BRUCKNER 200 ANOS! Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 4 (Dausgaard)

BRUCKNER 200 ANOS! Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 4 (Dausgaard)

Há muito a ser dito sobre a abordagem de Thomas Dausgaard para a Quarta Sinfonia de Bruckner. Ao adotar um tempo relativamente rápido para o primeiro movimento e, particularmente, para o Finale, ele nos deixa uma sensação de continuidade e coesão que a maioria das outras interpretações não têm. Além disso, a execução da Filarmônica de Bergen, capturada aqui em um som incrivelmente vívido, é absolutamente excelente. Do lado do débito, há algumas passagens que soam um pouco mal caracterizadas. Por exemplo, o maravilhoso coral de metais que aparece no meio do primeiro movimento poderia irradiar mais majestade. Da mesma forma, a abertura do Finale está um tanto carente de mistério, e o crescendo cataclísmico que o segue não abre os céus. Por outro lado, os dois movimentos centrais são excelentes. O andamento de Dausgaard para o Andante quasi allegretto parece ideal por soar nem muito apressado nem muito prolongado. Nele, pulsam a saudade e a melancolia desejadas por Bruckner. Lindo, lindo! E o Scherzo nos chega com grande força e emoção, com Dausgaard trazendo um sedutor ritmo vienense para a suave seção do Trio.

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia Nº 4 (Dausgaard)

Symphony No. 4 In E-Flat Major, WAB (Second Version, 1878-80, Ed. Nowak)
1 I. Bewegt, Nicht Zu Schnell 16:54
2 II. Andante Quasi Allegretto 14:41
3 III. Scherzo 9:58
4 IV. Finale 19:37

Bergen Philharmonic Orchestra
Thomas Dausgaard

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Dausgaard fazendo como um velho marinheiro que, durante o nevoeiro, leva o barco devagar.

PQP

J.S. Bach (1685-1750): Concerti, Capriccio & Aria (nel gusto italiano) – Olivier Cavé (piano) ֍

J.S. Bach (1685-1750): Concerti, Capriccio & Aria (nel gusto italiano) – Olivier Cavé (piano) ֍

JS BACH

Concerti, Capriccio & Aria

Nel gusto italiano

Olivier Cavé, piano 

 

 

Wir sind alle Pilger

die wir Italien suchen

 

Nós somos todos peregrinos

em busca da Itália

Goethe

Eu sempre gostei de ouvir a música que Bach compôs para teclado interpretada ao piano. Bach ao piano! Um dos meus CDs mais antigos é o que poderíamos chamar jurássico – Alexis Weissenberg tocando Bach. (Esse disco, pasmem, foi gravado há mais de cinquenta anos.) Na verdade, Alexis toca transcrições para piano de obras de Bach, feitas principalmente por Busoni, como a Chacone, que eu custei a descobrir ter sido composta para violino solo. Bem, tratando-se de Bach, não dá para afirmar peremptoriamente isso…

O pianista Olivier Cavé é impecável e já andei postando uma ou outra coisa com ele, não deixe de conferir, caso ainda não tenha feito. Assim, o disco, apesar do piano, pode ser considerado ‘autêntico’. Reúne peças da juventude de João Sebastião, dos tempos que andava por Weimar, as voltas com o príncipe muito musical Johann Ernst von Saxe-Weimar, que morreu muito jovem, em 1715.

Temos quatro transcrições de concertos feitas para cravo de originais italianos. Dois deles do famoso Padre Vermelho, e mais dois, um de cada um dos irmão Alessandro e Benedetto Marcello. O programa segue com o magnífico Concerto Italiano, que de tanto transcrever concertos italianos, Bach viu-se capaz de compor uma ‘transcrição’ originalíssima, que prescindia de um concerto original, mais uma das muitas provas de sua genialidade criativa.

Para terminar o programa mais duas peças bem conhecidas com ares italianos – a Aria variata alla maniera italiana e o Capriccio sopra la lontananza del suo fratello dilettissimo. O libreto é um primor. Veja uma tradução livre de um dos seus parágrafos iniciais, feita com a ajuda do já conhecido Chat PQP:

Ao longo de sua extraordinária carreira de compositor, Bach nunca se cansou de copiar à mão música de outros compositores, e o senso de ecletismo que o levava a reproduzir Frescobaldi e adaptar as obras de Pergolesi foi sua maneira de alcançar uma síntese e criação muito pessoais, onde a especulação abstrata, a poesia e a busca didática encontraria seu lugar.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

 Concerto em fá maior, BWV 978 (original de Antonio Vivaldi RV 310)

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Concerto em ré menor (original de Alessandro Marcello), BWV974

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Presto

Concerto em sol maior, BWV 973 (original de Antonio Vivaldi RV 299)

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Concerto em ré menor, BWV 981 (original de Benedetto Marcello, Op. 1, 2)

  1. Adagio
  2. Vivace
  3. Grave
  4. Prestissimo

Concerto Italiano, BWV971

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Presto

Aria Variata in A minor, BWV989 ‘alla Maniera Italiana’

  1. Aria
  2. Variazione I
  3. Variazione II
  4. Variazione III
  5. Variazione IV
  6. Variazione V
  7. Variazione VI
  8. Variazione VII
  9. Variazione VIII
  10. Variazione IX
  11. Variazione X

Capriccio sopra la lontananza del suo fratello dilettissimo, BWV992

  1. Arioso (Adagio)
  2. Fughetta
  3. Adagiosissimo
  4. Andante
  5. Allegro poco – Aria del postiglione
  6. Fuga all’imitazione della posta

Olivier Cavé, piano

Olivier Cavé numa estreita rua de uma famosa cidade da Itália…

Faixas Bônus

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Concerto para violino em sol maior, Op. 3, 3 – RV 310

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Concerto Italiano & Rinaldo Alessandrini

Concerto para cravo (do original de Vivaldi RV 310), BWV 978

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Rinaldo Alessandrini, cravo

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Concerto para violin em sol maior, RV 299

  1. Allegro
  2. Largo cantabile
  3. Allegro

L’Arte dell’Arco & Federico Guglielmo

Alessandro Marcello (173 – 1747)

Concerto para oboé, cordas e contínuo em rpe menor

  1. Andante spiccato
  2. Adagio
  3. Presto

Paolo Grazzi, oboé

Accademia di San Rocco & Andrea Marcon

Benedetto Marcello (1686 – 1739)

Concerto grosso, Op. 1 No. 2

  1. Adagio e staccato
  2. Vivace
  3. Adagio e staccato
  4. Prestissimo

Kaunas Chamber Orchestra & Silvano Frontalini

 

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MP3 | 320 KBPS | 250 MB

De uma crítica quase anônima: I liked the approach, Bach has plagia, or rather, he reinterpreted Italian music to his sauce and it’s pretty successful!
Good record, interesting to discover Bach from this angle.
On the other hand, in the long run, the disc may seem a little monotonous

The quality of the performance is impeccable and I liked!

Me too! Aproveite!

René Denon

Steve Reich (1936): Music for 18 Musicians (Signal Ensemble)

Steve Reich (1936): Music for 18 Musicians (Signal Ensemble)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Fazendo sua estreia na grande Harmonia Mundi, o Signal Ensemble, grupo nova-iorquino, executa a célebre Music for 18 Musicians (1976), um trabalho básico de um compositor fundamental que mudou a rota da música do século XX. Steve Reich deu seu OK a esta gravação e completou: “o Signal fez uma gravação extraordinária da Music for 18 Musicians. Foram exatos e emocionais. Deem uma ouvida”.

Várias gravações ocorrerão em 2016 em comemoração ao 40º aniversário do trabalho, que foi um clássico instantâneo da ECM e da música em geral. Porém, provavelmente, poucos serão mais sensacionais do que este registro. A alegria, a precisão rítmica e a transparência de som talvez sejam difíceis de serem realcançadas. Uma música dificílima e que aqui soa com naturalidade. E de efeito tão fascinante como sempre.

Os 18 músicos são assim divididos:

1 Violin
2 Cello
3 Female voice
4 Female voice
5 Female voice
6 Piano
7 Piano
8 Piano and maracas
9 Marimba and maracas
10 Marimba and xylophone
11 Marimba and xylophone
12 Marimba and xylophone
13 Metallophone and piano
14 Piano and marimba
15 Marimba, xylophone, and piano
16 Clarinet and bass clarinet
17 Clarinet and bass clarinet
18 Female voice and piano

Steve Reich (1936): Music for 18 Musicians (Signal Ensemble)

1 Pulses 5:22
2 Section 1 4:18
3 Section 2 4:26
4 Section 3A 3:56
5 Section 3B 4:05
6 Section 4 4:58
7 Section 5 5:23
8 Section 6 4:37
9 Section 7 3:42
10 Section 8 3:46
11 Section 9 4:25
12 Section 10 1:32
13 Section 11 4:07
14 Pulses 4:32

Ensemble Signal
Brad Lubman

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Reich: quase 40 anos de um obra-prima
Reich: os quase 40 anos de um obra-prima

PQP

.: interlúdio :. Jazzrausch Bigband: Mahler`s Breakdown (Quinta Sinfonia de Mahler…)

.: interlúdio :. Jazzrausch Bigband: Mahler`s Breakdown (Quinta Sinfonia de Mahler…)

Esse disco é bem novinho, do final de 2023, e foi lançado em vinil e em CD. Quem conseguiu-o para mim foi CdeBL. Lembro ele que foi muito gentil e que falou comigo por e-mail ou messenger. Depois, eu dei muitas risadas ouvindo o disco, Lembro que foi para isso mesmo que me mandaram os arquivos, para rir. Agradeço ao mensageiro. Pobre Gustav Mahler, deve estar como um zumbi no túmulo com este arranjo que distorce completamente sua 5ª Sinfonia… A cena tecnojazz alemã é ampla e provavelmente encontrará algum louco para levar isto à serio. Eu levei a sério apenas como comédia. A Jazzrausch Bigband está repleta de músicos que tocam muito bem, mas nem tudo pode ser feito com qualquer coisa. O resultado é uma constrangedora paródia. Quando a coisa vira jazz, se torna até palatável, mas quando é Mahler me causa frouxos de riso. Muitos outros artistas abordaram a música clássica para criar obras de jazz com verdadeiro talento. Mas aqui, com esses ritmos disco para cinquentões… Eu tenho 66 e meu mundo é puro rock n`roll, pô! OK, estou brincando. Mas o problema mesmo é a falta de criatividade nos arranjos. Quantas vezes aquela bateria precisa nos metralhar num crescendo, meu deus?

.: interlúdio :. Jazzrausch Bigband: Mahler`s Breakdown (Quinta Sinfonia de Mahler)

Da Quinta de Mahler:
1. I. Trauermarsch. In Gemessenem Schritt. Streng. Wie Ein Kondukt 08:41
2. II. Stürmisch Bewegt. Mit Größter Vehemenz 07:58
3. III. Scherzo. Kräftig, Nicht Zu Schnell 08:47
4. IV. Adagietto. Sehr Langsam 03:30
5. V. Rondo-Finale. Allegro – Allegro Giocoso 08:54

Da Terceira de Mahler:
6. I. Kräftig. Entschieden 04:44

Jazzrausch Bigband

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Esta é a Jazzrausch Bigband. Sim, eles tocam Mahler | Foto: Josy Friebe

PQP

Serguei Prokofiev (1891-1953): Concertos para Piano Nº 1 e 2 + Romeu dá adeus à Julieta (Feltsman / Tilson Thomas)

Serguei Prokofiev (1891-1953): Concertos para Piano Nº 1 e 2 + Romeu dá adeus à Julieta (Feltsman / Tilson Thomas)

O Primeiro Concerto para Piano de Prokofiev (1911) é uma obra da juventude, o Segundo (1912) é o mais original e memorável — na verdade, uma de suas obras-primas. Este concerto, apesar da sua grandeza, parece atrair principalmente pianistas de nicho — como Vladimir Feltsman, emigrado russo nos EUA desde o final da década de 1980, cujo legado gravado consiste em grande parte em alguns grandes concertos russos mais Bach e algum Schubert. Nesta versão, Prokofiev não soa tão revolucionário e audaz quanto talvez devesse, as obras soam enérgicas e charmosas. Está bem, mas estas versões perdem de longe para Ashkenazy, Argerich, Bavouzet e Beroff (Também temos Ash e a Rainha no PQP, só que o Bavouzet e o Beroff têm a integral dos Concertos).

Serguei Prokofiev (1891-1953): Concertos para Piano Nº 1 e 2 + Romeu dá adeus à Julieta (Feltsman / Tilson Thomas)

Concerto No. 1 For Piano & Orchestra, Op. 10 (D-Flat Major / Des-Dur / Ré Bémol Majeur)
Allegro Brioso 3:38
Meno Mosso 3:27
Andante Assai 3:59
Allegro Scherzando 4:30

Concerto No. 2 For Piano & Orchestra, Op. 16 (G Minor / G-Moll / Sol Mineur)
I–Andantino 11:45
II–Scherzo: Vivace 2:42
III–Intermezzo: Allegro Moderato 7:01
IV–Finale: Allegro Tempestoso 11:16

“Romeo Bids Juliet Farewell” (Lento) (No. 10 From 10 Pieces For Piano From Romeo & Juliet, Op. 75) 6:56

Vladimir Feltsman, piano
London Symphony Orchestra
Michael Tilson Thomas

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Os cabelos de Feltsman ficaram mais ralos, os que sobraram ficaram brancos e acho que chegaram uns quilinhos a mais. Acontece com tudo mundo que não morre, Vladi. Aliás, ainda bem!

