G. F. Handel (1685-1759): Giulio Cesare (Jacobs)

G. F. Handel (1685-1759): Giulio Cesare (Jacobs)

Júlio César merece uma gravação tão completa e de primeira qualidade como esta. Elenco perfeito, encabeçado por Jennifer Larmore, de esplêndida performance. O som, como é habitual na Harmonia Mundi, não poderia ser melhor. O Concerto Köln, liderado por René Jacobs (ex-contratenor, especialista neste gênero de repertório) toca com a paixão e precisão necessárias ao trabalho. Recomendo aos malucos pelo barroco. (São mais de quatro horas de música. Fui claro?) Acho que vale pra caralho ouvir este quarteto de CDs que disponibilizamos em um só arquivão.

Estreada em 1724, em Londres, é uma ópera em três atos, com libreto de Nicola Francesco Haym, inspirado em episódios da história de César e Cleópatra. Mas, como em quase toda a arte barroca, o interesse real não está na fidelidade histórica, e sim na paixão, na astúcia política e na teatralidade dos afetos humanos. É uma obra monumental, em que Handel leva o gênero da ópera séria ao seu auge: recitativos expressivos, árias deslumbrantes e uma orquestração cheia de cor e energia. Cada personagem é musicalmente individualizado — César é nobre e heroico; Cleópatra, espirituosa e sedutora; Tolomeo (Ptolomeu), tirânico e caprichoso; Cornélia e Sesto, tomados pela dor e pela vingança. Handel conjuga majestade e intimidade — alterna o esplendor das trompas e cordas com momentos de pura melancolia. Mais do que uma narrativa sobre Roma e o Egito, Giulio Cesare é um estudo sobre o poder e o desejo: o domínio militar e o encantamento erótico, a política e o teatro da sedução. É também um retrato da habilidade barroca — aquele momento em que a emoção é tão cuidadosamente construída que parece natural. Hoje, é considerada a obra-prima operística de Handel, uma das óperas barrocas mais encenadas no mundo, admirada tanto por sua beleza musical quanto pela profundidade psicológica das personagens.

G. F. Handel (1685-1759): Giulio Cesare (Jacobs)

Disc: 1
1. Ov – Con Koln/Rene Jacobs
2. Act 1, Scene 1. Cesare E Curio: Viva Il Nostro Alcide – Con Koln/Rene Jacobs
3. Act 1, Scene 1. Cesare E Curio: Aria: Presti Omai/Scene 2. Cornelia, Sesto E Detti – Jennifer Larmore
4. Act 1, Scene 3. Achilla, E Detti: Aria: Empio, Diro – Jennifer Larmore
5. Act 1, Scene 4. Curio, Sesto E Cornelia: Aria: Priva Son D’Ogni Conforto – Bernarda Fink
6. Act 1, Scene 4. Curio, Sesto E Cornelia: Aria: Svegliatevi Nel Core – Marianne Rorholm
7. Act 1, Scene 5. Cleopatra, Poi Nireno, E Dopo Tolomeo: Aria: Non Disperar – Barbara Schlick
8. Act 1, Scene 6. Tolomeo, Ed Achilla: Aria: L’Empio, Sleale – Derek Lee Ragin
9. Act 1, Scene 7. Cesare, E Poi Curio Che Introduce Cleopatra E Nireno: Aria: Alma Del Gran Pompeo – Jennifer Larmore
10. Act 1, Scene 7. Cesare, E Poi Curio Che Introduce Cleopatra E Nireno: Aria: Non E Sivago – Jennifer Larmore
11. Act 1, Scene 7. Cesare, E Poi Curio Che Introduce Cleopatra E Nireno: Aria: Tutto Puo – Barbara Schlick
12. Act 1, Scene 8. Cornelia, E Poi Sesto; Cleopatra E Nireno In Disparte: Aria: Nel Tuo Seno – Bernarda Fink
13. Act 1, Scene 8. Cornelia, E Poi Sesto; Cleopatra E Nireno In Disparte: Aria: Cara Speme – Marianne Rorholm
14. Act 1, Scene 8. Cornelia, E Poi Sesto; Cleopatra E Nireno In Disparte: Aria: Tu La Mia Stella – Barbara Schlick

Disc: 2
1. Act 1, Scene 9. Cesare, Tolomeo Ed Achilla: Cesare, Alla Tua Destra/Aria: Va Tacito/Scene 10… – Derek Lee Ragin/Jennifer Larmore
2. Act 1, Scene 11. Cornelia, Sesto, Ed Achilla: Aria: Tu Sei Il Cor – Furio Zanasi
3. Act 1, Scene 11. Cornelia, Sesto, Ed Achilla: Son Nata A Lagrimar – Bernarda Fink/Marianne Rorholm
4. Act 2, Scene 1. Cleopatra, E Nireno: Eseguisti, O Niren – Barbara Schlick
5. Act 2, Scene 2. Nireno, E Poi Cesare: Sinf – Con Koln/Rene Jacobs
6. Act 2, Scene 2. Nireno, E Poi Cesare: Aria: V’Adoro, Pupille – Barbara Schlick
7. Act 2, Scene 2. Nireno, E Poi Cesare: Aria: Se In Fiorito – Jennifer Larmore
8. Act 2, Scene 3. Cornelia, E Poi Achilla – Bernarda Fink/Furio Zanasi/Derek Lee Ragin
9. Act 2, Scene 4. Cornelia, Tolomeo: Aria: Se A Me Non Sei Crudele – Furio Zanasi
10. Act 2, Scene 4. Cornelia, Tolomeo: Aria: Si Spietata/Scene 5. Cornelia, E Poi Sesto – Derek Lee Ragin
11. Act 2, Scene 6. Nireno, E Detti: Aria: Cessa Omai – Bernarda Fink
12. Act 2, Scene 6. Nireno, E Detti: Aria: L’Angue Offeso – Marianne Rorholm
13. Act 2, Scene 7. Cleopatra, E Poi Cesare: Aria: Venere Bella – Barbara Schlick/Olivier Lallouette
14. Act 2, Scene 8. Curio, E Detti: Aria: Al Lampo Dell’ Armi – Jennifer Larmore

Disc: 3
1. Act 2, Scene 8. Curio, E Detti: Che Sento?/Aria: Se Pieta – Barbara Schlick
2. Act 2, Scene 9. Tolomeo, Cornelia, E Poi Sesto: Aria: Belle Dee/Scene 10. Achilla, E Detti – Derek Lee Ragin
3. Act 2, Scene 11. Sesto, E Cornelia. Aria: L’Aura Che Spira – Marianne Rorholm
4. Act 3, Scene 1. Achilla: Aria: Dal Fulgor – Furio Zanasi
5. Act 3, Scene 2. Tolomeo, Cleopatra: Sinf – Con Koln/Rene Jacobs
6. Act 3, Scene 2. Tolomeo, Cleopatra: Aria: Domero – Derek Lee Ragin
7. Act 3, Scene 3. Cleopatra, Solo Con Guardie: E Pur Cosi/Aria: Piangero – Barbara Schlick
8. Act 3, Scene 4. Cesare, Poi Sesto, Nireno, Ed Achilla: Aria: Dall’ Ondoso/Aure, Deh, Per Pieta – Jennifer Larmore
9. Act 3, Scene 4. Cesare, Poi Sesto, Nireno, Ed Achilla: Aria: Quel Torrente – Jennifer Larmore
10. Act 3, Scene 5. Sesto, E Nireno: Aria: La Giustizia – Marianne Rorholm
11. Act 3, Scene 6. Cleopatra, E Poi Cesare: Voi, Che Mie Fide Ancelle – Barbara Schlick
12. Act 3, Scene 6. Cleopatra, E Poi Cesare: Aria: Da Tempeste/Scene 7. Cornelia, E Tolomeo – Barbara Schlick
13. Act 3, Scene 8. Sesto, E Detti: Aria: Non Ha Piu – Bernarda Fink

Disc: 4
1. Act 3, Scene Ultima. Cesare, Cleopatra, Curio, Nireno, Sesto E Cornelia: Sinf – Con Koln/Rene Jacobs
2. Act 3, Scene Ultima. Cesare, Cleopatra, Curio, Nireno, Sesto E Cornelia: Caro/Bella – Barbara Schlick/Jennifer Larmore
3. Act 3, Scene Ultima. Cesare, Cleopatra, Curio, Nireno, Sesto E Cornelia: Ritorni Omai – Con Koln/Rene Jacobs
4. Appendix: Aria: Qui Perde Un Momento – Dominique Visse

Jennifer Larmore (alto – Giulio Cesare)
Barbara Schlick (soprano – Cleopatra)
Bernarda Fink (mezzo-soprano – Cornelia)
Marianne Rorholm (soprano – Sesto)
Derek Lee Ragin (counter-tenor – Tolomeo)
Furio Zanasi (voice, bass – Achille)
Dominique Visse (counter-tenor – Nireno)
Olivier Lallouette (bass – Curio)

Concerto Köln
René Jacobs

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René Jacobs

PQP

G. F. Handel (1685-1759): O Triunfo do Tempo e do Desengano (Il Trionfo del Tempo a del Disinganno) (Haim / Le Concert d’Astree)

G. F. Handel (1685-1759): O Triunfo do Tempo e do Desengano (Il Trionfo del Tempo a del Disinganno) (Haim / Le Concert d’Astree)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este não é apenas um oratório ou ópera que tem o mais belo título que conheço, é MUITO BOA música. Handel era jovem, tinha 22 anos, estava com todo o leite e não perdeu a viagem, fez grande música! No texto do oratório as personagens Beleza, Prazer, Desengano e Tempo levam um papo. Imaginem um menino de 22 anos musicando algo sobre a vitória do Tempo e do Desengano sobre a Beleza e o Prazer.  Mas vamos ao curioso tema da obra. Aliás, antes disso, digo que quem ouviu as Cantatas Italianas de Handel (publicadas neste blog — 7 CDs) deve ter ficado com a certeza de que o jovem Handel foi muitíssimo inspirado, talentoso e foda, para usar um termo mais técnico. Até melhor do que o Handel inglês. Falo sério.

Em vez de personagens históricos ou mitológicos, encontramos figuras abstratas que disputam a alma humana: a Beleza — a juventude sedutora, a promessa de prazer –, o Prazer — o hedonismo elegante e persuasivo –, o Tempo e o Desengano/Desilusão — forças severas, inevitáveis, que apontam para a finitude e a verdade. A trama é simples: Beleza, seduzida pelo Prazer, tenta viver sem limites, mas acaba reconhecendo que o tempo destrói tudo o que é superficial, e que apenas as verdades permanecem. É, portanto, uma meditação barroca sobre vaidade, efemeridade e tentação. Musicalmente, é uma obra radiante: melodias exuberantes, linhas vocais virtuosísticas e momentos de introspecção que já anunciam o Handel maduro dos oratórios ingleses. Dela vem uma das árias mais sublimes do barroco, Lascia la spina, cogli la rosa — tema que mais tarde o compositor reutilizaria em Rinaldo. Aqui, porém, sua melancolia tem algo de mais íntimo. No fim, O Triunfo do Tempo e do Desengano é menos um sermão moral, menos do que um Memento mori dito num mosteiro, do que uma poesia sonora sobre o destino humano: no choque entre brilho e decadência, juventude e consciência, Handel captura a eterna tensão entre o mundo que seduz e o tempo que revela.

Agora, deem uma olhada abaixo no nome de quem regeu a estreia da obra… Olhem, olhem!

IL TRIONFO DEL TEMPO E DEL DISINGANNO
Oratorio in 2 parti
Libretto di Benedetto Pamphili

Musica di Georg Friedrich Händel
Roma, Collegio Clementino , giugno 1707
PERSONAGGI VOCI
BELLEZZA Soprano (Beauty)
PIACERE Soprano (Pleasure)
DISINGANNO Alto (Disillusion)
TEMPO Tenor (Time)

Direttore: Arcangelo Corelli

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Estava falando com um amigo agora pelo Whats:

[11:03, 01/11/2025] Bernardo: Eu não consigo parar de escutar isso
[11:04, 01/11/2025] Bernardo: E, sabe o que é mais emocionante?
[11:04, 01/11/2025] Bernardo: Eu imaginei um fedelho de 22 anos chegando em Roma
[11:04, 01/11/2025] Bernardo: Vertendo testosterona pelas orelhas
[11:05, 01/11/2025] Bernardo: E escrevendo uma música de uma maturidade que denota uma compreensão sobre o tema que pouquíssimos atingem
[11:05, 01/11/2025] Eu: É uma perspectiva curiosa…
[11:06, 01/11/2025] Bernardo: A imagem de Händel, muito jovem, em Roma fazendo uma música de tanta vitalidade é muito poderosa
[11:06, 01/11/2025] Bernardo: A música é cinematográfica
[11:06, 01/11/2025] Bernardo: Acompanha e enriquece profundamente o texto
[11:07, 01/11/2025] Bernardo: Ele leu, compreendeu e deu dimensão musical ao texto
[11:07, 01/11/2025] Bernardo: Um trófeu dos afetos, tão caro ao barroco…
[11:07, 01/11/2025] Bernardo: Estava vendo um vídeo agora e lembrei de ti também

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G. F. Handel (1685-1759): O Triunfo do Tempo e do Desengano (Il Trionfo del Tempo a del Disinganno) (Haim / Le Concert d’Astree)

Disc 1:
1. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707): Overture 4:54
2. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Aria : “Fido specchio” (Bellezza) 4:59
3. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Recit.: “Io che sono il Piacere” (Bellezza/Piacere) 0:25
4. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Aria: “Fosco genio, e nero duolo” (Piacere) 3:08
5. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Recit.: “Ed io, che’l Tempo sono” (Disinganno/Tempo) 0:21
6. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Aria: “Se la Bellezza perde vaghezza” (Disinganno) 4:03
7. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Recit.:”Dunque si predan l’armi” (Bellezza/Piacere) 0:15
8. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Aria: “Una schiera de piaceri” (Bellezza) 3:28
9. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Recit.: “I colossi del sol” (Tempo) 0:15
10. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Aria: “Urne voi, che racchiudete” (Tempo) 7:04
11. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Recit.: “Sono troppo crudeli” (Piacere) 0:10
12. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Duo: “Il voler nel fior degl’anni” (Bellezza/Piacere) 5:01
13. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Recit.: “Della vita mortale” (Bellezza/Disinganno) 0:29
14. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Aria: “Un pensiero nemico di pace” (Bellezza) 3:54
15. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Recti.: “Folle, tu niegh’l tempo” (Bellezza/Piacere/Disinganno) 0:56
16. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Aria: “Nasce l’uomo” (Tempo) 2:14
17. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Aria: “L’uomo sempre se spesso” (Disinganno) 2:35
18. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Recit.: “Questa è la reggia mia” (Piacere) 1:30
19. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Sonata: “Taci, qual suono ascolto!” (Bellezza) 2:35
20. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Aria: “Un leggiadro giovinetto” (Piacere) 3:43
21. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Recit.: “Fra nella destra l’ali” (Bellezza) 0:13
22. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Aria “Venga il Tempo” (Bellezza) 3:18
23. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Aria: “Crede l’uom ch’egli riposi” (Disinganno 7:53
24. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Recit.: “Tu credi che sia lungi” (Bellezza/Disinganno/Tempo) 0:50
25. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Aria: “Folle, dunque tu sola presumi” (Tempo) 3:28
26. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Recit.: “La reggia del Piacer vedesti” (Disinganno/Tempo) 0:18
27. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part One: Quartetto: “Se non sei più ministro” (Bellezza/Piacere/Disinganno/Tempo) 4:09

Disc 2:
1. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Recit.: “Se del faso Piacere” (Tempo) 0:59
2. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Aria: “Chiudi, chiudi vaghi rai” (Piacere) 3:21
3. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Recit.: “In tre parti divise” (Tempo) 0:46
4. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Aria: “Io sperai trovar nel vero” (Bellezza) 6:57
5. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Recit.: “Tu vivi invan dolente” (Piacere) 0:13
6. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Aria: “Tu giurasti di mai non lasciarmi” (Piacere) 3:58
7. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Recit.: “Sguardo, che inferno ai rai” (Tempo) 0:21
8. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Aria: “Io vorrei due cori in seno” (Bellezza) 3:45
9. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Recit.: “Io giurerei, che tu chiudesti” (Bellezza) 0:39
10. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Aria: “Più non cura” (Disinganno) 4:51
11. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Recit.: “E un’ ostinato errore” (Tempo) 0:12
12. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Aria: “E ben folle quel nocchier”(Tempo) 2:15
13. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Recit.: “Dicesti il vero” (Bellezza) 0:18
14. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Quartetto: “Voglio Tempo” (Bellezza/Piacere/Disinganno/Tempo) /Ann Hallenberg/Sonia Prina/Pavol Breslik 3:53

15. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Recit.: “Presso la reggia ove’l Piacer” (Bellezza/Disinganno) 1:14
16. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Aria: “Lasci la spina” (Piacere) 6:25
17. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Recit.: “Con troppo chiare note” (Bellezza/Disunganno) 0:28
18. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Aria: “Voglio cangiar desio” (Bellezza) 5:17
19. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Recit.: “Or che tiene la destra” (Bellezza) 0:16
20. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Aria: “Chi già fu del bondo crine” (Disinganno) 2:12
21. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Recit.: “Mà che beggio? Che miro?” (Bellezza) 0:39
22. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Aria: “Rico pino, nel cammino” (Bellezza) 4:03
23. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Recit.: “Si bella penutenza” (Bellezza) 0:45
24. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Duetto: “Il bel pianto dell’Aurora” (Disinganno/Tempo) 6:24
25. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Recit.: “Piacer, che meco già vivesti” (Bellezza) 0:28
26. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Aria: “Come membo que fugge” (Piacere) 5:29
27. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Recit.: “Pure del cielo intelligenze” (Bellezza) 0:47
28. Il Trionfo del Tempo a del Disinganno, Oratorio in two parts HWV 46 a (1707), Part Two: Aria: “Tu del ciel ministro eletto” (Bellezza) 6:05

Natalie Dessay
Sonia Prina
Ann Hallenberg
Pavol Breslik
Patrick Beaugiraud
Astushi Sakai

Emmanuelle Haim
Le Concert d’Astree

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Handel pensando num futuro sem Bolsonaro

PQP

G. F. Handel (1685-1759): Handel Arias (Danielle de Niese, Christie)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O aparecimento de Danielle de Niese foi assombroso. Imaginem que ela estrou no Met com 19 anos… Em 2007, aos 28, fez sua estreia com este disco que hoje disponibilizamos para vocês. Hoje, ela já tem 46 e cresceu bem bonita. Este CD trata-se de um notável recital de árias de óperas de Handel, algumas familiares e outras relativamente obscuras. A forma espontânea de de Niese dá-nos a fantasia de que está cantando apenas para seu próprio prazer. Faz as pirotecnias exigidas por Handel com leveza, bom humor e segurança, mas está também em casa na gravidade emocional dos lamentos Lascia Ch’io Pianga, de Rinaldo, e Piangerò la sorte mia, de Giulio Cesare. William Christie conduz maravilhosamente a Les Arts Florissants. Um disco espetacular. Não gostou? Morra!

G. F. Handel (1685-1759): Handel Arias (Danielle de Niese)

1. Giulio Cesare / Act 3 – “Da tempeste il legno infranto” 6:16
2. Rinaldo / Act 2 – “Lascia ch’io pianga” 5:02
3. Alcina / Act 1 – Tornami a vagheggiar 4:32
4. Teseo, HWV 9 / Act 2 – Dolce riposo 3:51
5. Teseo, HWV 9 / Act 2 – Ira, sdegni…O stringerò nel sen 4:36
6. Apollo e Dafne (La terra è liberata) – Aria: “Felicissima quest’alma” 5:49
7. Ariodante HWV 33 / Act 2 – “Il mio crudel martoro” 11:11
8. Rinaldo / Act 2 – Vo’ far guerra 7:31
9. Amadigi di Gaula / Act 1 – Ah! Spietato! 5:33
10. Semele HWV 58 / Act 3 – Myself I shall adore 7:34
11. Giulio Cesare / Act 3 – “Piangerò la sorte mia” 6:20
12. Semele HWV 58 / Act 1 – Endless Pleasure, Endless Love 3:32

Danielle de Niese
Les Arts Florissants
Conducted by William Christie

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Danielle é um espanto só.

PQP

G. F. Handel (1685-1759): La Diva – Árias para Cuzzoni (Kermes, Katschner)

G. F. Handel (1685-1759): La Diva – Árias para Cuzzoni (Kermes, Katschner)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Então, você chega ao PQP Bach e lê: árias para Cuzzoni, de Händel. Não, não pode ser! Esses caras estão de brincadeira! Não, nada de brincadeiras — você adorará as árias para Cuzzoni.

Na verdade, talvez eu devesse escrever: Árias compostas por George Friderich Händel para Francesca Cuzzoni. Francesca foi uma superdiva que juntou-se em 1718 ao London’s Royal Academy of Music. Cuzzoni era tão boa cantora que Händel escrevia coisas cada vez maiores e mais difíceis a fim de analisar suas possibilidades. Mas não pensem que Händel gostava de Cuzzoni. Como toda diva, ela era insuportável a ponto de Händel ter ameaçado lançá-la pela janela, se não cooperasse. A fama de Cuzzoni é atestada pelo grande volume de histórias que sobre ela que chegaram a nós. Ela tinha um ciúme doentio de uma diva rival, Faustina Bordoni, e dizem que costumava desmaiar se ouvisse tal nome. Como era de esperar, Cuzzoni despertou paixões em seu tempo. Ainda hoje… Bem, deixa pra lá.

Simone Kermes tem bela voz e sua Cuzzoni é magnífica. Sem dúvida alguma, este CD vai entrar pros anais de nosso blog PQP Bach!

Georg Friedrich Händel – La Diva – Árias para Cuzzoni
1) Scipione: Scoglio d’immota fronte [5:05]
2) Giulio Cesare: V’adoro pupille [4:39]
3) Giulio Cesare: Piangerò [7:02]
4) Giulio Cesare: Se pietà di me non senti [9:47]
5) Alessandro: No, più soffrir non voglio [4:01]
6) Rodelinda: Ombre, piante (1st Version) [2:24]
7) Rodelinda: Ahi perché, giusto ciel (1st Version) [6:55]
8. Siroe: Or mi perdo di speranza [4:10]
9) Siroe: Mi lagnerò tacendo [6:46]
10) Siroe: Torrente cresciuto [4:19]
11) Tolomeo: Fonti amiche [5:00]
12) Flavio: Amante stravagante [3:36]
13) Riccardo primo: Morte vieni [2:45]
14) Admeto: Io ti bacio [3:15]

Simone Kermes
Lautten Compagney
Wolfgang Katschner

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Kermes: alta voz e cabelos
Kermes: alta voz e cabelos

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A. Vivaldi (1678-1741): Vivaldi Opera Arias – Pyrotechnics (Genaux)

A. Vivaldi (1678-1741): Vivaldi Opera Arias – Pyrotechnics (Genaux)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um disco absurdamente bom de árias de óperas de Vivaldi. Através de um repertório desconhecido, a estadunidense Vivica Genaux — nasceu em Fairbanks, Alasca — dá um banho de competência artística e vocal. Biondi e sua Europa Galante acompanham à perfeição as pirotecnias da bela moça. Creio que várias destas árias tenham sido compostas para a talentosa cantora Anna Giraud (Anna Girò) que era amante do padre vermelho. (Vivaldi dizia que não podia rezar missa por ser asmático, mas tinha fôlego de sobra para Anna). Sim, Girò era soprano e Genaux é mezzo, mas vejam bem: no século XVIII, a classificação vocal era menos rígida do que hoje. Sopranos podiam cantar papéis que hoje associamos a mezzos, dependendo da tessitura e estilo. Vivaldi explorava os pontos fortes de seus intérpretes, e Anna era conhecida por sua agilidade, capacidade dramática e versatilidade. Genaux também, como comprova o CD. As árias de Vivaldi para Anna Girò abrangem uma tessitura típica de soprano, porém alguns musicólogos sugerem que ela poderia ser classificada como mezzo-soprano em termos modernos, devido à certeza da riqueza de seu timbre em registros médios. No entanto, a maioria das fontes históricas refere-se a Girò como soprano.

A. Vivaldi (1678-1741): Vivaldi Pyrotechnics – Opera Arias (Genaux)

1. Catone In Utica: Come In Vano Il Mare Irato 5:27
2. Semiramide: E Prigioniero E Re 4:55
3. La Fida Ninfa: Alma Oppressa 5:10
4. Griselda: Agitata Da Due Venti 5:20
5. La Fida Ninfa: Destin Nemico….Destin Avaro 5:55
6. Il Labbro Ti Lusinga 7:29
7. Ipermestra: Vibro Il Ferro 3:50
8. Farnace: No, Ch’amar Non È Fallo In Cor Guerriero….Quell’usignolo 7:50
9. Tito Manlio: Splender Fra ‘l Cieco Orror 4:49
10. Rosmira Fedele: Vorrei Dirti Il Mio Dolore 6:52
11. Catone In Utica: Chi Può Nelle Sventure….Nella Foresta 7:25
12. Farnace: Ricordati Che Sei 3:43
13. Sin Nel Placido Soggiorno 6:50

Vivica Genaux, mezzo-soprano
Europa Galante
Fabio Biondi

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E ainda canta. E muito.
E ainda canta. Muito.

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The Salieri Album, com Cecilia Bartoli

The Salieri Album, com Cecilia Bartoli
1.90.3-7E7XAL5M3AOA6PKUKJNEPYOORA.0.1-3

Antonio Salieri (1750 – 1825) não era Mozart, mas também não era um perna-de-pau como, por exemplo, Kannemann. Vale a pena conhecer a música deste rival vienense de Wolfgang. Por outro lado, as interpretações da espevitada e espetacular Cecilia Bartoli são capazes de valorizar mesmo as mais bobas árias, o que aqui não é o caso. A romana Bartoli, possuidora de uma rara autoironia num meio em que as cantoras costumam portar-se como se gozassem de precedência divina. Diz que já nasceu cacarejando… Eu, P.Q.P. Bach, aprecio tanto sua voz e musicalidade que nem noto suas caretas em cena. Quem repara diz que são horríveis. Neste CD, ela faz uma seleção de árias das óperas de Salieri.

The Salieri Album, com Cecilia Bartoli
1. Questo guajo mancava…Son qual lacera tartana (La secchia rapita)
2. Che dunque!…Or ei con Ernestina…Ah sia gia (La Scuola dei gelosi)
3. Vi sono sposa e amante (La Fiera di Venezia)
4. Voi Lusingate invano lo smarito cor mio…Misera abbandonata (Palmira, Regina di Persia)
5. E void a buon marito…Non vo gla che vi suonino (La Cifra)
6. Alfin son sola…Sola e mesta (La Cifra)
7. Dopo pranzo addormentata (Il Ricco d’un glorno)
8. No, non cacillera…Suelle mi temple (La secchia rapita)
9. Lungi da me sen vada quella veste fatal…Dunque anche il cielo…Contro un’alma sventurata (Palmira, Regina di Persia)
10. Se lo dovessi vendere (La Finta scema)
11. Eccomi piu che mai…Amor pletoso Amore (Il Ricco d’un Glorno)
12. La ra la (La Grotta di Trofonio)
13. E non degg’io seguirla!…Forse chi sa…Vieni a me sull’ali d’oro (Armida)

Composed by Antonio Salieri
Performed by Orchestra of the Age of Enlightenment [members of]
with Cecilia Bartoli, Claudio Osele
Conducted by Adam Fischer

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Essa nasceu cacarejando.. Quem disse foi ela, não eu.

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Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Bastien & Bastienne, K. 50 (Raymond Leppard, Franz Liszt Chamber Orchestra)

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Bastien & Bastienne, K. 50 (Raymond Leppard, Franz Liszt Chamber Orchestra)

Edita Gruberova, Edita Gruberova. Edita Gruberova, que cantora maravilhosa!!! Bastien & Bastienne é uma ópera em um ato composta por Wolfgang Amadeus Mozart em 1768, quando tinha apenas 12 anos de idade. Claro que seu pai ajudou um pouquinho, tô sabendo. É uma ópera com diálogos falados em alemão, antecessora do estilo que Mozart usaria mais tarde em A Flauta Mágica. O libreto é baseado em uma pastoral francesa (Le Devin du Village, de Jean-Jacques Rousseau), adaptada por Friedrich Wilhelm Weiskern. Gosto muito dela, acho uma gracinha. Sério! A história é simples e pastoral: conta o amor entre um jovem casal de camponeses, Bastien e Bastienne, e um falso feiticeiro (Colas) que os ajuda a se reconciliar após uma briga. A operinha foi composta possivelmente para Franz Anton Mesmer (o famoso médico defensor do “magnetismo animal” ou “mesmerismo”), que teria encomendado a obra para ser apresentada em seu jardim privativo. B & B foi esquecida por décadas e só estreou oficialmente em 1890, em Berlim. São uma série de melodias simples e encantadoras, típicas do estilo galante da época. Por que é relevante? Ora, porque mostra o talento precoce de Mozart (ou de sua família) para a música dramática, mesmo sendo uma obra menor. É uma raridade por ser uma ópera em alemão de sua fase infantil (a maioria de suas óperas posteriores são em italiano, até chegar na Flauta). E, se você comparar com A Flauta Mágica, verá que Mozart revisitou o tema de “amores reconciliados por intervenção mágica” décadas depois, mas de forma muito mais sofisticada. E novamente em alemão. Os intérpretes deste CD são TODOS espetaculares, mas Edita Gruberova, Edita Gruberova, Edita Gruberova, faz misérias.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Bastien & Bastienne, K. 50 (Raymond Leppard, Franz Liszt Chamber Orchestra)

Bastien & Bastienne, K.V. 50 (46b)
Libretto By – Friedrich Wilhelm Weiskern, J. H. Müller, Johann Andreas Schachtner
1 Intrada. Allegro 1:18
2 No. 1 Aria (Bastienne). Andante Un Poco Adagio „Mein Liebster Freund Hat Mich Verlassen“ 1:58
3 No. 2 Aria (Bastienne). Andante „Ich Geh’ Jetzt Auf Die Weide“ 1:30
4 No. 3 (Orchester) 0:16
5 No. 4 Aria (Colas). Allegro „Befraget Mich Ein Zartes Kind“ 2:15
6 No. 5 Aria (Bastienne). Tempo Grazioso „Wenn Mein Bastien Einst im Scherze“ 2:46
7 No. 6 Aria (Bastienne). Allegro Moderato „Wurd ich Auch, Wie Manche Buhlerinnen“ 1:50
8 No. 7 Duetto (Colas, Bastienne). Allegretto „Auf Den Rat, Den Ich Gegeben“ 1:56
9 No. 8 Aria (Bastien). Allegro „Großen Dank Dir Abzustatten“ 1:55
10 No. 9 Aria (Bastien). Moderato „Geh! Du Sagst Mir Eine Fabel“ 1:53
11 No. 10 Aria (Colas). Andante Maestoso „Diggi, Daggi“ 1:45
12 No. 11 Aria (Bastien). Tempo di Menuetto „Meiner Liebsten Schöne Wangen“ 2:07
13 No. 12 Aria (Bastienne). Tempo di Menuetto „Er War Mir Sonst Treu Und Ergeben“ 2:51
14 No. 13 Aria (Bastien, Bastienne). Adagio Maestoso „Geh’ Hin! Dein Trotz Soll Mich Nicht Schrecken“ 5:42
15 No. 14 Recitativo (Bastien, Bastienne). (Arioso) „Dein Trotz Vermehrt Sich Durch Mein Leiden?“ 1:06
16 No. 15 Duetto (Bastien, Bastienne). Allegro Moderato – Andantino „Geh! Herz von Flandern!“ 5:50
17 No. 16 Terzetto (Bastien, Bastienne, Colas). Allegro Moderato Moderato – Allegro „Kinder! Seht Nach Sturm Und Regen“ 3:10

18 “Un Moto di Gioia Mi Sento Nel Patto” Aria For Soprano K.579. Allegro Moderato
Soprano Vocals – Edita Gruberova
1:40

19 “Giunse Alfin Il Momento – Deh Vieni, Non Tardar” Recitative And Aria For Soprano K. 492/27 & 28 (Susanna – Le Nozze di Figaro) Allegro Vivace Assai – Andante
Soprano Vocals – Edita Gruberova
4:43

20 “Misero! O Sogno – Aura, Che Intorno Spiri” Recitative And Aria For Tenor K. 431 (425b) Adagio – Andante Con Moto – Allegro Risoluto – Anadante Sostenuto -Allegro Assai
Tenor Vocals – Vinson Cole
10:13

21 “Mentre Ti Lascio, Oh Figlia” Aria For Bass K. 513. Larghetto – Allegro
Bass Vocals – László Polgár
8:23

Baritone Vocals [Colas] – László Polgár
Concertmaster – János Rolla
Conductor – Raymond Leppard
Orchestra – Franz Liszt Chamber Orchestra*
Soprano Vocals [Bastienne] – Edita Gruberova
Tenor Vocals [Bastien] – Vinson Cole

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Edita Gruberova (1946-2021)

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Puccini (1858 – 1924): Tosca – Eleonora Buratto • Jonathan Tetelman • Ludovic Tézier • Orchestra e Coro dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia • Daniel Harding ֍

Puccini (1858 – 1924): Tosca – Eleonora Buratto • Jonathan Tetelman • Ludovic Tézier • Orchestra e Coro dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia • Daniel Harding  ֍

Uma ópera sobre Tosca nunca seria um sucesso – a ação inclui cenas de tortura, tentativa de estupro, assassinato, uma execução e alguém se jogando para a morte do alto de um castelo – simplesmente brutal!!

