7º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
1996
Pe. Theodoro Cyro de Souza
Theodoro Cyro de Souza nasceu na cidade de Caldas da Rainha em 1761. Foi admitido no Seminário da Patriarcal de Lisboa, com apenas seis anos e meio. Deixou o seminário em 1781 para assumir, por ordem do rei D. Pedro, o cargo de Mestre de Capella da cidade da Bahia.
Ainda hoje, estão depositadas no Arquivo da Sé de Lisboa um pequeno número de suas composições. Todas carecem de maior estudo por parte de especialistas. O nome de Pe. Theodoro Cyro de Souza é pouco conhecido, não por falta de mérito, mas em conseqüência da vinda dele para o Brasil. Não são encontradas também indicações precisas sobre o ano em que ele morreu, mas acredita-se que tenha sido nas primeiras décadas do século XIX.
O material dos “Motetos para os Passos da Procissão do Senhor” que serve de fonte para a versão utilizada no VII Festival lnternacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, fundamenta-se na transcrição, realizada por Antonio Alexandre Bispo, para o boletim da Sociedade Brasileira de Musicologia. Segundo o musicólogo responsável pela transcrição, o trabalho foi realizado a partir de partitura consertada por José Luiz da Luz Passos/Alagoinhas, 1987.
Como se trata de uma orquestração visivelmente adaptada às práticas instrumentais do século XIX – a presença de saxofones e clarinetes é prova cabal de tal fato – será apresentada uma versão mais próxima da realidade de fins do século XVII, utilizada a analogia com obras contemporâneas cujo instrumental se manteve fiel, na medida do ponderado.
(Só para a gente imaginar como seriam as procissões mais no antigamente, editei um filme de 1937 que mostra uma procissão em Rio Casca, MG. Coloquei como fundo musical a obra do Pe. Theodoro: “Motetos para os Passos da Procissão do Senhor 4. Ego in Flagella“):
José Joaquim de Souza Negrão e a Música da Bahia no Período Colonial
As notícias sobre a atividade musical na Bahia são as mais antigas que tem no Brasil. Oficialmente denominada São Salvador da Bahia de Todos os Santos, a primeira capital do Brasil teve a sua catedral fundada ainda no século XVI, tendo esta sido trazida pedra por pedra de Lisboa. Em 1559, um certo, Bartolomeu Pires foi nomeado o primeiro mestre de capella que se tem notícia no Brasil. Ele exerceu esta função até 1586. 0 cargo de mestre de capela foi desempenhado em Salvador, intermitentemente, até o século XIX, pelos seguintes músicos: Francisco Borges da Cunha (de ca. 1608 a ca. 1660), Joaquim Corrêa (de 1661 a ca. 1665), Antônio de Lima Cárseres (de 1666 a ca. 1669), João de Lima (década de 1670), Frei Agostinho de Santa Mônica (de ca. 1680 a ca. 1703), Caetano Mello de Jesus (de ca. 1740 a ca. 1760) e Theodoro Cyro de Souza (a partir de 1781).
A descoberta mais importante porém, realizada nos últimos anos, foi a das obras de José Joaquim de Souza Negrão, por Ernani Aguiar, na Biblioteca Nacional no Rio, entre 1990 e 92. Estas obras são “A Estrella do Brazil“,e o “Último Cântico de David“. A primeira está dedicada ao “Sereníssimo Príncipe da Beira“, para o dia 12 de Outubro de 1816, sob o auspício do Conde dos Arcos. Esta cantata, sobre texto anônimo, está dividida conforme o esquema por números ainda vigente na época, indicando assim uma clara influência operística. São seis as partes da cantata:
1 – Recitativo: “Aponta Hua Estrella” – Soprano Solo e Aria
2 – Solo e Coro: “Desperta a Lembrança”
3 – Duo: “Oh’ Salve Prelúdio d’Estrella Formosa“- 2 sopranos
4 – Solo e Coro: “O Nome Exaltando”
5 – Ária e Solo: “Os Mossos Rasgando da Noite o Véo” – Tenor Solo
6 – Coro Final: “A Aurora do Império“
A única referência existente a respeito de J. J. de Souza Negrao é uma carta enviada ao Conde de Palma, Governador e Capitão General da Bahia, por D. João VI, criando nesta capital uma cadeia pública de música, atendendo às solicitações do Conde dos Arcos, sucessor daquele, datada de 3 de março de 1818, conforme se segue:
“Ao Conde de Palma, Governador e Capitão General da Capitania da Bahia – Amigo. Eu Rei vos envio muito saudar, como aquele que amo. Sendo me presente por parte do Conde dos Arcos, vosso antecessor no Governo dessa capitania, o estado de decadência, a que tem ali chegado a arte da música tão cultivada pelos povos civilizados, em todas as idades é tao necessária para a decoro e hei por bem criar nessa cidade uma Cadeira de Música com o ordenado de 40.000 pago pelo rendimento do subsídio literário. E atendendo á inteligência e mais partes que concorrem na pessoa de José Joaquim de Souza Negrão, hei outro sim por bem fazer-lhes partes mercê de o nomear para professor da referida cadeira.”
(extraído do encarte)
José Joaquim de Souza Negrão (Bahia, early 19th. Century)
Orquestra de Câmara e Coral Pró-Música, regente: Nelson Nilo Hack
01. Cantata “A Estrella do Brazil” 1. Abertura
02. Cantata “A Estrella do Brazil” 2. Recitativo : Aponta Hua Estrella – soprano solo e ária
03. Cantata “A Estrella do Brazil” 3. Solo & Coro : Desperta a Lembrança
04. Cantata “A Estrella do Brazil” 4. Duetto : Oh! Salve Prelúdio d’Estrella Formosa – 2 sopranos
05. Cantata “A Estrella do Brazil” 5. Solo & Coro : O Nome Exaltando
06. Cantata “A Estrella do Brazil” 6. Solo de Tenor : Os Mossos Rasgando da Noite o Véo – tenor solo
07. Cantata “A Estrella do Brazil” 7. Coral Final : A Aurora do Império
Pe. Theodoro Cyro de Souza (Caldas da Rainha, Portugal, 1761 – Salvador, Brasil, ?)
Orquestra e Coral do Festival, regente: Sérgio Dias
08. Motetos para os Passos da Procissão do Senhor 1. Cor meum
09. Motetos para os Passos da Procissão do Senhor 2. O vos omnes
10. Motetos para os Passos da Procissão do Senhor 3. Domine Jesu
11. Motetos para os Passos da Procissão do Senhor 4. Ego in Flagella
12. Motetos para os Passos da Procissão do Senhor 5. Filiæ Jerusalem
13. Motetos para os Passos da Procissão do Senhor 6. Miserere
14. Motetos para os Passos da Procissão do Senhor 7. Amplius
15. Motetos para os Passos da Procissão do Senhor 8. Tibi sol
7º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 1996
Orquestra de Câmara e Coral Pró-Música, regente: Nelson Nilo Hack
Orquestra e Coral do Festival, regente: Sérgio Dias
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Boa audição!
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Avicenna