PQP

.: interlúdio :. É Carnaval! – A História da Guitarra Baiana, parte 3 – Roberto Barreto (BaianaSystem)

O nome BaianaSystem vem da junção de “guitarra baiana” com “sound system”, duas tecnologias criadas respectivamente em Salvador e na Jamaica. Em 2017, logo após lançar aquele que considero o melhor álbum do BaianaSystem, Roberto Barreto, um dos seus fundadores, deu uma entrevista (aqui) na qual demarcou claramente os aspectos subversivos e políticos do Carnaval. Pra quem olhava de longe, podia parecer que o carnaval de Salvador, com abadás de trios sendo parcelados em 12x sem juros, tinha virado uma mercadoria tão elitizada e metida a besta quanto um desses copos caros pra deixar a água gelada. Estamos sempre por um fio dessa derrota completa para as máquinas de lucro (expressão do Baiana) mas ao mesmo tempo os loucos vão fazendo festa, não porque a vida está fácil, mas pelo motivo oposto. Enfim, fala aí, Roberto:

G1 – Muita gente, especialmente no Sudeste, cita a Baiana System como uma banda de axé – ou do novo axé. Esse rótulo incomoda?
Roberto Barreto – Não incomoda porque, na verdade, o axé não existe enquanto gênero. É que, aqui [no Sudeste], as pessoas acabam colocando tudo dentro de uma mesma coisa. Olodum é completamente diferente de Ivete. O que existe é um mercado de axé, que funciona diferente do mercado que a gente surgiu. Quando fazem essa referência ao novo axé, talvez seja por causa de elementos que usamos – das festas de largo, o entendimento do sound system como uma coisa popular, percussão, guitarra, samba… Lógico que tem elementos do que as pessoas conhecem como axé.

“Como é da Bahia, e as pessoas às vezes não conseguem entender, dizem: ‘Funciona no Carnaval, é dançante, então é axé’. Mas não é necessariamente isso. Quando a gente tira esse peso, não se incomoda. A Bahia hoje está justamente numa fase de superar esse estigma do axé que ficou, muitas vezes como uma coisa pejorativa.

G1 – A música da Bahia é, ainda hoje, muito estigmatizada?
Roberto Barreto – Acho que sim. O mercado acabou ditando muito como as coisas aconteceram. Salvador sempre teve uma produção incrível e nunca parou de ter. Mas estamos em um período em que a música passa por uma transformação. O que chega às pessoas não é necessariamente o que vem da grande mídia. Elas conseguem conhecer o que está acontecendo no Pará, em Goiânia, Recife, Salvador… Com essa dimensão, dá para fugir um pouco dessa centralização.

Roberto e sua guitarra baiana de 5 cordas (2016)

[…]
Na Bahia, a coisa do Carnaval é forte. Independentemente do que gera no mercado fonográfico, ele é um catalisador de muita coisa.

G1 – Gerou muita repercussão um protesto da banda contra o governo Temer no Carnaval deste ano, em Salvador. Como lidaram com a polêmica?
Roberto Barreto – Não foi uma coisa programada. A gente já fazia isso em shows, alguns sim, outros não. Como a gente tratou isso com naturalidade, saiu do âmbito da polêmica, que as pessoas quiseram dar. Não tem como a questão política não estar vinculada a nós, porque o nosso comportamento em relação ao mercado e nas nossas letras é eminentemente político. A gente vive um momento dificílimo. Não sabemos se vamos ter presidente amanhã. Estamos vivendo um ano após um golpe acontecer no país.

G1 – Qual o papel dos artistas em momentos políticos como esse?
Roberto Barreto – Cada vez mais, se posicionarem. Ficou uma coisa muito asséptica. Todo o mundo acha que não pode falar isso ou aquilo. Você pode falar. Quando a gente definiu que o nome do nosso disco ia ser “Duas Cidades”, percebemos que não é só a cidade, o Brasil está dividido. Você vê famílias brigando, pessoas se digladiando no Facebook.

Você tem que se posicionar em relação a isso, mesmo que depois diga: ‘Vacilei nisso, achei que era uma coisa, me decepcionei’. Mas tem que falar.

A cada Carnaval, o BaianaSystem sai com seu trio Navio Pirata, sem cobrança de abadás. Enquanto o Chiclete com Banana – e seu ex-cantor Bell Marques, em carreira solo desde 2014 – continuam saindo em trios elétricos com cercadinho separando os pagantes da ralé, o Baiana arrasta a cada ano mais povo na bagunça indeferenciada, a mais carnavalesca dos nossos tempos, ao menos na Bahia.

Em outra entrevista, Roberto fala sobre sua relação com a guitarra baiana, instrumento que ele inseriu em uma linguagem musical próxima das gerações hoje com 20, 30 anos e próxima também do reggae jamaicano.

A guitarra não foi o meu primeiro instrumento. Comecei tocando o bandolim já com essa afinação da guitarra baiana e com essa referência dos trios elétricos e das músicas de carnaval. Não vejo muito como um instrumento, mas sim como um meio de expressar ideias e sentimentos. Por ser um instrumento criado e concebido aqui na Bahia existe a parte afetiva e junto com isso, acompanha uma estética musical que é única em um repertório (aqui).

BaianaSystem: Duas Cidades (2016)
A1 Jah Jah Revolta Parte 2
A2 Bala Na Agulha
A3 Lucro (Descomprimindo)
A4 Duas Cidades
A5 Panela
B1 Playsom
B2 Dia Da Caça
B3 Cigano
B4 Calamatraca
B5 Barra Avenida Parte 2
B6 Azul

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No Carnaval de 2023

Pleyel

Richard Wagner (1813-1883): Glenn Gould Conducts Wagner´s Siegfried Idyll

Richard Wagner (1813-1883): Glenn Gould Conducts Wagner´s Siegfried Idyll

Quando comprei este CD o fiz com um misto de receio e de curiosidade. Na época eu conhecia pouco a obra de Wagner, mas já conhecia a excentricidade de Glenn Gould, e me pareceu no mínimo deveras curioso um especialista em Bach tocando Wagner ao piano, ainda mais obras tão ricas orquestralmente falando, como a abertura dos “Mestres Cantores”, ou até mesmo o magnífico “Idílio” de Siegfried.

Mas o que realmente chama a atenção neste cd é Glenn Gould regendo um pequeno grupo de câmera. Foi sua primeira, única e última experiência no gênero, pois faleceu logo depois. O “Idílio” de Siegfried foi originalmente composto para uma pequena orquestra, 13 ou 14 músicos. Transcrevo abaixo o texto do libreto que acompanha o cd:

“(…) Em 1964 o próprio Gould ingressou no seu futuro de alta tecnologia retirando-se completamente da cena concertística. Em seguida permitiu ao público que ouvisse a sua produção musical somente sob a forma de cuidadas gravações, transmissões radiofônicas e transmissões de vídeo. Certa vez Wagner disse que, depois ter inventado a ‘orquestra invisível’ em Bayreuth queria agora inventar o ‘palco invisivel’, do qual Gould se voltava para o público na maneira pela qual Wagner enunciava às platéias de execuções convencionais e obrigava os ouvintes a aceitar os seus termos de apresentação.

Ao primeiro impacto não se associaria a transparência cristalina de um especialista em Bach como Gould com as redundantes sonoridades do ultra-romântico Wagner. Efetivamente, porém, Gould nutira profundo amor por Wagner, um amor que encontrava o próprio fundamento na natureza incorrigivelmente polífônica da sua música. As transcrições aqui apresentadas não só deram a Gould a possibilidade de ter uma experiência direta de Wagner, negada a quase todos os pianistas, mas forneceram também o material para um disco que correspondia aos critérios caros a Gould, apresentando música conhecida de maneira nova, estimulante e diferente. A prestidigitação característica de Gould resulta efetivamente em passagens característicamente contrapontísticas como o fugato do toque de trompa da Viagem ao Reno e a música redundante de Beckmesser na abertura de Os Mestres Cantores com o seu subsequente momento culminante, um tour de force de aguda força rítmica e luminosa transparência. Divertindo-se com a a possibilidade do meio de gravação ir além da execução ao vivo, Gould criou aqui algumas passagens mais densas da gravação a quatro mãos em mais de uma pista, não encontrando nenhum motivo musical para sacrificar a riqueza de Wagner aos limites de dez dedos invisíveis.

Em vez de procurar imitar a orquestra, Gould reelaborou estas peças para piano substituindo as figuras rítmicas por trêmulos introduzindo esquemas de motivos em acordes que se demonstravam muito longos para serem sustentados pelo piano e modificando as duplicações do baixo. Em toda a obra se observam numerosos toques interpretativos inesperados. O tema de marcha dos mestres cantores, pelo início da abertura, habitualmente um momento importante, procede aqui como uma breve e divertida passseata. Não se observa nem mesmo o tradicional retardamento desse tema durante seu aparecimento final, pois Gould saber transformar o enorme tumulto dos instrumentos de corda em um flutuar aéreo.. No ousadamente lento ‘Idílio de Siegfried’ o tema do acalanto em escala descendente é introduzido de maneira surpreendentemente não sentimental; a elaboração em tonalidade terna da peça é posta de lado por um momento sucessivo.

As primeiras tentativas de Gould de reger uma orquestra o desencorajaram de prosseguir nessa atividade porque devia executar movimentos agitando os braços, o que lhe dava tensões musculares que comprometiam seu controle magistral do teclado. Todavia, graças ao seu domínio na arte da composição, tinha a mente de um regente, e no fim se repropôs a tentar ainda compilando listas de repertórios que compreendiam concertos para piano onde podia acompanhar-se a si próprio, através de uma gravação em mais de uma pista. Gould iniciou sua nova carreira de regente em julho de 1982 quando, com os membros da Sinfônica de Toronto, gravou a versão de câmera original do Idílio de Siegfried. Sua executação de estréia, posta em circulação pela primeira vez neste disco, revelou-se um adeus porque Gould, hipertenso crônico, foi vítima de um golpe de apoplexia no dia 4 de outubro seguinte, nove dias depois de seu cinquentário. “ Benjamin Folkman.

Pois bem, então deixo-os com este cd curioso porém de uma beleza ímpar, graças ao talento de Glenn Gould, com certeza um dos maiores músicos do século XX, e que não temia ousar.

Richard Wagner – Glenn Gould Conducts Wagner´s Siegfried Idyll

01 Siegfried Idyll, for small orchestra in E major, WWV 103
02 Die Meistersinger von Nürnberg, opera, WWV 96- Vorspiel Zum I. Aufzug
03 Die Götterdämmerung (Twilight of the Gods), opera, WWV 86d- Tagesgrauen Und Siegfrieds Rheinfahrt
04 Siegfried Idyll, for small orchestra in E major, WWV 103

Membros da Sinfônica de Toronto
Glenn Gould – Piano e Regência

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Glenn Gould: exorcizando Wagner do corpo
Glenn Gould: exorcizando Wagner do corpo

FDP Bach
Link revalidado por FDPBach em 02/24

.: interlúdio :. É Carnaval! – A História da Guitarra Baiana, parte 2 – Missinho (Chiclete com Banana)

O clima da cidade se torna outro. A atmosfera mais densa do que o lança-perfume que a senhora leva na bolsa. Todos os exus e santos estão à solta. As ruas de madrugada apinhadas de gente. O cheiro de mijo e álcool. As normas se alternam, a moral se amolece. Tudo parece poder acontecer, para o bem e para o mal.

O dia já havia nascido quando olhei o mar de gente, suada e semi-nua, debaixo do sol. Homens sem camisas, mulheres de peito de fora. E pensei: enfim civilização.
(Matheus Ultra)

Seguindo com a história de um dos instrumentos mais legitimamente brasileiros – ainda que quase totalmente restrito às proximidades da Baía de Todos os Santos – chegamos nos anos 1980 com um grupo que, como Armandinho, era e ainda é sinônimo de Carnaval: Chiclete com Banana. Sim, eu sei que eles fizeram muita porcaria depois, quando o Axé foi vendido para todo o país a partir, em primeiro lugar, de programas como o do Chacrinha, o da Xuxa e o do Faustão. Mas a história dos primeiros anos do Chiclete com Banana, além de conter inovações que se firmaram em todos os trios elétricos (assim como Dodô, Osmar e Armandinho, dá pra resumir como a amplificação dos velhíssimos batuques de Carnaval de modo a ocupar largas avenidas e praças com povo a sair pelo ralo), também tem música muito diferente do que o Chiclete se tornaria.

A história não vai surpreender os fãs de Pink Floyd: fundada por três irmãos Marques mais o guitarrista Missinho, este último fazia a maioria das músicas e tinha um estilo bastante único nas duas guitarras, a estrangeira e a baiana. Depois de alguns anos arrastando multidões em Salvador mas apenas em Salvador, Missinho cansou e saiu quando a banda começava a decolar para o sucesso nacional.

Os discos Energia (1984) e Sementes (1985) trazem música extremamente carnavalesca e ao mesmo tempo sofisticada e original, com a marca principal do Chiclete com Banana que é a mistura de tudo e mais um pouco, sem qualquer preocupação com o que vão pensar de se misturar Miami com Copacabana, chicletes com banana, rock e tamborim, metáforas do samba do baiano Gordurinha (1922 – 1969), “Chiclete com Banana”, regravado por Gilberto Gil em 1972, nome que a banda, como de costume, usou sem pedir licença ou bênção.