Puccini e Toscanini foram grandes amigos, mas a estreia de Tosca foi dada por um outro maestro…

Esse foi um dos argumentos usados pelo editor Ricordi e por seu libretista Luigi Illica para induzirem um agora desconhecido compositor de óperas ceder o direito sobre o libreto baseado na peça de Victorien Sardou. E eles acrescentaram que toda a história decorre em torno das 24 horas de um dia de junho de 1800, num momento de conflitos de todas as ordens – republicanos contra monarquistas, Áustria contra Itália, Napoleão contra o mundo. O compositor nem vacilou, passou para frente a batata quente. No outro dia o contrato para a composição da ópera e o primeiro copião do libreto estavam nas mãos de Puccini. Ele havia se interessado pela história desde o lançamento da peça, em 1889, mas andava ocupado com La Bohème e Manon Lescaut. O libreto de Illica ainda estava longe do que Puccini queria e mais um colaborador foi chamado a bordo. Giuseppe Giacosa já havia trabalhado nos libretos das outras óperas de Puccini e, após muitas noites de tesoura e cola, de pressões do editor, muito esperneio, o resultado é essa maravilha que podemos ouvir, com a música de Puccini.

É famosa e impossível não citar a frase de Giacosa sobre duas das mais famosas óperas de Puccini – La Bohème e Tosca: “La Bohème é pura poesia e nenhuma ação; Tosca é só ação, sem poesia.” Mas eu discordo um pouquinho, sobre a parte da poesia… No início do terceiro ato, que eu adoro, um pastorzinho canta, logo na abertura, os versos a seguir:

Io de’ sospiri, / te ne rimanno tantti / pe’ quante foje / ne smoveno li venti.

Algo assim como: Meus suspiros são tantos quanto são as folhas levadas pelo vento…

Voltando ao assunto da ópera, assim como sabia Guimarães Rosa: “Mas nada disso vale a fala, porque a história de um burrinho, como a história de um homem grande, é bem dada no resumo de um só dia de sua vida.” Realmente, toda a ação da ópera se dá no resumo de um dia, no mês de junho de 1800. Cada um dos três atos tem como cenário um lugar que realmente existe em Roma.

A igreja real

O primeiro ato se dá na Igreja Sant’Andrea della Valle. Nela encontramos um fugitivo da polícia política, o consul da breve República Romana, Cesare Angelotti, que estava nas garras do Barão Scarpia. Na Igreja onde ele busca refúgio encontra o pintor Mario Cavaradossi, amante de Tosca e simpatizante da República. Cavaradossi está pintando uma Maria Madalena, inspirado em uma linda loura de olhos azuis, exatamente a irmã do fugitivo. Isso, é claro, acaba despertando o furor e o ciúme de Tosca, desconfiada por ouvir os cochichos de Mario e Cesare, que se esconde numa das capelas. Tosca é uma famosa cantora de ópera, católica fervorosa e por sua posição monarquista.

Um tiro de canhão da conta da fuga do prisioneiro e tudo se precipita, com a chegada de Scarpia e seus asseclas em busca do fugitivo. Scarpia desconfia de Cavaradossi e joga com os sentimentos exacerbados de Tosca. O ato termina num tour de force, com a notícia da derrota de Napoleão o coro da igreja entoa um Te Deum, durante o qual o perverso Scarpia se regozija com a possibilidade de dupla vitória – prender os fugitivos e possuir Tosca: Con spasimo d’amor, […] um vai para a ponta da corda, a outra direto para os meus braços!

O segundo ato ocorre no Palazzo Farnese – onde vive Scarpia – que está jantando. Nesse local se dará cenas terríveis: a tortura de Cavarodossi, cujos gritos acabam fazendo Tosca fazer um acordo com o malvado e vil Barão. A tentativa de estupro, seguida do assassinato – a punhalada certeira, desfechada pela brava Tosca. Ela havia negociado sua fuga com Mario (duplo salvo-conduto, essas coisas) que deveria ter sua morte encenada de mentirinha.

O terceiro ato se passa no Castelo Sant’Angelo, onde Mario passa a noite – será fuzilado ao amanhecer. Eu adoro esse breve fechamento da ópera. Uma montanha russa de emoções. O prelúdio desse ato é um pouco mais longo, afinal estamos esperando raiar o dia. O tema da ária de despedida do pintor é apresentado pela orquestra, belíssimo!!!

Cavaradossi que é pintor diz essa maravilha de frase: L’ora è fuggita, e muoio disperato, e non ho amato mai tanto la vita… (A hora se foi e eu morro desesperado, e nunca amei tanto a vida).

Após uma sequência dos dois amantes, a execução, seguida da descoberta da tragédia por Tosca e a chegada da notícia da morte de Scarpia. Perseguida, Tosca se precipita do alto do castelo, lançando um último desafio: Scarpia, nos veremos diante de Deus!

A ópera termina com o triângulo (nada) amoroso esfacelado pela morte de seus três vértices. É uma opera inovadora, a história cheia de violência e os sentimentos levados aos extremos. Os três protagonistas vivem situações de extrema tensão e há pontos que não podem deixar de chamar a atenção do ouvinte.

Jonathan Tetelman, o Mario, Mario, Mario

O papel do mocinho, o pintor-tenor, é brindado com a ária Recondita armonia, no primeiro ato, mas especialmente a ária de despedida no terceiro ato, Elucevan le stelle. Tosca teve como uma de suas principais intérpretes a fabulosa Maria Callas, mas também tantas outras, como a rival Renata Tebaldi. A ária Vissi d’arte é a própria declaração de dedicação à essa maravilhosa profissão. O malvadão também é um protagonista inesquecível. Seu grande momento no primeiro ato mostra seu terrível caráter, durante o Te Deum. A sua presença no segundo ato ocupa um grande espaço no palco, contrapondo-se a Tosca, até a sua morte. Apesar dela, sua ações o colocam também no terceiro ato, apesar de não aparecer mais.

Para tão maravilhosa peça escolhi uma gravação estalando de nova – a soprano Eleonora Buratto, o tenor Jonathan Tetelman e o barítono Ludovic Tézier são excelentes e estão no primor de suas carreiras. O regente Daniel Harding acabou de assumir a orquestra da Academia Nazionale di Santa Cecilia e essa é a sua primeira gravação com ela. Muito auspiciosa. A produção é da Deutsche Grammophon, primorosa. Aqui a explicação dada no início de uma crítica mencionada mais abaixo: The three performances in late October last year were Harding’s inaugural concerts with his new band (along with a Verdi Requiem). The British conductor doesn’t have a lot of opera on his CV – and barely any trace of Puccini – but opera very much comes with the territory in this job. (As três apresentações no final de outubro do ano passado foram os concertos inaugurais de Harding com sua nova banda (junto com um Réquiem de Verdi). O maestro britânico não tem muita ópera em seu currículo – e quase nenhum traço de Puccini –, mas a ópera é parte integrante deste trabalho.)

Giacomo Puccini (1858 – 1924)

Tosca – Ópera em Três Atos

Eleonora Buratto, Tosca, Soprano

Jonathan Tetelman, Cavaradossi, Tenor

Ludovic Tézier, Scarpia, Baritone

Davide Giangregorio, Sacristan, Bass
Giorgi Manoshvili, Angelotti, Baritone
Matteo Macchioni, Spoletta, Tenor
Nicolò Ceriani, Sciarrone, Baritone
Alice Fiorelli, Shepherd, Singer
Costantino Finucci, Gaoler, Bass-baritone

Santa Cecilia Academy Chorus, Rome

Santa Cecilia Academy Orchestra, Rome

Daniel Harding, Conductor

Daniel Harding, o maestro que não dá moleza…

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MP3 | 320 KBPS | 229 MB

Caso você seja usuário de plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:

 Tidal

Ludovic Tézier, meu malvado favorito!

Ao final de sua resenha para a Gramophone, Mark Pullinger escreveu: When I did a Tosca Collection survey (8/22), I plumped for Renata Tebaldi (Molinari-Pradelli) slightly ahead of Leontyne Price (Karajan). Those 1950s recordings remain in pole position but, even given occasional reservations over Harding, this new account boasts the finest Tosca cast of the digital era and is a recording I’ll be returning to often in years to come.

Como estamos entrando na era de renovação de arquivos ou mesmo de maneira de semear a boa música na web, essa gravação vem bem a calhar!

Aproveite!

René Denon

Ao saber que um dos personagens da ópera se chama Cesare Angelotti, o prestativo Departamento de Artes do PQP Bach Corporation mandou essa ilustração para a postagem…

Christoph Willibald Gluck (1714-1787): Orfeu e Eurídice (Biel, Boog, Avemo, Drottningholm Theatre Chorus And Drottningholm Theatre Orchestra, Östman)

Christoph Willibald Gluck (1714-1787): Orfeu e Eurídice (Biel, Boog, Avemo, Drottningholm Theatre Chorus And Drottningholm Theatre Orchestra, Östman)

Orfeu e Eurídice de Gluck é uma obra venerável e importante. Esta é uma bela versão da ópera. Trata-se de uma das primeiras óperas a manterem seu lugar no repertório. Seu compositor, Christoph Willbald Gluck (1714-1787), foi um dos verdadeiros revolucionários da música. Ele mudou o caráter da ópera de um veículo para exibições floridas de  vocalistas para um drama no qual a música iluminava e fazia uma parceria com o texto. As três óperas revolucionárias de Gluck, Orfeu, Alceste e Paris e Helena foram escritas em Viena de 1762-1770 em estreita colaboração com o libertista, Ranieri d’Calabigi, em uma das colaborações mais movimentadas da história da música. Dessas três óperas, a mais conhecida de longe é Orfeu e Eurídice, escrita pela primeira vez em 1762.

A apresentação de Orfeu neste CD é do Drottningholm Theatre Chorus and Orchestra, conduzida por Arnold Ostman. Ostman e o Drottningholm também produziram um CD louvável de Alceste, usando a versão original raramente tocada de Gluck de 1767. A versão de Orfeu neste disco, da mesma forma, é a versão inicial de Viena de 1762. Há gravações de várias outras versões disponíveis — incluindo a revisão de Gluck de sua partitura em Paris em 1774, e edições de compositores posteriores, incluindo Hector Berlioz.

Orfeu e Eurídice é uma obra de paixão e simplicidade que nunca deixa de comover. A obra é baseada em um mito grego no qual Orfeu, sofrendo pela morte de sua esposa, tem a oportunidade de ganhá-la das profundezas do Hades sob a condição de que ele não olhe para ela até que o casal retorne à Terra e que ele não revele essa condição a ela. O dom da canção de Orfeu doma os espíritos do Hades, mas, infelizmente, o casal não consegue manter a condição e Eurídice morre novamente. A ópera termina felizmente com a vida de Eurídice restaurada uma segunda vez como um tributo à fidelidade de Orfeu.

A história fala do poder do amor humano e do poder da arte para redimir a vida. A música de Gluck é igual aos seus temas. Há apenas três personagens na ópera, todos geralmente cantados por mulheres. Neste CD, Orfeu é interpretado por Ann-Christine Biel, Eurídice por Maya Boog e Amor por Kerstin Avemo.

Há também uma grande parte coral e interlúdios orquestrais. Cada ária nesta ópera é dedicada à representação de uma emoção específica para iluminar o drama. Assim, a ópera apresenta uma mistura única de simplicidade, racionalismo e paixão. O caráter apaixonado e emocional desta música é frequentemente negligenciado.

As partes mais fortes da performance neste CD são a orquestra e o coro. As seções orquestrais são tocadas em instrumentos de época e os sopros e a percussão saem lindamente. A música soa mais transparente. O coro também se apresenta lindamente nas cenas de abertura e conclusão e no segundo ato, onde Orfeu doma os espíritos do submundo, como Bolsonaro, Trump e Elon Musk.

Christoph Willibald Gluck (1714-1787): Orfeu e Eurídice (Biel, Boog, Avemo, Drottningholm Theatre Chorus And Drottningholm Theatre Orchestra, Östman)

1 Overture 3:20

Act I, Scene 1
2 Ah, Se Intorno A Quest’Urna Funesta 3:05
3 Basta, Basta, O Compagni 0:41
4 Ballo 1:31
5 Ah, Se Intorno A Quest’Urna Funesta 2:24
6 Chiamo Il Mio Ben Così 1:05
7 Euridice, Ombra Cara 0:53
8 Cerco Il Mio Ben Così 1:03
9 Euridice, Euridice! 1:02
10 Piango Il Mio Ben Così 1:04
11 Numi, Barbari Numi 0:56

Scene 2
12 T’Assiste Amore! 1:31
13 Gli Sguardi Trattieni 2:15
14 Che Disse? Che Ascoltai? 1:39
15 End Of Act I 0:28

Act II, Scene 1
16 Ballo 1:06
17 Chi Mai Dell’Erebo Fra Le Caligini 0:27
18 Ballo 0:40
19 Chi Mai Dell’Erebo Fra Le Caligini 1:01
20 Ballo 1:04
21 Deh Placatevi Con Me 2:04
22 Misero Giovane, Che Vuoi, Che Mediti 0:47
23 Mille Pene 0:45
24 Ah, Quale Incognito Affetto Flebile 0:45
25 Men Tiranne 0:41
26 Ah, Quale Incognito Affetto Flebile 1:09

Scene 2
27 Ballo 1:09
28 Che Puro Ciel 4:26
29 Vieni A’ Regni Del Riposo 1:43
30 Ballo 1:21
31 Anime Avventurose 0:42
32 Torna, O Bella, Al Tuo Consorte 1:47

Act III, Scene 1
33 Vieni, Segui I Miei Passi 4:29
34 Vieni Appaga Il Tuo Consorte 3:16
35 Qual Vita È Questa Mai 1:12
36 Che Fiero Momento 2:51
37 Ecco In Nuovo Tormento! 3:04
38 Che Farò Senza Euridice? 3:26
39 Ah Finisca E Per Sempre 1:08

Scene 2
40 Orfeo, Che Fai? 1:36

Scene 3
41 Trionfi Amore 2:39

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Uma montagenzinha de Orfeu e Eurídice

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D. Shostakovich (1906-1975): The Nose (O Nariz) / The Gamblers (Os Jogadores) (Leningrad Philharmonic Orch, Orch Of The Moscow Chamber Opera, Rozhdestvensky)

D. Shostakovich (1906-1975): The Nose (O Nariz) / The Gamblers (Os Jogadores) (Leningrad Philharmonic Orch, Orch Of The Moscow Chamber Opera, Rozhdestvensky)

Os Jogadores, Op. 63, é uma ópera inacabada, composta por Dmitri Shostakovich em 1941-42 baseada na comédia de Nikolai Gogol Os Jogadores (1842). O primeiro ato sobrevivente dura cerca de 47 minutos. É o que temos aqui. Shostakovich tentou fazer a peça de Gogol palavra por palavra. Ele percebeu, ao chegar ao final do primeiro ato, que a ópera se tornaria muito longa e difícil de montar, e também que seu texto zombeteiro e a amarga ironia da música não seriam executados sob o regime repressivo da época. Ele abandonou o projeto. Ele reutilizou material da ópera no scherzo de sua composição final, a Sonata para Viola. A estreia mundial foi uma apresentação em forma de concerto no salão do Conservatório de Leningrado em 18 de setembro de 1978, cantada por membros do Teatro de Câmara de Moscou com a Orquestra Filarmônica de Leningrado conduzida por Gennady Rozhdestvensky. Aliás, o mesmo time que gravou este CD em 1978. Que coincidência!

O Nariz, Op. 15, é a primeira ópera de Dmitri Shostakovich, uma obra satírica concluída em 1928 baseada na história de Nikolai Gogol de 1836 com o mesmo nome. A ópera foi escrita entre 1927 e 1928. O libreto é de Shostakovich, Yevgeny Zamyatin, Georgy Ionin e Alexander Preis. Shostakovich afirmou que era uma sátira sobre os tempos de Alexandre I. O enredo diz respeito a um oficial de São Petersburgo cujo nariz deixa seu rosto e desenvolve uma vida própria. A obra original de Gogol foi expandida por meio de empréstimos de algumas de suas outras obras, incluindo O Capote, Diário de um Louco e Almas Mortas, bem como de Os Irmãos Karamazov (1881) de Dostoiévski. Shostakovich usa uma montagem de estilos diferentes, incluindo música folclórica, canção popular e atonalidade . O caos aparente é estruturado por dispositivos musicais formais, como cânones e quartetos, um dispositivo tirado de Wozzeck, de Alban Berg. De acordo com o compositor britânico Gerard McBurney, “O Nariz é uma das maiores obras-primas do jovem Shostakovich, um tour de force eletrizante de acrobacias vocais, cores instrumentais selvagens e absurdo teatral, tudo permeado por uma mistura escaldante de riso e raiva… O resultado, nas mãos implacavelmente irreverentes de Shostakovich, é como uma versão operística de Charlie Chaplin ou Monty Python. Com seu tema magnificamente absurdo e música virtuosa, O Nariz é uma obra extremamente divertida”. Em “O Nariz” os soldados de embebedam, tossem e ao fagote é dada a tarefa de peidar por eles. Ouvi hoje esta ópera e notei que os cantores fazem todo o tipo de sons estranhos, mas não arrotam. É complicado arrotar quando se quer. Se alguém me disser “Arrota aí, meu!” não vai sair nada. Quando criança, eu sempre invejava os amigos que podiam soltar um arroto a qualquer momento. Nunca consegui. Para largar um, eu tinha que beber uma Coca-Cola e esperar que ele, o arroto, se decidisse. Só sim eu largava um bem sonoro.

D. Shostakovich (1906-1975): The Nose (O Nariz) / The Gamblers (Os Jogadores) (Leningrad Philharmonic Orch, Orch Of The Moscow Chamber Opera, Rozhdestvensky)

The Gamblers, Opera, For 6 Male Voices & Orchestra (unfinished)
Edited By – Gennadi Rozhdestvensky
Orchestra – Orchestra Of The Moscow Chamber Opera*
1.1 Instruemtal Introduction
1.2 Do Come In, Do Come In
1.3 I’m Listening Friend, Go On.
1.4 What A Sight
1.5 Have You Come Far?
1.6 Where Is Your Master From?
1.7 Wily Fellows, These.
1.8 Perhaps Kazan Is Better.
1.9 Listen, Did They Give You Much?
1.10 I’m Sorry, The Room’s Not Nice…
1.11 But, Gentlemen, Come Come, Don’t Let’s Argue
1.12 Well Well, This Sturgeon Is Good.
1.13 Jack Of Clubs, Diamonds…
1.14 And So We Shake On The Deal.
1.15 Do Tell Us…
1.16 Do You Remember, Shvokhnev?
1.17 In A Town
1.18 We Have Our Methods.
1.19 There Was Another One Which Went Quite Well.
1.20 Wily Fellows, These.

The Nose, Opera, Op. 15
Orchestra – Leningrad Philharmonic Orchestra
1.21 Act 1. Introduction
1.22 Act 1. Scene 1. Today, Praskovya Osipovna, I Will Not Take Coffee…
1.23 Act 1. Scene 2. Pick That Up. You’ve Lost Something…
1.24 Act 1. Interlude
1.25 Act 1. Scene 3. Brr… Brr… I’ve Had A Spot On My Nose Since Yesterday…
1.26 Act 1. Scene 3. Gallop
1.27 Act 1. Scene 3. Ah… How On Earth Shall I Address Him…
2.1 Act 2. Introduction. Is The Police Inspector At Home?…
2.2 Act 2. Scene 5. You Can Take My Word For It…
2.3 Act 2. Scene 5. Largo. I Have No Idea How This Misfortune Occured…
2.4 Act 2. Scene 5. No, I Can’t Place Such An Ad In The Newspaper…
2.5 Act 2. Interlude
2.6 Act 2. Scene 6. I Am Indissolubly Linked To My Love…
2.7 Act 2. Scene 6. God, Good God! Why This Calamity?…
2.8 Act 3. Scene 7. With The Authority Vested In Me I Order…
2.9 Act 3. Scene 8. Is This Where College Assessor Kovalyov Lives?…
2.10 Act 3. Scene 8. It’s Really My Nose! There’s The Spot…
2.11 Act 3. Scene 8. Hey, Ivan! Ivan!…
2.12 Act 3. Scene 8. Hey, What A Face…
2.13 Act 3. Scene 8. Ah? Write To Her / I’m Writing…
2.14 Act 3. Intermezzo. There Goes Major Kovalyov’s Nose For A Walk…
2.15 Epilogue. Scene 9. That’s It! That’s It!…
2.16 Epilogue. Scene 10. Good Day Platon Kuzmich…

Accompanied By [Accompanists] – Mary Zhislina* (faixas: 1-21 to 2-16), Tamara Vitold* (faixas: 1-21 to 2-16), Tatyana Askochinskaya* (faixas: 1-21 to 2-16)
Balalaika [Balalaika-Bass] – Valery Sudak* (faixas: 1-1 to 1-20)
Baritone Vocals [Platon Kuzmich Kovalyov (College Assessor)] – Eduard Akimov* (faixas: 1-21 to 2-16)
Baritone Vocals [Stepan Ivanovich Uteshitelny] – Yaroslav Radivonik* (faixas: 1-1 to 1-20)
Bass Vocals [Alexei (Servant At Inn)] – Vladimir Rybasenko* (faixas: 1-1 to 1-20)
Bass Vocals [Clerk In Small Ads Office], Bass Vocals [In Further Incidental Roles, Someone] – Valery Solovyanov (faixas: 1-21 to 2-16)
Bass Vocals [Doctor] – Ashot Sakirsov* (faixas: 1-21 to 2-16)
Bass Vocals [Gavryushka (His Servant)] – Valery Belykh* (faixas: 1-1 to 1-20)
Bass Vocals [In Further Incidental Roles, Acquaintances Of Kovalyov] – Ashot Sakirsov* (faixas: 1-21 to 2-16), Vladimir Rybasenko* (faixas: 1-21 to 2-16)
Bass Vocals [In Further Incidental Roles, Cabman / Father] – Vladimir Rybasenko* (faixas: 1-21 to 2-16)
Bass Vocals [In Further Incidental Roles, Coachman At The Posting Inn], Speech [Speaking Role – Traveller] – Anatoly Boiko* (faixas: 1-21 to 2-16)
Bass Vocals [In Further Incidental Roles, Dignified Lady Her Sons] – Anatoly Boiko* (faixas: 1-21 to 2-16), Valery Belykh* (faixas: 1-21 to 2-16)
Bass Vocals [In Further Incidental Roles, Gentlemen] – Valery Solovyanov (faixas: 1-21 to 2-16), Igor Paramonov* (faixas: 1-21 to 2-16), Yaroslav Radivonik* (faixas: 1-21 to 2-16)
Bass Vocals [In Further Incidental Roles, Kiosk Salesman] – Ashot Sarkisov* (faixas: 1-21 to 2-16)
Bass Vocals [In Further Incidental Roles, Policemen] – Valery Solovyanov (faixas: 1-21 to 2-16), Ashot Sarkisov* (faixas: 1-21 to 2-16), Valery Belykh* (faixas: 1-21 to 2-16), Vladimir Rybasenko* (faixas: 1-21 to 2-16), Igor Paramonov* (faixas: 1-21 to 2-16), Yaroslav Radivonik* (faixas: 1-21 to 2-16)
Bass Vocals [In Further Incidental Roles, Servants Giving In Small Ads] – Anatoly Boiko* (faixas: 1-21 to 2-16), Ashot Sarkisov* (faixas: 1-21 to 2-16), Valery Belykh* (faixas: 1-21 to 2-16), Gennady Mamin* (faixas: 1-21 to 2-16), Igor Paramonov* (faixas: 1-21 to 2-16), Yaroslav Radivonik* (faixas: 1-21 to 2-16)
Bass Vocals [In Further Incidental Roles, Students] – Ashot Sarkisov* (faixas: 1-21 to 2-16), Igor Paramonov* (faixas: 1-21 to 2-16)
Bass Vocals [Ivan Yakovlevich (Barber)] – Valery Belykh* (faixas: 1-21 to 2-16)
Bass Vocals [Now Bass – In Further Incidental Roles, Servants Giving In Small Ads] – Alexander Braim* (faixas: 1-21 to 2-16)
Bass Vocals [Pyotr Petrovich Shvokhnev] – Ashot Sarkisov* (faixas: 1-1 to 1-20)
Bass-Baritone Vocals [Countess’ Footman], Speech [Speaking Role – Khosriv Mirza], Bass Vocals [In Further Incidental Roles, Heyduke (Servant) / Newcomers] – Igor Paramonov* (faixas: 1-21 to 2-16)
Bass-Baritone Vocals [In Further Incidental Roles, Ivan Ivanovich / Policeman], Bass Vocals [In Further Incidental Roles, Dandies] – Yaroslav Radivonik* (faixas: 1-21 to 2-16)
Bass-Baritone Vocals [In Further Incidental Roles, Son], Bass Vocals [In Further Incidental Roles, Speculator] – Gennady Mamin* (faixas: 1-21 to 2-16)
Choir [Acquaintances Of The Barber, People At Prayer In The Cathedral, Travellers, Ladies And Gentlemen In Waiting, Policemen, Eunuchs, Passers-By] – Choir* (faixas: 1-21 to 2-16)
Chorus – Chorus Of The Moscow Chamber Theatre* (faixas: 1-21 to 2-16)
Chorus Master – Vladimir Agronsky* (faixas: 1-21 to 2-16)
Composed By – Dmitri Shostakovich
Concept By [Reissue Concept] – Niels Høirup*
Conductor – Gennady Rozhdestvensky*
Contralto Vocals [In Further Incidental Roles, Aristocratic Old Lady] – Liliana Gavrilyuk* (faixas: 1-21 to 2-16)
Design, Layout – BKMS, Hamburg
Engineer [Recording] – Igor Veprintsev (faixas: 1-1 to 1-20), Severin Pazhukhin* (faixas: 1-21 to 2-16)
Libretto By – Dmitri Shostakovich (faixas: 1-21 to 2-16), Alexander Preiss* (faixas: 1-21 to 2-16), Georgy Yonin* (faixas: 1-21 to 2-16), Yevgeny Zamyatin* (faixas: 1-21 to 2-16)
Liner Notes – Sigrid Neef
Liner Notes [Trad.] – Chr. Hinzelin*
Liner Notes [Transl.] – J & M Berridge
Mezzo-soprano Vocals [Alexandra Grigoryevna Podtochina (Staff Officer’s Widow)] – Людмила Сапегина (faixas: 1-21 to 2-16)
Mezzo-soprano Vocals [In Further Incidental Roles, Dignified Lady] – Alla Kiseleva* (faixas: 1-21 to 2-16)
Orchestra – Leningrad Philharmonic Orchestra (faixas: 1-1 to 1-20), Orchestra Of The Moscow Chamber Theatre* (faixas: 1-21 to 2-16)
Photography By [Cover Foto] – H. Matthies*
Remastered By – Michael Glaser
Restoration, Engineer [Sound Engineer] – Eberhard Richter
Solo Vocal – Soloists Of The Moscow Chamber Theatre* (faixas: 1-21 to 2-16)
Solo Vocal, Soprano Vocals – Nina Yakovleva* (faixas: 1-21 to 2-16)
Soprano Vocals [Alexandra Grigoryevna Podtochina Her Daughter], Soprano Vocals [In Further Incidental Roles, Female Voice] – Lyudmila Ukolova* (faixas: 1-21 to 2-16)
Soprano Vocals [Female Bread-Roll-Seller] – Lyudmilla Sokolenko* (faixas: 1-21 to 2-16)
Soprano Vocals [In Further Incidental Roles, Daughter] – Yelena Pekerskaya* (faixas: 1-21 to 2-16)
Soprano Vocals [In Further Incidental Roles, Female Hanger-On] – Nina Anisimova* (faixas: 1-21 to 2-16)
Soprano Vocals [In Further Incidental Roles, Hangers-On] – Maria Bugrova (faixas: 1-21 to 2-16), Alla Kiseleva* (faixas: 1-21 to 2-16), Yelena Druzhenkova* (faixas: 1-21 to 2-16), Elena Pekerskaya* (faixas: 1-21 to 2-16), Irina Barteneva* (faixas: 1-21 to 2-16), Lyudmila Sapegina* (faixas: 1-21 to 2-16), Lyudmila Sokolenko* (faixas: 1-21 to 2-16), Lyudmila Ukolova* (faixas: 1-21 to 2-16), Nina Anisimova* (faixas: 1-21 to 2-16), Nina Sasulova* (faixas: 1-21 to 2-16), Nina Yakovleva* (faixas: 1-21 to 2-16)
Soprano Vocals [In Further Incidental Roles, Mother] – Maria Bugrova (faixas: 1-21 to 2-16)
Soprano Vocals [Praskovya Osipovna (Ivan Yakovlevich His Wife)], Speech [Speaking Role – Lady-in-waiting] – Nina Sasulova* (faixas: 1-21 to 2-16)
Tenor Vocals [Ikharyov (A Gambler)] – Vladimir Tarkhov* (faixas: 1-1 to 1-20)
Tenor Vocals [In Further Incidental Roles, Acquaintances Of Kovalyov] – Alexander Pekelis* (faixas: 1-21 to 2-16)
Tenor Vocals [In Further Incidental Roles, Gentlemen] – Alexander Lomonosov* (faixas: 1-21 to 2-16), Alexander Pekelis* (faixas: 1-21 to 2-16), Boris Druzhinin* (faixas: 1-21 to 2-16), Boris Tarkhov* (faixas: 1-21 to 2-16)
Tenor Vocals [In Further Incidental Roles, Policemen] – Alexander Braim* (faixas: 1-21 to 2-16), Alexander Pekelis* (faixas: 1-21 to 2-16), Boris Druzhinin* (faixas: 1-21 to 2-16)
Tenor Vocals [In Further Incidental Roles, Students] – Alexander Lomonosov* (faixas: 1-21 to 2-16), Boris Druzhinin* (faixas: 1-21 to 2-16), Boris Tarkhov* (faixas: 1-21 to 2-16)
Tenor Vocals [Krugel (Colonel)] – Nikolai Kurpe* (faixas: 1-1 to 1-20)
Tenor Vocals [The Nose] – Aleksander Lomonosov* (faixas: 1-21 to 2-16)
Tenor Vocals [Valet Ivan (Kolyavov’s Waiter)], Tenor Vocals [[In Further Incidental Roles, Eunuch / Newcomers / Dandies] – Boris Druzhinin* (faixas: 1-21 to 2-16)
Tenor Vocals [Very High Tenor – District Constable)] – Boris Tarkhov* (faixas: 1-21 to 2-16)
Tenor Vocals [Yaryzhkin], Tenor Vocals [In Further Incidental Roles, Pyotr Fyodorovich / Old Man / A Colonel / Doorman Of The Police Inspector] – Alexander Braim* (faixas: 1-21 to 2-16)
Written-By [Libretto After The Eponymous Story By] – Nikolai Gogol* (faixas: 1-21 to 2-16)

