosto allegretto
4. Symphony No. 31 in D major (‘Hornsignal’), H. 1/31: Allegro
5. Symphony No. 31 in D major (‘Hornsignal’), H. 1/31: Adagio
6. Symphony No. 31 in D major (‘Hornsignal’), H. 1/31: Menuet & trio
7. Symphony No. 31 in D major (‘Hornsignal’), H. 1/31: Finale, moderato molto-presto
8. Symphony No. 32 in C major, H. 1/32: Allegro molto
9. Symphony No. 32 in C major, H. 1/32: Menuet & trio
10. Symphony No. 32 in C major, H. 1/32: Adagio, ma non troppo
11. Symphony No. 32 in C major, H. 1/32: Finale, presto
12. Symphony No. 33 in C major, H. 1/33: Vivace
13. Symphony No. 33 in C major, H. 1/33: Andante
14. Symphony No. 33 in C major, H. 1/33: Menuet & trio
15. Symphony No. 33 in C major, H. 1/33: Finale, allegro

Disc: 9 (Recorded May 2001)
1. Symphony No. 34 in D minor/D major, H. 1/34: Adagio
2. Symphony No. 34 in D minor/D major, H. 1/34: Allegro
3. Symphony No. 34 in D minor/D major, H. 1/34: Menuet & trio, moderato
4. Symphony No. 34 in D minor/D major, H. 1/34: Presto assai
5. Symphony No. 35 in B flat major, H. 1/35: Allegro di molto
6. Symphony No. 35 in B flat major, H. 1/35: Andante
7. Symphony No. 35 in B flat major, H. 1/35: Menuet & trio, un poco allegretto
8. Symphony No. 35 in B flat major, H. 1/35: Finale, presto
9. Symphony No. 36 in E flat major, H. 1/36: Vivace
10. Symphony No. 36 in E flat major, H. 1/36: Adagio
11. Symphony No. 36 in E flat major, H. 1/36: Menuetto & trio
12. Symphony No. 36 in E flat major, H. 1/36: Allegro
13. Symphony No. 37 in C major, H. 1/37: Presto
14. Symphony No. 37 in C major, H. 1/37: Menuet & trio
15. Symphony No. 37 in C major, H. 1/37: Andante
16. Symphony No. 37 in C major, H. 1/37: Presto

Rainer Küchl, violin
Wolfgang Herzer, cello
Gerhard Turetschek, oboe
Michael Werba, bassoon
Austro-Hungarian Haydn Orchestra
Conductor: Adam Fischer

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Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 13-24, Adam Fischer

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 13-24, Adam Fischer

Nesta segunda postagem da integral das 104 sinfonias do Mestre austríaco Franz Joseph Haydn (1732 — 1809) vamos trazer aos amigos do blog as sinfonias de número 13 até a de número 24. Em meados do século XVIII, os Eszterházy eram a família mais rica e poderosa da aristocracia húngara e também estavam entre os mais influentes culturalmente, com Haydn trabalhando e sendo o ponto central de uma infraestrutura musical altamente desenvolvida, apresentando regularmente concertos de orquestra e também eventos especiais como a semana dedicada a ópera. Por volta de 1766, o príncipe Paul Anton foi sucedido por Nikolaus, que se tornou conhecido como um dos os patronos mais culturalmente esclarecidos do final do século XVIII. Ele logo começou uma reorganização completa da infraestrutura musical da corte, aumentando principalmente a orquestra e empregando muitos dos maiores instrumentistas da época. Aqui, mesmo na ausência do príncipe, concertos de orquestra eram realizados toda terça e sábado exigindo de Haydn um fluxo constante de novas sinfonias e outras obras. É notável que, ao compor mais de cem sinfonias durante um período de trinta e seis anos, Haydn nunca tomou o caminho mais fácil, recorrendo a fórmulas fáceis ou a prática barroca de emprestar música de outras fontes. Assim, Haydn constantemente procurava novas soluções originais de forma sinfônica e deliberadamente tornando cada nova sinfonia diferente da última.