É também sem um pingo de vergonha que, em Energia (1984), eles vão da estrelas ao luar, de Pink Floyd a “um forró de Luiz”, da fogueira e balão de São João ao oceano, de Cuba à guitarra de Santana. Também Xangô, Oxum e o Ilê Aiyê. Tudo isso é citado nas letras, pra não falar dos vários empréstimos rítmicos e melódicos. Há ainda truques poéticos de sinestesia psicodélica como “bailando ao som de lindos astros”…

A cabeça que juntava com poesia essas fusões improváveis era Missinho, e ele dividia os vocais principais com Bell Marques mais ou menos metade das música pra cada um cantar. Depois da saída de Missinho em 1986, Bell ficou como líder da banda, e tem até hoje uma excelente voz e carisma no palco e no trio elétrico… mas em mais de 30 anos ele e seus dois irmãos devem ter tido talvez uma ou duas ideias próprias. Então o Chiclete com Banana ficou seguindo as modas dos anos 90 e 2000 sem a guitarra de Missinho: até 2000 ainda havia o guitarrista Jhonny, cria de Missinho (convidado por este para entrar na banda quando tinha 16 anos). Mas Johnny saiu em 2000. Em 2014, Bell Marques fez seu Carnaval de despedida com o Chiclete, saindo em carreira solo por motivos exclusivamente financeiros. O Chiclete, então, seguiu com os dois irmãos Marques como uma sombra ainda mais apagada do que tinha sido.

Mas voltemos para os primeiros anos. Faz muito tempo mesmo: o presidente ainda era o general Figueiredo, tinha até Censura prévia e por motivos não muito claros duas faixas de “Energia” foram censuradas: uma delas talvez por uma leve, levíssima conotação política e a outra por conservadorismo sexual mesmo, já que tinha versos como “transa ao luar” (rimando em seguida com Ravi Shankar!), o que incomodava um tipo de gente que fazia de tudo desde que entre quatro paredes. Essas duas faixas, então, circularam apenas em meia dúzia de LPs e aparecem aqui como bonus-tracks com o chiado do vinil.

Wadinho Marques, que hoje toca teclados mas em 1984 recebeu os créditos por violão, backing vocals e autoria de uma das músicas, explica o nome da banda: “Foi um amigo nosso, Nildão, cartunista, artista plástico aqui da Bahia que sugeriu que nós colocássemos esse nome, Chiclete com Banana pelo tipo de música que a gente fazia, nós misturamos muitos ritmos, há muito tempo que nós tocamos galope, reggae, rock, frevo, então ele via isso e achava que tinha que ser representado por um nome que fosse uma mistura. E nada mais que uma mistura tão louca como chiclete com banana.”

Nildão, aliás, é o responsável pela capa deste álbum, com uma Iemanjá surfista que pode parecer um sincretismo brilhante ou inadequado, a depender de quem olha. Representa bem, então, a música do disco. O destaque maior, em termos de guitarra baiana, é a primeira faixa, Mistério das Estrelas, com um ritmo de galope irresistível, como também sabe ser irresistível, às vezes, a voz aguda* nesta faixa ou então na faixa-título de Sementes, também de autoria de Missinho e transbordantemente carnavalesca.

* A voz é a de Missinho em Mistério das Estrelas. De Bell em Sementes. Em outras, é difícil de identificar. Na capa de Sementes, acima, Missinho é o cabeludo em pé de relógio; Johnny agachado no meio e Bell Marques agachado à direita.

Chiclete com Banana: Energia (1984)
A1 O Mistério das Estrelas (Missinho)
A2 Canto De Aledê (Missinho)
A3 Sujo Astral (Bell Marques/G. Roberto)
A4 Meu Balão (Missinho)
A5 Ondas De Baião (Missinho/Beto Nascimento)
B1 Luas (Missinho/Beto Nascimento)
B2 A Cor Do Cristal (Missinho/Beto Nascimento)
B3 Bahia Cubana (Missinho/Hercules Amorim)
B4 Me Segura Que Vou Dá Um Traço (Wadinho Marques)
B5 Estrela Menina (Missinho/Beto Nascimento)
Apenas vença (faixa bônus, censurada)
Minha gatinha é macrô (faixa bônus, censurada)

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P.S.: “Hoje o que vemos é um Carnaval feito para a elite”, dizia Missinho em 2014 em entrevista de lançamento do seu disco Instrumental Guitarra Baiana (que está todo no Youtube aqui). Enquanto isso, as declaraçoes públicas de Bell Marques são do tipo “aproveita agora para parcelar em 12 vezes o seu abadá para o Carnaval do ano que vem”…

Ao ser perguntado se ele tinha o desejo de tocar novamente com alguém, Missinho disse que era um desejo impossível, pois apesar de ter conhecido grandes artistas e músicos, a companhia que gostaria de reencontrar em cima dos trios era a de Osmar [pai do Armandinho que apareceu aqui ontem]. “Ele é uma figura que deixou uma saudade muito grande. Tinha uma juventude arrebatadora. Eu tinha uns 20 anos quando toquei com ele e ficava olhando, observando e admirado sua energia. Me apaixonei de primeira pela aquela emoção. Me perguntava como ele podia ter aquela energia toda? Depois eu mesmo me respondia dizendo: poxa, um cara que inventou o trio elétrico tinha que ser assim mesmo”, disse aos risos e lamentou: “Ele faz falta no Carnaval”.

Missinho e sua guitarra baiana de 4 cordas (2014)

Pleyel

.: interlúdio :. É Carnaval! – A História da Guitarra Baiana, parte 1 – Armandinho: A Cor Do Som ao vivo em Montreux

Carnaval: celebração coletiva que afronta o individualismo e a decadência da vida em grupo; conjunto de ritos que reavivam laços contrários à diluição comunitária, fortalecem pertencimentos e sociabilidades e criam redes de proteção social nas frestas do desencanto. (Luiz Antônio Simas)

Não me leve a mal que hoje é Carnaval então vou poupá-los dos textos longos. Como sabemos, a guitarra baiana é um instrumento elétrico de tamanho mais próximo do bandolim ou do cavaquinho do que da guitarra inventada pelos gringos. Instrumento essencial nos primeiros trios elétricos de Salvador, foi inventada por Dodô e Osmar, que também inventaram o trio – em resumo um bloco carnavalesco com música microfonada e amplificada. Mas naquela época, anos 1950, o instrumento ainda era chamado “pau elétrico” ou “cavaquinho elétrico”. No fim dos 60, Armandinho, filho de Osmar, começou a fazer com o instrumento solos de linguagem guitarrística inspirada em Jimi Hendrix, mas ao mesmo tempo, é claro, sem perder a reverência a Jacob do Bandolim, ao frevo pernambucano e a ligação anual com a festa de rua mais popular de Salvador, sem falar no berimbau também típico da cidade mais africana do Brasil.

Armandinho é sinônimo de Carnaval baiano e guitarra baiana até hoje. Mas durante o resto do ano ele também tem outros talentos: no fim dos anos 1970 criou a banda A Cor do Som, com colegas cariocas também interessados em misturar o rock de Londres com coisas como o chorinho tão carioca de Ernesto Nazareth, sem esquecer a guitarra baiana.

A Cor do Som – em atividade até hoje, com alguns longos hiatos – também poderia ser entendida historicamente como uma terceira onda de influência sincrética baiana no eixo Rio-São Paulo: a maioria dos músicos fazia parte das bandas de apoio de Moraes Moreira e outros dos Novos Baianos, que por sua vez tinham esse nome para diferenciá-los da leva anterior de baianos da Tropicália (Gil, Caetano, Gal e Bethânia).

A Cor do Som: Ao Vivo em Montreux (1978)
1 Dança Saci (Mu)
2 Chegando da terra (Armandinho)
3 Arpoador (Mu/Dadi/Gustavo/Armandinho)
4 Cochabamba (Aroldo/Moraes Moreira)
5 Brejeiro (Ernesto Nazareth)
6 Espírito infantil (Mu)
7 Festa na rua (Mu/Aroldo/Dadi/Armandinho)
8 Eleanor Rigby (McCartney/Lennon)

Armandinho – guitarra baiana
Aroldo – guitarra baiana
Mú – teclados
Dadi – baixo
Gustavo – bateria
Ari – percussão

Gravado ao vivo em julho de 1978 durante apresentação no 12º Festival de Jazz no Cassino de Montreux, Suíça

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A Cor do Som em 2014 (Ary Dias, Armandinho e outros fora da foto) com participação do inesquecível Moraes Moreira

Pleyel

.: interlúdio :. É Carnaval !!! :. Lamartiníadas: A Música de Lamartine Babo (Pedro Miranda, Alfredo Del-Penho, Pedro Paulo Malta)

.: interlúdio :. É Carnaval !!! :. Lamartiníadas: A Música de Lamartine Babo (Pedro Miranda, Alfredo Del-Penho, Pedro Paulo Malta)

“O carnaval é a festa religiosa da raça”. Oswald de Andrade, um dos precursores da antropofagia modernista, preconizava no início do século uma das grandes características da cultura brasileira, a carnavalização, termo complexo, mas que traz em seu bojo forte tendência ao humor, à sátira, à paródia. Aliados a essa tendência, podemos constatar o surgimento de criativos autores e das obras cujo poder de invenção e síntese crítica desmistificam qualquer grau de alteridade de outras culturas. Desde o Barroco podemos verificar essa tendência, principalmente em Gregório de Mattos, recuperada mais fortemente no Modernismo. Às vezes, porém, torna-se necessário resgatar alguns nomes que por circunstâncias diversas escapar de um trabalho de pesquisa mais apurado. Nesse contexto encontra-se a obra de Lamartine Babo, ou simplesmente “Lalá” para muitos, compositor, cantor e escritor e um dos mais lembrados nomes da época áurea do carnaval de marchinhas carioca, cuja obra possui uma linguagem ousada, franca, satírica e, por que não dizer, destronadora, e plenamente identificada com o discurso modernista. Lamartine, apesar da importância de sua obra, foi Lamartine, apesar da importância de sua obra, foi pouco retratado ou comentado por trabalhos que abordam o tema musical brasileiro: Júlio Bressane narrou em seu filme Tabu, o encontro fictício entre Lamartine e Oswald, aproximação bastante pertinente, convenhamos. José Ramos Tinhorão, nos seus estudos da MPB, (mais de cunho histórico-jornalístico) cita-o algumas vezes em relação à produção de marchinhas e marchas-rancho no Brasil e do surgimento do rádio e TV brasileiros, bem como alguns outros autores que se limitam a listar suas músicas carnavalescas. A própria indústria fonográfica não fez ainda um levantamento mais preciso de sua obra, se comparada a de outros autores de igual período.

Trecho retirado da Introdução do trabalho “A CARNAVALIZAÇÃO NA OBRA DE LAMARTINE BABO“, de Carlos Henrique Almeida Neves (Integrante do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica -PUC/SP)

Carnaval :. Lamartiníadas: A Música de Lamartine Babo (Pedro Miranda, Alfredo Del-Penho, Pedro Paulo Malta)

1 Hino do Carnaval Brasileiro (Lamartine Babo)
História do Brasil (Lamartine Babo)
2 Minha Cabrocha (Lamartine Babo)
3 Janette (Lamartine Babo/Assis Valente)
Canção Para Inglês Ver (Lamartine Babo)
4 Isto É Lá Com Santo Antônio (Lamartine Babo)
Chegou A Hora da Fogueira (Lamartine Babo)
5 Parei Contigo (Lamartine Babo)
6 Infelizmente (Lamartine Babo/Ari Pavão)
Ganga (Lamartine Babo)
7 No Rancho Fundo (Ary Barroso/Lamartine Babo)
8 Já Tirei O Meu Chapéu (Lamartine Babo)
9 Nega (Noel Rosa/Lamartine Babo)
10 Eu Queria Ser Ioiô (Lamartine Babo/João de Barro)
Seu Voronoff (Lamartine Babo/João Rossi)
11 Diga (Lamartine Babo/Gonçalves de Oliveira)
Antônio, Por Favor (Lamartine Babo/José Maria de Abreu)
12 Eu Queria Um Retratinho De Você (Noel Rosa/Lamartine Babo)
13 As Cinco Estações do Ano (Lamartine Babo)
14 Cantores do Rádio (Lamartine Babo/João de Barro/Alberto Ribeiro

Cantores:
Pedro Miranda
Alfredo Del-Penho
Pedro Paulo Malta

Músicos:
Beto Cazes (Percussão, solos de lápis no dente)
Dirceu Leite (Flauta, Flautim, Violão, Banjo, Violão tenor)
Henrique Cazes (Cavaquinho, Violão, Banjo, Violão-Tenor e voz em “infelizmente”
Luis Filipe de Lima (Violão 7 cordas)
Marcos Nimrichter (Acordeom)
Oscar Bolão (Percussão)

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Lamartine Babo

PQP

Bach (1685-1750): Concertos de Brandenburgo – Hofkapelle München & Rüdiger Lotter ֎

Bach (1685-1750): Concertos de Brandenburgo – Hofkapelle München & Rüdiger Lotter ֎

BACH

Concertos de Brandemburgo

Hofkapelle München

Rüdiger Lotter

 

 

Margrave Christian Ludwig

Esses ‘Six concerts avec plusieurs instruments’ foram dados pelo nosso compositor-mor para o Margrave Christian Ludwig von Brandenburg-Schwedt em 1721, bem possivelmente pelo seu aniversário de 44 anos. Uma das características marcantes desses concertos é a variedade. Cada concerto tem uma instrumentação própria, diferente daquela dos outros concertos.