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Foto de uma montagem inglesa de “O Nariz”

PQP

Antonio Vivaldi (1678-1741): Tito Manlio (Modo Antiquo, Federico Maria Sardelli)

Antonio Vivaldi (1678-1741): Tito Manlio (Modo Antiquo, Federico Maria Sardelli)

Tá bom, Vivaldi afirmou que compôs sua ópera Tito Manlio em apenas cinco dias (a ópera tem 194 min, nesta gravação) para que estivesse pronta para celebrar o casamento do governador de Mântua, o príncipe Philipp de Hessen-Darmstadt, com a princesa Eleanora de Guastalla (a quem a ópera é dedicada). O enredo de desentendimento familiar e raiva sádica parece inadequado para uma celebração de um casamento, e talvez fosse apropriado que a princesa cancelasse a cerimônia antes mesmo de atravessar os muros da cidade. No entanto, o show deve continuar. O Tito de Vivaldi é um cônsul vilão que ameaça arrastar sua filha Vitélia nua pelas ruas de Roma porque ela se recusa a fazer um voto de ódio contra seus inimigos clamando por uma representação justa no Senado. O enredo se passa na antiga República Romana e se desenvolve em torno de conflitos entre sentimento e dever cívico. A fonte é o Livro VIII da História de Roma, de Tito Lívio. Mas a trama foi bastante alterada pelo libretista Matteo Noris. Tito Mânlio está envolvido na guerra contra as cidades latinas que se rebelaram contra Roma. Por isso faz um juramento solene de ódio aos inimigos e exige que seus filhos, Mânlio e Vitélia, além de seus seguidores, façam o mesmo. Vitélia está secretamente apaixonada por um líder latino, Gemínio e, por isso, se recusa a fazer o juramento. Tito a expulsa de Roma e dá ordens severas a seu filho, Mânlio, para que faça uma missão de reconhecimento junto aos latinos, mas não os ataque. Desobedecendo as ordens do pai, Mânlio mata o líder latino Gemínio, apesar ele, Mânlio, de estar apaixonado por sua irmã, Servília. Pela desobediência, Tito condena o próprio filho à morte. Lúcio, um latino aliado de Tito e dos romanos, tentar ajudar Mânlio a escapar da prisão, mas este se recusa a fugir. Antes de ser executado, Mânlio consegue o perdão do pai pela desobediência graças à intervenção de Décio, líder dos centuriões. Também é perdoado por sua amada Servília pela morte de seu irmão. Esse final feliz modifica a história real , descrita por Tito Lívio, segundo a qual Mânlio é, de fato, executado. Sem dúvida, Tito Manlio é uma das melhores obras de palco do Padre Rosso. Federico Maria Sardelli conduz esta gravação de 2005 que seria a da estreia mundial. (Não creio que seja, tenho uma versão dela em vinil sob a regência de Vittorio Negri). Sardelli comanda grandes quantidades de recitativos com sentido e clareza, embora o melhor aspecto de sua performance sejam as caracterizações ousadamente acentuadas do Modo Antiquo, trazidas à vida com muitas cores. A acústica é muito estrondosa, mas mesmo assim funciona. Sardelli captura todos os efeitos orquestrais da partitura de Vivaldi. ‘Se non v’aprite al di’ e ‘Combatta un gentil cor’ estão sensacionais. Solos de violoncelo, acompanhamentos de continuo inventivos, uma marcha fúnebre surpreendente e um solo de viola d’amore de tirar o fôlego (em ‘Tu dormi in tante pene’) contribuem muito. Duas outras árias de Manlio são particularmente notáveis: ‘Sonno, se pur sei sonno’ é uma abertura maravilhosamente sombria para o Ato 3, com acordes de cordas pulsantes e assustadores. ‘Ti lascerei gl’affetti miei’ é um momento sublime de melancolia em tom menor que começa com apenas um par de oboés e fagote antes de evoluir para um lamento profundamente comovente de beleza e sonoridade consideráveis ​​que é eloquentemente moldado por Sardelli. Infelizmente, a performance de Sardelli é prejudicada por cantores que se inclinam para a competência em vez da expressão.

Antonio Vivaldi (1678-1741): Tito Manlio (Modo Antiquo, Federico Maria Sardelli)

Tito Manlio (I), Opera In 3 Acts, RV 738
1.1 Sinfonia: Allegro –
1.2 Andante –
1.3 Presto

1º Akt
1.4 Popoli, Chi È Romano, E Chi Di Roma (1. Akt)
1.5 Quando Tito Ora Giurò
1.6 Di Flegetonte Al Nume
1.7 Per Le Romane Vergini Tu Ancora
1.8 Manlio
1.9 Se Il Cor Guerriero
1.10 Ah Manlio
1.11 Perché T’Amo
1.12 O Dio! Sento Nel Petto
1.13 Liquore Ingrato
1.14 Sì Per Vitellia Io Lascio
1.15 Alla Caccia D’Un Bell’adorato
1.16 Vanne, Amante Felice
1.17 E’ Pur Dolce Ad Un’ Anima Amante
1.18 E Ch’a Geminio
1.19 O Silentio Del Mio Labbro
1.20 Parla, Tenta, E Minaccia
1.21 Orribile Lo Scempio
1.22 E Catene Di Ferro Lo Darò Al Piede
1.23 Parla A Me Speranza Amica
1.24 Volerò A Tito Il Padre
1.25 Di Verde Ulivo
1.26 Bramo Stragi
1.27 Nemico Allor All’Or
1.28 Signor
1.29 L’intendo E Non L’intendo
1.30 Qual Di Pocchi Romani
1.31 Fermatevi
1.32 Parto, Ma Lascio L’Alma
1.33 Che Feci Mai!
1.34 Sia Con Pace, O Roma Augusta

2º Akt
2.1 Dunque L’Occulta, E Grave
2.2 Non Ti Lusinghi La Crudeltade
2.3 Padre: A Te Solo Io Palesar Intendo
2.4 D’improvvisoriede Il Riso
2.5 Manlio, Di Tio Il Filio
2.6 E Questa, Manlio, È Questa
2.7 Dovea, Dunque, Dovea
2.8 Se Non V’Aprite Al Dì
2.9 No: Fermati Signora
2.10 Grida Quel Sangue Vendetta
2.11 Vitellia: Dove?
2.12 Rabbia Che Accendasi
2.13 Mia Servilia
2.14 Manlio: Tito Al Tuo Piede
2.15 Dar la Morte A Te Mia Vita
2.16 Alto Campione
2.17 Vedrà Roma, E Vedrà Il Campidoglio
2.18 Ingrata Roma
2.19 Combatta Un Gentil Cor
2.20 Già Da Forte Catena
2.21 Decio Che Porti?
2.22 Nò, Che Non Morirà
2.23 Amor, Su Queste Labbra
2.24 Andrò Fida E Sconsolata
2.25 Forte Cor: Non Ti Scuota O Prego
2.26 Legga, E Vegga
2.27 Addio
2.28 Povero Amante Cor
2.29 Vanne Perfida, Và
2.30 Frà Le Procelle

3º Ato
3.1 Sonno, Se Pur Sei Sonno (3. Akt)
3.2 Deposta Amor la Benda
3.3 Tu Dormi In Tante Pene
3.4 O Crudo, Indegno Laccio
3.5 Parto Contenta
3.6 Toglie, S’Ella Più Resta
3.7 Chi Seguir Vuol La Costanza
3.8 Servilia: Tu Qui Resti
3.9 Non Mi Vuoi Con Te
3.10 Signora: D’Ogni Intorno
3.11 Brutta Cosa È Far La Spia
3.12 Bella Vitellia
3.13 A Te Sarò Fedele
3.14 No Che Non Vedrà Roma
3.15 Padre, Tito, Signor, A Queste Labbra
3.16 Ingrato Manlio, Ascolta
3.17 Ti Lascierei Gl’Affetti Miei
3.18 O Tu, Che Per Alcide
3.19 Sempre Copra Notte Oscura
3.20 Servilia Viene
3.21 Sinfonia Funebre
3.22 E Qui Servilia?
3.23 Viva Il Martre Del Tebro
3.24 Doppo Sì Rei Disastri
3.25 Non Morì Manlio
3.26 Sparì Già Dal Petto
3.27 Tu Dormi In Tante Pene

Rosa Dominguez (Mezzo-Soprano)
Sergio Foresti (Baritone)
Thierry Grégoire (Counter-Tenor)
Nicky Kennedy (Soprano)
Elisabeth Scholl (Soprano)
Lucia Sciannimanico (Mezzo-Soprano)
Bruno Taddia (Baritone)
Modo Antiquo (Early Music Ensemble)
Federico Maria Sardelli (Conductor)
Davide Livermore (Director)

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Tito Mânlio Torquato condena seu próprio filho à morte.

PQP

Igor Stravinsky (1882-1971): A Sagração da Primavera / O Rouxinol (Craft)

Igor Stravinsky (1882-1971): A Sagração da Primavera / O Rouxinol (Craft)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Será um exagero meu? Sinceramente, acho que não. Este registro de Robert Craft (1923-2015) é, na minha opinião, o melhor que ouvi até hoje da Sagração da Primavera. OK, tem a gravação do Esa-Pekka Salonen que é também extraordinária. E não é por Craft ter sido amigo de Igor e de ter escrito livros sobre ele. Achei a gravação insuperável. Por falar nisto: já ouviram falar em Stravinsky: Crônica de uma amizade, de Robert Craft, Difel, 2002, tradução de Eduardo Francisco Alves, 760 páginas, com ilustrações? No livro, Craft traça um retrato completo de Stravinsky, como compositor, pessoa, marido e celebridade amante do jet set. A versão de Craft é selvagem e agressiva como deve ser. A gente pode ter uma ideia do pasmo dos parisienses elegantes quando estreia da peça. Ah, gravação extraordinária da Naxos.

Igor Stravinsky (1882-1971): A Sagração da Primavera / O Rouxinol (Craft)

Le sacre du printemps (1913 version)
1. Part I (Adoration of the Earth): Introduction 00:03:19
2. Part I (Adoration of the Earth): The Augurs of Spring / Dances of the Young Girls 00:03:14
3. Part I (Adoration of the Earth): Ritual of Abduction 00:01:19
4. Part I (Adoration of the Earth): Spring Rounds 00:03:09
5. Part I (Adoration of the Earth): Ritual of the Rival Tribes 00:03:10
6. Part I (Adoration of the Earth): Dance of the Earth 00:01:18
7. Part II (The Sacrifice): Introduction 00:03:31
8. Part II (The Sacrifice): Mystic Circles of the Young Girls 00:03:08
9. Part II (The Sacrifice): Glorification of the Chosen One 00:01:37
10. Part II (The Sacrifice): Evocation of the Ancestors 00:00:41
11. Part II (The Sacrifice): Ritual Action of the Ancestors 00:02:58
12. Part II (The Sacrifice): Sacrificial Dance 00:04:34

London Symphony Orchestra
Robert Craft, conductor

The Nightingale (Le rossignol)
13. Scene 1 (The Forest at Dawn): Introduction 00:03:05
14. Scene 1 (The Forest at Dawn): Fisherman 00:03:32
15. Scene 1 (The Forest at Dawn): Nightingale’s Aria 00:03:01
16. Scene 1 (The Forest at Dawn): Chamberlain, Bonze, Cook, Courtiers 00:02:50
17. Scene 1 (The Forest at Dawn): Second Entrance of the Nightingale 00:00:47
18. Scene 1 (The Forest at Dawn): Chamberlain and Bonze 00:00:24
19. Scene 1 (The Forest at Dawn): Nightingale’s Second Aria 00:00:44
20. Scene 1 (The Forest at Dawn): Chamberlain and Bonze 00:00:52
21. Scene 1 (The Forest at Dawn): Fisherman 00:01:26
22. Scene 2 (The Porcelain Palace of the Chinese Emperor): Prelude 00:01:27
23. Scene 2 (The Porcelain Palace of the Chinese Emperor): Cook 00:00:20
24. Scene 2 (The Porcelain Palace of the Chinese Emperor): Prelude (reprise) 00:00:22
25. Scene 2 (The Porcelain Palace of the Chinese Emperor): Chinese March 00:03:10
26. Scene 2 (The Porcelain Palace of the Chinese Emperor): Chamberlain 00:00:14
27. Scene 2 (The Porcelain Palace of the Chinese Emperor): Song of the Nightingale 00:04:12
28. Scene 2 (The Porcelain Palace of the Chinese Emperor): The Japanese Envoys 00:01:18
29. Scene 2 (The Porcelain Palace of the Chinese Emperor): The Mechanical Nightingale 00:00:59
30. Scene 2 (The Porcelain Palace of the Chinese Emperor): The Emperor, Chamberlain, Courtiers 00:00:59
31. Scene 2 (The Porcelain Palace of the Chinese Emperor): Chinese March (reprise) 00:00:50
32. Scene 2 (The Porcelain Palace of the Chinese Emperor): Fisherman 00:00:59
33. Scene 3 (The Emperor’s Bedchamber): Prelude 00:02:43
34. Scene 3 (The Emperor’s Bedchamber): Chorus of Ghosts, Emperor 00:01:08
35. Scene 3 (The Emperor’s Bedchamber): Nightingale 00:02:12
36. Scene 3 (The Emperor’s Bedchamber): Death and the Nightingale 00:01:29
37. Scene 3 (The Emperor’s Bedchamber): Nightingale’s Aria 00:01:25
38. Scene 3 (The Emperor’s Bedchamber): Emperor and Nightingale 00:01:41
39. Scene 3 (The Emperor’s Bedchamber): Funeral Procession 00:01:14
40. Scene 3 (The Emperor’s Bedchamber): Fisherman 00:01:06

Trifonova, Olga, soprano
Tear, Robert, tenor
Longworth, Pippa, soprano
Whelan, Paul, bass-baritone
Richardson, Stephen, bass
Greenan, Andrew, baritone
Burgess, Sally, alto
Hall, Peter, tenor
Preece, Simon, bass
London Voices
Philharmonia Orchestra
Craft, Robert, Conductor

Total Playing Time: 01:16:27

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Meu amigo Craft nunca negou fogo, que baita execução!
Meu amigo Craft nunca negou fogo, que baita execução!

PQP

Cecilia Bartoli e os castrati: Sacrificium (2009)

Cecilia Bartoli e os castrati: Sacrificium (2009)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

1. É CD para ser comprado. Ele vem acompanhado de um livrinho de 108 páginas chamado “A-Z of the castrato”, além de 3 bônus tracks que não tenho aqui. Já encomendei o meu.

2. Cecilia Bartoli não é mais uma dessas divas que ficam pegando repertórios mais ou menos óbvios para (re)lançar em suas coletâneas. Ela transformou tais discos em obras de arte. E de tese.

3. Ela é a campeã dentre as mezzo. Este CD vendeu 500.000 cópias nos primeiros 30 dias depois do lançamento. E ela não está cantando Abba nem K-pop, está cantando música rara, de primeira linha, acompanhada de um conjunto fantástico que utiliza instrumentação original. Ou seja, não há embuste ou concessão.

4. Ela é a campeã porque canta divinamente. Ela não sai em revistas de moda, não mostra o umbigo em decotes e passaria desapercebida na rua (apesar de eu achá-la linda).

5. Ela não canta óperas de Wagner. Alega não ter alcance. Não é a mulher perfeita???

6. Ah, a edição de luxo, a das 109 páginas + bonus CD, só importando. Reclamações noutro guichê.

Deixemo-la explicar o CD:

Vejam a louca entrando no palco… (e depois cantando):

E mais um:

Bem, o CD é sobre os castrati, meninos de boa voz que eram castrados a fim de mantê-la intacta. A esmagadora maioria não vingava e acabava prostituída nas ruas. A igreja, na época, impedia as mulheres de cantarem em seus atos religiosos e, bem, alguém tinha que fazer os agudos, né? Mas a absurda história destes mutilados está disponível em todo o lugar. O que me interessa é dizer que trata-se de mais um esplêndido trabalho da cantora preferida das gentes: Cecilia Bartoli.

Cecilia Bartoli — Sacrificium (2009)

1. Nicola Porpora – Come nave in mezzo [ 4:05] allonde [Siface] [ ]
2. Antonio Caldara – Profezie di me diceste [ 7:38] [Sedecia] [ ]
3. Francesco Araia – Cadro ma qual si mira [ 6:16] [Berenice] [ ]
4. Nicola Porpora – Parto ti lascio o cara [10:48] [Germanico in Germania] [ ]
5. Nicola Porpora – Unsignolo sventuratom [ 5:12] [Siface] [ ]
6. Carl Heinrich Graun – Misero pargoletto [10:08] [Demofoonte] [ ]
7. Nicola Porpora – In braccio a mille furie [ 2:52] [Semiramide riconosciuta] [ ]
8. Leonardo Leo – Qual farfalla [Zenobia in [ 5:29] [Palmira] [ ]
9. Nicola Porpora – Nobil onda [Adelaide] [ 4:56]
10.Carl Heinrich Graun – Deh tu bel Dio [ 3:43] damore [Adriano in Siria] [ ]
11.Leonardo Vinci – Chi temea Giove regnante [ 6:20] [Farnace] [ ]
12.Antonio Caldara – Quel buon pastor son io [10:29] [La morte dAbel fugura di quella…] [ ]

Cecilia Bartoli
Il Giardino Armonico
Giovanni Antonini

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O Ministério da Saúde adverte…

PQP

Kurt Weill (1900 – 1950): Die sieben Todsünden (Os sete pecados capitais), Die Dreigroschenoper (Ópera dos três vinténs) (London Symphony Orchestra, Tilson Thomas)

Kurt Weill (1900 – 1950): Die sieben Todsünden (Os sete pecados capitais), Die Dreigroschenoper (Ópera dos três vinténs) (London Symphony Orchestra, Tilson Thomas)

Tenho profunda admiração pela obra de Bertolt Brecht, talvez o maior dramaturgo do século XX. Obras como Mãe Coragem, Galileu, Ópera dos Três Vinténs, Ascensão e queda da cidade de Mahagony são clássicos que costumo reler e ouvir neste período de vacas magras do mundo teatral. Mas o nome de Brecht é indissociável do compositor Kurt Weill. A dupla foi uma sensação na Alemanha e em outros países da Europa na década de 1920, e algumas de suas canções tornaram-se célebres na America como, por exemplo, “Alabama Song” e “Ballad of Mack the Knife”. Mas “Die Dreigroschenoper” (ópera dos três vinténs) foi sem dúvida o maior sucesso da dupla. Escrita em 1928, a peça recebeu milhares de apresentações na Alemanha e logo por todo o mundo. Ganhou uma versão cinematográfica pouco depois, em 1931. O filme dirigido por Georg Pabst é uma beleza. Não sei se é possível encontrar este filme em DVD no Brasil, mas é um clássico obrigatório. A sensação após o filme é muito estranha: ver uma Alemanha tão despudorada, irônica, criativa e ainda influenciadora do mundo artístico, cair, anos depois, num retrocesso trágico que só agora, várias décadas depois, parece mudar (falo apenas do recente e ótimo cinema alemão, pois nas outras artes não tenho conhecimento de nada).

Mas na verdade posto aqui apenas a versão da “Ópera dos Três Viténs” feita pelo próprio Weill para um ensemble de sopros (no futuro pretendo postar a ópera completa). No entanto esta pequena suíte é tão prazerosa que vai entreter todos os ouvintes da boa música. Ótima mistura das estruturas clássicas com a música de cabaret alemão.

A outra fantástica obra presente aqui é a ópera-ballet Die sieben Todsünden (Os Sete Pecados Capitais), parceria também com Brecht. Essa peça foi escrita em 1933, logo após a fuga de Kurt Weill da alucinação nazista na Alemanha. Cada movimento desta pequena ópera trata um determinado pecado capital no qual passa a heroína, Anna (aliás, interpretada esplendidamente por Julia Migenes). A história se passa nos Estados Unidos e conta basicamente as aventuras de uma garota a procura de trabalho. Ela sonha em comprar uma casinha pra sua família próxima do rio Mississipi. Mas de cidade em cidade, Anna vive um pecado diferente. Mas isso feito por Brecht-Weill de maneira muito irônica e divertida.

A gravação é ótima e já ouvida umas 300 vezes por mim.

Kurt Weill (1900 – 1950): Die sieben Todsünden (Os sete pecados capitais), Die Dreigroschenoper (Ópera dos três vinténs) (London Symphony Orchestra, Tilson Thomas)

The Seven Deadly Sins
Prologue 3:20
Sloth 4:28
Pride 4:29
Anger 4:07
Gluttony 3:30
Lust 5:15
Avarice 2:58
Envy 4:17
Epilogue 1:29

Little Threepenny Music
Overture 1:56
The Ballad Of Mack The Knife 1:57
The Instead-Of-Song 1:54
The Ballad Of The Easy Life 3:08
Polly’s Song 2:45
Tango-Ballad 2:45
Cannon Song 2:35
Threepenny Finale 4:13

Performed by London Symphony Orchestra
with Julia Migenes, Robert Tear, Alan Opie, Stuart Kale, Roderick Kennedy
Conducted by Michael Tilson Thomas

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Weill, Lotte Lenya e Brecht

CDF

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Lady Macbeth de Mzensk (Chung)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Lady Macbeth de Mzensk (Chung)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Myung-Whun Chung e sua trupe fazem um monumental trabalho nesta versão da segunda e última ópera de Shostakovich.

Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk é uma ópera em quatro atos de Dmitri Shostakovitch. O libreto é inspirado na novela de mesmo nome publicada em 1865 por Nikolai Leskov. Ambientada na Rússia do século XIX, conta a história de uma mulher casada e solitária, Katerina Lvovna Ismailova, que se apaixona por outro homem e termina cometendo assassinatos. O argumento é sombrio, com bastante violência e sexo. O título faz referência a Lady Macbeth, a anti-heroina da tragédia shakespeareana Macbeth (1606).

A estreia ocorreu em 1934 em Leningrado (São Petersburgo) com enorme sucesso de público e crítica. Nos anos seguintes foi encenada nos palcos de todo o mundo. A ópera, porém, tornou-se mais famosa ainda pela intervenção das autoridades soviéticas: em 1936, funcionários do governo comunista – incluindo Josef Stálin – assistiram a uma apresentação no Teatro Bolshoi. Na edição de 28 de janeiro do jornal Pravda foi publicada uma severa crítica que descrevia a ópera como “ruído ao invés de música”, entre outras coisas (Stálin teria chamado a ópera de uma pornofonia). Frente a essa denúncia, Shostakovitch passou a temer por sua liberdade artística e até por sua vida, e em 1937 escreveu sua Quinta Sinfonia em um tom muito mais convencional, descrita pelo próprio artista como “a resposta de um artista soviético a uma crítica justa”.

Esta foi a última ópera de Shostakovich. Nos anos 60, ele a revisou, suprimindo as partes mais quentes. Atualmente, porém, a composição original é a mais executada, claro.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Lady Macbeth de Mzensk (Chung)

01. Akh, Ne Spitsya Bol’se, Poprobuyu
02. Gribli Segodnya Budut?
03. Govori/ Zacem Ze Ti Uyezzayes’, Khozyain/ Vot, Papa, Posmotri/ Proscay, Katerina…
04. Interlude
05. Ay! Ay! Ay! Ay, Besstiziy, Oy, Ne Scipli/ Otpustite Babu
06. Mnogo Vi, Muziki, O Sebe Vozmectali/ Cto Eto?
07. Interlude
08. Spat’ Pora. Den’ Prosol
09. Zerebyonok K Kobilke Toropitsya
10. Kto Eto, Kto, Kto Stucit?/ Proscay/ Uydi Ti, Radi Boga, Ya Muznyaya Zena
11. Cto Znacit Starost’: Ne Spitsya
12. Proscay, Katya, Proscay!/ Stoy! Gde Bil?/ Smotri, Katerina, Zanyatnoye Zrelisce
13. Ustal – Prikazete Mne Postegat?/ Progolodalsya Ya
14. Vidno, Skoro Uz Zarya. Ekh!/ Gde Tut Umirayut?/ Batya, Ispovedat’sya/ …
15. Interlude

01. Sergey, Seryoza! Vsyo Spit
02. Opyat’ Usnul/ Katerina L’vovna, Ubiyca!/ Nu? Cego Tebe?/ Andante(Orchestra)
03. Slusay, Sergey, Sergey!/ Katerina! – Kto Tam?/ Teper’ Sabas
04. Cto Ti Tut Stois?/ U Menya Bila Kuma/ Interlude
05. Sozdan Policeyskiy Bil Vo Vremya Ono/ U Izmaylovoy Seycas Pir Goroy/ Vase Blagorodiye!/ …
06. Interlude
07. Slava Suprugam, Katerine L’vovne I Sergeyu Filippicu, Slava!/ Nikogo Net Krase Solnca V Nebe?/ …
08. Vyorsti Odna Za Drugoy Dlinnoy Polzut Verenicey
09. Stepanic! Propusti Menya
10. Ne Legko Posle pocota Da Poklonov Pered Sudom Stoyat
11. Moyo Pocten’ Ye!/ Dostanu! Katya!/ Is, Zver’!/ Adagio
12. V Lesu, V Samoy Casce, Yest’ Ozero/ Znayes Li, Sonetka, Na Kogo S Toboy Mi Pokhozi?
13. Vstavay! Po Mestam! Zivo!

Maria Ewing
Elena Zaremba
Aage Haugland
Sergei Larin
Philip Landridge
Carlos Alvarez
Philippe Duminy
Anatoly Kotcherga
Johann Tilli
Bastille Opera Orchestra
Myung-Whun Chung, regente

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Maria Ewing não é nenhuma Galina Vishnevskaya, mas faz uma Lady Macbeth de primeira linha.
Maria Ewing não é nenhuma Galina Vishnevskaya, mas faz uma Lady Macbeth de primeira linha.

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Christoph Willibald Gluck (1714-1787): Orfeu e Eurídice (completa) (Baltsa, Marshall, Gruberova, Philharmonia Orchestra, Muti)

Christoph Willibald Gluck (1714-1787): Orfeu e Eurídice (completa) (Baltsa, Marshall, Gruberova, Philharmonia Orchestra, Muti)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

(Atendendo, mais de uma década depois, os desesperados pedidos).

Posto para vocês a extraordinária ópera Orfeu e Eurídice de Gluck. Como estou com reais dificuldades de tempo, vou copiar aqui dois textos: o primeiro sobre Gluck e o segundo sobre a ópera:

Christoph Willibald Ritter von Gluck (2 July 1714 Erasbach, Upper Palatinate – 15 November 1787 in Vienna) was an opera composer of the early classical period. After many years at the Habsburg court at Vienna, Gluck brought about the practical reform of opera’s dramaturgical practices that many intellectuals had been campaigning for over the years. With a series of radical new works in the 1760s, among them Orfeo ed Euridice and Alceste, he broke the stranglehold that Metastasian opera seria had enjoyed for much of the century.

The strong influence of French opera in these works encouraged Gluck to move to Paris, which he did in November 1773. Fusing the traditions of Italian opera and the French national genre into a new synthesis, Gluck wrote eight operas for the Parisian stages. One of the last of these, Iphigénie en Tauride, was a great success and is generally acknowledged to be his finest work. Though he was extremely popular and widely credited with bringing about a revolution in French opera, Gluck’s mastery of the Parisian operatic scene was never absolute, and after the poor reception of his Echo et Narcisse, he left Paris in disgust and returned to Vienna to live out the remainder of his life.

Fonte: nem deus sabe.

Orfeu e Eurídice foi a primeira de três óperas conhecidas como as óperas da reforma, onde Gluck, em parceria com Calzabigi, procurou, através da “nobreza da simplicidade” da acção e da música, substituir os complicados enredos e os floreados musicais que se tinham apoderado da Ópera Séria.

A verdade é que Gluck já tinha composto numerosas óperas na estética convencional de Metastasio. Assim, a parceria com Calzabigi, proporcionava-lhe uma oportunidade quase única para se pôr em prática uma nova concepção do teatro musical: mais sóbrio e mais dramático, e que se aproximasse da unidade da tragédia grega.

Orfeu e Eurídice estreia com enorme sucesso, no dia 5 de Outubro de 1762 e tornou-se na obra mais popular de Gluck.

Já traduzida em música por compositores como Monteverdi e Peri, esta é a história de como Orfeu traz de volta Eurídice para o mundo dos vivos. Enfrenta os infernos para recuperar a amada, com a imprescindível ajuda da música-apaziguadora de almas atormentadas.