Prince Nikolaus Esterházy I, “O Magnífico” (1714 – 1790 )

O grande salão do palácio em Eisenstadt era amplo e tinha ótima acústica, algo que Haydn levou em conta nas suas vinte e tantas sinfonias escritas ali entre 1761 e 1765. Isso é notável no primeiro movimento da sinfonia n° 13, cujos acordes sustentados, como os de órgãos, contrabalançam e apoiam as vigorosas repetições rítmicas do tema uníssono de cordas de arpejo que domina o primeiro movimento. Apesar de sua numeração, as quatro sinfonias do CD 04 não foram escritas consecutivamente. É mais provável que sua ordem de composição seja o inverso de 16, 15, 14, 13. Estas sinfonias já mostram a propensão de Haydn para movimentos sinfônicos monotemáticos. Deste conjunto eu achei, em minha humilde opinião,  a Sinfonia nº 15 uma das obras mais interessantes desse período. Seu primeiro movimento é invulgarmente no estilo de uma abertura francesa, extensas seções do adagio emoldurando um animado presto. O segundo movimento também possui um caráter francês, principalmente nos ritmos pontilhados da seção principal do minueto.

No CD 04 estão mais cinco sinfonias. Seguindo a confusão cronológica das primeiras composições elas provavelmente foram escritas na seguinte ordem: 18, 19, 20, 17 e 21, durante um período possivelmente de até sete anos e com um bom número de outras sinfonias se intercalaram entre elas. A interessante sinfonia número 18 é uma das obras com estrutura mais antiquadas de termos de forma com três movimentos. O aspecto mais característico desta forma é o movimento lento de abertura, simpaticíssima obra, contém um tema de abertura no qual Haydn parece aludir às origens barrocas. A de número 17 Haydn aproveita mais os instrumentos de sopro porém eles ainda são usados amplamente como suporte harmônico e na duplicação das linhas dos violinos, enquanto entre as próprias cordas o tema está concentrado nos primeiros violinos.

A Competente Austro-Hungarian Haydn Orchestra posando para os amigos do PQPBach

No Cd 06 encontramos talvez a primeira sinfonia datada no manuscrito original sobrevivente, a de número 21 com data de 1764. Da mesma forma que a sinfonia número 18, essa sinfonia novamente volta na forma sonata de igreja, embora Haydn mantenha os quatro movimentos completos na estrutura. O presto final apresenta algumas formas alternadas bem bacanas entre os violinos. A linda sinfonia 22 denominada “Der Philosoph”, tem um primeiro movimento que é praticamente um prelúdio de coral orquestral e seu andamento lento e muito bonito nos conduz a natureza pensativa da a sinfonia também se distingue por sua bela orquestração. A sinfonia 23 tem um incrível finale com um movimento de sonata, com a característica favorita de Haydn das primeiras sinfonias, ritmos acelerados em um verdadeiro “perpetuum mobile”, e um belo exemplo do compositor nos mostrando na surpreendentemente conclusão fazendo com que a música acabe num coral pianissimo pizzicato. Já na sinfonia 24 o movimento de abertura do é um dos mais dramáticos compostos no primeiro período das sinfonias de Haydn. Dispensando a sutilezas de crescendos e diminuendos, a pontuação está cheia de alternâncias frequentes das marcações de piano e forte, enquanto o desenvolvimento se torna uma sucessão de fortíssimos. Haydn gostava de prestigiar os instrumentistas mais talentosos com trechos em sinfonias feito para eles brilharem o movimento lento desta sinfonia ele introduz um magnífico solo de flauta provavelmente um teste já que levaria alguns anos até que o instrumento encontrasse um lugar permanente na orquestra sinfônica de Haydn. As sinfonias 22 a 24 podem ser datadas com precisão de manuscritos que sobreviveram até hoje. Divirtam-se com mais estes três CD’s !

Disc: 4 (Recorded April 1991)
1. Symphony No. 13 (1763) in D major, H. 1/13: Allegro molto
2. Symphony No. 13 (1763) in D major, H. 1/13: Adagio cantabile
3. Symphony No. 13 (1763) in D major, H. 1/13: Menuet & trio
4. Symphony No. 13 (1763) in D major, H. 1/13: Finale, allegro molto
5. Symphony No. 14 (1764) in A major, H. 1/14: Allegro molto
6. Symphony No. 14 (1764) in A major, H. 1/14: Andante
7. Symphony No. 14 (1764) in A major, H. 1/14: Menuetto & trio, allegretto
8. Symphony No. 14 (1764) in A major, H. 1/14: Finale, allegro
9. Symphony No. 15 (1764) in D major, H. 1/15: Adagio-presto-adagio
10. Symphony No. 15 (1764) in D major, H. 1/15: Menuet & trio
11. Symphony No. 15 (1764) in D major, H. 1/15: Andante
12. Symphony No. 15 (1764) in D major, H. 1/15: Finale, presto
13. Symphony No. 16 (1766) in B flat major, H. 1/16: Allegro
14. Symphony No. 16 (1766) in B flat major, H. 1/16: Andante
15. Symphony No. 16 (1766) in B flat major, H. 1/16: Finale, presto