O famoso regente e pioneiro do movimento HIP Reinhard Goebel propôs a teoria da alegoria, segundo a qual a escolha dos instrumentos faria referência a aspectos da vida do Margrave e que isso seria claramente visto por ele.

Concerto No. 1: o uso das duas trompas faz referência à caça, da qual o Margrave era especialmente afeito. Além disso, o violino piccolo (violino polaco) faz referência ao lado polonês (Schwedt) da família de Christian Ludwig.

Concerto No. 2: o trompete faz referência a deusa Fama, uma alusão à própria fama do nobre senhor.

Concerto No. 3: a insistência do número três – 3 violinos, 3 violas, 3 violoncelos – fazem uma alusão à trindade e ao status divino (?) do aniversariante. Bach era vidrado nessas significações numéricas e triplas lhe eram especialmente caras. Basta mencionar também o Concerto Triplo, por exemplo.

Concerto No. 4: o uso das flautas doce e o solo de violino aludem a um aspecto pastoral, uma referência à maneira amável do Margrave comandar e reger os destinos de seus súditos.

Concerto No. 5: nesse concerto a flauta tem um papel concertante sobre um motivo de batalha nos violinos, assim como as passagens altamente virtuosísticas no cravo indicariam a necessidade de o dirigente suplantar o gosto pela guerra.

Concerto No. 6: a escolha de instrumentos desse concerto é a mesma usada na música fúnebre alemã desde 1650. Essa referência indicaria a insignificância da vida terrena e a efemeridade da vaidade – vanitas – todas essas coisas bastante óbvias ao grande nobre.

Dorothee Oberlinger

Adorei a coisa toda e qualquer desculpa para ouvir ainda mais uma vez estes lindos concertos me parece válida e, apesar da avalanche de postagens com gravações especiais dessas obras, decidi trazer mais essa, produzida por músicos alemães e que ainda não foi apresentada por essas paragens.

Além de Rüdiger Lotter, a gravação conta com artistas como Dorothee Oberlinger (flauta doce), Laura Vukobratovic (trompete), Olga Watts (cravo) e Hille Perl (gamba), entre outros.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Concertos de Brandemburgo BWV 1046 – 1051

Concerto No. 1 em fá maior, BWV1046

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro
  4. Menuet – Trio – Menuet
  5. Polonaise
  6. Menuet – Trio – Menuet

Concerto No. 2 em fá maior, BWV1047

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegro assai

Concerto No. 3 em sol maior, BWV1048

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro

Concerto No. 4 em sol maior, BWV1049

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Presto

Concerto No. 5 em ré maior, BWV1050

  1. Allegro
  2. Affettuoso
  3. Allegro

Concerto No. 6 em si bemol maior, BWV1051

  1. Ohne Satzbezeichnung
  2. Adagio ma non tanto
  3. Allegro

Rüdiger Lotter, violino

Dorothee Oberlinger, flauta

Andreas Helm, oboé

Laura Vukobratovic, trompete

Lorenzo Cavasanti, flauta doce

Martin Sandhoff, flauta

Olga Watts, cravo

Hofkapelle München

Rüdiger Lotter

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MP3 | 320 KBPS | 208 MB

Hille Perl

Resposta dada em um chat sobre a melhor gravação dos tais Concertos: So the final choice fell on a dark horse pointed out by premont Gordo: Rüdiger Lotter and his Hofkapelle München. New kids on the block to keep an eye on. Why? The perfomances are a breath of fresh air: spontaneous, very energetic like Harnoncourt and Savall but remarkably balanced, never over the top. Still: probably not for the fainthearted…. For those looking for a “pretty” version, Kuijken II is a perfect match. The sound of the Hofkapelle is very clear and natural. Another point is that I’m not always into Bach in “foreign” accents – this is profoundly idiomatic. I also like how they treat each concerto very much according to its own individual character – some amazing instrumental solos to be heard.

Com a ajuda do Chat PQP: Assim, a escolha final recaiu sobre um azarão apontado por Gordo: Rüdiger Lotter e sua Hofkapelle München. New kids on the block para se ficar de olho. Por quê? As performances são uma lufada de ar fresco: espontâneas, muito enérgicas como Harnoncourt e Savall, mas notavelmente equilibradas, nunca exageradas. Ainda assim: provavelmente não é para os tímidos…. Para quem procura uma versão “bonita”, Kuijken II é a combinação perfeita. O som do Hofkapelle é muito claro e natural. Outro ponto é que nem sempre gosto de Bach com sotaque “estrangeiro” – isso é profundamente idiomático. Eu também gosto de como eles tratam cada concerto de acordo com seu caráter individual – alguns solos instrumentais incríveis para serem ouvidos.

Aproveite!

René Denon

Rüdiger Lotter visitando a Muralha do Castelo do PQP Bach em Itaipava…

Jean-Phillipe Rameau (1683-1764): La Naissance D’Osiris (Suite For Orchestra) / Abaris Ou Les Boréades (Suite And Dances) (Capella Savaria / Térey-Smith)

Jean-Phillipe Rameau (1683-1764): La Naissance D’Osiris (Suite For Orchestra) / Abaris Ou Les Boréades (Suite And Dances) (Capella Savaria / Térey-Smith)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Rameau, o orquestrador, nunca decepciona, então qualquer disco que traga sua música instrumental é avidamente apreciado nesta casa. Aqui, o programa consiste de árias e danças de duas peças dramáticas contrastantes, compostas já na velhice do compositor. La naissance d’Osiris é um balé em um ato cujo enredo torna-o quase uma ópera em um ato. Rameau o escreveu em 1754 para o nascimento do duque de Berry, que mais tarde se tornaria Luís XVI… Les Boréades, por outro lado, é uma verdadeira tragedie-en-musique, a última de Rameau, concluída por volta de 1760, mas que, embora ensaiada, nunca foi apresentada nos quatro anos restantes de sua vida. Cada uma das duas suítes de dança é prefaciada por uma abertura. A de La naissance d’Osiris é particularmente atraente. É evidente que Rameau também gostou, já que na sua primeira seção ela reaparece, assim como em outra peça da qual esqueci o nome. Os amantes experientes de Rameau também encontrarão outras oportunidades de referências cruzadas, mas não tantas. Ah, Rameau é um de nossos leitores, jamais esquecemos deste fato.

Jean-Phillipe Rameau (1683 – 1764): La Naissance D’Osiris (Suite For Orchestra) / Abaris Ou Les Boréades (Suite And Dances) (Capella Savaria / Térey-Smith)

La Naissance D’Osiris (Suite For Orchestra)
1 Overture 6:08
2 Musette 1:19
3 Première Et Deuxième Gavotte 2:31
4 Rondeau Gracieux 1:23
5 Air De Musette 1:36
6 Premier Et Deuxième Tambourin 2:35
7 Air Graxieux 2:17
8 Musette Tendre 1:45
9 Marche Gaye 1:00
10 Première Et Deuxième Gavotte 2:37
11 Air Majesteux Et Gracieux 2:31
12 Air Vif 2:08
13 Contredanse 1:56

Abaris Ou Les Boréades (Suite And Dances)
14 Overture 3:02
15 Menuet 1:22
16 Allegro 2:03
17 Entrée 3:18
18 Rondeau Vif 1:42
19 Contredanse En Rondau 2:07
20 Premier Et Deuxième Rigaudon 2:33
21 Gavotte Pour Les Fleures Et Les Zéphirs 3:39
22 Première Et Deuxième Contredanse 1:56

Capella Savaria
Mary Térey-Smith

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A Capella Savaria veio ver você tocar.

PQP

Terry Riley (1935): Salome Dances for Peace (Kronos Quartet)

Terry Riley (1935): Salome Dances for Peace (Kronos Quartet)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Dia desses, alguns membros do PQP estavam, com seus nomes civis, conversando animadamente entre outras pessoas no Facebook. E descobrimos algo curioso: a gente não gosta muito de Philip Glass. Pior: eu e Ranulfus somos decididamente hostis ao brilho sem graça do americano dentuço. Só para ficar na cena norte-americana, citei três caras realmente geniais: Adams, Reich e Riley. Estes não tem nada a ver com o Paulo Coelho do minimalismo. E eu disse que lançaria um torpedo no PQP Bach. Está aqui.

Vocês estão frente a um quarteto de cordas de 120 minutos — é um álbum duplo — , com 23 movimentos divididos em 5 seções da melhor música do século XX. Ah, não acredita? Vá ouvir!

Após quase 20 anos de vida, Salome Dances for Peace parece ser a obra-prima de Riley. In C recebe muito mais performances, mas Salomé é um trabalho mais profundo e mostra um compositor incrivelmente criativo e inspirado.

Salomé foi encomendada pelo Kronos Quartet, intérpretes desta gravação. Como muitas peças de Riley, é uma obra programática que envolve elementos da mitologia. O uso da mitologia é tipico de Riley. Mas se o programa é interessante, o trabalho para tranquilamente em pé sem ele.

As peças, mesmo as de mais intrincada composição, incluem improvisação. Riley conseguiu integrar os momentos de improviso ​​e os compostos de forma perfeita, mal se nota o que são uns e outros. (Mérito também do Kronoa, claro). E é surpreendente que, mesmo que os temas e ritmos sejam diferentes, o efeito global seja o mesmo. bartokiano, eu diria.

O estranho (e legal) é que mesmo que soe a Bartók, nunca é austero. Salomé é uma dança de alegria de um dos compositores mais alegres do século 20.

Terry Riley (1935): Salome Dances for Peace (Kronos Quartet)

I. Anthem of the Great Spirit
1) The Summons
2) Peace Dance
3) Fanfare in the Minimal Kingdom
4) Ceremonial Night Race
5) At the Ancient Aztec Corn Races Salome Meets Wild Talker
6) More Ceremonial Races
7) Oldtimer at the Races
8. Half Wolf Dances Mad in Moonlight

II. Conquest of the War Demons
9) Way of the Warrior
10) Salome and Half Wolf Descend Through the Gates to the Undeworld
11) Breakthrough to the Realm of the War Demons
12) Combat Dance
13) Salome Re-enacts for Half Wolf Her Deeds of Valor
14) Discovery of Peace
15) The Underworld Arising

III. The Gift
1) Echoes of Primordial Time
2) Mongolian Winds

IV. The Ecstasy
3) Processional
4) Seduction of the Bear Father
5) The Gathering
6) At the Summit
7) Recessional

V. Good Medicine
8. Good Medicine Dance

KRONOS QUARTET:
David Harrington, violin
John Sherba, violin
Hank Dutt, viola
Joan Jeanrenaud, cello

Tempo total: 1h58min33

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Terry Riley

PQP

J. S. Bach / Beethoven / Haydn / Mozart / Schubert: Encores After Beethoven (Bis depois de Beethoven) (András Schiff)

J. S. Bach / Beethoven / Haydn / Mozart / Schubert: Encores After Beethoven (Bis depois de Beethoven) (András Schiff)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Gostei muito. As gravações são todas ao vivo, tomadas na Tonhalle de Zurique, com aplausos. Trata-se de uma coleção dos ‘bis depois de Beethoven’ que András Schiff deu durante seu ciclo das 32 sonatas do mestre entre 2004 e 2006. Com 52 minutos, equivalem a um banquete dos finais clássicos dos recitais do pianista – de Bach, Haydn e Mozart, passando por Beethoven até Schubert. Se você pensa nos bis como coisas leves, bem, eles podem ser ou não ser. Esses compositores escreveram muitas peças características que são menos ambiciosas do que as grandes sonatas, mas que não devem ser descartadas como miniaturas. Composições mais curtas, sim, mas com longas reflexões por trás delas.

O que tocar depois de uma noite de, digamos, cinco sonatas de Beethoven? Nada, afirmariam muitos pianistas. E Schiff está de acordo com aqueles que, depois da última Sonata de todas (a famosa Op. 111), considerariam a adição de qualquer coisa que não fosse o silêncio como um terrível erro. No entanto, ele nos chega com uma atitude do tipo “por que não?, não há razão para negar a um público entusiasmado um pouco mais de música, desde que estejam relacionadas com as sonatas ouvidas anteriormente”. Os bis variam em extensão e escopo, desde a pequena Giga em Sol maior de Mozart, K. 574 (1’42” e bem traiçoeira), até a Sonata em Sol menor de dois movimentos de Haydn (nº 44 em Hob.) que chamou a atenção de vários grandes pianistas, como Sviatoslav Richter. E ainda temos Bach! Uma joia de CD!

J. S. Bach / Beethoven / Haydn / Mozart / Schubert: Encores After Beethoven (Bis depois de Beethoven) (András Schiff)

Three Piano Pieces D 946 (Franz Schubert)
1 No. 1 e- Flat minor. Allegro assai 07:26

2 Allegretto c minor D 915 (Franz Schubert) 04:59

3 Eine kleine Gigue in G Major KV 574 (Wolfgang Amadeus Mozart) 01:42

Sonata g minor Hob XVI :44 (Joseph Haydn)
4 Moderato 09:33
5 Allegretto 04:04

6 Hungarian Melody in b minor D 817 (Franz Schubert) 03:59

7 Andante favori F major WoO 57. Andante grazioso con moto (Ludwig van Beethoven) 08:41

Partita No. 1 B-flat Major BWV 825 (Johann Sebastian Bach)
8 Menuet I & II 02:32
9 Gigue 02:33

Prelude and Fugue b-flat minor BWV 867 (Johann Sebastian Bach)
10 Prelude 02:30
11 Fugue 03:27

András Schiff, píano

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É difícil não chamar Schiff de volta ao palco

PQP

Schubert (1797 – 1828), Schumann (1810 – 1856), Mahler (1860 – 1911): Seleção de Canções – Samuel Hasselhorn, barítono ֎

Schubert (1797 – 1828), Schumann (1810 – 1856), Mahler (1860 – 1911): Seleção de Canções – Samuel Hasselhorn, barítono ֎

Nasce uma estrela!