Apesar do enorme sucesso que foi a estreia de Orfeu e Eurídice em 1762, a partir do ano seguinte até 1769, a ópera nunca mais foi interpretada.

A recuperação desta obra surge pelas mãos do próprio Gluck, quando a dirige, de novo, em Parma. Fazia parte de um tríptico – La Feste d’Apollo – onde Orfeu e Eurídice foi apresentada sem um único intervalo e com a parte destinada ao castrado contralto transposta para um castrado soprano.

Depois, em 1774, Gluck submete a partitura a mais uma revisão para ser posta em cena na Academia Real de Música de Paris: transpõe e adapta o papel de Orfeu para a voz de haute-contre – muito em voga na altura em França, sobretudo para a interpretação de papéis heróicos; altera a orquestração para a tornar mais grandiosa; inclui novas peças, vocais e instrumentais; e encomenda um novo libreto para ser cantado em francês.

Sinopse

I Acto

No primeiro acto, após um breve prelúdio, a cortina ergue-se por cima do túmulo de Eurídice. Orfeu chora a perda da amada, rodeado pelos seus amigos.

Aparece então o Cupido que traz uma mensagem: sensibilizados com a dor de Orfeu, os deuses autorizam-no a descer aos infernos para trazer Eurídice. Mas há uma condição: Orfeu não pode olhar para a amada antes estar de volta sob um céu mais clemente.

II Acto

Orfeu é acolhido nos infernos pelas Fúrias e pelo Cérbero, o cão das três cabeças de Hades. Perante o perigo, Orfeu começa a cantar, fazendo-se acompanhar pela sua lira e consegue apaziguar estes terríveis guardiães. Assim, chega à morada das sombras felizes onde encontra Eurídice. Toma-a pela mão, sem a olhar para ela directamente, e pede-lhe que volte com ele.

III Acto

Euridice não compreende porque é que Orfeu não olha para ela uma única vez. Atribui a atitude à frieza de espírito e não dá oportunidade a Orfeu para se explicar. É então, que depois de muito censurado, Orfeu perde a paciência e se volta para ela. Como consequência Eurídice cai inanimada – uma das cenas mais aguardadas de toda a ópera, à qual se segue a ária “Che farò senza Euridice?”, cantada por Orfeu desesperado. Surge de novo o Cupido. Orfeu provou merecer Eurídice, por isso é-lhe restituída a vida.

Na última cena, no templo do Cupido, Orfeu, Eurídice e Cupido unem as suas vozes às dos pastores e cantam os mistérios e a força do amor.

Fonte: esta.

Christoph Willibald Gluck (1714-1787): Orfeu e Eurídice (completa) (Baltsa, Marshall, Gruberova, Philharmonia Orchestra, Muti)

01. Overtura
02. Ah ! se intorno a ques’ urna funesta
03. Basta, basta, o compagni!
04. Ballo
05. Ah! se intorno a quest’ urna funesta 2
06. Chiamo, il mio ben cosi
07. Numi! barbari Numi!
08. T’assiste Amore!
09. Gli sguardi trattieni
10. Che disse Che ascoltai
11. Ballo – Chi mai dell’Erebo
12. Deh! placatebi con me
13. Misero giovane!
14. Mille pene, ombre moleste
15. Ah quale incognito
16. Ballo 3
17. Che puro ciel!
18. Vieni a’regni del riposo
19. Ballo 4
20. Anime avventurose
21. Torna, o bella

01. ATTO III SCENA 1 Vieni, segui i miei passi
02. Vieni, appaga il tuo consorte! (Orfeo,Euridice)
03. Qual vita e questa mai
04. Che fiero momento! (Euridice)
05. Ecco un nuovo tormento! (Orfeo, Euridice)
06. Che faro senza Euridice
07. Ah finisca e per sempre (Orfeo)
08. ATTO III SCENA 2 Orfeo, che fai (Amore, Orfeo, Euridice)
09. ATTO III SCENA 3 Introduzione
10. Ballo I
11. Ballo II
12. Ballo III
13. Ballo IV (Orchestra)
14. Trionfi Amore! (Orfeo,Coro,Amore,Euridice)

Agnes Baltsa
Margaret Marshall
Edita Gruberova
Ambrosian Opera Chorus
John McCarthy
Philharmonia Orchestra
Riccardo Muti

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Muti, um dos grandes

PQP

G. F. Handel (1685-1759): Ariodante (Minkowski)

G. F. Handel (1685-1759): Ariodante (Minkowski)

Considerada a ópera mais perfeita de Handel, Ariodante apresenta algumas das árias mais emblemáticas do repertório barroco. Tem três atos, com libreto anônimo em italiano, baseado na obra de Antonio Salvi. A estreia foi realizada no Covent Garden, Londres, em 8 de janeiro de 1735. Apesar do sucesso inicial, caiu no esquecimento por mais de duzentos anos. Uma edição da partitura foi publicada no início dos anos 1960, a partir da Hallische Händel Ausgabe. Na década de 1970, o trabalho foi relançado e voltou ao repertório regular de óperas barrocas. Inspirado no Orlando furioso de Ariosto, o libreto nos transporta para a Escócia medieval, onde o amor entre o cavaleiro Ariodante e Ginevra é frustrado pelas intrigas sombrias de Polinesso. Mas uma reviravolta final salvará o herói do desespero e da cegueira, num inesperado final feliz…

G. F. Handel (1685-1759): Ariodante (Minkowski)

Ouverture
1-1 (Without Tempo Indication) 3:25
1-2 (Without Tempo Indication) 1:40

Atto Primo
Scena 1
1-3 Vezzi, Lusinghe, E Brio 2:21
1-4a Ami Dunque, O Signore? 0:50

Scena 2
1-4b Ginevra?/ Tanto Ardire?
1-5 Orrida Agli Occhi Miei 2:14

Scena 3
1-6 Orgogliosa Beltade! 0:28
1-7 Apre Le Luci 3:15

Scena 4
1-8 Mie Spiranze, Che Fate? 0:26
1-9 Coperta La Frode 3:31

Scena 5
1-10 Qui D’Amor, Nel Suo Linguaggio? 2:10
1-11 T’Amerò Dunque Sempre, Idolo Mio 0:41
1-12 Prendi Da Questa Mano 1:36

Scena 6
1-13 Non Vi Turbate 1:13
1-14 Volate, Amori 3:30

Scena 7
1-15 Vanne Pronto, Odoardo 0:39
1-16 Voli Colla Sua Trombra 3:41

Scena 8
1-17 Oh! Felice Mio Core! 0:11
1-18 Con L’Ali Di Costanza 6:16

Scena 9
1-19 Conosco Il Merto Tuo, Cara Dalinda 1:25
1-20 Spero Per Voi, Si, Si 3:26

Scena 10
1-21 Dalinda, In Occidente 0:32
1-22 Del Mio Sol Vezzosi Rai 4:41

Scena 11
1-23 Ah! Che Quest’Alma Amante 0:11
1-24 Il Primo Ardor 3:02

Scena 12
1-25a Pare, Ovunque Mi Aggiri 0:44

Scena 13
1-25b E Qual Propizia Stella
1-26 Sinfonia 0:45
1-27 Se Rinasce Nel Mio Cor 1:05
1-28 Si Godete Al Vostro Amor 0:54
1-29 Gavotte 0:57
1-30 Musette I: Lentement 2:03
1-31 Musette II: Andante 0:48
1-32 Allegro 1:37
1-33 Si Godete Al Vostro Amor 0:58

Atto Secondo
Scena 1
2-1 Sinfonia 1:10
2-2a Di Dalinda L’Amore 1:36

Scena 2
2-2b Eccolo, O Amico
2-3 Tu, Preperati A Morire 3:48
2-4 Ginevra? / O Mio Signore! 0:24
2-5 Tu Vivi, E Punito 3:14

Scena 3
2-6 E Vivo Ancora? 0:24
2-7 Scherza Infida In Grembo Al Drudo 11:52

Scena 4
2-8 Lo Stral Ferì Nel Segno 0:35
2-9 Se Tanto Piace Al Cor 3:02

Scena 5
2-10 Felice Fu Il Mio Inganno 0:12
2-11 Se L’ Inganno Sortisce Felice 3:55

Scena 6
2-12 Andiam, Fidi, Al Consiglio 1:21
2-13 Invida Sorte Avara 5:32

Scena 7
2-14 Mi Palpita Il Core 2:12
2-15a Sta’ Lieta, O Principessa! 2:24

Scena 8
2-15b Mio Re! / Lurcanio! Oh Dei!
2-16 Il Tuo Sangue, Ed Il Tuo Zelo 3:47

Scena 9
2-17 Quante Sventure Un Giorno 0:22

Scena 10
2-18 A Me Impudica? 2:08
2-19 Il Mio Crudel Martoro 9:25
2-20 Entrée Des Songes Agréables 1:55
2-21 Entrées Des Songes Funestes 1:31
2-22 Entrée Des Songes Agréables Effrayés 0:50
2-23a Combat Des Songes Funestes Et Agréables 1:42
2-23b Che Vidi? Oh Die!

Atto Terzo
Scena 1
3-1 Numi! Lasciarmi Vivere 1:43
3-2 Perfidi! Io Son Tradita! 1:17
3-3 Cieca Notte, Infidi Sguardi 6:09

Scena 2
3-4 Ingrato Polinesso! 0:15
3-5 Neghittosi, Or Voi Che Fate? 2:32

Scena 3
3-6 Sire, Deh, Non Negare 0:28
3-7 Dover, Giustizia, Amor 3:06
3-8a Or Venga A Me La Figlia 1:13

Scena 4
3-8b Ecco La Figlia / Padre: Ahi, Dolce Nome!
3-9 Io Ti Bacio, O Mano Augusta 3:20
3-10 Figlia, Da Dubbia Sorte 0:33
3-11 Al Sen Ti Stringo, E Parto 3:37

Scena 5
3-12 Così Mi Lascia Il Padre? 0:22
3-13 Si, Morrò 1:28
3-14a Sinfonia 2:40

Scena 6
3-14b Arrida Il Cielo Alla Giustizia

Scena 7
3-14c Ferma, Signor

Scena 8
3-14d E Dalinda Dov’è?
3-15 Dopo Notte, Atra E Funesta 6:45

Scena 9
3-16 Dalinda! Ecco Risorge 0:26
3-17 Dite Spera, E Son Contento 4:29

Scena 10
3-18 Da Dubbia Infausta Sorte 0:50
3-19a Manca, Oh Dei! 1:20

Scena 11
3-19b Sinfonia
3-20 Figlia! Innocente Figlia! 1:07
3-21 Bramo Aver Mille Vite 4:28

Scena Ultima
3-22 Ognuno Acclami Bella Virtute 2:00
3-23 (Balletto) 1:17
3-24 Rondeau 0:48
3-25 Sa Trionfar Ognor Virtute In Ogni Cor 1:36

Ariodante: Anne Sofie von Otter
Ginevra: Lynne Dawson
Polinesso: Ewa Podles
Dalinda: Verónica Cangemi
Lurcanio: Richard Croft
Il Re di Scozia: Denis Sedov
Odoardo: Luc Coadou

Les Musiciens du Louvre
dir. Marc Minkowski

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G. F. Handel: Feioso, né?
G. F. Handel: Feioso, né?

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W. A. Mozart (1756-1791): Don Giovanni (Jacobs)

W. A. Mozart (1756-1791): Don Giovanni (Jacobs)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O que posso dizer de um Don Giovanni com a Orquestra Barroca de Freiburg sob a regência de René Jacobs? Eu achei que nem precisava ouvi-lo para entregar-me a Don Juan, mas ouvi e o resultado foi o esperado. Entreguei-me a ele desde os primeiros compassos. Olha, é tão bom que nem parece ópera, ops, melhor dizendo, este Don Giovanni pode ser ouvido como se fosse um concerto sem maiores problemas.

Anos atrás, Maria Callas — que não era exatamente uma débil mental –, criticou os artistas que costumam cantar e tocar Mozart como se estivessem nas “pontas dos pés”. René Jacobs obedece à diva: disse que seus cantores deviam usar “apenas a voz”. O resultado são 3 CDs de música onde a gente não precisa pular os recitativos. Os personagens estão plenamente desenvolvidos, com o conjunto instrumental fornecendo o suporte perfeito para a ação. É um verdadeiro drama musical: às vezes suave, às vezes bombástico, às vezes hilariante, às vezes austera e terrível, cheia daqueilo que o século XVIII chamava de “Sturm und Drang”. Ponto.

W. A. Mozart (1756-1791): Don Giovanni

Disc: 1
1. Ouvertura
2. No.1 Introuzione: Notte E Giorno Faticar
3. Recitativo: Leporello, Ove Sei?
4. Recitativo: Ah Del Padre In Periglio/No.2 Recitativo Accomp.: Ma Qual Mai S’offre, O Dei
5. Duetto: Fuggi, Crudele, Fuggi!
6. Recitativo: Orsu, Spicciati Presto
7. No.3 Aria: Ah Chi Mi Dice Mai
8. Recitativo: Chi E La?
9. No.4 Aria: Madamina, Il Catalogo E Questo
10. Recitativo: In Questa Forma Dunque
11. No.5 Coro: Giovinette Che Fate All’amore
12. Recitativo: Manco Male E Partita
13. No.6 Aria: Ho Capito, Signor Si
14. Recitativo: Alfin Siam Liberati
15. No.7 Duettino: La Ci Darem La Mano
16. Recitativo: Fermati Scellerato
17. No.8 Aria: Ah Fuggi Il Traditor
18. Recitativo: Mi Par Ch’oggi Il Demonio Si Diverta
19. Recitativo: Ah Ti Ritrovo Ancor/No.9 Quartetto: Non Ti Fidar, O Misera
20. Recitativo: Povera Sventurata!
21. No.10 Recitativo Accomp.: Don Ottavio, Son Morta!
22. Aria: Or Sai Chi L’onore
23. Recitativo: Come Mai Creder Deggio
24. No.10a Aria: Dalla Sua Pace

Disc: 2
1. Recitativo: Lo Deggio Ad Ogni Patto
2. No.11 Aria: Fin Ch’han Dal Vino
3. Recitativo: Masetto: Senti Un Po’
4. No.12 Aria: Batti, Batti, O Bel Masetto
5. Recitativo: Guarda Un Po’ Come Seppe
6. No.13 Finale: Presto Presto Pria Ch’ei Venga/Su Svegliatevi, Da Bravi
7. Tra Quest’arbori Celeta
8. Bisogna Aver Coraggio
9. Riposate, Vezzose Ragazze
10. No.14 Duetto: Eh Via Buffone
11. Recitativo: Leporello/Signore
12. No.15 Terzetto: Ah Taci, Ingiusto Core
13. Recitativo: Amico, Che Ti Par?/Recitativo: Eccomi a Voi!
14. No.16 Canzonetta: Deh Vieni Alla Finestra
15. Recitativo: V’e Gente Alla Finestra!/Recitativo: Non Ci Stanchiamo
16. No.17 Aria: Meta Di Voi Qua Vadano
17. Recitativo: Zitto! Lascia Ch’io Senta/Ahi Ahi! La Testa Mia!
18. No.18 Aria: Vedrai, Carino
19. Recitativo: Di Molte Faci Il Lume
20. No.19 Sestetto: Sola Sola In Buio Loco/Ferma, Briccone

Disc: 3
1. Recitativo: Dunque Quello Sei Tu/Recitativo: Ah Pieta…/Recitativo: Ferma, Perfido, Ferma…
2. Recitativo: Restati Qua!
3. No.21a Duetto: Per Queste Tue Manine
4. Recitativo: (Amico…) Guarda Un Po’come Stretto
5. Recitativo: Andiam, Andiam, Signora
6. No.21b Recitativo Accompagnato: In Quali Eccessi, O Numi
7. Aria: Mi Tradi Quell’alma Ingrata
8. Recitat.: Ah Ah Ah Ah, Questa E Buona
9. No.22 Duetto: O Statua Gentillissima
10. Recitativo: Calmatevi, Idol Mio
11. No.23 Recitativo Accompagnato: Crudele! Ah No, Mio Bene!
12. Rondo: Non Mi Dir, Bell’idol Mio
13. Recitativo: Ah, Si Segua Il Suo Passo
14. No.24 Finale: Gia La Mensa E Preparata
15. L’ultima Prova
16. Don Giovanni, a Cenar Teco
17. Ah Dove E Il Perfido
18. Recitativo: Dunque Quello Sei Tu
19. No.20 Aria: Ah Pieta, Signori Miei
20. Recitativo: Ferma, Perfido, Ferma
21. No.21 Aria: Il Mio Tesoro Intanto

Johannes Weisser, Don Giovanni
Lorenzo Regazzo, Leporello
Alexandrina Pendatchanska, Donna Elvira
Olga Pasichnyk, Donna Anna
Kenneth Tarver, Don Ottavio
Sunhae Im, Zerlina
Nikolay Borchev, Masetto
Alessandro Guerzoni, Il Commendatore

Freiburger Barockorchester
RIAS Kammerchor
René Jacobs

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Querida... Meu amor...
Querida… Meu amor…

PQP

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – La Nozze di Figaro, K. 492

Para desespero de nossa querida Clara Schumann, que por algum motivo próprio não suporta a soprano neo-zelandesa Kiri Te Kanawa, trago uma deliciosa versão desta que é considerada por muitos a melhor ópera de Mozart, “La Nozze di Figaro” , ou “As Bodas de Fígaro”. O cast é estelar, comandados pelo grande Samuel Ramey e tendo estrelas do porte de Kiri Te Kanawa, Kurt Moll, Lucia Popp, Frederica Von Stade entre outros.

Sou fâ do maestro húngaro-britânico George Solti, que possui um extenso currículo na área, e será com ele que trarei mais a frente o ciclo do Anel dos Nibelungos.

Mas aqui temos um Mozart delicioso e divertido. Espero que gostem.

Sinopse da ópera pode ser encontrada aqui .

O Libreto pode ser encontrado aqui

Wolfgang Amadeus Mozart – Le Nozze di Figaro, K. 492

CD 1

1. Overture
2. Act 1 – “Cinque… deci… venti…” – “Cosa stai misurando”
3. Act 1 – “Se a caso Madama” – “Or bene, ascolta, e taci”
4. Act 1 – Bravo, signor padrone…Se vuol ballare…Ed aspettaste
5. Act 1 – “La vendetta” – “Tutto ancor non ho perso”
6. Act 1 – “Via resti servita” – “Va là, vecchia pedante”
7. Act 1 – Non so più…Ah, son perduto!
8. Act 1 – Cosa sento!…Basilio, in traccia tosto…Giovani
9. Act 1 – “Non più andrai”
10.Act 2 – Porgi amor…Vieni, cara Susanna
11.Act 2 – “Voi che sapete” – “Bravo! che bella voce!”
12.Act 2 – Venite! Inginocchiatevi…Quante buffonerie!

1.Act 2 – “Che novità!”
2.Act 2 – “Susanna, or via, sortite” – “Dunque, voi non aprite”
3.Act 2 – “Aprite, presto” – “O guarda il demonietto!” – “Tutto è come io lasciai”
4.Act 2 – “Esci, ormai, garzon malnato” – “Susanna!… Signore!”
5.Act 2 – “Signore, di fuori” – “Ah! signore… signor!”
6.Act 2 – “Voi signor, che giusto siete” Jane Berbié
7.Act 3 – “Che imbarazzo è mai questo” – “Via, fatti core”
8.Act 3 – “Crudel! perché finora” – “E perché fosti meco”
9.Act 3 – Hai già vinta la causa!…Vedrò mentr’io sospiro…
10.Act 3 – “Riconosci in questo amplesso” – “Eccovi, o caro amico” – “Andiamo, andiam, bel paggio”

1. Act 3 – E Susanna non vien…Dove sono i biei momenti…Io
2. Act 3 – Cosa mi narri!…Che soave zeffiretto…Piegato è
3. Act 3 – Ecco la marcia…Eh, già, solita usanza
4. Act 4 – L’ho perduta…Barbarina, cos’hai?
5. Act 4 – Il capro e la capretta…Nel padiglione a manca
6. Act 4 – “In quegli anni in cui val poco”
7. Act 4 – “Tutto è disposto” – “Aprite un po’ quegli occhi”
8. Act 4 – Giunse alfin il momento…Deh, vieni, non tardar.
9. Act 4 – Pian pianin le andrò più presso…Tutto è tranquillo
10.Act 4 – “Gente, gente, all’armi”

Lucia Popp, Kiri Te Kanawa, Frederica von Stade, Samuel Ramey,Sir Thomas Allen e Kurt Moll – solistas
London Opera Chorus
London Philarmonic Orchestra
Sir George Solti – Director

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MP3 | 320 KBPS | 386 MB
Solti gostou de saber a opinião da Clara Schumann sobre sua regência das óperas de Mozart

o Penguin Guide rasga a seda: Solti opta por uma proporção justa de velocidades extremas, tanto lentas quanto rápidas, mas elas raramente, se é que alguma vez, interferem na felicidade essencial do entretenimento. Samuel Ramey, um barítono de voz firme, interpreta um Figaro viril, perfeitamente combinado com a mais encantadora das Susannas gravadas, Lucia Popp, que apresenta uma performance brilhante e radiante. Thomas Allen também está magnífico. Kurt Moll como Don Bartolo canta um La vendetta inesquecível. Frederica von Stade é uma Cherubino muito atraente, mas coroando tudo está a Condessa de Kiri TeKanawa.

Aproveite!

Henry Purcell (1659-1695): Dido and Aeneas (MusicAeterna, Teodor Currentzis)

Henry Purcell (1659-1695): Dido and Aeneas (MusicAeterna, Teodor Currentzis)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Você não deve confundir Dido e Enéias com Dildo e Enéias. Dildo é outra coisa. Dido é filha de Mattan I, rei de Tiro, e irmã de Pigmalião, que mandou matar seu primeiro marido, Sicheus, de quem cobiçava a riqueza.

Dido consegue fugir com alguns amigos e partidários, levando consigo as riquezas do marido. Chegam ao local onde Dido resolve ficar e formar sua nova pátria, e pedem que os nativos cedam um pedaço de terra cercado por couro de boi. O pedido é aceito e Dido logo manda cortar o couro de um boi em estreitas tiras e cerca uma extensão onde constrói uma cidade com o nome de Birsa (couro). Em torno dessa cidade começa a se formar outra, Cartago, que logo se torna próspera.

Enéias chega a Cartago com seus troianos depois de um naufrágio. Dido recebe-os muito bem, mostra-se muito hospitaleira já que ela mesma passara por um sofrimento parecido. Dido acaba se apaixonando por Enéias, que se mostra feliz ao ter a oportunidade de parar de uma vez por todas com suas aventurosas peregrinações, recebendo um reino e uma esposa. Passam-se meses e os dois vivem apaixonados. Enéias parece esquecido da Itália e do Império que estava destinado a fundar em suas terras. Quando Júpiter vê essa situação, manda o mensageiro Mercúrio lembrá-lo de sua missão e ordenar que parta imediatamente. Dido, numa tentativa frustrada de convencê-lo a ficar, acaba se apunhalando e se jogando numa pira funerária.

A ópera de Purcell é uma pequena joia, uma das maiores — talvez a maior — músicas compostas por um inglês. O Lamento de Dido e as participações das bruxas são momentos absolutamente notáveis.

Baita disco!

Henry Purcell (1659-1695): Dido and Aeneas (MusicAeterna, Teodor Currentzis)

1. Dido & Aeneas, Ouverture        2:08
2. Dido & Aeneas, Act I: Shake The Cloud        1:08
3. Dido & Aeneas, Act I: Ah! Belinda        4:48
4. Dido & Aeneas, Act I: Grief Increases        0:38
5. Dido & Aeneas, Act I (Chorus): When Monarch Unites        0:13
6. Dido & Aeneas, Act I: Whence Could So Much Virtue        2:08
7. Dido & Aeneas, Act I (Chorus): Fear No Danger        2:20
8. Dido & Aeneas, Act I: See, See        0:54
9. Dido & Aeneas, Act I (Chorus): Cupid Only Throws        0:35
10. Dido & Aeneas, Act I: If Not For Mine        0:24
11. Dido & Aeneas, Act I: Pursue Thy Conquest        0:45
12. Dido & Aeneas, Act I (Chorus): To The Hills        2:32
13. Dido & Aeneas, Act II: Prelude For The Witches        2:31
14. Dido & Aeneas, Act II (Chorus): Harm’s Our Delight        0:15
15. Dido & Aeneas, Act II: The Queen Of Carthage        0:30
16. Dido & Aeneas, Act II: Ho, Ho, Ho        0:10
17. Dido & Aeneas, Act II: Ruin’d Ere The Set Of Sun        0:56
18. Dido & Aeneas, Act II: Ho, Ho, Ho        0:10
19. Dido & Aeneas, Act II: But Ere We This Perform        1:06
20. Dido & Aeneas, Act II (Chorus): In Our Deep Vaulted Cell        2:03
21. Dido & Aeneas, Act II: Echo Dance Of Furies        0:57
22. Dido & Aeneas, Act II: Ritornelle        0:38
23. Dido & Aeneas, Act II: Thanks To These Lonsesome Vales        2:55
24. Dido & Aeneas, Act II: Guitar Chacone        2:32
25. Dido & Aeneas, Act II: Oft She Visits        1:54
26. Dido & Aeneas, Act II: Behold, Upon My Bending Spear        0:37
27. Dido & Aeneas, Act II: Haste, Haste To Town        0:45
28. Dido & Aeneas, Act II: Stay Prince        2:44
29. Dido & Aeneas, Act III: Prelude        1:15
30. Dido & Aeneas, Act III: The Sailor’s Dance        0:51
31. Dido & Aeneas, Act III: See, See The Flags        0:59
32. Dido & Aeneas, Act III: Our Next Motion        0:39
33. Dido & Aeneas, Act III (Chorus): Detruction’s Our Delight        0:29
34. Dido & Aeneas, Act III: The Witches’ Dance        2:09
35. Dido & Aeneas, Act III: Your Counsel        6:07
36. Dido & Aeneas, Act III (Chorus): Great Minds        1:02
37. Dido & Aeneas, Act III: Thy Hand, Belinda        1:03
38. Dido & Aeneas, Act III: Dido’s Lament        4:02
39. Dido & Aeneas, Act III (Chorus): With Drooping Wings        5:32

Recorded At – Novosibirsk Philharmonic Hall
Recorded By – Musica Numeris
Alto Vocals [Choir] – Anna Penkina, Anna Shvedova, Elena Rogoleva, Ludmilla Tukhaeva*, Marina Sokirkina, Marina Tenitilova
Baritone Vocals [Aeneas, Trojan Prince], Soloist – Dimitris Tiliakos
Bass Vocals [Choir] – Alexandre Nazemtsev, Evgeny Ikatov, Gennady Vasiliev, Pavel Palastrov, Sergey Mezentsev, Sergey Tenitilov, Vitaly Polonsky
Choir – The New Siberian Singers*
Chorus Master – Vyacheslav Podyelsky
Composed By [Opera Music] – Henry Purcell
Conductor – Teodor Currentzis
Contrabass – Dilyaver Menametov, Dmitry Rais
Ensemble, Orchestra – MusicAeterna*
Harpsichord [Fred Bettenhausen, 2000, after Rückers-Taskin] – Elena Popovskaya
Lute – Vassily Antipov
Percussion – Dauren Orynbaev, Teodor Currentzis
Soprano Vocals [Belinda, Confidant Of Dido], Soloist – Deborah York
Soprano Vocals [Choir] – Alla Lebedeva, Arina Mirsaetova, Elena Kondratova, Irina Angaskieva, Linda Yarkova, Margarita Mezentseva, Valeria Safonova, Yulia Shats, Yulia Trubina
Soprano Vocals [Dido, Queen Of Carthago], Soloist – Simone Kermes
Tenor Vocals [Choir] – Alexandre Zverev, Dmitry Veselovsky, Sergey Kovalev (3), Stanislav Lukin, Vladimir Sapozhnikov
Theorbo, Guitar [Baroque Guitar] – Arkady Burkhanov
Viola – Dmitry Parkhomenko, Evgeniya Maximova (2), Oleg Zubovich
Viola [Echo] – Nail Bakiev
Viola da Gamba, Soloist – Alexander Prozorov
Violin [1] – Alfiya Bakieva, Inna Prokopeva, Nadezhda Antipova, Natalia Zhuk
Violin [1] [Echo] – Elena Rais
Violin [2] – Elena Yaroslavtseva, Olga Galkina, Yulia Gaikolova
Violin [2] [Echo] – Yulia Gaikolova
Violoncello – Alexander Prozorov, Ekaterina Kuzminykh, Marina Sergeeva
Violoncello [Echo] – Alexander Prozorov
Violoncello [Récits = Stories] – Ekaterina Kuzminykh
Vocals [Enchantress], Soloist – Elena Kondratova, Yana Mamonova
Vocals [Sailor], Soloist – Alexandre Zverev
Vocals [Sorceress], Soloist – Oleg Ryabets
Vocals [Spirit], Soloist – Valeria Safonova
Vocals [Two Women], Soloist – Margarita Mezentseva, Sofia Fomina
Words By [Opera] – Mr. Nahum Tate*

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Giuseppe Verdi (1813-1901): “Il Trovatore” – ópera em quatro atos (Caballé, Arkhipova, Cossutta, Milnes, van Allan, Guadagno)

Giuseppe Verdi (1813-1901): “Il Trovatore” – ópera em quatro atos (Caballé, Arkhipova, Cossutta, Milnes, van Allan, Guadagno)
Cena de “Il Trovatore”, de Verdi – “Arena di Verona”, Itália, 2019.

Se temática e luminosidade se associam em dramaturgia, “Il Trovatore” pode ser considerada uma ópera noturna, pelos elementos sinistros presentes. Especialmente por uma cigana, que teve a mãe condenada à morte, por bruxaria, e criava, como seu, o filho do nobre que perpetrou a condenação…

A vingança da cigana Azucena será tema central. E a progressão do drama remeterá ao entardecer e à noite… Assim, sentimentos de profunda dor, transfigurados em ódio, estarão imersos em sombrias luminosidades… Também aflorará inesperado amor materno, a surpreender Azucena, pelo filho do algoz de sua mãe – a conflituá-la… Além do amor trágico, mas inabalável de Leonora. Tochas e fogueiras serão únicos pontos de luz no entorno dos personagens, típicos de cenário medieval, do interior de castelos e acampamentos…

A música será das mais vigorosas escritas por Verdi. E ao pontuar ambiente violento, o ritmo viril e frenético atravessa a ópera e captura o ouvinte, compensando quaisquer incompreensões do libreto… Por fim, a vigança se efetivará na brutal rivalidade por Leonora, entre irmãos que se desconheciam – na morte de Manrico, “O trovador”, que Azucena criara como filho… “Egl’era tuo fratello!”, sentenciará Azucena ao jovem conde de Luna. E finalizará: “Sei vendicata, o mi madre!”…

E da condenação arbitrária de uma cigana, drama remetia aos conflitos étnicos – às sementes do ódio e da intolerância… Pela primeira vez, Verdi compunha uma ópera sem contrato prévio. Compunha pelo simples desejo de produzir – e segue mistério, como lhe chegou, às mãos, o texto espanhol… Certamente, período de intensa leitura e motivação, após sucessos de “Luisa Miller” e “Rigoletto” – dos novos melodismos e abordagens, que sensibilizavam o público e discutiam o seu tempo…

E apesar da grande música escrita na fase patriótica e seu imenso significado no “Risorgimento”, agora, cada trabalho ganhava individualidade, variedade e encantamento; também cenas e personagens marcantes, que projetavam Verdi entre os maiores operistas!