Disc: 5 (Recorded April 1991 (#17 & 18) and May 1991 (#19 & 20))
1. Symphony No. 17 (1765) in F major, H. 1/17: Allegro
2. Symphony No. 17 (1765) in F major, H. 1/17: Andante, ma non troppo
3. Symphony No. 17 (1765) in F major, H. 1/17: Finale, allegro molto
4. Symphony No. 18 (1766) in G major, H. 1/18: Andante moderato
5. Symphony No. 18 (1766) in G major, H. 1/18: Allegro molto
6. Symphony No. 18 (1766) in G major, H. 1/18: Tempo di menuet
7. Symphony No. 19 (1766) in D major, H. 1/19: Allegro molto
8. Symphony No. 19 (1766) in D major, H. 1/19: Andante
9. Symphony No. 19 (1766) in D major, H. 1/19: Presto
10. Symphony No. 20 (1766) in C major, H. 1/20: Allegro molto
11. Symphony No. 20 (1766) in C major, H. 1/20: Andante cantabile
12. Symphony No. 20 (1766) in C major, H. 1/20: Menuet & trio
13. Symphony No. 20 (1766) in C major, H. 1/20: Presto

Disc: 6 (Recorded April 1989 (#22 & 24) and June 2000 (#21 & 23))
1. Symphony No. 21 (1764) in A major, H. 1/21: Adagio
2. Symphony No. 21 (1764) in A major, H. 1/21: Presto
3. Symphony No. 21 (1764) in A major, H. 1/21: Menuet & trio
4. Symphony No. 21 (1764) in A major, H. 1/21: Finale, allegro molto
5. Symphony No. 22 (1764) in E flat major (‘Philosopher’), H. 1/22: Adagio
6. Symphony No. 22 (1764) in E flat major (‘Philosopher’), H. 1/22: Presto
7. Symphony No. 22 (1764) in E flat major (‘Philosopher’), H. 1/22: Menuetto & trio
8. Symphony No. 22 (1764) in E flat major (‘Philosopher’), H. 1/22: Finale, presto
9. Symphony No. 23 (1764) in G major, H. 1/23: Allegro
10. Symphony No. 23 (1764) in G major, H. 1/23: Andante
11. Symphony No. 23 (1764) in G major, H. 1/23: Menuet & trio
12. Symphony No. 23 (1764) in G major, H. 1/23: Finale, presto assai
13. Symphony No. 24 (1764) in D major, H. 1/24: Allegro
14. Symphony No. 24 (1764) in D major, H. 1/24: Adagio
15. Symphony No. 24 (1764) in D major, H. 1/24: Menuet & trio
16. Symphony No. 24 (1764) in D major, H. 1/24: Finale, allegro

Rainer Küchl, violin
Wolfgang Herzer, cello
Gerhard Turetschek, oboe
Michael Werba, bassoon
Austro-Hungarian Haydn Orchestra
Conductor: Adam Fischer

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Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 1-12, Adam Fischer