Nesta postagem reuni uma coleção de Lieder de Schubert, o ciclo Dichterliebe de Schumann e duas canções do Des Knaben Wunderhorn de Mahler, interpretados pelo (ainda) jovem barítono alemão Samuel Hasselhorn. Veja também [1] e [2] e [3].

Essas canções foram escolhidas de três álbuns gravados entre 2014 e 2018. As canções de Schubert vêm do disco de 2014, Nachtblicke, no qual além de Schubert há canções de Hans Pfitzner e Aribert Reimann.

O ciclo de Schumann vem do álbum de 2018, Dichterliebe2, no qual o já mencionado ciclo é precedido de canções sobre os mesmos exatos poemas musicados por outros compositores, o que dá conta para o símbolo matemático usado no título (eu teria preferido 2 x Dichterliebe, mas…).

As duas canções de Mahler e a segunda gravação do Erlkonig vêm do álbum que reúne todas as apresentações de Samuel no Queen Elisabeth Competition, 2018. Desde 2020 Hasselhorn tem gravado para o selo harmonia mundi, que considera o quinquênio 2023 – 2028 parte das homenagens que devem ser prestadas pelos 200 anos desde a morte de Franz Schubert. Assim, em breve teremos mais postagens com o cantor, que já tem neste novo selo pelo menos três álbuns.

 

 

Franz Schubert (1797 – 1828)

Lieder

  1. Schwanengesang, D. 957 No. 8: Der Atlas
  2. Schwanengesang, D. 957 No. 7. Abschied
  3. Schwanengesang, D. 957 No. 9. Ihr Bild
  4. Erlkonig, Op. 1, D. 328
  5. Erlkonig, Op. 1, D. 328 (Live)
  6. Am Tage aller Seelen, D. 343, ”Litanei auf das Fest aller Seelen”
  7. Nachtstuck, Op. 36, No. 2, D. 672
  8. Im Freien, D. 880
  9. Des Sangers Habe, D. 832
  10. Widerschein, D. 949
  11. Schwanengesang, D. 957 No. 14. Die Taubenpost

Robert Schumann (1810 – 1856)

Dichterliebe, op. 48

  1. 1 – Im wunderschönen Monat Mai
  2. 2 – Aus meinen Tränen spriessen
  3. 3 – Die Rose, die Lilie, die Taube, die Sonne
  4. 4 – Wenn ich in deine Augen seh
  5. 5 – Ich will meine Seele tauchen
  6. 6 – Im Rhein, im heiligen Strome
  7. 7 – Ich grolle nicht
  8. 8 – Und wüßten’s die Blumen, die kleinen
  9. 9 – Das ist ein Flöten und Geigen
  10. 10 – Hör’ ich das Liedchen klingen
  11. 11 – Ein Jüngling liebt ein Mädchen
  12. 12 – Am leuchtenden Sommermorgen
  13. 13 – Ich hab’ im Traum geweinet
  14. 14 – Allnächtlich im Traume
  15. 15 – Aus alten Märchen winkt es
  16. No – 16, Die alten, bösen Lieder

Gustav Mahler (1860 – 1911)

Des Knaben Wunderhorn

  1. Wer hat dies Liedlein erdacht (Live)
  2. Wo die schönen Trompeten blasen (Live)

Samuel Hasselhorn, barítono

Takako Miyazaki, piano (1-4, 6-11)

Joseph Middleton, piano (5)

Boris Kusnezow, piano (12-27)

La Monnaie Symphony Orchestra (28-29)

Alain Altinoglu, regente

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MP3 | 320 KBPS | 192 MB

Following his First Prize triumph at the 2018 Queen Elisabeth Competition, Samuel Hasselhorn has quickly established himself internationally as a versatile artist who is equally at home in the genres of opera, Lied, and oratorio.

As an internationally sought-after and esteemed Lied interpreter, Samuel Hasselhorn regularly collaborates with renowned pianists such as Helmut Deutsch, Malcolm Martineau, Ammiel Bushakevitz, Julien Libeer, Philippe Cassard and Joseph Middleton.

Samuel Hasselhorn is a prizewinner of numerous competitions and studied at the Hannover University of Music, Drama and Media with Prof. Marina Sandel and at the Conservatoire National Supérieur de la Musique et de Danse de Paris with Malcolm Walker. He received further musical impulses in master classes with Kiri Te Kanawa, Kevin Murphy, Thomas Quasthoff, Helen Donath, Annette Dasch, Susan Manoff, Jan-Philip Schulze, Anne Le Bozec and Martin Brauß.

Aproveite!

René Denon

J. S. Bach (1685-1750): 8 Cantatas Seculares (Profanas), BWV 208 a 215 (Rilling) 4 CDs

J. S. Bach (1685-1750): 8 Cantatas Seculares (Profanas), BWV 208 a 215 (Rilling) 4 CDs

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Uma joia! Esta coleção de Cantatas Seculares foi lançada mil vezes em quinhentos formatos diferentes. Comprei-a lá por 2005 em dois volumes de 4 CDs cada um. Aqui está o primeiro. São gravações realizadas antes de 1985, creio, pela Hänssler Classic. Helmuth Rilling foi o primeiro a gravar as Cantatas Completas de Bach e ainda assim, quase 40 anos após terem sido lançadas pela primeira vez, em celebração do tricentenário de Bach em 1985, a coleção continua a ser uma das principais, uma pela qual as outras interpretações são julgadas. Rilling, nascido em 1933 em Stuttgart, é aclamado como maestro, pedagogo e estudioso de Bach. Em 1954 fundou o Gächinger Kantorei, que onze anos depois uniu forças com o Bach Collegium Stuttgart como seu parceiro orquestral regular. Foi nesta altura que Rilling iniciou o seu trabalho intensivo com a música de Johann Sebastian Bach. Ele também defendeu fervorosamente a música coral negligenciada do período romântico e promoveu a música contemporânea encomendando e executando regularmente peças de compositores de nosso tempo. Esta série de CDs traz as famosas Cantatas do Café (BWV 211), a dos Camponeses (BWV 212) e as lindíssimas BWV 208 e 209. A BWV 213 também é uma loucura de bonita.

J. S. Bach (1685-1750): 8 Cantatas Seculares (Profanas), BWV 208 a 215 (Rilling) 4 CDs

CD1
BWV 208 “Was Mir Behagt Ist Nur Die Muntre Jagd”
1 Sinfonia (BWV 1046a)
2 1. Recitativo: Was Mir Behagt Ist Nur Die Muntre Jagd
3 2. Aria: Jagen Ist Die Lust
4 3. Recitativo: Wie? Schönste Göttin! Wie?
5 4. Aria: Willst Du Dich Nicht Mehr Ergötzen
6 5. Recitativo: Ich Liebe Dich Zwar Noch!
7 6. Recitativo: Ich, Der Ich Sonst Ein Gott In Diesen Feldern Bin
8 7. Aria: Ein Fürst Ist Seines Landes Pan!
9 8. Recitativo: Soll Dan Der Pales Opfer Hier Das Letzte Sein?
10 9. Aria: Schafe Können Sicher Weiden
11 10. Recitativo: So Stimmt Mit Ein
12 11. Coro: Lebe, Sonne Dieser Erden
13 12: Duetto: Entzücket Uns Beide
14 13. Aria: Weil Die Wollenreichen Herden
15 14. Aria: Ihr Felder Und Auen
16 15. Coro: Ihr Lieblichste Blicke! Ihr Freudige Stunden

BWV 209 “Non Sa Che Sia Dolore”
17 1. Sinfonia
18 2. Recitativo: Non Sa Che Sia Dolore
19 3. Aria: Parti Pur E Con Dolore
20 4. Recitativo: Tuo Saver Al Tempo
21 5. Aria: Ricetti Gramezza E Pavento

CD2
BWV 210 “O Holder Tag, Erwünschter Zeit”
1 1. Recitativo: O Holder Tag, Erwünschte Zeit
2 2. Aria: Spielet, Ihr Beseelten Lieder
3 3. Recitativo: Doch, Haltet Ein, Ihr Muntern Saiten
4 4. Aria: Ruhen Hie, Matte Töne
5 5. Recitativo: So Glaubt Man Denn
6 6. Aria: Schweigt, Ihr Flöten
7 7. Recitativo: Was Luft? Was Grab?
8 8. Aria: Großer Gönner, Dein Vergnügen
9 9. Recitativo: Hochteurer Mann
10 10. Aria: Seid Beglückt, Edle Beide

BWV 211 “Schweigt Stille, Plaudert Nicht” (Kaffeekantate)
11 1. Recitativo: Schweigt Stille, Plaudert Nicht
12 2. Aria: Han Man Nicht Mit Seinen Kindern
13 3. Recitativo: Du Böses Kind, Du Loses Mädchen
14 4. Aria: Ei! Wie Scheckt Der Coffee Süße
15 5. Recitativo: Wenn Du Mir Nicht Den Coffee Läßt
16 6. Aria: Mädchen, Die Von Harten Sinnen
17 7. Recitativo: Nun Folge, Was Dein Vater Spricht
18 8. Aria: Heute Noch, Liebe Vater, Tut Es Doch
19 9. Recitativo: Nun Geht Und Sucht Der Alte Schlendrian
20 10. Coro: Die Katze Läßt Das Mausen Nicht

CD3
BWV 212 “Mer Hahn En Neue Oberkeet” (Bauernkantate)
1 1. Ouverture
2 2. Aria (Duetto): Mer Hahn En Neue Oberkeet
3 3. Recitativo: Nu, Mieke, Gib Dein Guschel Immer Her
4 4. Aria: Ach, Es Schmeckt Doch Gar Zu Gut
5 5. Recitativo: Der Herr Ist Gut
6 6. Aria: Ach, Herr Schösser, Geht Nicht Gar Zu Schlimm
7 7. Aria: Es Bleibt Dabei
8 8. Aria: Unser Trefflicher, Lieber Kammerherr
9 9. Recitativo: Er Hilft Uns Allen, Alt Und Jung
10 10. Aria: Das Ist Galant
11 11. Recitativo: Und Unsre Gnädge Frau
12 12. Aria: Fünfzig Taler Bares Geld
13 13. Recitativo: Im Ernst Ein Wort!
14 14. Aria: Klein Zschocher Müsse So Zart Und Süße
15 15. Recitativo: Das Ist Zu Klug Vor Dich
16 16. Aria: Es Nehme Zehntausend Dukaten
17 17. Recitativo: Das Klinkt Zu Liederlich
18 18. Aria: Gib, Schöne, Viel Söhne
19 19. Recitativo: Du Hast Wohl Recht
20 20. Aria: Dein Wachstum Sei Feste
21 21. Recitativo: Und Damit Sei Es Auch Genug
22 22. Aria: Und Daß Ihr’s Alle Wißt
23 23. Recitativo: Mein Schatz! Erraten
24 24. Chor: Wer Gehn Nun

BWV 213 “Laßt Uns Sorgen, Laßt Uns Wachen”
25 1. Coro: Laßt Uns Sorgen, Laßt Uns Wachen
26 2. Recitativo: Und Wo? Wo Ist Die Rechte Bahn
27 3. Aria: Schlafe, Mein Liebster
28 4. Recitativo: Auf! Folge Meiner Bahn
29 5. Aria: Treues Echo, Treues Echo
30 6. Recitativo: Mein Hoffnungsvoller Held!
31 7. Aria: Auf Meinen Flügeln Sollst Du Schweben
32 8. Recitativo: Die Weiche Wollust Locket Zwar
33 9. Aria: Ich Will Dich Nicht Hören, Ich Will Dich Nicht Wissen
34 10. Recitativo: Geliebte Tugend
35 11. Aria, Duetto: Ich Bin Deine
36 12. Recitativo: Schaut, Götter, Dieses Ist Ein Bild
37 13. Coro: Lust Der Völker, Lust Der Deinen

CD4
BWV 214 “Tönet, Ihr Pauken! Erschallet, Trompeten!”
1 1. Coro: Tönet, Ihr Pauken! Erschallet, Trompeten!
2 2. Recitativo: Heut Ist Der Tag
3 3. Aria: Blast Die Wohlgegriffnen Flöten
4 4. Recitativo: Mein Knallendes Metall
5 5. Aria: Fromme Musen! Meine Glieder!
6 6. Recitativo: Unsre Königin Im Lande
7 7. Aria: Kron Und Preis Gekrönter Damen
8 8. Recitativo: So Dringe In Das Weite Erdenrund
9 9. Coro: Blühet Ihr Linden In Sachsen

BWV 215 ” Preise Dein Glücke, Gesegnetes Sachsen”
10 1. Coro: Preise Dein Glücke, Gesegnetes Sachsen
11 2. Recitativo: Wie Können Wir, Großmachtigster August
12 3. Aria: Freilich Trotzt Augustus’ Name
13 4. Recitativo: Was Hat Dich Sonst, Sarmatien, Bewogen
14 5. Aria: Rase Nur, Verwegner Schwarm
15 6. Recitativo: Ja, Ja! Gott Ist Uns Noch Mit Seiner Hülfe Nah
16 7. Aria: Durch Die Von Eifer Entflammeten Waffen
17 8. Recitativo: Laß Doch, O Teurer Landesvater, Zu
18 9. Coro: Stifter Der Reiche, Beherrscher Der Kronen

Alto Vocals – Ingeborg Danz
Bass Vocals – Andreas Schmidt, Dietrich Henschel
Choir – Gächinger Kantorei
Conductor – Helmuth Rilling
Orchestra – Bach-Collegium Stuttgart*
Soprano Vocals – Sibylla Rubens
Soprano Vocals – Christine Schäfer
Tenor Vocals – Markus Ullmann*, Markus Schäfer

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Rilling está vivaço aos 90!