Motivações

Giuseppe Fortunino Francesco Verdi, músico italiano, 1813-1901, entusiasta do “Risorgimento”.

De volta à Roncole, após sucesso de “Rigoletto”, em Veneza, Verdi planejava nova ópera, então para Nápoles. Para isto, convidou o poeta Salvatori Cammarano, libretista de “Luísa Miller” e “La battaglia di Legnano” – última ópera da fase patriótica…

Verdi tinha carreira consolidada na próspera indústria da ópera – Europa do séc. XIX… E, há vários anos atendendo convites, experimentava processo inverso, primeiro compor e depois definir teatro e elenco adequados. Com amplo domínio da tradição, se permitia novas escolhas e sensação única: integrar a vanguarda e inventar a arte de seu tempo…

À época da composição de “Rigoletto”, pedira à Cammarano interromper esboços de “Rei Lear”, antigo projeto… E propôs novo tema, “El Trovador”, drama espanhol, de Antonio García Gutiérrez – “belo, cheio de imaginação e situações fortes… além de uma cigana com especial caráter”, dizia…

Com provável tradução de Giuseppina, o músico interessou-se pela peça. E Cammarano, por sua vez, estranhou, considerou personagens implausíveis e sugeriu mudanças. Verdi discordou. Com sua intuição teatral, percebia “bons momentos dramáticos e originalidade”…

Cena de “Il Trovatore”, de Verdi – “Operhaus of Zurich”, Suiça.

O músico se impressionara com o ímpeto dos personagens. A cigana dividida entre o amor e a vingança; conde de Luna, propenso à atos de loucura e violência; a vitalidade de Manrico, “o trovador”; e o intransigente amor de Leonora… Para tanto, desejava um libreto com “novas e até bizarras formas”, queria evitar as tradicionais “cavatinas, duetos e finais”… E se possível, escrever algo em “contínuo e único número”… Curiosamente, próximo à concepção do “drama musical”, que Wagner desenvolvia, à época…

Verdi, no entanto, seguia desapontado com Cammarano, concluindo pela desmotivação do libretista… Insistia nas novas características, mas Cammarano resistia… Então, sugeriu outro tema, “simples e comovente”, provavelmente, o romance “Dama das Camélias”, de Alexandre Dumas, filho…

“Chiesa di Santa Maria Annunziata”, Busseto, Italia.

Por fim, decidiram seguir com a peça espanhola… Mas, tristes fatores iriam frear o ímpeto criativo. Os falecimentos de sua mãe, Luisa Utini, e do próprio libretista Cammarano. Afora permanente incômodo: o preconceito dos habitantes de Busseto diante da relação com Giuseppina…

Tradicional comunidade de Busseto

Em meio ao falecimento de sua mãe, Verdi perturbou-se e pediu ao amigo e assistente, Emanuele Muzio, cuidar dos preparativos e funeral. Somava-se ao sofrimento de perda, a relação familiar que se deteriorara com a presença de Giuseppina. Afora as solidariedade e condolências, típicas da comunidade local…

E Verdi afastou-se, viajando à Bologna, onde regeu “Macbeth” e “Luisa Miller”, no “teatro Comunale”… De outro, Verdi e Muzio voltavam a trabalhar juntos. Durante o “Levante de Milão”, 1848, Muzio afastara-se, diante da iminente retomada da cidade pelos austríacos, exilando-se na Suiça…

Emanuele Muzio, maestro assistente e amigo de G. Verdi.

Final de 1851, já instalados em “Villa Sant’Agata”, Giuseppina e Verdi viajariam à Paris, a fim de fugir do inverno e, possivelmente, dos falatórios… Em Paris, assistiram adaptação teatral de “Dama das Camélias”, no “Theatre de Vaudeville”, 1852,  e Verdi receberia carta do ex-sogro e protetor, Antonio Barezzi, praticamente, “cobrando a oficialização da união com Giuseppina”…

Verdi melindrou-se e lembrou Barezzi de antigas mágoas junto à comunidade de Busseto… Mostrava-se irredutível, sobretudo, pela relação com Giuseppina, simples e rotineira; estilo reservado de ambos; e pela intromissão em assuntos pessoais, além da ofensiva exposição pública…

Mas, reiterou à figura paterna de Barezzi todo o afeto e amizade… Em resposta, Barezzi foi discreto e cordial, especialmente, pelo convívio com Giuseppina – “de um aliado que tentava atenuar sofrimentos”…

Antonio Barezzi, amigo, protetor e ex-sogro de Verdi .

“Villa Sant’Agata”

De outro, bem sucedido compositor e atento aos gastos pessoais, Verdi adquiriu propriedade no vilarejo natal, 1844. E quando morava em Paris, decidiu construir uma casa – “Villa Sant’Agata”, 1848, onde planejava fixar residência com Giuseppina Strepponi…

Para ambos, momento delicado da vida pessoal. Giuseppina fora mãe de três crianças, cuja educação do mais velho, Camillo, encaminhara a terceiros. Outras duas, morreram… E a vida afetiva, anterior à união com Verdi, fora conturbada, entre intensa atuação como diva, em óperas de Rossini, Donizetti, Bellini e outros; entremeada por affairs amorosos, que resultaram em gravidezes inesperadas…

E os familiares de Verdi, pessoas simples e de poucos recursos, que ajudavam a cuidar da propriedade. Luisa, a mãe, era tecelã e Carlo Verdi, o pai, comerciante taberneiro. Frequentemente, Carlo mandava notícias ao filho: “quase todas as vacas deram cria e à contento… então, organizei os estábulos”… Portanto, inevitável choque cultural aguardava Verdi e Giuseppina, que chegaram à Bussetto em julho/1849. Inicialmente, moraram no “Palazzo Orlandi”, onde Verdi concluiu “Luisa Miller” e compôs “Stiffelio” e “Rigoletto”…

Villa Sant’Agata”, depois chamada “Villa Verdi”, residência de Verdi em sua terra natal – Busseto, Itália.

E Giuseppina sentiu a tradição religiosa e conservadora presente, sobretudo, diante de uma mulher do teatro, que vivia com o músico, não sendo casados… No entanto, mantinha-se discreta, sem pressionar pela oficialização da união. Talvez, a vida pregressa de Giuseppina trouxesse alguma insegurança à Verdi, se não, simples obstinação… Mas, nada era trivial. Em Busseto, inevitavelmente, tornava-se alvo de ofensas e desprezo… E, enquanto Verdi aparentava indiferença, Giuseppina sofria muito…

Assim, após estreia de “Rigoletto”, em Veneza, mudaram-se para “Villa Sant’Agata”, maio/1851. Familiares de Verdi deixaram o local e, neste ínterim, Verdi iniciava correspondência com Cammarano sobre “Il Trovatore”. Em junho, seria impactado pela morte da mãe, Luisa Verdi Utini…

Clelia Maria Josepha Strepponi, conhecida como Giuseppina Verdi Strepponni, soprano e esposa de Verdi, por cerca de 50 anos.

Por fim, em oito anos, 1859, se casariam, permanecendo juntos até a morte da esposa, 1897 – união de 50 anos e perda muito sofrida… Giuseppina apoiou o jovem compositor, desde a estreia de “Oberto”, sua 1ª ópera. Depois, cantou o desafiante papel de “Abigail”, em “Nabucco”. E em “Villa Sant’Agata”, colaborava com suas vivência artística e de tradutora, além de ver germinarem melodias que sensibilizariam o mundo…

Música em “Il Trovatore”

Com domínio da tradição, em “Il Trovatore”, Verdi cogitou maior continuidade da música, a fim de evitar demasiadas interrupções do fluxo dramático – dos chamados números… O que discutiu com Cammarano, mas não se viabilizou de um todo… Curiosamente, algo original e contemporâneo ao “drama musical” wagneriano…

E Verdi encontrou caminho flexibilizando a forma e buscando concisão. De outro, as interrupções bruscas e mudanças de cena também pareciam adequar-se ao drama espanhol… Assim, admitiu potencial nos esboços de Cammarano: “Basta seguir ‘Il Trovatore’, tal como na introdução e estarei satisfeito”, escreveu ao libretista, junho/1851… E fez uso de leitmotivs na música de Azucena, a pontuar suas dores e reminiscências. Tais adaptações, do libreto e da ópera tradicional, permitiram combinar dramaticidade e incisiva abordagem musical – o progressismo verdiano!…

Cena de “Il Trovatore”, de Verdi – “Operhaus of Zurich”, Suiça.

A música de “Il Trovatore” se caracterizará pela rudeza, pelos acentos e ritmos incisivos, quem sabe, certo caráter espanhol pretendido por Verdi. Também pela intensidade e concisão dos recitativos. E tanto árias e ensembles, quanto cenas e coros tornar-se-iam verdadeiros hits da música de Verdi e universal…

Entretanto, os coros, de grande colorido e vigor, seriam circunstanciais, não mais incorporariam o caráter patriótico ou cantar da liberdade, como em “Nabucco”, “I Lombardi”, “Giovanna D’Arco” e outras – predominando o lirismo, no lugar do épico…

Neste período, então exilado na Suíça, Wagner iniciava composição do ciclo “Anel do Nibelungo”, 1851, e também “Tristão e Isolda”, 1857, explorando os limites da tonalidade e propondo “sprechgesange” (canto declamado), a substituir a ópera por números… A década de 1850, portanto, ensejaria concepções musicais e dramáticas que marcariam final do séc. XIX e início do séc. XX. E ambos, Verdi e Wagner, seriam grandes referenciais…

Morte de Salvatori Cammarano

Por fim, Verdi descobriria os reais motivos da lentidão de Cammarano: a saúde do libretista. Na viagem à Paris, além da carta de Barezzi, receberia más notícias, de Nápoles. Outro fator a atrasar a elaboração de “Il Trovatore”, agora, cessando totalmente… E no retorno à “Sant’Agata”, março/1852, enquanto aguardava recuperação e notícias de Cammarano, recebia novos convites de Milão, Veneza e Bologna… E concordou em compor uma ópera para Veneza, que resultaria em “La Traviata”…

Salvatori Cammarano, poeta e libretista de “Il Trovatore”, “Alzira”, “La Battaglia di legnano” e “Luisa Miller” – óperas de G. Verdi.

Em julho/1852, lamentavelmente, Cammarano morreu. E Verdi escreveu à Cesare de Sanctis, amigo e empresário: “Fui atingido em cheio pela triste notícia… Não tenho palavras para descrever tão profunda dor… Você o amava, tanto quanto eu, e compreenderá sentimentos, para os quais não temos expressão”…

O prestigiado poeta napolitano havia trabalhado com Verdi em “Alzira”, “La battaglia di Legnano”, “Luisa Miller” e “Il Trovatore”… Além de diversos mestres italianos, como Gaetano Donizetti (“Lucia di Lammemoor” e “Roberto Devereux”), Saverio Mercadante (“Orazi e Curiazi”) e outros…

Assim, libreto de “Il Trovatore” estava inacabado. Últimos versos de Cammarano encerravam o 3° Ato, na vibrante cabaletta “Di quella Pira”… Verdi pagou à viúva valor superior ao contratado, cerca de 600 ducados. E contratou jovem poeta napolitano, Leone Emanuele Bardare, para concluir o libreto…

Com intermediação de Cesare de Sanctis, optou por encenar “Il Trovatore” no teatro “Apollo”, de Roma. E solicitou o soprano Rosina Penco, para “Leonora”, importante papel, e outra voz plena para a cigana, além de liberação da censura romana antes de prosseguir na conclusão da ópera. Em dezembro, “Il Trovatore” estava concluída, inclusive, com versos do próprio Verdi, para a 2ª cena – 2° Ato, que Bardare, humilde e cautelosamente, não ousou modificar… Em 20/12/1852, Verdi deixava “Sant’Agata” em direção à Roma, para tratar da estreia da ópera…

“Teatro Apollo”, de Roma, estreia de “Il Trovatore” – 19/01/1853.

“Cavaleiro da Legião de Honra”

Enquanto compunha “Il Trovatore”, agosto/1852, o músico recebeu visita de Léon Escudier, jornalista e editor musical francês, na condição de emissário de governo, que assim descreveu o encontro:

“Encontrei Verdi no momento em que sentavam-se à mesa. E na companhia de um homem de rosto franco e afável – presença magnífica, que teve, sobre mim, efeito de um patriarca! Era o sogro de Verdi, de nome Antônio. E após 15 minutos de conversa, já o tratava como ‘papá’ Antônio”…

Léon Escudier, jornalista e editor musical francês.

“Na sobremesa, retirei-me e voltei com pequena caixa… E colocando-a diante de Verdi, disse: ‘Caro maestro, uma demonstração de afeto do governo francês e, devo acrescentar, do público francês’. Verdi franziu o sobrolho, abriu a caixa e deparou-se com a ‘Cruz de Cavaleiro da Legião de Honra’, enviada pelo imperador Napoleão III”…

“Verdi tentou dissimular a emoção, mas percebia-se grande satisfação, apertando firmemente minha mão. Mas, foi ‘papá Antônio’, quem, de fato, ficou pasmo! Queria falar, mas não articulava as palavras. Então, agitou os braços, ergueu-se e atirou-se no pescoço de Verdi. Apertou-o contra o peito, abraçou-me em seguida e os olhos transbordaram, chorando como criança”…   

A emoção fora imensa para Antônio Barezzi… E a política, por sua vez, feita de gestos. Verdi era fervoroso defensor do “Risorgimento”. E além do reconhecimento artístico, Napoleão III enviava sinais da futura política francesa. Ainda jovem, o sobrinho de Napoleão Bonaparte lutara pela causa republicana, no sul da Itália. E quando sua mãe, Hortênsia de Beauharnais, rainha da Holanda, morou em Roma, sua casa sediou a “carbonara romana”, que reunia Mazzini, a jovem Cristina di Belgiojoso e outros…

Giuseppe Verdi, a 1ª esposa, Margherita (no centro), e ex-sogro, Antonio Barezzi.

Também a “Sardenha-Piemonte” buscava aproximar-se da França, através da política externa de Vítor Emanuelle e Cavour. Além de aguerridas ativistas, como Margaret Fuller e a própria Cristina di Belgiojoso – mulher das “cinco vidas”, que visitou Luís Napoleão na prisão, por duas vezes, pedindo apoio à causa italiana, embora, sem sucesso… Mas, novos cenários se desenhavam, potencialmente, favoráveis ao “Risorgimento”…

Napoleon III, imperador da França, no “2° Império”, 1851–1870.

Delineava-se longo e preparatório processo, que desencadearia a “2ª guerra de independência”, a partir de 1859… E, naturalmente, haviam interesses franceses, como a anexação dos ducados de “Saboia e Nice”, que seriam cedidos pela “Sardenha-Piemonte” em troca da libertação da “Lombardia” – na vitoriosa campanha sardo-piemontesa, comandada por Garibaldi e reforçada por tropas francesas… 

A atuação de Verdi alinhava-se ao ideário de Giuseppe Mazzini: “Divulgar a causa da unificação e semear o sentimento nacional, através da cultura e, especialmente, da ópera”. E o franco engajamento do músico contribuiam para que o “Risorgimento” se popularizasse e ganhasse as ruas, sob o lema: “Viva VERDI” – “Viva Vitor Emanuelle, Re D’Italia!”

Movimentos populares picham “Viva VERDI!”, no “Risorgimento”.

Antonio García Gutiérrez 

Nascido Antonio María de los Dolores García Gutiérrez, no mesmo ano de Verdi, 1813, após formação em medicina – Cádiz, Espanha, o jornalista e escritor se mudaria para Madrid, trabalhando como tradutor de peças francesas… Assim, traduziu obras de Eugène Scribe e Alexandre Dumas, pai. Autor de extensa obra, ganhou projeção com a peça “El Trovador”, de 1836. E, posteriormente, obteria novo sucesso com “Simon Bocanegra”, de 1843…

Verdi encantou-se com os dramas e colocou música nas duas peças… Destacam-se em Gutiérrez, entre os autores espanhóis do sec. XIX, a emoção e caráter de seus personagens femininos; além de preocupações sociais, aliadas à exaltado ideário liberal… 

Antonio Garcia Gutiérrez, dramaturgo
espanhol, autor de “El Trovador”, 1836.

Escreveu também poemas e comédias – inclusive, uma versão comédia de “El Trovador”… E particularmente, nos “dramas em tese”, discutiu costumes e moralidade. Em “Caminhos Opostos”, concluiu que excessivos rigor ou brandura, produziam, igualmente, efeitos desastrosos na educação… Em “Los desposorios de Inés”, condenou o casamento por arranjo, do sec. XIX; em “Eclipse Parcial”, posicionou-se contra o divórcio; em “A Grain of Sand”, “The Millionaires” e “The Industry Knight”, reiterou: “o trapaceiro sempre acaba vítima da própria armadilha, seja nos sentimentos ou no convívio social”…

Apesar do sucesso inicial, dificuldades financeiras levaram Gutierrez atuar como jornalista, viajando à Cuba e México, retornando à Espanha em 1850… E para sua surpresa, em pouco tempo, se tornaria amplamente conhecido, por meio da ópera de Verdi, “Il Trovatore”, de 1853. E, posteriormente, Verdi adaptaria “Simón Bocanegra”, de 1857, com libreto de Francesco Piave…

Coincidência ou não, a partir de então, Gutiérrez recebeu diversas honrarias e cargos: “Comendador da Ordem de Carlos III”, 1856; “Supervisor da Dívida Espanhola em Londres”, 1855 – 1856; membro da “Real Academia Espanhola”, 1862; “Cônsul de Espanha em Bayonne e Génova”, 1870 – 1872; e “Cruz de Isabel II”…

Cena de “Il Trovatore”, de Verdi – “Operhaus of Zurich”, Suiça.

Sem dúvida, o interesse de Verdi projetou Gutiérrez… Sendo também inegável sua extensa produção literária. Posteriormente, ainda publicaria uma zarzuela, “El grumete”, 1853; drama histórico “La Venganza catalana”, 1864; e o drama, ambientado em Valência, “Juan Lorenzo”, 1865. Por fim, dirigiu o “Museu arqueológico de Madrid”, falecendo em 1884…

Sucesso de público e de crítica

Em dezembro de 1852, Verdi viajou à Roma. Giuseppina o acompanhou até Livorno e, depois, seguiu em direção de Florença. Verdi preocupava-se, preferia que Giuseppina não ficasse sozinha em “Sant’Agata”. E a companheira escreveu-lhe:

“Estou encantada por saber que você se vê perdido sem mim. E desejo-lhe tanta chateação, que logo abandone a ideia bárbara de me deixar sozinha! Meu querido mágico, seu coração é de anjo, mas sua cabeça, quando se trata de falatórios e coisas assim, tem crânio tão espesso, que faria Franz Gall, se estivesse vivo, acrescentar estranhas observações ao seu (controverso) “Tratado de Craniologia”…

Roma agitou-se com a nova ópera de Verdi. A estreia teve lugar no teatro “Apollo”, 19/01/1853, com grande sucesso. Nos dias seguintes, milhares de pessoas percorriam as ruas, gritando: “Viva VERDI!”… E, anteriormente, 1849, Roma fora palco de “La Battaglia di Legnano”, com estupenda aclamação e espírito patriótico, durante a breve “República Romana”, proclamada pelas forças de Mazzini e Garibaldi…

Vista urbana da cidade de Roma, sec. XIX.

As melodias de “Il Trovatore” logo foram arranjadas para diversos conjuntos, até simples realejos, e ouvidas na Itália e pelo mundo… Do ponto de vista vocal, “Il Trovatore” tornava-se apoteose do “bel canto”, com imensos desafios de agilidade, extensão e expressividade. Nas cenas, mudanças bruscas exigiam que personagens adentrassem o palco com impetuosidade. O canto alternava brutalidade e melancolia. E a orquestra, ora sombria e lúgubre, ora vigorosa, em torrencial energia!

“Gazzetta Musicale” descreveu a estreia: “Compositor mereceu esplêndido triunfo, pois escreveu música em novo estilo, imbuída de características castelhanas… O público ouviu em silêncio religioso, irrompendo em aplausos apenas nos intervalos e, especialmente, no final do 3° Ato… Por fim, o 4° Ato despertou tanto entusiasmo, que foi bisado”…

E apesar do inexcedível sucesso, Verdi mostrou-se contido, ressaltando que alguns acharam a ópera triste e com excessivas mortes. “Mas, afinal, tudo na vida é morte! O que mais existe?”, escreveu à Clara Maffei… Em meio ao evento, quem sabe, as perdas recentes, da mãe e do amigo Cammarano, o invadiram… Além de outras, quando jovem, da 1ª  esposa e dois filhos… Assim, aparentemente, não se contagiara com a aclamação… E, em poucos dias, regressaria à “Sant’Agata”, para elaboração de “La Traviata”…

“Teatro Lyrico Fluminense”, estreia de “Il Trovatore”, Rio de Janeiro, Brasil, 1854.

O sucesso de “Il Trovatore” foi tamanho, que imediatamente era encenada pelo mundo. E tal como em Paris, no Rio de Janeiro ocorreu em 1854, um ano após estreia em Roma, no “Teatro Provisório”, depois chamado “Teatro Lyrico Fluminense” – em atividade de 1852/75. Antes mesmo, de Londres ou Nova York…

Período em que o público carioca assistiu “Macbeth”, 1852, “Attila” e “Luisa Miller”, 1853; “La Traviata”, 1855, “Rigoletto”, 1856, e “Giovana D’Arco”, 1860… Posteriormente, seria demolido, função de novo planejamento urbano e inauguração do “Teatro D. Pedro II”, abril/1875…

Libreto de “Il Trovatore”

Entre as óperas mais representadas, o libreto de “Il Trovatore” é daqueles que podem levar a certa confusão, senão incompreensão. O que não impediu o sucesso, pelo arrebatamento viril e desenfreado… O enredo, no entanto, requer conhecimento de fatos que antecedem o início da ópera, a serem entendidos pelo ouvinte – risco de confusão, sobejamente, compensado pela verve musical…

E para compreender o drama, deve-se focar, de início, no relato do capitão da guarda, do conde de Luna, “Ferrando”, abrindo a ópera em “Abbietta zingara” (“Abjeta cigana!”), com a seguinte narrativa:

“O velho conde de Luna, falecido, teve dois filhos com idades aproximadas… Certa noite, ainda pequenos, dormiam sob os cuidados de uma serviçal… Ao amanhecer, uma velha cigana foi vista debruçada no berço do mais jovem, chamado Garcia… A cigana foi afastada, mas a saúde da criança se fragilizou e concluiu-se pelo enfeitiçamento… Perseguida e capturada, a cigana foi condenada à morte, na fogueira!”

Cena de “Il Trovatore”, de Verdi – “Operhaus of Zurich”, Suiça.

“Após execução da mulher, filho mais novo do Conde de Luna, Garcia, misteriosamente, desapareceu… E no dia seguinte, uma criança apareceu morta, atirada ao fogo que consumira a cigana…”

Este relato, espécie de prólogo, é essencial para compreensão dos acontecimentos, pois, ao início da ópera, Manrico (Garcia) já é um adulto; Azucena (filha da mulher condenada), uma cigana idosa; velho conde de Luna morrera e seu filho mais velho (irmão de Garcia) se tornara herdeiro, como novo conde de Luna…

“O jovem conde, tal como o pai, nunca acreditou na morte do irmão, mesmo quando lhes apresentaram os restos de uma criança queimada na fogueira”… Assim, começam o libreto e fluxo dos acontecimentos…

Outros relatos

“Rapto de Garcia” (Manrico) por “Azucena”, em “El Trovador”, de Garcia Gutiérrez.

“Azucena, então, jovem cigana com filho pequeno, presenciou a morte da mãe e jurou vingança! Na noite seguinte, sorrateiramente, adentrou o castelo e sequestrou o filho caçula do conde de Luna, chamado Garcia… E levou-o ao local da execução para atirá-lo ao fogo, ainda crepitando… Mas, transtornada pelo horror que presenciara, Azucena, enlouquecida, lança ao fogo o próprio filho, no lugar da criança sequestrada. E decide criá-la – chamando-a Manrico, mais tarde, conhecido como “o trovador”…

“Em sua fantasia delirante, Azucena, obcecada, pretendia vingar-se de alguma forma, quem sabe, futuramente, através do filho do conde… Mas, passou a amar a criança como um filho, ficando dividida”…

A cultura cigana é matriarcal. E questões de afeto e dignidade, entre as mulheres, são determinantes para decisões e ações… O que intensificava a obsessão, frente ao assassinato da mãe, agravada pelo sacrifício do filho. Além do contexto social, marcado pela diversidade cultural e preconceitos. No entanto, contrapunha-se novo sentimento, o amor materno, que aflorava e surpreendia Azucena…

Capa de “El Trovador”, de Garcia Gutiérrez, Edição de 1851, Madrid, Espanha.

Tais circunstâncias, por vezes bizarras, mas que ensejavam situações intensas, despertaram o interesse de Verdi. De modo que, senão por elementos de perturbação psíquica dos personagens, poderia tratar-se de melodrama mal engendrado, como indagava Cammarano, sobretudo, da presença, inexplicável, de uma cigana junto ao berço de uma criança, ou do filho de Azucena, absurdamente, lançado à fogueira… Em contraposição, eram tais emoções e acontecimentos que motivavam Verdi…

De outro, o enredo remetia à conflitos complexos, à oposição entre preconceitos e ressentimentos étnicos – “aos estigmas de subcultura e feitiçaria, capazes de comportamentos bárbaros e hediondos”; quando a brutal violência e a condenação à fogueira, por si mesmas, também configuravam barbárie, a produzir mágoas e despertar ódios; a vitimisar e alimentar sentimentos de revanche…

Ambientação e personagens

Ambientado nas guerras aragonesas, sec. XV – Aragão versus Biscaia, o drama histórico de Gutiérrez trata, sobretudo, de questões sociais, políticas e religiosas, típicas da Espanha de seu tempo – sec. XIX…

E a narrativa, em passado distante, possibilitava abordagem de impulsos elementares, tais como o amor, o ciúme, ódio ou vingança. Impulsos universais, mas evidenciados na sanguínea cultura espanhola, fascinando Verdi pela contundência e obstinação dos personagens – arquétipos, imbricados às suas paixões…

Capa de “Il Trovatore”, de Verdi,
Edição ”Ricordi”, Milão, Itália.

Assim, tal como em “Fedora”, de Giordano, na ária “Amor, ti vieta di non amar” (“Amor, ti é vedado não amar”), à “Leonora” restava amar ou morrer por amor; a cigana “Azucena”, atormentada pelo desejo de vingança, tornava-o motivo único de suas ações; “Manrico”, o virtuoso que recusa a liberdade barganhada por “Leonora”, mas por amá-lo; e, finalmente, Conde de Luna, ignorando parentesco, mataria o próprio irmão, objeto de ciúme e ódio implacáveis…

“Il Trovatore” expressa trágica sucessão de encontros e desencontros, de paixões e obsessões, onde todos perdem. E os espaços do prazer, da esperança e da felicidade, são negados – sucumbem aos conflitos e à violência, aos ressentimentos e ódios extremados…

  • Sinopse

Ação ocorre na Espanha, durante as guerras aragonesas, início do séc. XV.

  • Personagens: Duquesa Leonora, dama de companhia da princesa de Aragão (soprano); Inês, confidente de Leonora (soprano); Azucena, cigana de Biscaia (mezzo-soprano); Conde de Luna, jovem nobre de Aragão (barítono); Ferrando, Capitão da guarda do conde de Luna (baixo); Manrico, “o trovador”, suposto filho de Azucena e chefe de tropas sob comando do príncipe de Biscaia (tenor); Ruiz, soldado a serviço de Manrico (tenor); Velho cigano (barítono);
  • Coros: Integrados por ciganos, pelos séquitos do conde Luna e de Manrico, por prisioneiros e freiras.
  • Ballet: Para a produção francesa, Verdi adicionou cerca de 15 minutos de ballet.
Figurino para “Manrico” – Teatro “Alla Scala”, Milão, Itália, 1883.

A ópera inicia com breve “Introdução” orquestral.

Ato I – “O Duelo”

Cena 1 (Prólogo): “Em Biscaia, Espanha”

Toque de metais, em fanfarra militar, abre a cena. Soldados reunidos, em Biscaia, comentam estranhos acontecimentos, que envolveram uma cigana, condenada à morte na fogueira por bruxaria, injustamente acusada de adoecer um dos filhos do conde, cantado por Ferrando, capitão da guarda do conde de Luna, em “Abbietta zingara” (“Abjeta cigana!”)… E antes de morrer, a condenada teria ordenado à filha, vingar-se…

E conta Fernando, que uma jovem cigana teria sequestrado um dos filhos do conde. E que, no dia seguinte à condenação, em meio às cinzas, foram encontrados ossos de um bebê… Nesta cena, coro de soldados responde em “Ah, sceleratta! Oh donna infame!” (Ah, bandida! Oh, mulher infame!)… O conde, no entanto, nunca acreditou serem os restos do filho raptado. E, passado o tempo, antes de morrer, pediu ao primogênito e futuro conde de Luna, que procurasse uma cigana – de nome Azucena…

Rosina Penco, soprano – “Leonora” na estreia de “Il Trovatore”, Roma, 1853.

Cena 2: “No Palácio de Aljaferia”

Duquesa Leonora, dama de companhia da princesa de Aragão, passeia com sua camareira nos jardins do grande “Palácio de Aljaferia”. E fala de sua afeição por um jovem militar e “trovador”, que encontraria à noite.  Então, canta bela ária “Tacea la notte placida” (“Plácida e silenciosa noite”), depois a vibrante cabaletta “Di tale amor, che dirse”. Antes do encontro, no entanto, surge o Conde de Luna e, fora de cena, ouve-se o “trovador”, anunciando sua chegada, na romance “Deserto sulla terra, col rio destino in guerra, è sola speme un cor” (“Tal como no deserto, um coração está solitário na esperança, diante do destino cruel da guerra”)…

Ansiosa pelo encontro, Leonora mostra seu encantamento – emoção percebida pelo Conde… Então, adentra Manrico, “o trovador”… Ao perceber o interesse de Leonora por outro, o conde, que a ama, se declara rival. Manrico se apresenta como seguidor do prícipe de Biscaia, exilado em Aragão. E a situação fica tensa. Ambos rivalizavam na guerra e, agora, no amor… Se desafiam e iniciam duelo. Cena se desenvolve no agitado terceto “Di geloso amor sprezzato, arde in me tremendo il fuoco!” (“Por amor ciumento e desprezado, arde em mim tremenda revolta!”). Em condições de desferir golpe fatal, Manrico não o faz… Assustada com a violência, Leonora desmaia…

“Duelo”, 2ª cena – Ato 1. Estranho sentimento impede “Manrico” de desferir golpe fatal contra o “conde de Luna”, em “Il Trovatore”, de Verdi – “Ópera de San José”, 2020.