Franz Joseph Haydn (1732-1809): Sinfonias Completas 1-12, Adam Fischer

Vamos começar mais uma incrível e inédita série no novo PQPBach, que agora está hospedado em outro domínio: as 104 sinfonias do mestre austríaco Franz Joseph Haydn (1732 — 1809) que foi um dos expoentes máximos do período clássico na história da música. Tendo vivido entre o finzinho do período Barroco até o início do Romantismo. Nasceu em 31 de março de 1732, na aldeia de Rohrau, na fronteira entre a Áustria e a Hungria, um entre 12 irmãos. Foi reverenciado por toda a Europa, amado por Mozart e Beethoven, poucos compositores desenvolveram um crescimento profissional tão notável quanto Haydn, despretensiosamente pretendemos mostrar nesta série a sua evolução através das suas belíssimas sinfonias. Nas primeiras sinfonias (1-21), vemos experimentos sinfônicos do material que era contemporâneo. Nas sinfonias 22-80, vemos um novo desenvolvimento, a criação de um estilo próprio. Quando Haydn escreveu as Sinfonias de Paris na década de 1780, ele já mostrava uma grande maturidade. E quando escreveu as Sinfonias de Londres na década de 1790, ele finalmente aperfeiçoara a sinfonia como uma forma. Não era mais um estilo que introduzia a ópera barroca ou uma série de interlúdios instrumentais, mas agora era uma importante forma musical, que Beethoven continuaria a aperfeiçoar no início do século XIX. Para quem ainda não teve a oportunidade de ouvir as 104 sinfonias de Haydn na sequência, esta série vai deixar claro a gostosa evolução do Mestre em belíssimas composições, aliás uma mais bela que a outra. Vale muuuito a pena. A música de Haydn nunca envelhece e é sempre uma delícia! Os textos serão baseados nos encartes dos 33 CDs assinados pelo maestro Adam Fischer, são anotações muito informativas, a cereja do bolo (em tradução livre deste que vos escreve).

Catedral St. Stephan Vienna

Haydn não foi exceção à sua época: de família modesta, passou por dificuldades na juventude. Em 1749, aos 17 anos, ele trabalhava no coral da Escola da Catedral de St. Stephan, em Viena, quando sua voz de adolescente começou a mudar ele acabou por ser demitido, sua voz parecia que não estava correspondendo em qualidade e seu mestre de coro tentou convencê-lo a seguir uma carreira como “castrato”. Não rolou, e o jovem Franz decidido a seguir carreira de músico partiu e começou a se virar, no início ensinava cravo (com pouca recompensa financeira) durante o dia, enquanto à noite tocava em festas de serenata (um passatempo popular durante o verão vienense) e se entregava à sua vontade quase fanática de compor. Escreveu em suas memórias: “…eu tive que passar oito anos inteiros, dando lições para as crianças, muitos músicos talentosos ganham seu pão dessa maneira, quase miserável, sofrem com a falta de tempo para estudar e se aperfeiçoar. Essa foi a minha primeira experiência e eu nunca teria feito tanto progresso se não tivesse perseguido meu zelo pela composição e estudo durante a noite.”

Diz a tradição que Haydn era o “pai” do quarteto de cordas e da sinfonia. Enquanto o primeiro certamente alcançou sua forma definitiva em suas mãos, no caso da sinfonia, Haydn estava trabalhando em com um modelo já existente, o modelo vienense, ainda que relativamente embrionário da primeira metade do século XVIII, era uma combinação de vários gêneros instrumentais, entre eles o concerto grosso barroco, a “sonata da igreja” e a abertura de ópera italiana (ou “Sinfonia avanti”). Foi na ópera a fonte da qual a sinfonia ganhou seu nome e a forma de três movimentos, rápida – lenta – rápida.

Propriedade em Lukavec do Conde Morzin

Lentamente, e de forma consistente, Haydn foi ficando conhecido pela aristocracia e por volta de 1757, ele foi contratado como mestre de música da família do barão von Furnberg, em cuja casa de verão perto de Melk, no Danúbio, Haydn compôs seus primeiros quartetos de cordas para as festas dos membros da casa do barão. O mais importante, porém, para que ele pudesse compor sinfonias, foi a recomendação do seu patrão para que ele pudesse ser nomeado Kapellmeister e Kammercompositeur no castelo de Lukavec do Conde Morzin na Boêmia. O conde tinha uma orquestra de sopro, para a qual Haydn compunha suítes para apresentações ao ar livre, e também uma pequena orquestra de cordas. Haydn enxergou uma oportunidade: porque não juntar as duas orquestras? Foi para essa orquestra ampliada, por volta de 1759, que ele compôs suas primeiras sinfonias – certamente da primeira a quinta.

Como acontece com quase todos os compositores desta época a numeração convencional das primeiras obras são bastante confusas, em termos de cronologia, geralmente dá pouca indicação da época real em que foram compostas. As primeiras sinfonias seguem a tradição de sua cidade natal, Viena. Suas cinco primeiras sinfonias mostram-no experimentando uma variedade de formas. As de números 1, 2 e 4 seguem o padrão de três movimentos, derivado da abertura italiana, enquanto a quinta tem o modelo da “sonata de igreja” (primeiro movimento lento). A terceira sinfonia já é um trabalho de quatro movimentos completo com minueto.