PQP

SMETANA 200 ANOS! Bedřich Smetana (1824 – 1884): Má Vlast – Ciclo de Poemas Sinfônicos – Czech Philharmonic Orchestra – Charles Mackerras ֍

SMETANA 200 ANOS! Bedřich Smetana (1824 – 1884): Má Vlast – Ciclo de Poemas Sinfônicos – Czech Philharmonic Orchestra – Charles Mackerras ֍

– 200 Anos desde o nascimento de SMETANA –

Smetana

Má Vlast

Czech Philharmonic Orchestra

Charles Mackerras

 

O Moldava e Praga

Má Vlasta não é uma ópera sobre uma bruxa má chamada Vlast, mas um ciclo de poemas sinfônicos, um gênero musical que se fortaleceu durante o romantismo. Um desses poemas sinfônicos, O Moldava, alude ao rio e é uma das peças mais famosas de Bedřich Smetana, outro compositor além de Bruckner que nasceu em 1824, há duzentos anos. Além de poemas sinfônicos, Smetana compôs lindas peças de câmara assim como óperas.

Sua história foi pontuada por momentos muito difíceis. Por volta de 1855 perdeu uma filha e um filho ainda bem pequenos, num espaço de menos do que um ano. Isso certamente afetou sua saúde tanto física como psicológica. Em 1874 sua audição começou a ser afetada e ele acabou completamente surdo. A despeito disso, nesse ano ele compôs justamente o poema sinfônico O Moldava.

A gravação da postagem reúne a ótima orquestra checa regida pelo maestro inglês Charles Mackerras, que era muito dedicado e estudioso de música checa, numa gravação feita ao vivo em 1999.

Taken down live at the 1999 Prague Spring Festival, Charles Mackerras’ performance offers a typically fresh, vital look at Smetana’s masterpiece. With the Czech Philharmonic in fine form, the result is completely recommendable […] Mackerras’ interpretive insights are subtle, but fans of this music will find plenty to enjoy, such as the correctly played (for once!) trumpet rhythms at the climax of “Vltava”, the carefully balanced brass and string sonorities at the opening of “From Bohemia’s Woods and Fields”, and the propulsive thrust that cleverly disguises the monothematic repetitiousness of “Tábor” and “Blaník”. […] it’s impossible not to welcome music making of this enthusiasm and idiomatic security with anything less than open arms.  [David Hurwitz]

Gravada ao vivo no Festival da Primavera de Praga de 1999, a performance de Charles Mackerras oferece uma visão tipicamente fresca e vital da obra-prima de Smetana. Com a Filarmônica Checa em excelente forma, o resultado é completamente recomendável […] Os insights interpretativos de Mackerras são sutis, mas os fãs desta música terão muito de que desfrutar, como os ritmos de trompete tocados corretamente (pela primeira vez!) no clímax de “Vltava”, as sonoridades cuidadosamente equilibradas de metais e cordas na abertura de “Das florestas e bosques da Boêmia”, e o impulso propulsor que habilmente disfarça a repetitividade monotemática de “Tábor” e “Blaník”. […] é impossível não acolher a produção musical com esse entusiasmo e segurança idiomática de braços abertos. [DH via GTPQP Bach]

Bedřich Smetana (1824 – 1884)

Má Vlast

  1. Vyšehrad
  2. Moldau
  3. Šárka
  4. Z českých lůhu a hájů (Das florestas e bosques da Boêmia)
  5. Tábor
  6. Blaník

Czech Philharmonic Orchestra

Sir Charles Mackerras

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MP3 | 320 KBPS | 174 MB

Sir Charles Mackerras

Another memorable Prague Spring Festival concert, this time from May 1999 and featuring a maestro whose lifelong experience and wisdom in Slavonic repertoire require no further comment. As always the Czech Philharmonic play with an understanding of the idiom possessed by no other orchestra.

Aproveite!

René Denon

O pessoal de multimídia do PQP Bach enviou essa ilustração sobre o tema ‘Smetana’…

Marc-Antoine Charpentier (1643-1704): Miserere / Motetos (Herreweghe)

Marc-Antoine Charpentier (1643-1704): Miserere / Motetos (Herreweghe)

Apesar do domínio técnico do repertório barroco, gostaríamos que os cantores e instrumentistas liderados por Philippe Herreweghe demonstrassem mais emoção, mesmo que isso significasse enfatizar os “affetti” em estilo italiano. Um aumento no fervor, no calor e na convicção teria conquistado plenamente meu apoio. O “Miserere Mei Deus” H.219 (H inicial de H. Hitchcock, classificador das obras do compositor) constitui a quarta ilustração do Salmo 50 realizada por Charpentier. Os motetos H.346 e H.372 provavelmente destinavam-se a acompanhar as procissões de Corpus Christi na Igreja Jesuíta, adornada com repositórios ricamente decorados para a ocasião.

Marc-Antoine Charpentier (1643-1704): Miserere / Motetos (Herreweghe)

Miserere H.219
Ouverture 1:42
Miserere Mei, Deus 3:08
Quoniam Iniquitatem Meam 3:30
Asperges Me Hysopo 4:14
Ne Projicias Me 4:04
Sacrificium Deo 1:46
Benigne Fac, Domine 2:18

Pour La Seconde Fois Que Le Saint Sacrement Vient Au Mesme Reposoir H.372 9:34

Pour Le Saint Sacrement Au Reposoir H.346 5:11

Motet Pour Une Longue Offrande H.434
Paravit Dominus 2:39
Pluet Super Peccatores 5:19
Deus Justus Et Patiens 5:58
Justus Es Domine 9:53

Le Chapelle Royale
Philippe Herreweghe

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Podia ter fingido uma cara mais simpática, né?

PQP

Sergei Prokofiev (1891-1953) & Camille Saint-Saens (1835-1921): Pedro e o Lobo & Carnaval dos Animais

Sergei Prokofiev (1891-1953) & Camille Saint-Saens (1835-1921): Pedro e o Lobo & Carnaval dos Animais

O Dia das Crianças estaá longe, mas aqui já temos o presente!  Em homenagem às eternas crianças que somos, ofereço essas três peças de cunho infantil, de Prokofiev e Saint-Saens.

As peças

Sergei Prokofiev escreveu “Pedro e o Lobo” para o Teatro Infantil de Moscou em 1936. Esta história foi criada para ser narrada enquanto a música toca e para entendê-la precisamos, antes de mais nada, sabermos que: O Pássaro é representado pelo som de uma flauta; o Pato, um oboé; o Gato, uma clarineta; o Avô, um fagote; o Lobo, cornetas francesas; os Caçadores, tímpanos. Pedro é representado pelas cordas. Nessa versão não temos o narrador, fica a cargo de cada um, fechar os olhos e deixar a imaginação florar.

“Histórias de uma Velha Avô”, quatro peças para piano, escritas pouco depois da estreia em Nova York de Prokofiev em 1918, não têm enredo especial, mas são permeadas de lembranças russas.

Escutar “Carnaval dos Animais” de Camille Saint-Saens é como fazer uma viagem musical ao zoológico. Em primeiro lugar, após a introdução, surge a “Marcha Real do Leão”, rugindo nas cordas e pianos. Depois surgem galinhas cacarejando e ciscando (cordas e piano) precedendo galos cantando (clarinete). Os “Jumentos Selvagens” da Mongólia, famosos por sua notável velocidade, aparecem retratados pelos dois pianos. Para fazer uma piada, Saint-Saens, em “Tartarugas”´pegou dois temas vistosos de Offenbach (incluindo o seu famoso “Can-Can”) e os colocou num andamento de passo de tartaruga. Outra paródia surge com o “Elefante”, onde as melodias suaves e semelhantes a contos de fada da “Dança das Sílfides” de Berlioz e de “Sonho de uma Noite de Verão” de Mendelsohn são executadas por cantrabaixos duplos.

Os “Cangurus” destaca os dois pianos como que pulando em derredor. No “Aquário” vislumbram-se brincadeiras de peixes na água proporcionada pelos pianos e, originalmente, uma harmônica de vidro (invenção de Benjamim Franklin em que copos de diferentes tamanhos são mergulhados numa calha com água). Em “Personagens com Grandes Orelhas” Saint-Saens não estava somente se referindo a jumentos, mas talvez, também a asnos humanos.

O “Cuco” em duas notas incessantes da clarineta é ouvido nas florestas sombrias (pianos). O “Viveiro de Aves” é um “tour de force” para a flauta. O tratamento de Saint-Saens ao talvez mais tranquilo de todos os animais, os “Pianistas”, de forma bem humorada critica as escalas e exercícios iniciais dos estudantes. “Fósseis” desencava quatro antigas canções francesas, uma parte do “Barbeiro de Sevilha”, bem como “Dança Macabra” do próprio Saint-Saens. O “Cisne” do violoncelo é o mais famosos dos animais e, talvez, o trabalho mais reputador de Saint-Saens. O momento mais sublime não só da peça, mas, provavelmente de toda a obra do compositor.

O “Finale”, outro can-can, reapresenta muitos mebros do zoológico musical, terminando de forma magistral com um último “relinchar” do asno.

.oOo.

Sergei Prokofiev & Camille Saint-Saens: Obras Infantis

Sergei Prokofiev

Peter and the Wolf, Op. 67
01. Andantino (1:00)
02. Allegro – Andantino come prima (1:29)
03. L’istesso tempo – Piu mosso (2:24)
04. Moderato – Allegro ma non troppo – Moderato (1:47)
05. Poco piu andante (1:03)
06. Andantino, come prima (1:07)
07. Andante molto (1:24)
08. Nervoso – Allegro – Andante (1:40)
09. Allegretto – Moderato (1:34)
10. Andantino, come prima – Meno mosso (1:05)
11. Vivo – Andante molto – Vivo – Andante (1:17)
12. Allegro – Poco meno mosso – Moderato (Meno mosso) (1:56)
13. Allegro moderato (1:16)
14. Andante (0:36)
15. Moderato – Poco piu mosso (Allegro moderato) – Sostenuto – L’istesso tempo – Poco piu mosso (4:04)
16. Andante – Allegro (0:30)

The Tales of an old Grandmother, Op. 31
17. I. Moderato (3:24)
18. II. Andantino (1:52)
19. III. Andante assai (2:33)
20. IV. Sostenuto (3:38)

Camille Saint-Saens

Carnival of the Animals
21. No. 1: Introduction and Royal March of Lion (2:24 )
22. No. 2: Hens and Roosters (0:57)
23. No. 3: Wild Donkeys (0:40)
24. No. 4: Tortoises (2:00)
25. No. 5: The Elephant (1:21)
26. No. 6: Kangaroos (0:50)
27. No. 7: Aquarium (2:13)
28. No. 8: Personages with long ears (0:55)
29. No. 9: The Cuckoo in the Heart of the Woods (1:59)
30. No. 10. Aviary (1:17)
31. No. 11: Pianists (1:26)
32. No. 12: Fossils (1:15)
33. No. 13: The Swan (3:04)
34. No. 14: Finale (2:00)

St. Peterburg Radio & TV Symphony Orchestra
Stanislav Gorkovenko

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Marcelo Stravinsky

BRUCKNER 200 ANOS! Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 9 – Berliner Philharmoniker & Herbert von Karajan [Gravação de 1966] ֎

BRUCKNER 200 ANOS! Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 9 – Berliner Philharmoniker & Herbert von Karajan [Gravação de 1966] ֎

Anton Bruckner

Sinfonia No. 9 em ré menor

Berliner Philharmoniker

Herbert von Karajan

 

Dia desses foi ao ar uma postagem do chefe com as Sinfonias Nos. 8 e 9 de Schubert interpretadas por Karajan, regendo a Filarmônica de Berlim. É claro do texto que nosso editor chefe não possui registro no Fã Clube do HvK: Comentários irônicos diziam que possivelmente o maestro tinha algum compromisso inadiável no dia da gravação da Sinfonia Nº 9, por isso acelerou o tempo dos movimentos, para acabar o quanto antes e não se atrasar. Ou talvez ele quisesse deixar a Grande menor do que ele, quem sabe.

A anedota é conhecida em diferentes variantes e aplicada a outras obras e regentes. Eu ouvi uma na qual um famoso expert da obra de Wagner teria sido escalado para reger uma importante orquestra alemã em um programa com uma de suas óperas. O tal regente teria dito aos músicos envolvidos: ‘Eu conheço essa música, vocês também conhecem a música, então vamos logo com isso’. Aparentemente todos iram jantar em um ótimo restaurante bem próximo da casa de espetáculos. Você conhece anedota semelhante? Sabe os nomes dos personagens envolvidos nessa variante?

Veja que a gravação postada era dos anos sessenta, antes que a onda dos instrumentos de época e interpretações historicamente informadas varresse o mundo da música. O famoso ciclo gravado pela DG para o bicentenário de nascimento do Ludovico, em 1970, também foi gravado nessa época e também tem algumas sinfonias (ou pelo menos alguns movimentos dessas sinfonias) nos quais o Herbert acelerou a batuta. Mesmo assim, esse ciclo continua bastante reverenciado, até hoje.