Ato II – “A Cigana”

Cena 1: “Na comunidade de ciganos”, em Biscaia

No sopé de uma montanha, em Biscaia, vive comunidade de ciganos. Homens trabalham como ferreiros e todos cantam o célebre “Vedi! le fosche notturne spoglie” (Vejam! As noites nuas e sombrias!”), conhecido como “coro dos Ferreiros”…

Azucena, mãe de Manrico, conta-lhe do passado em dramático relato. Da morte de uma velha cigana (sua mãe), na ária “Stride la vampa, la folla indomita corre a quel foco lieta in sembianza! Urli di gioja intorno eccheggiano cinta di sgheri…” (“A chama crepitava. A multidão cercava a fogueira. E os gritos de alegria ecoavam no cerco dos bandidos…”)

Cena do relato de “Azucena à Manrico”, Cena 1 – Ato 2, “Il trovatore”, de Verdi.

Manrico lamenta, em “Soli orsiamo! Deh, narra quel la storia funesta!” (“Sozinhos suportamos! Ah, conte essa triste história!”)… Azucena canta “Essa bruciata vene, ov’arde quel foco!” (“Ardem minhas veias, como ardia aquela fogueira”). E expressa sua dor na ária “Condotta ell’era in ceppi al suo destin tremendo, col figlio in sulle braccia, io la seguia piangendo” (“Acorrentada ao terrível destino, eu acompanhava chorando, com o filho nos braços”). E enquanto as chamas ardiam, Azucena ouviu da condenada “Allor, con tronco accento: mi vendica! sclamo” (Com voz truncada, exclamou: Vinga-me!”)…

Manrico indaga “La vendicaste?…” Ao que Azucena responde: para vingar a morte da mãe, a filha raptou um dos filhos do velho conde de Luna, seu algoz, para atirá-lo às chamas, em “Il figlio giunsi a rapir del conte. Lo trascinai qui meco le fiamme ardean già pronte” (“Filho do conde sequestrei. Arrastei comigo e as chamas ainda ardiam…”). “Ei destruggeasi in pianto. Io mi sentiva in core dilaniato, infranto…” (“A criança chorava muito. Senti o coração partido, dilacerado”)…

“Cena do delírio de Azucena”, em “Il Trovatore”, de Verdi – “Operhaus of Zurich”, Suiça.

E segue, “Quand’ecco agl’egri spirti. Come sogno, aparve. La vision ferale di spaventose larve! Gli sgherri! Ed il supplizio! La madre smorta in volto, scalza, discinta! Il grido, il grido, il noto grido ascolto! Mi vendica!” (“Como eco de espíritos, nuvem escura abateu-se sobre mim. E como sonho, a visão selvagem de larvas assustadoras! Os bandidos! A tortura! A mãe pálida, descalça, quieta! E o choro, o conhecido choro que ouvia! Vinga-me!”)…

Então, canta Azucena “La mano convulsa stendo stringo la vittima nel foco la traggo, la sospingo! Cessa el fatal delirio, l’orida scena fugge! La fiamma sol divampa, e la sua preda strugge!” (“Estendi a mão convulsiva, segurei a vítima e empurrei ao fogo! Cessou o delírio fatal, a cena horrível! Uma única chama se acendia e queimava sua presa!”)…

E conclui o relato aterrador, “Pur volgo intorno il guardo e innanzi a me vegg’io dell’empio conte il figlio! Il figlio mio, mio figlio avea bruciato! Quale orror! Ah, quale orror, mio figlio, mio figlio! Sul capo mio le chiome sento drizzarsi ancor!” (“Após, volto o olhar e vejo, diante de mim, o filho do ignóbil conde! Meu filho, meu filho queimara! Que horror! Ah, que horror, meu filho! Em minha cabeça, os cabelos eriçaram!”)…

Cena do relato de “Azucena à Manrico”. Cena 1 – Ato 2, em “Il Trovatore”, de Verdi – “Operhaus of Zurich”, Suiça.

 – Ao contar terríveis fatos, Azucena insinua terceira pessoa e, gradualmente, assume protagonismo. Lembra com dificuldade extrema dos momentos dolorosos e angustiantes, entremeados de alucinações e terror – tremendas culpa e ódio… Além disto, suscita desconfiança de Manrico…

Manrico exclama: “Quale orror!”… E perturbado com a cena, indaga: “Non son tuo figlio. E chi son io? chi dunque?” (“Não sou teu filho.  Quem sou eu? Quem então?”)… Se Azucena não fosse sua mãe, ainda assim o cuidou com amor… “Tu sei mio figlio”, responde Azucena: como cuidaria de teus ferimentos e com tanto cuidado, da “batalha de Petilla”, se não fosse tua mãe…

E iniciam pungente duetto “Mal reggendo all’aspro assalto”. Manrico relata ter derrotado o conde em duelo, mas fora impedido de matá-lo, misteriosamente, por estranha sensação e poder… Ao que Azucena reponde “Ma nell’alma dell’ingrato non parlò del cielo un detto. Oh! se ancor ti spinge il fato a pugnar col maledetto, compi, o figlio, qual d’un dio, compi allora il cenno mio!” (“Mas na alma do ingrato um dito não vinha do céu. Oh! Se o destino te leva a lutar contra os amaldiçoados cumpra, oh! filho, como da divindade, o meu apelo!”)…

Carlo Baucarde, tenor – “Manrico” na estreia de “Il Trovatore”, Roma, 1853.

Em “Il Trovatore” as cenas são pontuadas por intensa expressividade e comoção… Entra Ruiz, mensageiro do príncipe de Biscaia, convocando Manrico para comandar a defesa da fortaleza “Castellor”.  E Azucena apela: “Mi vendica!” (“Me vingue!”)…  Ruiz informa Manrico que, imaginando ter sido morto em “Petilla”, Leonora decidira tornar-se freira. E à caminho de “Castellor”, Manrico decide ir ao convento!…

Cena 2: “No convento”, próximo à fortaleza de Castellor

Também conde de Luna tomara conhecimento da decisão de Leonora e com seus soldados, comandados por Ferrando, dirige-se ao convento, para raptá-la… Conde de Luna canta seu amor na bela ária “Il balen del suo sorriso” (“Brilho de seu sorriso”) – referência do repertório de barítono, seguida da cabaletta “Per me, ora fatale” (Para mim, momento fatal”)…

Giovanni Guicciardi, barítono – “conde de Luna”, estreia de “Il Trovatore”, Roma, 1853.

Vozes femininas entoam canto religioso, enquanto Leonora, acompanhada por Inês e damas, encaminham-se para o convento… Conde de Luna interpõe-se, mas antes de arrastá-la, chegam Manrico, Ruiz e seus soldados…  Conde é repelido!… E Leonora exclama: “E deggio! e posso crederlo?” (“Eu devo! Posso acreditar?”), ao ver seu amado. Iniciam arrebatado quarteto – Leonora, Manrico, conde de Luna e Ferrando, depois, com soldados e freiras, em grandioso concertato… Por fim, Manrico e seus comandados levam Leonora…

Ato III – “O filho da Cigana”

Cena 1: “No acampamento militar do conde de Luna”

Tropas do conde de Luna sitiam castelo de “Castellor”, onde se encontram Manrico e Leonora. As lutas aragonesas dão lugar ao viéz da paixão, entre dois militares rivais. Tal como no 2° Ato, cena abre com célebre coro, então, no acampamento militar, “Or co’ dadi, ma fra poco, giocherem ben altro gioco” (“Agora com dados, mas em breve, em outro e diferente jogo”). Na versão francesa, ocorre um ballet no Ato III…

Cena de “Azucena” capturada pelas tropas de “de Luna”, no acampamento militar, em “Il Trovatore”, de Verdi – “Operhaus of Zurich”, Suiça.

Conde aparece aos soldados e lhe comunicam da captura de uma cigana, que rondava o acampamento… Tratava-se de Azucena, que se apresenta como inofensiva e pobre mulher, na ária “Giorni poveri vivea” (“Dias de miséria, vivia”). No entanto, Ferrando a reconhece, apesar das rugas e cabelos grisalhos… Azucena nega e clama por Manrico, gritando que é seu filho… Ao saber, ser mãe de Manrico, enfurecido, o conde de Luna decide mandá-la à fogueira…

Cena 2: “Salão na fortaleza de Catellor”

Cena do casamento de “Leonotra e Manrico”, interrompido pela captura de “Azucena pelo conde De Luna”, em “Il Trovatore”, de Verdi – Operhaus of Zurich”, Suiça.

Em “Castellor”, prepara-se o casamento de Leonora e Manrico… Num salão próximo à Capela, Manrico expressa sua felicidade em outra belíssima ária: “Ah sì, ben mio, coll’essere io tuo, tu mia consorte” (“Ah! sim, meu bem, eu sendo seu e você minha esposa”)…

No momento das núpcias, Leonora e Manrico dão-se as mãos em direção à Capela, mas Ruiz, escudeiro de Manrico, entra apressadamente… Azucena fora capturada e será levada à fogueira… As chamas são vistas do castelo! Dado urgência e alvoroço, cerimônia é interrompida e Manrico convoca suas tropas na célebre cabaletta “Di quella pira, l’orrendo foco tutte le fibre m’arse” (“Daquela fogueira, horrendo fogo queima minhas fibras”), em vibrante final! 

Cena da cabaletta “Di quella Pira”. “Manrico” convoca soldados para libertarem “Azucena”, capturada pelo “conde De Luna” – Final do Ato 3, em “Il trovatore”, de Verdi.

– Ao final da cabaletta “Di quella pira”, tenores cantam célebre “dó agudo”, não escrito por Verdi, mas incorporado à partitura. Verdi não escrevia “dó agudo” para tenores e, jocosamente, dizia: “cantores se desconcentram do enredo até execução do ‘dó agudo’… E depois de executá-lo, bem ou mal, da mesma forma”…

Ato IV – “O Suplício”

Nas masmorras do “palácio de Aljaferia”, encontravam-se presos Manrico e Azucena. A tentativa de salvar Azucena fracassara… Em noite escura, Leonora entra no castelo, acompanhada de Ruiz, que lhe aponta local da prisão e se retira… Leonora tem em mente um arriscado plano para libertar Manrico. E junto, carrega um veneno. Canta ária “D’Amor sull’ali rosee” (“De amor, em asas róseas”), expressando todo seu amor – referência do repertório de soprano…

Segue um sombrio “Miserere”. E sob fundo de um “coro de prisioneiros”, fora de cena, que entoa um “salmo”, Leonora canta “Quel suon, quelle preci soleni, funeste” (“Estes sons, orações solenes e fatais”); Manrico, também fora de cena e prisioneiro na torre, responde, ao perceber a chegada de Leonora, em “Ah, che la morte agnora” (“Ah, a morte ela ignora”) – dramático duetto, para muitos, grande momento de “Il Trovatore”. Após “Miserere”, segue intensa cabaletta, onde Leonora anuncia “Tu vedrai che amore in terra” (“Você verá que existe amor na terra”), entre o sucesso de seu plano e o veneno que trazia consigo!… 

Cena de “Il Trovatore”, de Verdi – “Operhaus of Zurich”, Suiça.

Entra o conde de Luna, em terrível ordem:”Udiste? Come albeggi, al scure al figlio, ed alla madre il rogo” (Ouçam! Ao amanhecer, o machado para o filho e para a mãe, a estaca!”)… Conde procurava por Leonora e surpreende-se ao vê-la no castelo, em “A che venisti?” (“A que ponto você chegou?”). Leonora responde em “Egli è già presso all’ora estrema; e tu lo chiedi? Ah sì, per esso pietà dimando” (“Se aproxima a hora final e você pergunta? Por isto, peço piedade…”). Conde “Che!… tu deliri! Io del rival sentir pietà?” (“O que? Você está delirando. Sentir pena de um rival?”) e Leonora “Clemente nume a te l’ispiri” (“Clemente deus te inspira”)… Conde responde “È sol vendetta mio nume… Va’!” (“Apenas a vingança é meu Deus… Vá!”)

Cena se desenvolve em intenso duetto. Leonora inicia “Mira, di acerbe lagrime spargo al tuo piede un rio… Non basta il pianto? Svenami, ti bevi il sangue mio… Calpesta il mio cadavere… ma salva il trovator!”  (“Veja, derramei torrente de lágrimas aos seus pés… Chorar não é suficiente? Beba meu sangue. Pise em meu cadáver. Mas salve o trovador!”).

Célebre duetto “Mira, di acerbe lagrime” – Sondra Radvanovsky, “Leonora”, e Dmitri Hvorostovsky “conde de Luna” – MET.

E o conde responde “Più l’ami, e più terribile divampa il mio furor!” (“Quanto maior o seu amor, maior a minha fúria!”). Conde ameaça se retirar e Leonora o agarra. Leonora canta “Uno ve n’ha! sol uno!… Ed io… te l’offro” (“Existe um preço! Apenas um!… E eu… eu ofereço a você”). Conde indaga “Spiegati, qual prezzo? di’!” (Explique-se, que preço? diga!”). Leonora responde “Me stessa” (“Eu mesma”), “Che la vittima fugga, e son tua” (“Deixe a vítima fugir e serei tua”)…

Enquanto o Conde se dirige a um guarda, na torre, Leonora ingere veneno, de um anel, e sussurra “M’avrai, ma fredda, esanime spoglia!” (“Você terá a mim, mas fria, sem vida e nua!”). E o conde confirma “Colui vivrà…” (Ele viverá…). Leonora, entre lágrimas e alegria, canta “Vivrà!… contende il giubilo i detti a me, signore… ma coi frequenti palpiti mercé ti rende il core!” (Viverá!… Contenho o júbilo das palavras que ouço, senhor… Intenso palpitar, pela misericórdia do teu coração!)…

E segue, “Ora il mio fine impavida, piena di gioia attendo… Potrò dirgli morendo: salvo tu sei per me!” (Agora meu destemido fim, cheio de alegria, espero… Poderei dizer a ele, morrendo: você está seguro para mim!”)… Conde responde em “Fra te che parli? Volgimi, mi volgi il detto ancora, o mi parrà delirio quanto ascoltai finora… tu mia!… ripetilo. Il dubbio cor serena…” (“O que, você fala consigo mesma? Volte-se para mim, repita, ou parecerá delirante… tu és minha!… Repita e a dúvida em meu coração se dissipará…”). E Leonora canta, “Andiam” (“Vamos”). Conde responde “Giurasti… pensaci!” (“Você jurou, pense nisso!”). Leonora dissimula em “È sacra la mia fé!” (“Sagrada é minha fé!”)… Ao final deste monumental duetto, Leonora entra na torre, ao encontro de Manrico e Azucena…

Cena na prisão, “Azucena” adormece e “Manrico” permanece ao seu lado, em “Il Trovatore”, de Verdi – “Operhaus of Zurich”, Suiça.

Na prisão, entre janelas gradeados e pouca iluminação, estão Manrico e Azucena… Na solidão e perspectiva de condenação, a velha cigana canta “Sì, la stanchezza m’opprime, o figlio… alla quïete io chiudo il ciglio! Ma se del rogo arder si veda l’orrida fiamma, destami allor!” (“Sim, o cansaço me oprime, meu filho… Fechei as pálpebras, no silêncio! Mas, horrível chama ardia, então despertei!”)… “Difendi la tua madre!”…

Após atormentado recitativo, canto se dilui em belo e esperançoso duetto “Ai nostri monti… ritorneremo!… l’antica pace… ivi godremo!… Tu canterai… sul tuo liuto… in sonno placido… io dormirò!” (“Às nossas montanhas… voltaremos!… à antiga paz… ali desfrutaremos!… Cantarás… no teu alaúde… no tranquilo sono… vou dormir!”). Manrico responde em “Riposa, o madre: io prono e muto la mente al cielo rivolgerò” (“Descanse, minha mãe. Prostrado e mudo, elevo minha mente ao céu”). Azucena adormece e Manrico fica ao seu lado… 

Cena de “Leonora” adentrando a prisão, para tentar libertar “Manrico e Azucena”, em “Il trovatore”, de Verdi.

Porta se abre e entra Leonora, para avisar Manrico e Azucena que fujam. Manrico surpreende-se ao perceber que Leonora ficaria. Leonora trocara a liberdade deles, aceitando casar-se com o conde. No entanto, já estava sob efeito do veneno…

Manrico indigna-se, sente-se humilhado por tal barganha, desconhecendo o efeito do veneno… Amaldiçoa Leonora! Que liberdade seria esta?… O  tempo, no entanto, corria… Precisavam fugir e o veneno fazia seu efeito. Cena desenvolve-se no duetto “Che!… non m’inganna quel fioco lume?” (“O que? Esta luz fraca não me engana”)…

Azucena, que dormia, balbucia algo sobre “Ai nostri monti… ritorneremo!… l’antica pace… ivi godremo!” (“Às nossas montanhas… voltaremos… à antiga paz… então desfrutaremos!”)… Cena transforma-se em terceto, com Leonora e Manrico. Leonora começa a desfalecer e suplica pela fuga… Manrico resiste!…

Adentra o conde e se depara com Leonora morrendo. Percebe a barganha de Leonora, que trocava a liberdade de Manrico pela própria vida! Quanto amor sentia ela!… E Manrico percebe o trágico sacrifício de sua amada. Não havia mais tempo, nem desejava fugir…

Cena de “Leonora”, desfalecendo nos braços de “Manrico”, sendo observados pelo “conde de Luna”, em “Il Trovatore”, de Verdi – “Operhaus of Zurich”, Suiça.

Desenvolve-se o tercetto final, “Prima che d’altri vivere… io… volli tua morir!…” (“Antes que viver para outros… eu… por ti, morrerei!…”). Leonora morre nos braços de Manrico… E o Conde, em extrema revolta e ciúme, ordena execução de Manrico!… 

Manrico dirige-se à Azucena, “Madre… oh, madre, addio!”… Azucena, acordando, “Manrico! Ov’è mio figlio?” (“Manrico! Onde estás, meu filho?”). Conde interpela, “A morte ei corre!” (“Para a morte e rápido!”) e arrasta a cigana até uma janela… Azucena resiste, “Ah ferma! m’odi…” (“Pare! Você me odeia…”)

Cena final – “Leonora” morta e o carrasco com machado e a cabeça de “Manrico”, em “Il Trovatore”, de Verdi – “Operhaus of Zurich”, Suiça.

Azucena presencia a morte de Manrico e, em desespero, grita: “Cielo!… Egli era tuo fratello!”… Mataste teu irmão!… Surpreso e horrorizado, Conde exclama: “Ei!… quale orror!!… Azucena sentencia: “Sei vendicata, o madre!!” (“Estás vingada, minha mãe!!”) e a velha cigana cai prostrada… Com o suicídio de Leonora, o trágico e brutal reencontro com Garcia (Manrico) e mais dolorosa solidão, conde de Luna lamenta: “E vivo ancor!” (“E permaneço vivo…”)

– Cai o pano –

“Il Trovatore” é drama intenso e contundente, onde a música transborda, poderosa e vulcânica – grande momento da produção de Verdi e do romantismo!…  

Giuseppe Fortunino Francesco Verdi, músico italiano, 1813-1901, entusiasta do “Risorgimento”.

Após estreia, foi apresentada no “Théâtre Italien”, Paris, 1854; “Teatro Lyrico Fluminense”, Rio de Janeiro, 1854; “Academy of Music”, Nova York, 1855; “Covent Garden”, Londres, 1855; “Theatre Royal Drury Lane”, Londres, 1856; “Opéra”, de Paris, 1857; “Metropolitan Opera”, Nova York, 1883; e muitas se seguiram… 

  1. Gravações de “Il Trovatore”

Grande sucesso desde a estreia em Roma, 1853, “Il Trovatore” tem sido montada, ininterruptamente, em todo o mundo, tornando-se impossível elencar tantas produções. De modo que apresentaremos lista sucinta de gravações e DVDs:

  • Gravação em áudio, 1947 – CD MYTO

“Orchestra and Chorus of the Metropolitan Opera”, direção Emil Cooper
Solistas: Stella Roman (Leonora) – Margaret Harshaw (Azucena) – Jussi Björling (Manrico) – Leonard Warren (conde de Luna) – Giacomo Vaghi (Ferrando)
“Metropolitan Opera”, Nova York, USA

Obs: Elenco excepcional, onde destacamos as belas vozes e interpretações de Margaret Harshaw (mezzo) e Leonard Warren (barítono).

  • Gravação em áudio, 1962 – CD Melodram

“Orquestra do Teatro alla Scala”, direção Gianandrea Gavazzeni
Solistas: Antonietta Stella (Leonora) – Fiorenza Cossotto (Azucena) – Franco Corelli (Manrico) – Ettore Bastianini (conde de Luna) – Ivo Vinco (Ferrando)
“Coro do Teatro alla Scala”, direção Norberto Mola
Milão, Itália

  • Gravação em áudio CD – “Bella Voce”, 1975

“Orquestra and chorus of the Royal Opera House”, direção Anton Guadagno
Solistas: Montserrat Caballé (Leonora) – Irina Arkhipova (Azucena) – Carlo Cossutta (Manrico) – Sherill Milnes (conde de Luna) – Richard Van Allan (Ferrando)
“Covent Garden”, Londres

    • Gravação em áudio CD – EMI, 1977

“Berliner Philharmoniker”, direção Herbert Von Karajan
Solistas: Leontyne Price (Leonora) – Fiorenza Cossotto (Azucena) – Franco Bonisolli (Manrico) – Piero Capucilli (conde de Luna) – Jose Van Dam (Ferrando)
“Chor der Deutschen Oper Berlin”, Alemanha.

  • Gravação em vídeo – DVD TDK, 1978

“Orchester der Wiener Staatoper”, direção Herbert Von Karajan
Solistas: Raina Kabaivanska (Leonora) – Fiorenza Cossotto (Azucena) – Plácido Domingo (Manrico) – Piero Cappuccilli (conde de Luna) – José van Dam (Ferrando)
“Chor der Wiener Staatoper”, direção Helmuth Frochauer
Viena, Áustria

  • Gravação em vídeo DVD “Deutsche Grammophon“, 1988

“The Metropolitan Opera Chorus and Orchestra”, direção James Levine
Solistas: Eva Marton (Leonora) – Dolora Zajick (Azucena) – Luciano Pavarotti (Manrico) – Sherrill Milnes (conde de Luna) – Jeffrey Wells (Ferrando)
New York, USA

  • Gravação em áudio – CD EMI, 2001

“London Symphony Orchestra”, direção Sir Antonio Pappano
Solistas: Angela Gheorghiu (Leonora) – Larissa Diadkova (Azucena) – Roberto Alagna (Manrico) – Thomas Hampson (conde de Luna) – Ildebrando D’Arcangelo (Ferrando)
“London Voices Chorus Master”, direção Terry Edwards,
London, Inglaterra

  • Gravação em vídeo, 2017

“Orquestra Clásica del Maule”, direção Francisco Rettig
Solistas: Paulina González (Leonora) – Evelyn Ramírez (Azucena) – Giancarlo Monsalve (Manrico) – Omar Carrión (conde de Luna) – David Gaez (Ferrando)
“Coro del Teatro Regional del Maule”, direção Pablo Ortiz
Talca, Chile

Obs: Excelente produção sul-americana, realizada com dedicação, entusiasmo e belas vozes. 

  • Gravação em vídeo – DVD “Fondazione Arena di Verona” – C major, 2020

“Orchestra and Ballet of the Arena di Verona”, direção Pier Giorgio Morandi
Solistas: Anna Netrebko (Leonora) – Dolora Zajick (Azucena) – Yusif Eyvazov (Manrico) – Luca Salsi (conde de Luna) – Riccardo Fassi (Ferrando)
“Chorus of the Arena di Verona”, direção Vito Lombardi
Verona, Itália

  • Download no PQP Bach

Para download e compartilhamento da música de Verdi em “Il Trovatore”, sugerimos gravação em áudio da “Bella Voce”, 1975, ”Orchestra and chorus of the Royal Opera House”, de Londres, direção Anton Guadagno e grandes solistas:

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Vozes solistas e direção

Monserrat Caballé, soprano Catalão, “Leonora” em “Il Trovatore”, de Verdi, no “Covent Garden”, Londres, 1975.

Os solistas desta gravação são de primeira grandeza. E no personagem “Leonora”, a magnífica María de Montserrat Bibiana Concepción Caballé i Folch – Montserrat Caballé, soprano catalão, entre as maiores cantoras líricas de todos os tempos… Formada no “Conservatório Superior de Música”, de Barcelona, sua carreira teve início na Suíça, “Ópera de Basiléia”, com repertório que abrangia Mozart e Johann Strauss…

Após, Caballé tornou-se cantora permanente da “Ópera de Bremen”, Alemanha. E o destaque mundial ocorreu nos USA, no “Carnegie Hall”, 1965, quando substituiu, imprevisivelmente, o mezzo-soprano Marilyn Horne, em “Lucrezia Borgia”, de Donizetti, sendo aplaudida por 25 min. – uma revelação acontecia!… Críticos novaiorquinos, entusiasmados, sintetizaram Caballé na equação “Callas+Tebaldi”…

Irina Arkhipova, mezzo-soprano russo, “Azucena” em “Il Trovatore”, de Verdi, no “Covent Garden”, Londres, 1975.

Em cerca de 130 gravações, o repertório de Caballé é vastíssimo, desde Rossini, Donizetti, Bellini, Verdi e Puccini; até Wagner e Richard Strauss… Por fim, ocasionalmente, incursionou pelo “rock” e “heavy metal”… Morreu em Barcelona, aos 85 anos…

Impecável no papel da cigana “Azucena”, o mezzo-soprano russo, Irina Konstantinovna Arkhipova – Irina Arkhipova. “Técnica irresistível e grande poder expressivo” são características atribuídas à célebre cantora, nascida em Moscou, Rússia…

Inicialmente formada em arquitetura e, mais tarde, no “Conservatório de Moscou”, Arkhipova destacou-se no repertório russo e italiano. E brilhou em “Khovanschina” e “Boris Gudonov”, de Mussorgsky; também em “Eugene Onegin”, de Tchaikovski, atuando nos principais teatros do mundo. Na ex-URSS, recebeu distinções como “Artista do povo”, 1966, e “Herói do trabalho”, 1984…

Carlo Cossutta, tenor dramático – “Manrico” em “Il Trovatore”, de Verdi, “Covent Garden”, Londres, 1975.

Interpretando “Manrico”, o tenor dramático italiano, de ascendência eslovena, Carlo Cossutta. Nascido em Santa Croce del Carso, perto de Trieste, Itália, Cossuta emigrou para Argentina, onde iniciou e terminou sua carreira – no “Teatro Colón”…

Em Buenos Aires, destacou-se em “Don Rodrigo”, de Ginastera, depois na “Royal Opera”, de Londres. As décadas de 70 e 80 marcaram seu apogeu, atuando nos grandes teatros europeus e americanos. Nesta produção, percebe-se a voz poderosa e sólida técnica, típicas de tenores dramáticos. (prudentemente, canta “Di quella Pira” 1/2 tom abaixo, mas em vigorosa performance e bela cor vocal)…

Interpretando “conde de Luna”, o carismático Sherrill Milnes, excelente barítono estadunidense, nascido em Downers Grove, Illinois. Filho de produtores de leite, desde jovem, alternava as lidas da fazenda com os estudos musicais. Posteriormente, entre medicina e música, optou pela carreira musical, na expectativa de tornar-se professor. Assim, de início modesto e poucas pretensões, a voz robusta e presença de palco possibilitaram à Milnes brilhar entre os grandes barítonos de sua geração…

Sherrill Milnes, barítono estadunidense, “conde de Luna”, “Il trovatore”, de Verdi, no “Covent Garden”, Londres, 1975.

Milnes atuou em festejadas casas de ópera e suas qualidades de ator o levaram ao cinema, em “Tosca”, de Puccini…  Junto com as poderosas vozes de Caballé, Arkhipova e Cossutta, além dos solos, integra os belíssimos ensembles, de perfeito equilíbrio e eufonia – qualidades desta excepcional produção…

No papel de “Ferrando”, incisivo personagem do prólogo de “Il Trovatore”, o britânico Richard van Allan. Versátil voz de baixo, destacou-se no “Covent Garden”, na “English National Opera” e, após, realizou extensa carreira internacional. Com elegante presença de palco, suas interpretações sensibilizavam, tanto em pesado repertório de Verdi e Wagner, quanto na leveza de Gilbert e Sullivan. Artigos do “The Times” o elogiaram pelas “virtudes de um grande artista – estilo e dramaticidade, técnica e beleza vocal”…

Richard van Allan, baixo britânico, “Ferrando” em “Il trovatore”, de Verdi, no “Covent Garden”, Londres, 1975.

Em primorosa direção, Anton Guadagno revela sua capacidade de atuar em meio a diversidade sonora – alternando solos, ensembles, coros e orquestra. Mas, sobretudo, nos pequenos conjuntos, entre tercetos e quartetos, atinge níveis de sutileza notáveis, explorando a versatilidade e potencial dos solistas. Equilíbrio, por vezes, comparável a madrigais renascentistas, apesar da robustez vocal dos solistas – final do 4° Ato, Leonora e Manrico em terceto com Azucena, que balbucia “Ai nostri monti… ritorneremo!… l’antica pace… ivi godremo!”… 

Assim, depreende-se que Guadagno coordena de modo a estimular a liberdade, mas semeando coesão; por onde obtém maior concentração e primorosas performances. Sobretudo, no que se revela em qualidade de uma gravação “ao vivo”, sempre sujeita ao inesperado. Assim, percebem-se direções musicalmente sensíveis e proativas…

Anton Guadagno, diretor italiano, na produção de “Il trovatore”, de Verdi, no “Covent Garden”, Londres, 1975.

Nascido em Castellammare del Golfo, Itália, Anton Guadagno formou-se no “Conservatório Vincenzo Bellini”, de Palermo. E após, na “Accademia di Santa Cecilia”, de Roma. Ainda estudante, foi assistente de Herbert von Karajan, no “Mozarteum”, de Salzburgo, Áustria…

Guadagno iniciou carreira na Cidade do México; após, estreou no “Carnegie Hall”, de New York, 1952, e tornou-se diretor assistente da “Metropolitan Opera”, entre 1958-59. Também atuou na “Filadélfia Lyric Opera Company” e, sobretudo, a partir de 1970, maestro residente para o repertório italiano, na “Wiener Staatsoper”, por 30 anos. Em 1984, em paralelo às atividades de Viena, retornou aos USA, como titular da “Palm Beach Opera”, permanecendo até sua morte – Viena, 2002…

Por fim, agradecemos e aplaudimos os coros, ensembles e orquestra desta excelente produção. “Il trovatore” é drama intenso, onde a música de Verdi segue a nos sensibilizar e manter viva a arte da ópera! 