Prince Paul Anton [Pál Antal] (1711–1762)
Porém, o primeiro emprego permanente do jovem músico durou pouco: o conde Morzin teve dificuldades financeiras e dissolveu a orquestra. Por sorte, o príncipe Paul Anton Esterhazy, um grande admirador da música, assistiu a um dos concertos no castelo de verão de Morzin, no qual Haydn provavelmente conduziu sua sinfonia nº 1. O príncipe ficou impressionado com a qualidade da música do jovem compositor e ao saber que o conde estava falido ofereceu a Haydn o cargo de Kapellmeister na sua corte de Eisenstadt, no Burgenland, ao sul de Viena. E assim, com o contrato assinado em 1º de maio de 1761, Haydn então com 29 anos de idade, iniciou um dos mais notáveis e longevos casos de patrocínio musical já registrados na história, um período que durou quase trinta anos.

Desde o início, Haydn pode de forma livre moldar a orquestra com um corpo de músicos completo (cordas, sopros e percussão) sendo a orquestra mais original da época, instigando a criatividade experimental do jovem mestre austríaco. Com recursos disponíveis e com liberdade como chefe de orquestra, praticamente isolado do mundo sem ninguém para o azucrinar ou fazer o jovem a duvidar de sua própria capacidade inventiva, se tornou um compositor original. Pode experimentar, observar as nuances orquestrais o que funcionou ou o que ficou fora do esperado, e assim, poderia melhorar, expandir, cortar, correr riscos. O príncipe gostava dos concertos no estilo italiano, sobretudo de Vivaldi e Corelli, solicitando ao seu novo compositor a seguir por este estilo mais para o barroco, porém em vez de concertos, Haydn escolheu a forma sinfônica, embora dominada por elementos do concerto barroco e do concerto italiano. As três sinfonias resultantes dos seus primeiros esforços na corte foram as sinfonias 6, 7 e 8. Foi a chance de mostrar a nova orquestra e, em particular sem esquecer dos violinos carregados de influência italiana. O movimento lento da sinfonia número 7 introduz duas flautas pela primeira vez na sinfonia. A sinfonia número 9, de 1762, pode muito bem ter suas origens na abertura de óperas, uma vez que não possui final convencional, terminando com um minueto. Sempre experimentando, Haydn mostra sua originalidade aqui alterando novamente a estrutura orquestral, expande para dois oboés, duas trompas, adiciona um par de flautas e fagote solo além de dobrar os instrumentos de cordas. Já na sinfonia número 10 Haydn mostra um grau de desenvolvimento do gênero no papel mais independente dado aos instrumentos de sopro. A sinfonia número 12, de 1763, é um de seus trabalhos sinfônicos mais curtos, embora Haydn evite o padrão de movimento característico de seus primeiros trabalhos, é uma sinfonia alegre e seu final é inebriante.

Adam Fischer e a Orquestra, posando entre as colunas de sustentação do PQPBach Hall

Divirtam-se com estas doze primeiras sinfonias do mestre Franz Joseph Haydn, a apresentação da Orquestra Austro-Húngara Haydn é sensacional, lindamente sintonizada pela leveza das obras. Em suma, não se poderia pedir uma orquestra melhor para empreender esse imenso projeto que durou 14 anos para ser realizado. O ótimo maestro Adam Fischer usa instrumentos modernos combinados com um estilo de tocar de época, achei a combinação muito bonita de ouvir. Esta coleção que ora vamos compartilhar com os amigos do blog é impressionante e merece ser ouvida por todos os que amam a música de Josef Haydn. As performances são excelentes, as gravações impecáveis. Originalmente gravado entre 1987 e 2001 no “Haydnsaal of the Esterházy Palace” na Hungria (no mesmo salão em que Haydn executava seus concertos como “Kapellmeister”), os músicos escolhidos a dedo para a formação da “Austro-Hungarian Haydn Orchestra” para as gravações são os músicos da “Vienna Philharmonic”, “Vienna Symphony” e “Hungarian State Symphony Orchestras” o resultado é sublieme!

Haydnsaal of the Esterházy Palace

Interpretações transparentes, presumivelmente da maneira com a qual Haydn esperava que sua música fosse tocada – sem uma pitada de romantismo ou exageros modernos. Fischer e sua orquestra tem momentos em que o entusiasmo é muito perceptíve, um imenso trabalho! São gravações lindas. Eu experimentei e gostei muito de ouvir todas as sinfonias em sucessão, é diversão garantida do começo ao fim, a música de Haydn é muito leve, feliz e alegre, que é a marca infalível desse mestre de que tanto gostamos!