HvK

O tempo de gravação de um específico movimento certamente reflete o andamento escolhido pelo maestro, mas há outros fatores que influenciam o resultado, especialmente a observação (ou não observação) de repetições. Isso pode ser particularmente efetivo no caso das sinfonias de Schubert, que adorava as repetições.

Mas, antes que minhas considerações me façam voltar alguns andares abaixo, para mais perto das fornalhas aqui do PQP Bach main building, vamos a postagem de hoje.

Esta é a primeira de duas gravações comerciais que Karajan fez da Nona Sinfonia de Bruckner e, na minha opinião e na opinião de muita gente boa, é a melhor, mas apenas por um fio de cabelo.

Neste exato momento meu Yamaha enche a sala do PQP Bach MB com os maravilhosos primeiros acordes do magnífico adagio, movimento final dessa incompleta (?) sinfonia.

O austríaco Karajan, amado e vilipendiado por tantos, era um ótimo intérprete das obras de Bruckner. A segunda gravação da Nona, feita alguns anos depois, também para a DG, com a mesma orquestra, em 1976, faz parte do ciclo completo, que ele gravou entre 1976 e 1982. As primeiras sinfonias foram gravadas por último, provavelmente apenas para completar o ciclo, mas são bastante decentes. Ele era bom mesmo nas famosas, Quarta (a gravação para a EMI é mais interessante), a Sétima e a Oitava, ambas gravadas em diferentes momentos, para a EMI e para a DG (com a Filarmônica de Viena, a Sétima sendo sua última gravação).

Veja o que o Penguin Guide diz sobre essa gravação da Nona, feita em 1966, editada na coleção Galleria da DG: A reedição da DG Galleria oferece uma performance gloriosa da última e incompleta sinfonia de Bruckner, moldada de forma característica por Karajan e exibindo uma nobreza simples e direta que às vezes falta nesta obra. Mesmo em um campo competitivo, este disco de 1966 se destaca a um preço acessível, ao lado da nobre versão de Bruno Walter em 1959.

Mais um trechinho, traduzido de outra fonte, com a ajuda de nosso Chat PQP: A Nona Sinfonia nos confronta com Bruckner em seu momento mais introspectivo. Você sente que, ao mesmo tempo, ele está buscando novas perspectivas nesta obra, mas relutante em segui-las, possivelmente percebendo que a antiga ordem, na música e em muitas outras coisas, estava se esvaindo. Talvez isso explique a linguagem musical parcimoniosa e frequentemente sombria, como observa Richard Osborne, bem como a falta de um final. Nesta obra, Osborne opina que temos “Bruckner em sua bravura e desespero mais profundos”. Não vou me repetir. Karajan e a Filarmônica de Berlim trazem a esta obra todas as finas qualidades de interpretação e execução que foram tão evidentes nas sinfonias anteriores, especialmente na Sétima e Oitava, e entregam uma magnífica e majestosa performance. No final do Adagio, tem-se uma sensação de fim.

Anton Bruckner (1824 – 1896)

Sinfonia No. 9 em ré menor

  1. Feierlich, misterioso                    [24’54]
  2. Bewegt, lebhaft                             [10’37]
  3. Langsam, feierlich                        [25’51]

Berliner Philharmoniker

Herbert von Karajan

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MP3 | 320 KBPS | 402 MB

Speed K

Aproveite!

René Denon

Selo Denon de Jurassiquidade…

.: estranho interlúdio :. Cathy Berberian: Beatles Arias

.: estranho interlúdio :. Cathy Berberian: Beatles Arias

R-633214-1141149081.jpegEste post é de 24 de abril de 2009. Era uma época em que os integrantes do PQP se esmeravam em encontrar o Pior Álbum Clássico de Todos os Tempos. Foi dentro deste espírito que o desaparecido CVL Bach trouxe a AUTENTICAMENTE MEDONHA Cathy Berberian, mas acho que ela não venceu MALMSTEEN, que é APARENTEMENTE INVENCÍVEL E INVICTO e que gerou uma tremenda briga nos comentários. Tá certo que o público do PQP é muito QUALIFICADO, mas não precisa ser TANTO. Ela, a Berbarian, fica ao lado de ALBRECHTSBERGER em ruindade, pois ambos são LAMENTÁVEIS mas ainda provocam o riso, enquanto Malmsteen é capaz de irritar o mais tranquilo monge nepalês. Ah, falta uma faixa do disco de Berberian, mas talvez vocês deem graças a DEUS. Junte estes três discos num CD e dê para seu maior inimigo. Abaixo, a postagem original. Mas depois apareceu a FLORENCE FOSTER JENKINS e deu de goleada. Ela é imbatível.

PQP

-=-=-=- 

Se você não conhece Cathy Berberian (1925-1983) — a singular e versátil meio-soprano americana filha de armênios que foi casada com Luciano Berio — aviso logo que este CD é o pior cartão de visitas possível pois o estou postando por outra razão: para que ele venha a se somar a outros dois álbuns do blog e concorrer a “pior gravação da história”.

Caso você tenha saltado de rir com o esquitíssimo concerto para harpa de boca (marranzano) e orquestra de Albrechtsberger ou tenha achado um “nada a ver total” o Concerto para soprano coloratura (!) do russo Reinhold Glière (que mais parece um suíço, com esse nome) – ou caso você conheça ainda o abestalhado Concerto para uma voz de Saint-Preux, que não postamos por aqui porque é disponível em qualquer Lojas Americanas postamos aqui SIM – prepare-se para exclamar com toda a estranheza: “Que porra é isso!?”

Há vários vídeos de Cathy no Youtube, incluindo um áudio de Xangô, de meu pai, que parece ter sido escrito pra ela, sob medida. Há também Stripsody, composição dela mesma, onde dá pra se ver seu vanguardoidismo assumido* (Cage escreveu coisas pra Cathy, por sinal). A “pá virada” é rodopiada de vez — “ou não”, diria Caetano — no presente álbum, de 1967, um atestado de fã dos Beatles que nitidamente causou risos desenfreados (as faixas finais são ao vivo).

Qualquer mico que algum cantor lírico tenha pago até hoje está redimido nessas Beatles Arias.

* Vale a pena também conhecer a partitura da peça.

***

Cathy Berberian – Beatles Arias

01.Ticket to ride
03.Michelle
04.Eleanor Rigby
05.Yellow Submarine
06.Help
07.You’ve got to hide your love away
08.Yesterday
09.Can’t buy me love
10.Girls
11.A hard day’s Night

Bonus tracks – Unreleased before

12.Interview (radio france- 1975)
13.Introduction (Live Avignon 1982)
14.Ticket to ride (Live Avignon 1982)
15.Yesterday (Live Avignon 1982)
16.Ticket to ride

PS.: No arquivo postado, eu editei a gravação e coloquei uma faixa a mais – uma introdução falada, antes de Ticket to ride, conforme consta na contracapa do CD.

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Cathy Berberian: no pódio da ruindade
Cathy Berberian: no pódio da ruindade

CVL

Bornelh / Cardenal / Palou / Peghilhan / Tolosa / Toloza, Vaqeiras, Ventadorn, Vidal / Vários Anônimos: Trobadors (Capella de Ministrers)

Bornelh / Cardenal / Palou / Peghilhan / Tolosa / Toloza, Vaqeiras, Ventadorn, Vidal / Vários Anônimos: Trobadors (Capella de Ministrers)

Excelente CD!

Este é um disco magnificamente interpretado e com rara qualidade de som. Eu desconhecia o grupo Capella de Ministrers até me deparar com este divertido CD que demonstra claramente, por sua sonoridade, o quanto os árabes estiveram presentes na cultura europeia da Idade Média.

Os trovadores eram artistas da nobreza do período medieval, em oposição aos jograis e menestréis que eram das classes inferiores. A sua própria origem já está conectada com a música, pois compunham as poesias e as melodias para se acompanharem ao alaúde, por exemplo. Algo como poetas-cantores. Assim, poesia e música estavam fortemente conectadas neste período e, a essa união feita pelos trovadores, dava-se o nome de cantigas trovadorescas. Como mencionamos na introdução, as cantigas mais comuns eram as de amigo, escárnio e maldizer. A origem dos trovadores é em Provença, na França, como troubadours. Porém, se espalharam para o resto da Europa. Em Portugal, estima-se que os primeiros trovadores surgiram ali por volta do séc. XII. Portanto, cada região da Europa teve uma característica peculiar para seus trovadores e estilos musicais.

Bornelh / Cardenal / Palou / Peghilhan / Tolosa / Toloza, Vaqeiras, Ventadorn, Vidal / Vários Anônimos: Trobadors (Capella de Ministrers)

01 – Raimbaut de Vaqeiras – Aras pot hom conoisser e proar I
02 – Bernat de Tolosa – Ben volgr
03 – Anon. – S’anc vos ame
04 – Raimbaut de Vaqeiras – Savis e fols, humils et ergulhos
05 – Aimeric de Peghilhan – En greus pantais
06 – Anon. – Amors, merce no sia
07 – Bernat de Ventadorn – A! Tantas bonas chansons
08 – Peire Vidal – S’ieu fos en cort
09 – Berenguer de Palou – Dona, la ienser
10 – Raimbaut de Vaqeiras – Kalenda maya
11 – Berenguer de Palou – Aital dona
12 – Giraut de Bornelh – Reis glorios
13 – Bernat de Ventadorn – Can vei la lauzeta mover
14 – Peire Vidal – Jes per temps
15 – Raimbaut de Vaqeiras – Aras pot hom conoisser e proar II
16 – Anon. – Tant es gay
17 – Raimbaut de Vaqeiras – Guerras ni platz no son bos
18 – Raimbaut de Vaqeiras – No magrad’iverns
19 – Peire Cardenal – Un sirventesc novel
20 – Berenguer de Palou – De la iensor
21 – Pere Raimon de Toloza – Atressi cum la candela
22 – Berenguer de Palou – Tant m’abelis

Performers:
Ruth Rosique – voice
David Antich – flutes
Efren Lopez – hurdy-gurdy, ud, saz
Octavio Lafourcade – medieval lute
Carles Magraner – vielle
Pau Ballester – psaltery, percussion

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PQP Bach

Vários anônimos: Música de Natal do Renascimento Espanhol (Capella De Ministrers)

Vários anônimos: Música de Natal do Renascimento Espanhol (Capella De Ministrers)

Grande CD!

Então é Natal e sinto algo crescer dentro de mim; trata-se de um súbito amor pela humanidade e pelo comércio. PQP Bach não poderia deixar de comemorar esta data da forma mais santa e pura! Vivemos uma época perigosa em que a falta de valores cristãos ameaça as famílias de bem e aqui em nossa trincheira preparamos a vingança em parceria com nossos amigos da Opus Dei, nossa imaculada patrocinadora. Bem, este CD do espetacular conjunto catalão Capella de Ministrers chama-se Navidad Renascentista e é bastante bom, ainda mais nesta época do ano dedicada ao comer, ao comér… aos bons sentimentos. Trata de um belo registro de música antiga interpretada por especialistas. E, como estamos no Natal, faço votos de um feliz Natal para nossos visitantes! Muita luz para vocês! Usem óculos escuros!

Não é mais Natal? Ah, foda-se!

Vários anônimos: Música de Natal do Renascimento Espanhol (Capella De Ministrers)

1. Pastores dicite by Anonymous
Performer: Jordi Comellas (Vihuela), José Antonio Lopez (Baritone), Josep Hernandez (Countertenor),
Lambert Climent (Tenor), Savid Antich (Recorder), Carles Magraner (Vihuela),
Pau Ballester (Percussion), Vicente Parilla (Recorder), Eduard Navarro (Clarinet),
Octavio Lafourcade (Guitar), Octavio Lafourcade (Vihuela), Juan Manuel Rubio (Harp),
Juan Manuel Rubio (Lute), Juan Manuel Rubio (Percussion), Ruth Rosique (Soprano)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Medieval
Date of Recording: 12/2001
Venue: Capella de la Sapiència, Valencia, Spain
Length: 1 Minutes 37 Secs.
Language: Latin

2. Bien vengades pastores by Anonymous
Performer: Josep Hernandez (Countertenor), Ruth Rosique (Soprano), Savid Antich (Recorder),
Lambert Climent (Tenor), José Antonio Lopez (Baritone), Jordi Comellas (Vihuela),
Carles Magraner (Vihuela), Pau Ballester (Percussion), Vicente Parilla (Recorder),
Eduard Navarro (Clarinet), Octavio Lafourcade (Guitar), Octavio Lafourcade (Vihuela),
Juan Manuel Rubio (Harp), Juan Manuel Rubio (Lute), Juan Manuel Rubio (Percussion)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Medieval
Date of Recording: 12/2001
Venue: Capella de la Sapiència, Valencia, Spain
Length: 3 Minutes 25 Secs.
Language: Spanish

3. Yo me soy la morenica by Anonymous
Performer: Pilar Esteban (Soprano)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Renaissance
Written: Spain
Date of Recording: 11/23/2004
Venue: Live Palau de la Música, Barcelona, Spain
Length: 2 Minutes 20 Secs.
Language: Spanish

4. Gozate Virgen by Anonymous
Performer: Tu Shi-Chiao (Countertenor)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Renaissance
Written: 16th Century; Spain
Length: 1 Minutes 50 Secs.
Language: Spanish

5. E la don don by Anonymous
Performer: Ricardo Sanjuan (Tenor), Isabel Monar (Soprano), Tu Shi-Chiao (Countertenor),
Pere Pou (Tenor), Carlos López-Galarza (Bass)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Renaissance
Written: 16th Century; Spain
Length: 3 Minutes 7 Secs.
Language: Spanish

6. Dadme Albricias by Anonymous
Performer: Ricardo Sanjuan (Tenor), Isabel Monar (Soprano), Tu Shi-Chiao (Countertenor),
Pere Pou (Tenor)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Renaissance
Length: 1 Minutes 54 Secs.
Language: Spanish

7. Riu, riu, chiu by Anonymous
Performer: Pere Pou (Tenor), Ricardo Sanjuan (Tenor), Tu Shi-Chiao (Countertenor),
Carlos López-Galarza (Bass)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Renaissance
Written: Spain
Length: 1 Minutes 50 Secs.
Language: Spanish

8. Soleta y verge estich by Bartolomé Cárceres
Performer: Pilar Esteban (Soprano)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Renaissance
Written: 16th Century; Spain
Date of Recording: 11/23/2004
Venue: Live Palau de la Música, Barcelona, Spain
Length: 3 Minutes 0 Secs.
Language: Spanish

9. La Negrina by Mateo Flecha
Performer: Lambert Climent (Tenor), Josep Hernandez (Countertenor), Ruth Rosique (Soprano),
José Antonio Lopez (Baritone), Jordi Comellas (Vihuela), Savid Antich (Recorder),
Carles Magraner (Vihuela), Pau Ballester (Percussion), Vicente Parilla (Recorder),
Eduard Navarro (Clarinet), Octavio Lafourcade (Guitar), Octavio Lafourcade (Vihuela),
Juan Manuel Rubio (Harp), Juan Manuel Rubio (Lute), Juan Manuel Rubio (Percussion)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Renaissance
Written: 16th Century
Date of Recording: 12/2001
Venue: Capella de la Sapiència, Valencia, Spain
Length: 10 Minutes 7 Secs.
Notes: This selection is sung in Catalan, Latin and Spanish.