Capa CD “Bella Voce”, de “Il Trovatore”, de Verdi, “Covent Garden”, Londres, 1975

Sugerimos também:

    1. Áudio CD Myto – produção do “Orchestra and Chorus of the Metropolitan Opera”, direção Emil Cooper, com Stella Roman (Leonora) – Margaret Harshaw (Azucena) – Jussi Björling (Manrico) – Leonard Warren (conde de Luna) – Giacomo Vaghi (Ferrando), Nova York, USA, 1947.

    1. DVD TDK – produção em vídeo da “Orchester und Chor der Wiener Staatoper”, direção Herbert Von Karajan, com Raina Kabaivanska (Leonora) – Fiorenza Cossotto (Azucena) – Plácido Domingo (Manrico) – Piero Cappuccilli (conde de Luna) – José van Dam (Ferrando), Viena, Áustria, 1978.

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“PQP Bach and Company: farmers at work!”

Alex DeLarge

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Claudio Monteverdi (1567-1643): L`Orfeo (Gardiner)

Claudio Monteverdi (1567-1643): L`Orfeo (Gardiner)

Se você, como eu, gosta de música antiga, vai adorar isso. Chamada às vezes La Favola d’Orfeo (A Fábula de Orfeu), L`Orfeo é uma Fabula em Música, ou uma ópera de Claudio Monteverdi, que data do período de transição entre a Renascença e o Barroco. Baseada na lenda grega de Orfeu que desce ao reino dos mortos, de Hades, na tentativa de trazer sua bem amada Eurídice de volta à vida, foi escrita em 1607 para uma encenação no carnaval da corte de Mântua. Embora não tenha sido a primeira ópera a ser composta, esta honra é de Jacopo Petri, Orfeo tem a distinção de ser a mais antiga ópera ainda regularmente executada hoje em dia. Esta obra teve um papel pioneiro no desenvolvimento do gênero visto que é a que mais se aproxima do modelo que se consagraria depois. É justamente considerada a primeira obra-prima do gênero operático. Tecnicamente, é uma ópera, mas não é o estereótipo criado depois e, creio, esta é a melhor versão disponível.

Prólogo
O “Espírito da Música” explica o poder da música, e especificamente o poder de Orfeu, cuja música é tão poderosa que é capaz de mudar a atitude dos próprios deuses.

Ato I
Orfeu e Euridice comemoram a chegada do dia do casamento.

Ato II
Orfeu recebe a terrível notícia de que Euridice havia morrido com a picada de uma serpente, decidindo ir até o Tártaro, de Hades, para poder resgatar a sua amada. Ele fala como a felicidade humana é passageira. O coro final termina com um lamento fúnebre.

Ato III
Esperança acompanha Orfeu à entrada do Tártaro. Orfeu encontra Caronte, o guardião do Tártaro e barqueiro do rio Estige, que o atravessa após ouvir uma canção pungente e emocionada de sua lira. A canção da lira também adormece Cérbero, o cão de três cabeças guardião dos portões do Tártaro permitindo que Orfeu passe por ele.

Ato IV
Prosérpina, a rainha do Tártaro e esposa de Plutão, é comovida pela música de Orfeu e, com isso, Plutão, rei do Tártaro, deixa Eurídice ir. Mas Plutão só a libera com uma condição: que Orfeu não olhe para trás onde segue Eurídice. Plutão libera a amada de Orfeu. Assim Orfeu e sua amada Eurídice se retiram do Tártaro, para irem para a Terra, mas num momento de fraqueza humana, Orfeu olha para trás e vê o ombro de Eurídice. Então, sem tempo para começar a olhar o rosto de Eurídice, ela é fulminada e volta como fantasma para o Tártaro.

Ato V
Orfeu é consumido pela dor, e Apollo, o seu pai, vem do céu para levar seu filho, onde lá ele poderá ver para sempre a imagem de Euridice no céu, formada pelas estrelas.

Claudio Monteverdi (1567-1643): L`Orfeo (Gardiner)

L’Orfeo. Favola In Musica (1607)
1-1 Toccata 1:38

Prologo
1-2 Dal Mio Permesso (La Musica) 5:44

Atto Primo
1-3 In Questo Lieto E Fortunato Giorno (Pastore I) / Vieni, Imeneo (Coro Di Ninfe E Pastori) / Muse, Onor Di Parnaso (Ninfa) 3:28
1-4 Balletto: Lasciate I Monti (Coro Di Ninfe E Pastori) / Ma Tu, Gentil Cantor (Pastore III) 2:34
1-5 Rosa Del Ciel (Orfeo / Io Non Dirò Qual Sia (Euridice) / Balletto: Lasciate I Monti / Vieni, Imeneo (Coro Di Ninfe E Pastori) 4:27
1-6 Ma Se Il Nostro Gioir (Pastore II, Pastore I, Pastore III, Pastore IV, Ninfa) / Ecco Orfeo, Cui Pur (Coro Di Ninfe E Pastori) 5:09

Atto Secondo
1-7 Sinfonia / Ecco Pur Ch’a Voi Ritorno (Orfeo) 0:49
1-8 Mira Che Sé N’alletta (Pastore I, Pastore II) / Dunque Fa Degni, Orfeo (Coro Di Ninfe E Pastori) 2:16
1-9 Vi Ricorda, O Bosch’ombrosi (Orfeo, Pastore I) 2:51
1-10 Ahi, Caso Acerbo / In Un Fiorito Prato (Messaggiera, Pastore I, Pastore II, Pastore III, Orfeo) 9:28
1-11 Ahi, Caso Acerbo (Coro Di Ninfe E Pastori) / Ma Io, Che In Questa Lingua (Messaggiera) 2:49
1-12 Sinfonia / Chi Ne Consola, Ahi Lassi / Ahi, Caso Acerbo / Ma Dove, Ah Dove / Ahi, Caso Acerbo (Pastore I, Pastore II, Coro Di Ninfe E Pastori) 7:09

Atto Terzo
2-1 Sinfonia / Scorto Da Te, Mio Nume (Orfeo) / Ecco L’atra Palude (Speranza) / Dove, Ah Dove Ten Vai (Orfeo) 6:29
2-2 O Tu, Ch’inanzi Morte (Caronte) 2:13
2-3 Possente Spirto (Orfeo) 8:23
2-4 Be Mi Lusinga (Caronte / Ahi, Sventurato Amante (Orfeo) / Ei Dorme, E La Mia Cetra (Orfeo) 5:21
2-5 Nulla Impresa Per Uom (Coro Di Spiriti) 2:48

Atto Quarto
2-6 Signor, Quel Infelice (Proserpina) / Benché Severo (Plutone) / O Degli Abitator (Spirito I, Spirito II) / Quali Grazie Ti Rendo (Proserpina) / Tue Soavi Parole (Plutone) 6:54
2-7 Pietade, Oggi, E Amore (Coro Di Spiriti) / Ecco Il Gentil Cantor (Spirito I) 0:40
2-8 Qual Onor Di Te (Orfeo) / O Dolcissimi Lumi (Orfeo / Rotto Hai La Legge (Spirito III) 3:15
2-9 Ahi, Vista Troppo Dolce (Euridice) / Torn’a L’ombra (Spirito I) / Dove Ten Vai (Orfeo) 2:34
2-10 È La Virtute Un Raggio (Coro Di Spiriti) 2:27

Atto Quinto
2-11 Questi I Campi Di Tracia (Orfeo, Eco) 8:09
2-12 Sinfonia / Perché A Lo Sdegno (Apollo, Orfeo) 5:47
2-13 Vanne Orfeo (Coro Di Ninfe E Pastori) 0:59
2-14 Moresca 1:18

Alto Vocals – Ashley Stafford, Brian Gordon (2), Christopher Royall, Julian Clarkson, Patrick Collin
Bass Vocals – Charles Pott, Richard Savage, Simon Birchall, Stephen Charlesworth (2)
Cello, Viola da Gamba – Angela East, Richard Campbell
Chitarrone – Timothy Crawford*
Chitarrone, Cittern, Cittern [Ceterone] – Robin Jeffrey
Chorus [Coro Di Ninfe E Pastori, Coro Di Spiriti] – The Monteverdi Choir
Composed By – Claudio Monteverdi
Conductor – John Eliot Gardiner
Cornett – Jeremy West
Double Bass – Amanda MacNamara*, Valerie Botwright
Ensemble – His Majesties Sagbutts & Cornetts*, The English Baroque Soloists
Guitar [Baroque Guitar], Chitarrone – Jakob Lindberg
Harp [Double Harp] – Frances Kelly
Libretto By – Alessandro Striggio, Jr.*
Organ [Chamber Organ, Chest Organ, Regal], Harpsichord, Virginal – Alastair Ross, Linnhe Robertson, Paul Nicholson
Percussion – David Corkhill
Recorder – David Pugsley, Rachel Beckett
Sackbut [Baroque Sackbut] – Paul Nieman, Peter Goodwin, Richard Cheetham, Stephen Saunders, Susan Addison
Soprano Vocals – Carol Hall (2), Jane Fairfield, Mary Seers, Nicola Jenkin, Rachel Platt, Suzanne Flowers
Tenor Vocals – Angus Smith, Clifford Armstrong, David Roy, Howard Milner, Leigh Nixon
Trumpet – Crispian Steele-Perkins
Trumpet, Cornett – David Staff
Viola – Annette Isserlis, Jan Schlapp, Nicholas Logie, Rosemary Nalden
Violin – Elizabeth Wilcock, Hildburg Williams, Julie Miller (2), Susan Carpenter Jacobs*
Violin, Violino Piccolo – Graham Cracknell
Violin, Violino Piccolo, Concertmaster – Roy Goodman
Vocals [Caronte, Spirito III] – John Tomlinson (2)
Vocals [Euridice] – Julianne Baird
Vocals [La Musica] – Lynne Dawson
Vocals [Messaggiera] – Anne Sofie von Otter
Vocals [Ninfa] – Nancy Argenta
Vocals [Orfeo] – Anthony Rolfe Johnson
Vocals [Pastore I, Eco] – Mark Tucker (5)
Vocals [Pastore II, Apollo] – Nigel Robson
Vocals [Pastore III] – Michael Chance
Vocals [Pastore IV] – Simon Birchall
Vocals [Plutone] – Willard White
Vocals [Proserpina] – Diana Montague
Vocals [Speranza] – Mary Nichols
Vocals [Spirito I] – Howard Milner
Vocals [Spirito II, Chorus] – Nicolas Robertson

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Monteverdi pintou na sua telinha com seu bigodón sexy.

PQP

Giuseppe Verdi (1813-1901): “Rigoletto” – ópera em três atos (D’Angelo, Capecchi, Tucker, Pradelli)

Giuseppe Verdi (1813-1901): “Rigoletto” – ópera em três atos (D’Angelo, Capecchi, Tucker, Pradelli)
“Rigoletto” – 17ª ópera de Giuseppe Verdi.

A condição de Rigoletto não era simples. Com sagacidade, no entanto, o corcunda combinava sua miséria física com especial talento para o humor – meio de salvação existencial… Assim, tornou-se bobo de uma pequena corte, simplória e decadente, onde explorava o riso da própria deformidade, entremeando os truques de ator…

E, se pessoas são capazes de generosidade e compaixão; também são da mais escrachada insensibilidade… Sobretudo, quando ostentam e riem, auto confiantes, da miséria alheia, tocadas por certa identidade – estúpida cumplicidade dos iguais… E em tal condição, o corcunda carregava e semeava ressentimentos…

Apesar de odiar a corte, Rigoletto almejava certa empatia, quem sabe, cínica troca de favores e proteger a filha dos assédios do patrão, a quem colaborava na aproximação de outras mulheres – direito dos proprietários, dispor da criadagem, retirando-lhes qualquer senso de escolha e dignidade…

Assim, o duque, dissoluto e incorrigível, ciente dos ditos direitos, mostraria à Rigoletto o devido lugar, negando-lhe qualquer atenção especial e assediando também a filha, definindo natureza e distanciamento de ambos… E à Rigoletto caberia resignar-se, como insignificante distração, numa corte que vivia a esmo e aos prazeres…

Do caráter inicial, jocoso e cínico, da relação com o duque, a trajetória de Rigoletto ganharia contornos dolorosos, quando o ambiente dissoluto, inexoravelmente, invadiria sua casa e sua família, agredindo-lhe os sentimentos paternos… Vassalo corrompido e amargurado, cujas dor e existência eram irrelevantes, Rigoletto extravasaria: “Cortigiani, vil razza, dannata!”…

E assombrado por medos, ao desafiar gente poderosa, mas acossado por vingança, Rigoletto, por engano e trágica ironia, se depararia, no lugar do duque, com a morte da própria filha, Gilda: “La maledizione!”…

  • Motivações
Giuseppe Verdi, músico e entusiasta da unificação italiana.

A leitura de “Le roi s’amuse” (“O rei se diverte”), de Victor Hugo, fascinou Verdi. E o músico, de imediato, solicitou libreto a Francesco Piave, que trabalhava em “Stiffelio”, as duas novas óperas, após estreia, em Nápoles, de “Luisa Miller”…

Desde o final do sec. XVIII, a literatura alemã anunciava o romantismo, debruçava-se sobre o contexto social europeu e adentrava à França. “Le roi s’amuse” trazia realidade pungente, dos direitos distintos para cada classe social, formalmente, abolidos na “Revolução Francesa”… E desde “Luisa Miller”, Verdi aprofundava-se na trajetória dos personagens, nos afetos e conflitos, abandonando os temas épicos, fruto do intenso engajamento, que antecedeu a “1ª guerra de independência italiana”…

Apesar dos esforços heroicos, o fracasso daqueles levantes revolucionários levariam a Itália permanecer, por mais dez anos, fragmentada e sob domínio austríaco… Período em que Verdi retornou à terra natal, após dois anos em Paris, e iniciava nova vida conjugal, com o soprano Giuseppina Strepponi, que estreara suas primeiras óperas…

“Villa Sant’Agata”, adquirida por Verdi, 1848, na cidade natal, Bussetto, ducado de Parma, onde fixa residência, com Giuseppina Verdi Strepponi, 1849.

Para tanto, adquiriu propriedade na comuna de Busseto, ducado de Parma – “Vila Sant’Agata”… E debruçava-se em novas leituras, fossem de autores alemães, como Schüller e o “Sturm und Drang”, precursores do romantismo; ou de autores franceses, como Victor Hugo e a “mélange des genres”. Para o autor francês, a dramaturgia englobava o épico e a poesia, o belo e o feio, o sublime e o grotesco; elogiando o cristianismo por admitir tais dualidades…

Clelia Maria Josepha Strepponi, conhecida como Giuseppina Verdi Strepponni, soprano e esposa de Verdi, por cerca de 50 anos.

Através desta literatura, Verdi discutiria o seu tempo, marcando seus personagens pelos contrastes sociais, costumes e multiplicidade de sentimentos… E a mudança para “Villa Sant’Agatta” traria mágoas e frustrações, dado ambiente conservador e religioso… Juntos, Giuseppina e Verdi, suportariam o preconceito local, apesar de artistas consagrados, mas que não eram casados – Giuseppina sofria muito e evitava sair…

  • Embates com a censura

Desde o intenso engajamento pela unificação italiana – fase patriótica, e mesmo após, com as temáticas burguesas, recorrentemente, Verdi provocou desconfiança. E a cada nova ópera, surgiam conflitos, fossem com as monarquias italianas, ou com autoridades austríacas e religiosas… Fatores inevitáveis, que atrasavam estreias e suscitavam escarnio da imprensa, que acompanhava querelas e desgaste de compositores e libretistas. Tal como em “Stiffelio”, com as autoridades religiosas, em Trieste…

Na Europa, a ópera era atividade relevante e popular. E as estreias, precedidas de farta divulgação e preparativos, o que também englobava certa imprensa, folhetinesca e difamatória, intrínseca à rica e efervescente indústria cultural… E em “Rigoletto” não seria diferente, com os censores venezianos…

Assim, o disforme corcunda era figura provocativa, a mover-se no palco e gracejar, fosse para deleite dos cortesãos ou para ironizá-los; também a ressentir-se, dolorosamente, por ter a filha violada e denunciar sociedade decadente e abjeta, levando o drama para terrível desenlace, que evoluía da farsa e do cinismo, para o ódio implacável e tragédia…

“Rigoletto”, pelo barítono Tood Thomas, na Ópera de Atlanta, USA, 2015.

Verdi fascinou-se com as possibilidades do tema – das cenas e imagens que chocavam e constrangiam. Do feio e deformado protagonista; do ambiente dissoluto e do arrastar uma jovem morta dentro de misterioso saco, que, por fim, descobriria ser a própria filha. Tudo, deliberadamente, apresentado em dose de exagero, quem sabe, de vulgaridade frente aos limites do decoro – o realismo verdiano…

O drama culminaria, por fim, com a maldição e derrota do vassalo. Daquele que, também corrompido, ao indignar-se e tentar reerguer-se, ao seu modo, buscando vingança ou justiça, revelava sua própria impotência, seus medo e inferioridade internalizados, quando planejava atabalhoadamente e fracassava, voltando seu ódio contra si mesmo e sua descendência…

Assim, após regozijar-se com suposta morte do duque, Rigoletto encerra o drama, em intensa catarse e lamento, ao descobrir que sua própria filha morrera no lugar daquele a quem odiava: “Maledizione!”, grita Rigoletto – título inicial da ópera – frente ao tremendo e incorrigível erro; da maldição do inferior, incerto dos próprios direitos, que sucumbe à indelével condição – marcando na deformidade física, metáfora da deformidade social e psíquica… 

  • Música de “Rigoletto”

Verdi trabalhou intensamente na música de Rigoletto. O drama decorre do profundo amor entre o pai e a filha, Gilda, a quem pretendia preservar de um mundo sombrio e violento, do qual participava e bem conhecia… Do desejo de preservá-la, em pureza e dignidade, para um mundo diferente, contrário à perversidade, à qual habituara-se no convívio da corte e do duque… E em seu amor, puramente egoísta, Rigoletto, com as demais mulheres, agia como lhe era esperado – cúmplice debochado e fiel servidor do duque…

De outro, em seu devaneio afetivo, Gilda, ao deixar-se seduzir, acreditava no amor do duque e também o amava. Assim, manteve ilusão e pureza, quem sabe, certa alienação, que a alimentou e protegeu, sem que nunca compreendesse a angústia e ódio paterno, ou mesmo, as motivações que levaram o duque a seduzi-la, permanecendo em seu universo particular – de sonho e idealismo, quem sabe, de dignidade e liberdade interior…

Rigoletto”, cenário para Cena 2, Ato 1, por Giuseppe Bertoja.

Nesta fase, Verdi despertara para simplicidade de meios. E da robustez vocal e orquestral da fase patriótica, evoluiu para maior variedade harmônica e fluente melodismo, produzindo árias e ensembles que tornar-se-iam famosos – “viralizariam”… A música de Rigoletto é marcada por ininterrupta invenção, agregando originalidade, expressão e dramaticidade. E mesmo em “Stiffelio”, composta simultaneamente, a crítica percebia cativante melodismo, a ampliar-se nas óperas seguintes…   

  • Lirismo verdiano e “Risorgimento” – década de 50

Dado a longevidade, falecido no alvorecer do século XX, Verdi testemunhou e participou de inúmeros eventos. Embora residindo em Paris, acompanhou e empenhou-se na “1ª guerra de independência”, quando vibrou com as façanhas do “Levante de Milão”, 1848; e estreou “La battaglia di Legnano” em plena Roma ocupada, 1849, durante a efêmera república, proclamada pelas forças de Garibaldi e Mazzini, depois repelidas por austríacos, franceses e espanhóis, a pedido do Papa. E, mais tarde, celebraria a monarquia italiana, 1861, sendo nomeado senador, por Vitor Emanuelle, 1874…

Episódio dos “Cinco Dias de Milão”, por Baldassare Verazzi.

Figura simbólica da unificação, junto com Garibaldi e Mazzini – “os três Giuseppes”, a partir de “Luisa Miller”, Verdi seguiria espécie de produção “entre guerras”, abandonando os temas épicos. A década de 50 marcaria reorganização, econômica e militar, do “Risorgimento”, sob liderança da Sardenha-Piemonte, de Vitor Emanuelle e Cavour. E certo apaziguamento revolucionário, que, no caso de Verdi, resultou em sucessão de obras-primas, do mais profundo lirismo. Após “Rigoletto”, viriam “La Traviatta” e “Il Trovatore”, formando célebre trilogia, além de “I Vespri Siciliani”, “Aroldo” – nova revisão de “Siffelio”, “Simon Boccanegra” e “Ballo Maschera”…

Apenas em 1859, com apoio da França, o “Risorgimento” empreenderia nova e bem sucedida campanha – “2ª guerra de independência”… Lombardia, Sicilia e Nápoles seriam libertadas. E a cada conquista, massiva adesão popular, consolidando ideia de nação. Em 1861, Vítor Emanuelle proclamaria a “Monarquia Italiana”, com capital em Turim, depois Florença, 1865… E a unificação se estenderia até a libertação do Vêneto, 1868, com apoio da Prússia; e depois, Roma, 1870… Cerca de dez anos de lutas!

Giuseppe Verdi e Gioachino Rossini.

E Verdi, apesar da expressiva contribuição até “Stiffelio”, só a partir de “Rigoletto”, teria o reconhecimento de Rossini, como músico diferenciado, quem sabe, genial… Aos 38 anos, iniciava nova etapa. E muito ainda viria, até “Aída”, “Requiem”, “Otello” e “Falstaff”… Maior compositor italiano de seu tempo, até idade avançada, surpreendeu em vitalidade e criatividade, marcando o teatro lírico do sec. XIX…

  • Sucesso de público e controversas na crítica

“Rigoletto” foi grande sucesso na estreia, 11/03/1851, no teatro “La Fenice”, de Veneza. O público reagiu calorosamente, tocado pelo ritmo, pelas cenas e melodismo fluente. Dois números foram bisados e Verdi chamado ao palco diversas vezes… Sucesso que foi crescente e, até hoje, referência das grandes plateias…

No Brasil, foi encenada no Rio de Janeiro, 1856, cinco anos após estreia europeia, no “Teatro Provisório”, depois chamado “Teatro Lyrico Fluminense” – em atividade de 1852/75. Período em que o público carioca assistiu “Macbeth”, “Attila” e “Luisa Miller”; “Il Trovatore”, “La Traviata” e “Giovana D’Arco”… Posteriormente, o teatro foi demolido, função de novo planejamento urbano e inauguração do “Teatro D. Pedro II”, abril/1875…

“Teatro Provisório”, depois “Teatro Lyrico Fluminense”, No “Campo de Santana”, em atividade entre 1852 à 1875, Rio de Janeiro – Estreia de “Rigoletto”, 1856.

A critica, como esperado, dividiu-se entre aqueles mais susceptíveis à reação emotiva; e outros, mais distanciados, reagindo parcimoniosamente, senão com indiferença ou preconceito… Assim, a “Gazzetta Privilegiatta di Venezia” descreveu o impacto da estreia e reação do público:

“Ópera que não pode ser julgada numa única noite. Ontem, fomos quase que subjugados pela originalidade… ou antes, pelas estranhezas do tema, da música e ausência de números… No entanto, o sucesso de público foi absoluto. A habilidade na instrumentação é autêntica, admirável e estupenda. A orquestra fala, chora e transmite paixão. Nunca, a eloquência dos sons foi mais poderosa”…

E, curiosamente, segue a crítica: “Parece-nos, numa primeira audição, que a parte vocal foi menos esplêndida, uma vez que faltaram grandes conjuntos e mal se percebem um quarteto e um trio no último ato”… O quarteto, a que se referia o crítico, era, nada mais, nada menos, que “Bella figlia dell’amore”, que impressionou Victor Hugo e entre os mais famosos de Verdi…

Interior do Teatro “La Fenice”, Veneza, Itália. Estreia de “Rigoletto”, em 11/03/1851.

Outros acharam a ópera, simplesmente, confusa; que Verdi tentava apropriar-se do estilo de Mozart; ou, faltavam invenção e originalidade. Enfim, uma gama de opiniões de ocasião… Finalmente, Chorley, em Londres, 1853, que havia descrito “I Masnadieri” como a pior ópera já composta, escreveu: “A mais fraca das óperas de Verdi”… O público, no entanto, já havia adotado “Rigoletto”, entre as maiores já escritas!… 

  • Acontecimentos na Europa

Passavam-se cinco décadas da Revolução e, na França, após queda de Napoleão, permanecia a instabilidade política… Após o Congresso de Viena, 1815, estabeleceu-se nova ordem europeia, dado a consolidação e sobrevivência dos regimes monárquicos. Um mundo em transformação, que cedia à construção de modelos híbridos, entre monarquias e aristocracias remanescentes; e a emergente burguesia, que passava a compartilhar poder político e econômico…

“Grande funeral”, pelas vitimas da Revolução de 1848, no largo da Bastille, Paris.

Além disto, novas demandas pressionavam a sociedade europeia, representadas pelas organizações de trabalhadores – proletariado, impulsionado pelos pensamentos socialista e anarquista…Verdi estava em Paris, quando eclodiu a revolução de 1848 e esteve presente no grande funeral – no largo da Bastille…

Em Paris, acompanhou a constituinte de 48, pós abdicação de Louis Philippe e eleição de Luís Napoleão, que, posteriormente, empreenderia auto golpe, restabelecendo o Império, 1851 – Napoleão III seria determinante na “unificação italiana”…

Karl Marx e Friedrich Engels, autores do “Manifesto Comunista”, 1848.

Chamado “Primavera dos Povos”, além do levante de Paris, ano de 48 marcaria a política europeia com o “manifesto comunista”, de Marx e Engels; também com movimentos liberais e anarquistas na Alemanha; e na Itália, eclosão da “1ª guerra de independência”, proclamação de diversas repúblicas e simbólicos “cinco dias de Milão”, quando os exércitos austríacos foram, temporariamente, expulsos…

Dado as dificuldades no enfrentamento dos austríacos, Verdi juntou-se a diversos intelectuais, que encaminharam pedido de apoio ao governo francês, na “1ª guerra de independência”, que não veio… Apoio da França ocorreria 10 anos após, com o então imperador Napoleão III… 

“Napoleão III” – 1° presidente da França, 1848-52.
Depois, Imperador, entre 1852-70.

Curiosamente, neste contexto, Richard Wagner amargaria exílio de 11 anos dos estados alemães, após derrota do levante de Dresden, 1849, fruto de sua adesão ao ideário anarquista, de Bakunin… O que lhe custou o cargo de “Kapellmeister” da ópera de Dresden, para imensa frustração da esposa, Minna Planer…

  • Victor Hugo

“Podemos resistir à invasão de exércitos; não resistimos à invasão das ideias”…

Filho de um dos generais de Napoleão e mãe monarquista, a infância de Hugo foi marcada pela divergência política de seus pais… Um espelho, em família, da crise que se abatia na França, pós Revolução. Autor de múltiplos gêneros literários e nas artes visuais, mais de 4 mil desenhos, Victor Hugo foi poeta, dramaturgo e romancista, além de escrever para jornais e revistas, em geral, denunciando a desigualdade social…

Victor Hugo, poeta, dramaturgo e político francês, autor de “Le roi s’amuse”, “Cromwell”, “Notre-Dame du Paris”, “Les Miserables” e outros.

Na política, inicialmente monarquista, foi eleito senador, 1845. E após a revolução de 1848, aderiu aos liberalismo e republicanismo… Constituinte em 48, fez campanha para Luis Napoleão, que tornou-se presidente da 2ª república francesa. E quando este, através de auto golpe, reinstaurou o império, 1851, Hugo rompeu com o então Napoleão III e amargou exílio de 18 anos… Ao retornar à França, 1870, foi eleito deputado e depois, novamente, senador, tornando-se líder da esquerda, na Assembleia Nacional… Falecido aos 83 anos, 1885, recebeu honras nacionais…

Com a peça “Cromwell”, 1827, identificou-se com o romantismo francês. E obteve maior notoriedade em “Notre-Dame du Paris”, 1831, sobre uma Paris medieval, cruel e desumana… Sobretudo, Hugo preocupava-se com o crescimento e a miséria dos trabalhadores, no sec. XIX… 

Em “Le roi s’amuse”, Triboulet diz: “Je suis l’homme qui rit, il est l’homme qui tue” (“eu sou o homem que ri, aquele é o homem que mata”); ou, diria,”o homem que ri, também é aquele que mata”… Condenado pela desigualdade, Triboulet “odiava o rei, porque era rei; odiava os nobres, porque eram nobres; odiava os homens, porque poucos, ou nem todos, tinham corcunda”… Era um condenado pela natureza, pelo sistema e pelo despotismo. E quando decide vingar-se, salvar sua descendência, seus afetos, se depara com a filha morta. O corcunda, simplesmente, não tinha direitos: “J’ai tué mon enfant!” (“Eu matei minha filha!”)…

A peça foi proibida por 50 anos, na França, por supostas críticas à monarquia e ofensas ao então rei Louis-Philippe… Victor Hugo moveu célebre processo pela liberdade de expressão, contra o estado francês. Por fim, derrotado, teve que arcar com as custas processuais… E a 2ª apresentação, simbolicamente, ocorreria na comemoração dos 50 anos da peça, na “Comédie-Française”, 1882, com música incidental de Leo Delibes, pouco antes de sua morte…

“Blanche” (Gilda), em “Le roi s’amuse”, transportada num saco, por “Tribloulet”.

Sobre texto de Victor Hugo e também para Veneza, Verdi compôs “Ernani”, 1844, quando popularizou o “chapéu com pena”, adereço associado à liberdade e à unificação italiana. E quando interessou-se por “Le roi s’amuse”, a peça estava proibida na França, desde 1832… Mas, ironicamente, “Rigoletto” seria encenada em Paris…

Personagem Ernani, 5a ópera de Verdi, sobre drama de Hugo, estreia em Veneza, 1844.

Mais tarde, críticos de “Les Annales” observaram que a ópera de Verdi fora encenada em dois teatros de Paris, a partir de 1857, inclusive com a presença de Victor Hugo, aparentemente exilado, e sem quaisquer objeções da censura, enquanto “Le roi s’amuse” permanecia proibida…

  • Libreto de “Rigoletto”

Sobre “Le roi s’amuse”, Verdi escreveu à Piave: “tenho novo tema que, se for liberado pela polícia, seria dos maiores do teatro moderno. Se aprovaram ‘Ernani’, porque não este, sem conspirações e política… O personagem chama-se Triboulet”…

E ao ler sinopse de “Stiffelio”, achou interessante, embora, motivação maior recaía em “Le roi s’amuse”. Assim, estavam decididos os temas para duas novas óperas: “Stiffelio”, para “Casa Ricordi”, com estreia em Trieste; e “Rigoletto”, para o teatro “La Fenice”, em Veneza; ambas com libretos de Francesco Piave…

Francesco Maria Piave, libretista de “Rigoletto”,
Trabalhou com Verdi em cerca de 11 óperas.