Disc: 1 (Recorded June 1990)
1. Symphony No. 1 (1759) in D major, H. 1/1: Presto
2. Symphony No. 1 (1759) in D major, H. 1/1: Andante
3. Symphony No. 1 (1759) in D major, H. 1/1: Presto
4. Symphony No. 2 (1764) in C major, H. 1/2: Allegro
5. Symphony No. 2 (1764) in C major, H. 1/2: Andante
6. Symphony No. 2 (1764) in C major, H. 1/2: Finale, presto
7. Symphony No. 3 (1762) in G major, H. 1/3: Allegro
8. Symphony No. 3 (1762) in G major, H. 1/3: Andante moderato
9. Symphony No. 3 (1762) in G major, H. 1/3: Menuet & Trio
10. Symphony No. 3 (1762) in G major, H. 1/3: Finale, alla breve, allegro
11. Symphony No. 4 (1762) in D major, H. 1/4: Presto
12. Symphony No. 4 (1762) in D major, H. 1/4: Andante
13. Symphony No. 4 (1762) in D major, H. 1/4: Finale, tempo di menuetto
14. Symphony No. 5 (1762) in A major, H. 1/5: Adagio, ma non troppo
15. Symphony No. 5 (1762) in A major, H. 1/5: Allegro
16. Symphony No. 5 (1762) in A major, H. 1/5: Minuet & trio
17. Symphony No. 5 (1762) in A major, H. 1/5: Finale, presto

Disc: 2 (Recorded April 1989)
1. Symphony No. 6 (1761) in D major (‘Le Matin’), H. 1/6: Adagio-allegro
2. Symphony No. 6 (1761) in D major (‘Le Matin’), H. 1/6: Adagio-andante-adagio
3. Symphony No. 6 (1761) in D major (‘Le Matin’), H. 1/6: Menuet & trio
4. Symphony No. 6 (1761) in D major (‘Le Matin’), H. 1/6: Finale, allegro
5. Symphony No. 7 (1761) in C major (‘Le midi’), H. 1/7: Adagio-allegro
6. Symphony No. 7 (1761) in C major (‘Le midi’), H. 1/7: Recitativo: adagio
7. Symphony No. 7 (1761) in C major (‘Le midi’), H. 1/7: Menuetto & trio
8. Symphony No. 7 (1761) in C major (‘Le midi’), H. 1/7: Finale, allegro
9. Symphony No. 8 (1761) in G major (‘Le soir’), H. 1/8: Allegro molto
10. Symphony No. 8 (1761) in G major (‘Le soir’), H. 1/8: Andante
11. Symphony No. 8 (1761) in G major (‘Le soir’), H. 1/8: Menuetto & trio
12. Symphony No. 8 (1761) in G major (‘Le soir’), H. 1/8: La Tempesta, presto

Disc: 3 (Recorded June 1990)
1. Symphony No. 9 (1762) in C major, H. 1/9: Allegro molto
2. Symphony No. 9 (1762) in C major, H. 1/9: Andante
3. Symphony No. 9 (1762) in C major, H. 1/9: Finale-menuetto & trio
4. Symphony No. 10 (1766) in D major, H. 1/10: Allegro
5. Symphony No. 10 (1766) in D major, H. 1/10: Andante
6. Symphony No. 10 (1766) in D major, H. 1/10: Finale, presto
7. Symphony No. 11 (1769) in E flat major, H. 1/11: Adagio cantabile
8. Symphony No. 11 (1769) in E flat major, H. 1/11: Allegro
9. Symphony No. 11 (1769) in E flat major, H. 1/11: Minuet & trio
10. Symphony No. 11 (1769) in E flat major, H. 1/11: Finale, presto
11. Symphony No. 12 (1763) in E major, H. 1/12: Allegro
12. Symphony No. 12 (1763) in E major, H. 1/12: Adagio
13. Symphony No. 12 (1763) in E major, H. 1/12: Finale, presto

Rainer Küchl, violin
Wolfgang Herzer, cello
Gerhard Turetschek, oboe
Michael Werba, bassoon
Austro-Hungarian Haydn Orchestra
Conductor: Adam Fischer

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Huuuumm… acho que esta nota é melhor….!

Ammiratore