10. Cant de la Sibilla: Sibila castellana “Al jorn del judici” by Anonymous
Performer: Ruth Rosique (Soprano), Josep Hernandez (Countertenor), Lambert Climent (Tenor),
José Antonio Lopez (Baritone), Jordi Comellas (Vihuela), Savid Antich (Recorder),
Carles Magraner (Vihuela), Pau Ballester (Percussion), Vicente Parilla (Recorder),
Eduard Navarro (Clarinet), Octavio Lafourcade (Guitar), Octavio Lafourcade (Vihuela),
Juan Manuel Rubio (Harp), Juan Manuel Rubio (Lute), Juan Manuel Rubio (Percussion)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Medieval
Written: Spain

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Higiene na Idade Média.

PQP

Brahms & Schumann – Works for Cello & Piano – Bruno Philippe, Tanguy de Williencourt

Essa excelente dupla de músicos franceses já apareceu cá pelas bandas do PQPBach em outra ocasião, em postagem do colega René Denon. Hoje trago os dois encarando aquela que considero a mais bela Sonata para Violoncelo e Piano já composta, o op. 38 de Brahms. Uma obra prima como esta precisa antes de tudo de parceria entre os músicos, e aqui temos Philippe e Williencourt em perfeita sintonia.

Nesta primeira Sonata, composta quando o compositor ainda andava entrando nos seus trinta anos, temos uma novidade: Brahms omite o movimento lento, ficando estruturada da seguinte forma: Allegro non troppo, Allegretto quasi minuetto and Allegro. Trata-se de uma obra leve, solta, porém já com aquela densidade tipicamente brahmsiana, ou seja, nada é tão simples assim. Bruno Phillipe é jovem, ainda tem uma carreira longa pela frente, e não se intimida com as armadilhas de obras tão expressivas. Expõe contidamente toda sua carga dramática, mostrando que é um músico em pleno desenvolvimento, apesar da precocidade.

Malcolm McDonald, em sua excelente e fundamental biografia de Brahms, assim descreve essa primeira Sonata:

Contudo, o resultado é característicamente brahmsiano, acima de tudo no primeiro movimento, cujo caráter cismático e meditativo é reforçado pela concentração de Brahms sobre o registro mais baixo do violoncelo e o tom vivo e sombrio das cordas inferiores. O Piano, porém, nunca é limitado a um papel só de acompanhamento. Brahms de fato seguiu a praxe clássica de denominar a obra uma ‘Sonata para Piano com Violoncelo’, enfatizando a paridade dos dois instrumentos e na co-projeção do material temático as tessituras são minuciosamente entretecidas, às vezes a beira da obscuridade.

Espremida entre a Primeira e a Segunda Sonata, dois petardos peso pesadíssimos, Phillipe e Williencourt nos proporcionam mais momentos prazerosos e mais leves, quando interpretam as “Fantasiestücke for cello and piano”, de Robert Schumann, pequenas peças compostas originalmente para Clarinete, mas podendo ser arranjadas para violoncelo, de acordo com as próprias notas do compositor.

A Segunda Sonata para Violoncelo e Piano, de 0p. 99,  já foi composta por um compositor maduro, totalmente ciente de seu talento e fama. Uma pequena curiosidade: Brahms compôs esta e outras duas de suas obras primas, a Sonata para Violino op. 100 e o Trio com Piano op. 101, enquanto passava suas férias de verão na estação suíça de Hofstetten. Ou seja, este foi um período altamente produtivo. MCDonald considera esta Segunda Sonata ‘de forma relativamente expansiva e de caráter extrovertido.’

Como salientei acima, Bruno Phillipe é um músico jovem (estes registros foram realizados em 2014, quando o músico tinha meros vinte anos de idade), e muito talentoso e tem um grande futuro pela frente, e sua parceria com o pianista Tanguy de Williencourt já proporcionou excelentes CDs, que em algum momento no futuro trarei para os senhores.

Brahms & Schumann – Works for Cello & Piano – Bruno Philippe, Tanguy de Williencourt

Johannes Brahms (1833-1897)

Sonata for cello and piano n°1 in E minor, op. 38

1. Allegro non troppo
2. Allegro quasi Menuetto
3. Allegro

Robert Schumann (1810-1856)

Fantasiestücke for cello and piano, op. 73
4. Zart und mit Ausdruck
5. Lebhaft, leicht
6. Rasch und mit Feuer

Johannes Brahms (1833-1897)

Sonata for cello and piano n°2 in F major, op. 99
7. Allegro vivace
8. Adagio affetuoso
9. Allegro passionato
10. Allegro molto

Bruno Philippe – Cello
Tanguy de Williencourt – Piano

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FDP

L. Nono (1924-1990): Il canto sospeso / G. Mahler (1860-1911): Kindertotenlieder (Abbado, BPO)

100 anos de Luigi Nono (29 jan 1924 – 8 mai 1990)

“Il canto sospeso” (O canto suspenso) é, assim como o oratório de Schoenberg “Um Sobrevivente de Varsóvia”, uma obra que associa música atonal e vanguardista a reflexões sobre os horrores da guerra, no caso a de 1939-45, mas a mensagem geral se aplica a tantas outras guerras. A ideia de que o artista devia se posicionar politicamente em relação ao mundo ao seu redor é constante nas obras de Nono. Em Darmstadt por volta de 1960, Nono gerou polêmica ao criticar a concepção musical a-histórica de John Cage e a fascinação ingênua de Karlheinz Stockhausen com as novas tecnologias eletrônicas, o que tornaria o alemão um mensageiro do imperialismo norte-americano

“Em outras palavras, Nono, como Gramsci, entendia que o compositor devia intervir na sociedade tendo sempre em mente os contextos históricos e socioeconômicos, em oposição a uma música tabula rasa baseada nas abstrações do serialismo e na introdução da aleatoriedade e acaso.” (traduzido deste texto aqui)

É verdade que, olhando isso tudo décadas depois, pode parecer uma estéril briga de egos hiperespecializados em técnicas musicais experimentais: talvez muita gente queira apenas ouvir música clássica como um prazer de domingo, sem grandes batalhas teóricas. Ou talvez as batalhas teóricas mais importantes sejam outras… enfim, sob muitos ângulos a obra musical e militante de Nono pode parecer datada, mas também é possível que as sementes que ele lançou, e que hoje parecem menos potentes, germinem em um tempo futuro.

Afinal, em meio a tantas discussões teóricas tão tensas quanto complexas, o contexto das vanguardas musicais europeias nos anos 1950-60 se inseria em uma era de contestação quando, após duas guerras mundiais, havia uma quase unanimidade contra novas guerras quentes, gerando ideias novas sobre o que seria uma revolução baseada menos na tomada violenta do poder e mais na mudança das mentalidades: “you’d better free your mind instead”, dizia Jonn Lennon, ao que os afroamericanos do Funkadelic responderam: and your ass will follow, referindo-se à dança, claro.

A morte do autor, a microfísica do poder, a revolução molecular eram ideias que circulavam na Europa, com reflexos nos EUA e também em lugares mais esquecidos como o Brasil onde as batucadas e danças também tinham algo a ensinar aos revolucionários a pianista e compositora brasileira Eunice Katunda, membra do grupo Música Viva fundado por H. Koellreutter e amiga de Nono, estudou com ele ritmos e melodias brasileiros, árabes e espanhóis. Em 1951, a influência de Katunda aparece na Polifonica-Monodia-Ritmica de Nono, obra para seis instrumentos e percussão estreada em Darmstadt. Dedicada a Katunda, essa obra se baseia em movitos rítmicos afro-brasileiros de devoção a Iemanjá.

Voltando à obra composta em 1956 por Nono e gravada pela Filarmônica de Berlim com Abbado, no programa dos concertos nos quais foi gravada parte deste disco ao vivo, constava o seguinte texto:

Luigi Nono fazendo cara de sério

“Em Il canto sospeso, Nono recorda eventos de um passado terrível, eventos que, começando na Alemanha, se espalharam por toda a Europa. Ele lembra pessoas que se opuseram à tirania Nazista e foram presas, torturadas e assassinadas por aquele regime. Nono elaborou um epitáfio para aquelas pessoas – vítimas individuais mas também muitas de nomes desconhecidos.

Em 1992 a Alemanha está novamente ameaçada por um crescimento do ódio a ‘estrangeiros’ que tomou horríveis formas e se dirige contra cidadãos de outros países ou membros de outras culturas, religiões ou modos de vida.

Na nossa orquestra (…) há pessoas das mais variadas nacionalidades e origens, todas elas deixaram sua marca no perfil artístico da Filarmônica de Berlim. É a variedade de pessoas e estilos musicais que forma a base do nosso trabalho.”

Os textos da obra de Nono foram extraídos de um livro de cartas publicado na Itália em 1955: “Lettere di condamnati a morte della resistenza europea”. Nas faixas 1 e 6 deste CD, as cartas utilizadas por Nono são lidas em alemão: para quem não entende essa língua, as duas faixas podem ser puladas sem problemas.

A outra obra do disco, gravada ao vivo pela mesma orquestra e mesmo maestro, é o ciclo de canções Kindertotenlieder (Canções para a morte de crianças), composto por Gustav Mahler para mezzo-soprano e orquestra. Na época, Mahler já era pai, mas só em 1907 ele teria a terrível experiência de enterrar uma de suas filhas: Alma Mahler, esposa do compositor, se incomodava com a temática dessa obra estranhamente premonitória e talvez ela estivesse certa. O fato, contudo, é que se trata de uma obra-prima da longa história das músicas tristes, entre as quais podemos listar as várias Paixões de Cristo (de Bach e a Penderecki e Gubaidulina) e várias óperas sérias sobre os mais diversos temas.

Aliás, ainda no tema da música vocal, não posso deixar de recordar que Mahler escreveu muita coisa para vozes femininas graves: além dessas Kindertotenlieder, impossível não lembrar de Das Lied von der Erde (para tenor e contralto) e o 4º movimento da 3ª Sinfonia, com uma contralto cantando um misterioso texto de Nietzsche. Enquanto os grandes compositores de óperas, como Mozart, Bellini e Wagner, privilegiaram as vozes femininas mais agudas e brilhantes – sim, há a Carmen de Bizet e algumas outras mezzos que ganharam muitos aplausos, mas para cada Carmen houve dezenas de protagonistas sopranos – Mahler parecia preferir os instrumentos como a flauta e o oboé para os momentos mais alegres e a voz humana para momentos mais sérios. Em seu livro dedicado a Mahler (sem tradução para o português), T.W. Adorno apresenta sua interpretação bastante pessoal da música desse compositor. Para Adorno, há um “tom traumático na música de Mahler, um momento subjetivo de desespero”, o que torna sua música um prenúncio da modernidade mesmo que ele utilizasse melodias tonais. Em certas frases banais e previsíveis, (segundo o controverso Adorno) Mahler “não queria encontrar a paz perturbada pelo curso do mundo; pelo contrário, fez uso dela com violência para resistir à violência: os miseráveis restos do triunfo acusam os triunfantes. (traduzido do italiano)

Luigi Nono (1924-1990):
1-12. Il Canto Sospeso (1956)

Gustav Mahler (1860-1911):
13-16. Kindertotenlieder (1904)
17. Ich Bin Der Welt Abhanden Gekommen (from Ruckert Lieder, 1902)

Berliner Philharmoniker, Claudio Abbado
Rundfunkchor Berlin, Barbara Bonney (soprano), Susanne Otto (mezzo-soprano), Marek Torzewski (tenor) – Nono
Marjana Lipovšek (mezzo-soprano) – Mahler
Live recordings (1992)

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Abbado dando um sorriso apesar do repertório denso e grave

Pleyel