Inicialmente, “La Maledizione” – título original de “Rigoletto” – foi totalmente preterida pela censura veneziana. Verdi supunha que Piave tinha controle da situação e ficou decepcionado. Então, escreveu ao “La Fenice” relatando ser impossível trabalhar novo libreto, quando a música estava bastante avançada – intenso trabalho de 45 dias e, praticamente, duas horas de música concluída… E ofereceu “Stiffelio”, mas na concepção original, pois também se frustrara em Trieste, com a censura religiosa…

Finalmente, após reunião de ambos, Piave e Guglielmo Brenna, secretário do “La Fenice”, com o diretor da “Ordem Pública” de Veneza, obtiveram algumas concessões. Da reunião com Verdi, seis pontos foram elencados, de modo a atender exigências e adaptar outras, sem prejuízo da trama… Assim,  transferia-se ação da corte francesa, para um ducado de menor importância, na França ou Itália; se alterariam nomes dos personagens de Victor Hugo; e outras, que fossem ofensivas aos “bons costumes”. E a nova proposta foi aceita, permitindo à Verdi concluir a ópera, embora, com adiamento da estreia…

O drama era pautado pela maldição de Monterone, um nobre cuja filha fora seduzida pelo Duque de Mântua. Após insultos e gracejos de Rigoletto, Monterone amaldiçoa ambos… Fiel ao duque, mas sarcástico com os demais cortesãos, Rigoletto semeava ressentimentos. E embora mantivesse a filha, Gilda, escondida, desconhecia os assédios que o próprio duque lhe fazia, disfarçado de estudante…

Personagem “Triboulet”, nos 50 anos de “Le Roi s’amuse”, na “Comédie-Française”, 1882.

Naquele ambiente abjeto, a ira à língua afiada do bufão se revelaria no rapto de Gilda, pelos cortesãos, para o interior do palácio, com ajuda do próprio bufão, que desconhecia tratar-se da filha. E quando Rigoletto descobre Gilda no palácio, ela já havia sido seduzida pelo duque…

Tomado de ódio, Rigoletto contrata um matador, de nome Sparafucile, dono de uma hospedaria, para eliminar o duque. A filha de Sparafulice, Maddalena, no entanto, é afeiçoada ao duque e convence o pai a não matar o duque. E sim, o primeiro estranho que adentrasse a hospedaria, a fim de ter um corpo a apresentar a Rigoletto… Ouvindo tal conversa, Gilda decide sacrificar-se e acaba morta por Sparafucile… Gilda amava o duque e imaginava ser amada por ele…

Quando Rigoletto recebe um saco, acreditando conter o corpo do duque, regozija-se. Mas, em seguida, ouve ao longe “La donna è mobile”, na voz do próprio duque… Apreensivo, ao abrir o saco, se depara com a filha, desfalecendo… Gilda morre nos braços do pai… Em desespero, Rigoletto lembra da maldição de Monterone e tomba sobre o corpo de Gilda… 

Teatro “La fênice”, fachada lateral, vista pelo grande canal, Veneza.
  • Sinopse

Ação ocorre na região de Mântua, Itália, sec. XVI.

  • Personagens: Duque de Mântua (tenor); Rigoletto, bufão corcunda (barítono); Gilda, filha de Rigoletto (soprano); Sparafucile (baixo); Maddalena, filha de Sparafucile (contralto); Monterone, um nobre (barítono); Borsa, cortesão (tenor);
  • Coros: Damas e nobres da corte; pajens e serviçais.

A ópera inicia com breve e sombrio “Prelude” orquestral.

Figurinos para “Gilda e Duque”, na
estreia de “Rigoletto”, 11/03/1851.
  • Ato 1 

Cena 1: Salão do palácio ducal

Cena abre com um baile no palácio do Duque de Mântua. Duque canta suas conquistas amorosas à Borsa, um cortesão. E de uma recente aventura, com jovem encantadora, que até aquele momento só avistara na Igreja… Obsessivo nas conquistas, o Duque descobrira a residência da jovem, numa vila, onde um desconhecido a visitava diariamente… Tratava-se de Gilda, filha de Rigoletto, que vivia escondida pelo pai… Em meio à festa, Duque canta a balada “Questa o quella, per me pari sono” (“Esta ou aquela, para mim são o mesmo”). E tal como Don Giovani, passava de uma aventura à outra, sem qualquer hesitação, não importando as condições sociais…

Chegam também à festa, conde e condessa de Ceprano. O Duque se encanta com a condessa, a convida para dançarem e passa a elogiar a bela figura feminina – dançam o “minuetto e o peregodino”. E Rigoletto, conhecendo a índole do duque, passa a ridicularizar o conde… Entra Marullo, outro cortesão, a mexericar, mas agora, sobre suposta amante do corcunda, apesar da deformidade física…  E os presentes irrompem em gargalhadas!…

Rafaelle Mirate, tenor – “Duque de Mântua”, na estreia de “Rigoletto”, em Veneza, 11/03/1851.

Ainda na presença do conde Ceprano, Rigoletto insiste nas provocações, insinuando as inevitáveis incursões que o Duque faria para seduzir sua esposa. Rigoletto galhofa a ponto de sugerir risco de morte, ao conde, se a vontade do duque não se realizasse… Com tais insinuações, Ceprano desafia Rigoletto para um duelo. E demais cortesãos condenam Rigoletto, pela atitude repugnante e debochada… Ceprano propõe reunião à noite, com demais cortesãos, para vingarem-se do corcunda… E o Duque repreende a todos, protegendo Rigoletto…

Neste momento, a música alegre é interrompida pela chegada de Monterone. Outro nobre ofendido, que acusa o Duque de desonrar sua filha. Rigoletto, cúmplice das aventuras do Duque, parte para desmoralizar Monterone, ao gracejar e imitar gestos e atitudes… O nobre amaldiçoa ambos e promete vingança, por tamanha baixeza ao ignorarem a dor de um pai – “Ah! Siati entrambi voi maledeti!”…

Por fim, tais apelos, à dor e aos sentimentos paternos, perturbam Rigoletto, que treme ao lembrar que também tem uma filha. E, desta feita, os cortesãos alinham-se ao duque e à Rigoletto, indignados com Monterone, mas por perturbar o ambiente festivo, com suas dores e ressentimentos… 

“Entrada de Monterone” – cena da maldição de “Rigoletto”.

Cena 2: Num beco, entre as casas de Ceprano e Rigoletto, à noite

A maldição de Monterone trouxe maus pressentimentos à Rigoletto. E ao encontrar Sparafucile, dono de uma hospedaria, que se apresenta como assassino profissional, Rigoletto canta “Pari siamo” (“Como nos parecemos. A língua é minha arma, o punhal a sua. Fazer rir é meu destino, fazer chorar o seu. As lágrimas, consolo de todo homem, me são negadas. Divertir é minha sina e só me resta obedecer…”). De início, Rigoletto desconsidera os serviços de Sparafucile, mas reflete sobre a vida e as humilhações que sofreu, por ser aleijado e bufão…

Teresa Brambilla, soprano – “Gilda” na estreia em Veneza, 11/03/1851.

Desprezado por muitos, apenas o amor pela filha, Gilda, o tornava capaz de alguma ternura e humanidade. E com Rigoletto mergulhado em suas memórias, entra Gilda e pergunta, ao pai, sobre o passado, em particular, sobre sua mãe… Rigoletto conta de muitas desgraças e de um amor perdido… E dirige-se à Gilda como sua única alegria e afeto, quando cantam o belo duetto “Figlia!… Mio padre!”…

Movido por medo, mas com energia, ordena à Gilda nunca se ausentar de casa sem companhia, o que reforça à governanta, Giovanna. Rigoletto se retira… E em seguida, entra o Duque, que já subornava Giovanna, para abrir-lhe a casa… E Gilda, por sua vez, já estava apaixonada, encantada pela fleuma, beleza e jovialidade do duque, a quem acreditava, ingenuamente, ser um estudante… Duque canta com arrebatamento, em “E il sol dell’anima, la vita è amore” (“Luz da alma, vida é amor”)…

E seduzida, escondia, do pai, os encontros com o duque. Gilda estava enamorada e indefesa, suscetível às frases e juras de amor… De repente, no entorno da casa, ouvem-se movimento e cochichos. Receoso, o Duque despede-se de Gilda, no duetto “Addio! speranza ed anima!” (“Adeus! Esperança e ânimo!”) e afasta-se do local… E Gilda, sozinha, canta “Caro nome che el mio cor” (“Querido nome em meu coração”), referindo-se ao duque ainda pelo falso nome, “Gualtier Maldè”…

Na escuridão, conde Ceprano, Marullo e outros aproximavam-se da casa de Rigoletto. Em conluio, haviam decidido punir Rigoletto, ao raptarem Gilda, que pensavam ser sua amante. Rigoletto retorna e, por sua vez, é enganado, acreditando ser a condessa Ceprano, que estavam levando. E com os olhos vendados, colabora na ação…  Mas, quando todos partem e retira a venda, percebe que Gilda sumira… Rigoletto desespera-se e lembra da maldição de Monterone: “Ah! La maledizione!”

Ato 2 – No Palácio do Duque

Com Gilda desaparecida, também o duque estava intrigado. Nada sabia, apesar de ter retornado à casa de Rigoletto, em “Ella mi fu rapita” (“Ela me foi raptada”). Ansioso para revê-la e confortá-la, queria notícias, em “Parmi veder le lagrime” (“Pareço ver as lágrimas”). E em revanche, pelos cinismos e sarcasmos do corcunda, os cortesãos comemoravam o rapto da suposta amante – sua “inamorata”…

Felice Varesi, barítono – Rigoletto na estreia em Veneza, 11/03/1851.

Surge, então, Rigoletto aparentando indiferença, mas extremamente angustiado. Em contido desespero para reencontrar Gilda, cantarola irônica e disfarçada melodia, “La rá, la rá, la rá…” E percebe, na atitude de um pajem, que a filha encontrava-se no palácio e na companhia do próprio Duque. Transtornado, tenta ir ao encontro do Duque, mas é impedido. Então, implora que Gilda fosse libertada. Mostra sua indignação, em “Cortigiani, vil razza, dannata!” (“Cortesãos, raça vil e maldita!”) e, depois, sua fragilidade, em “Signori, perdon, pietà. Ridate a me la figlia…” (“Senhores, perdão, piedade. Devolvam minha filha”)…

Chorosa, Gilda é trazida e confessa ao pai, da sua relação e amor pelo Duque. E que este, agora, havia lhe tirado a honra… Neste momento, ouvem-se os gritos de Monterone, que amaldiçoara o duque e Rigoletto, sendo levado à prisão… E, diante da tremenda humilhação de Monterone, Rigoletto jura vingança ao duque, não importando o amor ou as súplicas de Gilda… A cena, entre pai e filha, desenvolve-se em magnífico duetto, “Tutte le feste al tempio… Sì, vendetta!” (“Todas as festas no templo” … “Sim, vingança!”)

Ato 3 – Numa hospedaria afastada, à noite

E os serviços de Sparafucile, por fim, seriam contratados por Rigoletto – a morte do Duque! Juntos, Rigoletto e Gilda vão à casa de Sparafucile… Próximo ao local, Gilda percebe a presença do Duque, disfarçado e em mais uma aventura amorosa. O duque cantava sua impressão e desprezo pelas mulheres, em “La donna è mobile” (“As mulheres são volúveis”)…

Rigoletto e Sparafucile tratam do assassinato. Então, Maddalena vai ao encontro do duque…  Ao que Gilda observa, sem reagir… Duque diverte-se e corteja Maddalena. Amargurada, Gilda assiste e pensa nas sombrias ameaças de Rigoletto… A cena desenvolve-se no célebre quarteto “Bella figlia dell’amore”, entre duque e Maddalena, de um lado, e Gilda e Rigoletto, de outro. Cada personagem a cantar seus desejos, intenções e sentimentos… E sendo afeto do duque, Maddalena, alegando pena da jovem, que amava o duque, convence Sparafucile, a matar outra pessoa e apresentar um corpo qualquer à Rigoletto…

Finalizado o trato, Rigoletto se retira e pede à Gilda que deixe a cidade. Mas Gilda, que tomara conhecimento do plano de Maddalena e Sparafucile, de assassinar o primeiro que adentrasse a hospedaria, decide sacrificar-se. E vai ao encontro de Sparafucile, que espreitava atrás de uma porta, armado com punhal, para executar o crime…

Mais tarde, Rigoletto retorna… E na escuridão, adentra a hospedaria. A vítima fora colocada num saco e, satisfeito com andamento do plano, precisava desfazer-se do corpo, jogando o saco num rio. Mas, para sua surpresa e horror, ouve, ao longe, o Duque cantarolando “La donna è mobile”… Então, Rigoletto abre o saco e vê Gilda agonizando – “ameio-o demais, agora, morro por ele!”… E com Rigoletto, canta derradeiro duetto,  “Lassu in cielo!” (“Nas alturas do céu!”)… Gilda implora perdão ao pai e morre… Rigoletto grita: “Maledizione!”… e, transtornado, cai sobre o corpo da filha… 

– Cai o pano –

“Rigoletto” trata de corrupção, assédio e estupro, além de homicídio… Retrata barbárie e decadência, nas ausências de lei e valores, onde os personagens virtuosos são presos, como Monterone, ou preferem a morte, caso de Gilda… Nos costumes, denuncia o machismo e a condição feminina. E, de forma rapsódica, o ambiente dissoluto evolui, sem perspectivas e esperança… A música, no entanto, é potente ao expressar tais energias, tamanhas turbulência e loucura; também em doçura e resignação; ou, ainda, paixão e revolta, sentimentos que moviam Rigoletto e do que lhe restava de vida e dignidade!

Por fim, triunfam os costumes vigentes, onde cada qual permanece no seu papel, em inarredável condição, corrompida e adversa, sem nada almejar, além do que resignar-se à sua própria “Maledizione!”…  

Giuseppe Fortunino Francesco Verdi, 1813 – 1901, músico e entusiasta da unificação italiana.

Em “Rigoletto”, depois em “La Traviata” e “Il Trovatore”, a música de Verdi se expandiria. E os personagens ganhariam densidade e intimismo – explorando, em sutileza e variedade, conflitos e sentimentos. Neste sentido, Verdi percebeu o potencial da ópera, como forma estabelecida, mas passível de enriquecimento e aprofundamento – o progressismo verdiano! E, no lugar de reformista, concentrou-se no amplo potencial, ainda por explorar, da forma tradicional…  

  1. Gravações de “Rigoletto”

Desde a estreia em Veneza, 1851, “Rigoletto” vem obtendo ininterrupto sucesso. De forma que os registros e produções são inúmeros. Aqui, faremos referências pontuais, homenageando grandes barítonos que interpretaram o papel:

      • Gravações
  • Produção cinematográfica, 1946 – Video VHS, “Bel canto Society”, New York, 1995

Orchestra del Teatro dell’Opera”, direção Tulio Serafin
Solistas: Mario Filippeschi (duque de Mântua) – Lina Pagliughi (Gilda) – Tito Gobbi (Rigoletto) – Anna Maria Canali (Maddalena) – Giulio Neri (Sparafucile) – Marcello Giorda (Monterone)
“Direção de produção”, Carmine Gallone, Itália

  • Gravação em áudio LP Columbia, 1955 – CD EMI

Orquestra del Teatro alla Scala”, direção Tulio Serafin
Solistas: Giuseppe di Steffano (duque de Mântua) – Maria Callas (Gilda) – Tito Gobbi (Rigoletto) – Adriana Lazzarini (Maddalena) – Nicola Zaccaria (Sparafucile) – Plinio Clabassi (Monterone)
“Coro do Teatro alla Scala”, Milão, Itália

  • Gravação em áudio LP Columbia, 1959 – CD Walhall/Philips

Orquestra do Teatro di San Carlo di Napoli”, direção Francesco Molinari-Pradelli
Solistas: Richard Tucker (duque de Mântua) – Gianna D’Angelo (Gilda) – Renato Capecchi (Rigoletto)
“Chorus of teatro di San Carlo di Napoli”, Itália

  • Gravação em Vinil Ricordi/Mercury, 1960 – CD BMG

“Orchestra del Maggio Musicale Fiorentino”, direção Gianandrea Gavazzeni
Solistas: Alfredo Kraus (duque de Mântua) – Renata Scotto (Gilda) – Ettore Bastianini (Rigoletto) – Fiorenza Cossotto (Maddalena) – Ivo Vinco (Sparafucile) – Silvio Maionica (Monterone)
“Coro del Maggio Musicale Fiorentino”, direção Andrea Morosini
Florença, Itália

  • Gravação em áudio “CD GOP” – Teatro Colón, Buenos Aires – 1961

Orchestra – Teatro Colón”, direção Argeo Quadri
Solistas: Gianni Raimondi (duque de Mântua) – Leyla Gencer (Gilda) – Cornell MacNeil (Rigoletto) – Carmen Burello (Maddalena) – Jorge (Giorgio) Algorta (Sparafucile) – Juan Zanin (Monterone)
“Chorus Teatro Colón”, Buenos Aires, Argentina

  • Gravação em áudio “RCA Victor”, 1963

“Orquestra della RCA Italiana”, direção Georg Solti 
Solistas: Alfredo Kraus (duque de Mântua) – Anna Moffo (Gilda) – Robert Merrill (Rigoletto) – Rosalind Elias (Maddalena) – Ezio Flagello (Sparafucile) – David Ward (Monterone)
“Coro della RCA Italiana”, direção Nino Antonellini
Roma, Itália

  • Gravação em áudio – Vinil Acanta , 1977 – Video

“Staatkapelle Dresden Orchestra”, direção Francesco Molinari-Pradelli 
Solistas: Franco Bonisolli (duque de Mântua) – Margherita Rinaldi (Gilda) – Rolando Panerai (Rigoletto) – Viorica Cortez (Maddalena) – Bengt Rundgren (Sparafucile) – Antonin Svorc (Monterone)
“Chor der Staatoper Dresden”, direção Franz-Peter Müller-Sybel
Dresden, Alemanha

  • Gravação em áudio – CD/Video “Deutsche Grammophon/Decca”, 1982

“Vienna Philharmonic Orchestra”, direção Riccardo Chailly 
Solistas: Luciano Pavarotti (duque de Mântua) – Edita Gruberova (Gilda) – Ingvar Wixell (Rigoletto) – Victoria Vergara (Maddalena) – Ferruccio Furlanetto (Sparafucile) – Ingvar Wixell (Monterone)
“Vienna State Opera Chorus”, direção Norbert Balatsch
“Direção de Palco e Filmagem”, Jean-Pierre Ponnelle   

  • Gravação em áudio – CD “Philips/Decca”, 1984

“Coro e Orchestra dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia”, direção Giuseppe Sinopoli 

Solistas: Neil Schikoff (duque de Mântua) – Edita Gruberova (Gilda) – Renato Bruson (Rigoletto) – Brigitte
Fassbaender (Maddalena) – Robert Lloyd (Sparafucile) – Kurt Rydl (Monterone)
Roma, Itália  

  • Download no PQP Bach

Para download e compartilhamento da música de Verdi, em “Rigoletto”, sugerimos gravação em áudio da “Orquestra e coro do Teatro San Carlo”, de Nápoles, Itália, na direção Francesco Molinari-Pradelli e grandes solistas:

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE 

Gianna D’Angelo, soprano “leggero” americano – “Gilda”, na produção do teatro “San Carlo”, Nápoles, 1959.

Vozes solistas e direção

Com reconhecida atuação nas décadas de 50 e 60, os solistas desta gravação são de primeira grandeza. De modo que os ouvintes poderão encantar-se com grandes interpretações e amplo domínio vocal. Gianna D’Angelo, soprano “leggero” coloratura, norte-americano, tornou-se referência no personagem “Gilda”. Aluna de Giuseppe de Luca, formou-se na “Julliard School”, de New York…

Renato Capecchi, barítono italiano – “Rigoletto”, na produção do teatro “San Carlo”, Nápoles, 1959.

D’Angelo iniciou carreira com “Gilda”, de “Rigoletto”, em “Termas de Caracalla”, Roma, quando notabilizou-se no papel. Com extensa carreira na Europa e nos USA, brilhou no “Metropolitan Opera”, de New York, e na “Ópera de San Francisco”. Quando retirou-se, lecionou na “Jacobus School of Music”, em Bloomington, USA, falecendo em 2013, aos 84anos…

Interpretando “Rigoletto”, o notável barítono italiano, Renato Capecchi. Nascido no Cairo, foi também ator e diretor de ópera. Estreou as óperas “O Nariz”, de Shostakovich, e “Guerra e Paz”, de Prokofiev, atuando com sucesso na Europa e no “Metroplotitan Ópera”, de New York…

Como diretor, atuou em produções da “Ópera de San Francisco”, “New York City Opera” e da “Merola Opera Program”, de Saratoga, USA… E, por vários anos, lecionou na “Manhattan School of Music”…

Richard Tucker, tenor norte-americano – “Duque de Mântua”, na produção do teatro “San Carlo”, de Nápoles, 1959.

No personagem “Duque de Mântua”, o grande tenor Richard Tucker. Cantor lírico norte-americano, filho de imigrantes judaicos, iniciou sua formação musical colaborando em cultos religiosos… E por trinta anos, Tucker brilhou como principal tenor do período pós-guerra, do “Metropolitan Opera”, de New York…

Também atuante em teatros europeus, após sua morte, esposa e filhos criaram a “Richard Tucker Music Foundation”, para “cultivar a memória do ‘maior tenor da América’ e desenvolver projetos de apoio à jovens cantores”…

Francesco Molinari-Pradelli, maestro italiano, na produção de “Rigoletto”, do teatro “San Carlo”, Nápoles, 1959.

Por fim, na direção desta magnífica produção, Francesco Molinari-Pradelli, maestro italiano formado em Bolonha e, depois, na “Academia Nacional de Santa Cecília”, Roma. Pradelli iniciou carreira com “L’Elisir d’Amore”, de Donizetti. Depois, nos teatros de Bergamo e Brescia. Por fim, dirigiu o “Alla Scala”, de Milão, na reabertura do teatro, após 2ª Guerra Mundial…

Internacionalmente, seguiram “Covent Garden”, Londres, com o soprano Renata Tebaldi, em “Tosca”, de Puccini; e nos USA, “Ópera de São Francisco”… Com sucesso, Pradelli atuou nas grandes casas de ópera, como “Viena Sataatoper”, “Metropolitan Opera”, de New York, “Ópera de Roma”, “Teatro Regio di Parma” e “La Fenice”, de Veneza…

Muitas de suas gravações permanecem referência, além do trabalho com renomados solistas, como Luciano Pavarotti, Birgit Nilsson, Nicolai Gedda, Joan Sutherland, Renata Scotto e outros… Por fim, destacou-se, também, como colecionador de arte…  

Capa CD Walhall – ópera “Rigoletto”, de Verdi, produção do teatro “San Carlo”, Nápoles, 1959.
  • Em vídeo, sugerimos também:
  1. produção do “Sataatoper Dresden”, com Franco Bonisolli, Margherita Rinaldi, Rolando Panerai, direção de Francesco Molinari-Pradelli, 1977:

  1. produção da “Vienna Philharmonic Orchestra”, Luciano Pavarotti, Edita Gruberova, Ingvar Wixell, direção Riccardo Chailly, 1982:

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“Parabéns a ‘los hermanos’ pelo título mundial!”

Alex DeLarge

 

40 Most Beautiful Arias – Vários Intérpretes e Compositores – Warner Classics ֍

40 Most Beautiful Arias – Vários Intérpretes e Compositores – Warner Classics ֍

 

 

40 Mais Belas Árias

 

 

 

Estes dois discos têm me acompanhado no caótico trânsito de minha cidade nas últimas semanas e me dado tanto prazer que decidi fazer a postagem. Se o carro para no sinal, na geleia geral do trânsito ou no posto de gasolina, abro os vidros e deixo que essa exuberante arte do excesso se espalhe e impressione as pessoas, que me olham com alguma curiosidade.

As óperas têm estado presentes no blog, especialmente nas edições completas (e vastamente comentadas), mas aqui temos uma proposta diferente – coleção de árias – o crème de la crème. Veja o título: 40 Most Beautiful Arias – 40 Mais Belas Árias !

Há uma certa simplificação, pois que nem todas as faixas são árias, há alguns duetos também.

Eu confesso que costumava olhar com um certo desdém para este tipo de edição, por parecer um pouco populista, mas rendi-me à efetividade do produto, adorei ouvir essas belezuras, uma depois da outra… Realmente, é fácil criticar este tipo de lançamento, inclusive por deixar esta ou aquela outra ária de fora, pois que há muitas tantas tão bonitas, mas no fim dos discos chegamos ao entendimento de porque tantas pessoas se apaixonam por ópera. Além disso, a alternância tanto dos tipos de vozes quanto de estilos funcionou bem para mim.

No pacote há 18 compositores representados e o campeão é Puccini, com 11 árias, seguido de Mozart e Verdi, cada um com 5 números. Bizet tem 4 faixas, Handel 2 e o resto, uma cada.

Na escolha dos intérpretes os produtores devem ter tido um olho nos contratos, de forma que se poderia dizer que este ou aquele intérprete teria sido uma melhor opção. Mas não nos prendamos a essas coisas e se deixe levar pela onda da ópera, no que ela tem de melhor.

Há uma certa aura em torno de música clássica, ópera em especial, deixando uma impressão de inacessibilidade, que é necessário ter um gosto adquirido para de fato apreciar, mas isso é falso. As pessoas gostam (sempre gostaram) de ópera. Eu gosto do filme ‘O Feitiço da Lua’ (Moonstruck) pela história, mas também pela cena da ópera. O mocinho do filme (Nicholas Cage, quando jovem) é um padeiro que ama ópera e consegue levar a mocinha (Cher, a noiva de seu irmão mais velho) para uma noite na ópera. Mas não é um teatro qualquer, é o Metropolitan! A cena transmite toda a excitação e expectativa que antecede o espetáculo e mostra como as pessoas se envolvem com a apresentação. Pois bem, nem precisa vestir sua roupa de domingo, apenas ouça e deixe-se encantar pela magia dessas peças.

Moonstruck – Loretta e Ronny vão à Opera

As estrelas do disco:

Disco 1

Nessun dorma (Ninguém durma) – ária do Ato III de Turandot (1926), de Giacomo Puccini. A princesa Turandot decretara que ninguém poderia dormir na cidade de Pequim até o nome do príncipe (Calaf) lhe ser revelado. Calaf havia concordado que morreria caso seu nome fosse descoberto antes do amanhecer. Ele canta certo de que o esforço será em vão e que ao amanhecer ele mesmo dirá seu nome à princesa ganhando assim a sua mão em casamento. O papel é de um tenor. Neste disco, a ária é cantada por Placido Domingo que teve uma voz maravilhosa…

Turandot, no Met…
Carmen foi uma ópera revolucionária

L’amour est un oiseau rebelle (O amor é um pássaro rebelde) – Habanera – Ária do Ato I de Carmen (1875), de Georges Bizet. A ária é cantada pela própria protagonista, ao sair do trabalho, na fábrica de charutos. Carmen é a própria sedução, falando sobre o amor e as loucuras de amar. O papel é escrito para um mezzo-soprano, e a intérprete é Julia Migenes. Carmen é uma ópera especial entre todas, não só pela música maravilhosa, mas pela audácia dos temas e, é claro, termina em tragédia.

Una furtiva lacrima – ária de L’elisir d’amore (1832), ópera de Gaetano Donizetti, cantada por Nemorino, um jovem camponês. Ele está cheio de confiança por ter tomado a segunda dose da Poção do Amor (na verdade, apenas vinho) e esnoba todas as belas da vila, reunidas e interessadas nele devido à fortuna que acabara de herdar. Entre elas está Adina, que fica magoada com sua indiferença e sai. Nemorino assim descobre que ela está interessada nele e canta sua alegria por descobrir que ela o ama. Aqui o tenor é Roberto Alagna.

Je dis que rien ne m’épouvante (Posso dizer que nada me assusta…) – ària de Carmen, cantada por Micaëla, uma jovem da vila de Don José e que está apaixonada por ele. Carmen mete Don José em tantas confusões que a ele só resta unir-se aos contrabandistas (Dancaïre e Remendado, ótimos nomes…) que vivem escondidos nas montanhas. A pobrezinha Micaëla vai a sua procura e para afugentar seu próprio medo, canta essa canção.

Bizet

Au fond du temple saint também é de Bizet, mas da ópera Les pêcheurs de perles (1863) e não é uma ária, é um dueto. Os personagens são Nadir e Zurga, dois vértices de um (surpresa) triângulo amoroso. Os cantores aqui são Jerry Hadley e Thomas Hampson.

Ombra mai fu (também conhecida como Largo de Handel) – é uma ária da ópera Xérxes (1739), de Georg Frideric Handel. Muito conhecida, a ária é cantada por Xérxes para uma árvore, um plátano, louvando suas maravilhas… Aqui Xérxes é a cantora Jennifer Larmore.

When I am laid in earth – é um lamento cantado por Dido, na ópera Dido and Aeneas (década de 1680) de Henry Purcell. O sem-coração do Aeneas se apaixona por Dido, uma rainha, mas deve retornar à sua pátria e a abandona. É claro que ela vai se matar por isso, mas não sem antes nos cantar este maravilhoso lamento… Remember me, remember me, but ah! forget my fate! Aqui o lamento é da maravilhosa Véronique Gens.

Voi che sapete che cosa è amor – ária da ópera Le Nozze di Figaro (1786) do cara que sabia de tudo sobre ópera, Wolfgang Amadeus Mozart. A ária é cantada por Cherubino, um jovem pajem que vive apaixonado por todas as mulheres da ópera e canta para elas essa linda canção sobre o amor de dentro de seu uniforme militar… É claro que o papel é sempre de uma cantora (contralto) e aqui é a spettacolare Cecilia Bartoli.

Soave sia il vento – duetto de Così fan tutte (1790), outra do grande Mozart. Esta ópera é sobre (in)fidelidade no amor – rola uma aposta e dois casais serão submetidos a uma série de provas. Os mocinhos partem em um barco (de mentirinha, é claro) e as mocinhas, Dorabella e Fiordiligi, junto ao cético Don Alfonso, dão adeusinhos a eles, desejando que bons ventos os levem… As cantoras aqui são as famosas Kiri Te Kanawa e Frederica von Stade, que leva nobreza até no nome.

Mon coeur s’ouvre à ta voix – ária da ópera Samson and Delilah (1877) de Camille Saint-Saëns. Não consigo pensar nessa ópera sem lembrar dos filmes de Cecil B. DeMille, com Victor Mature e a deslumbrante Hedy Lamarr (deve ser um lance de numerologia, esse nome). Mas, voltando ao assunto, temas bíblicos como esse eram usados para um bom libreto, e essa ária é o momento no qual Dalila encanta e seduz o povero Sansão. A cantora aqui é o mezzo-soprano Olga Borodina e no finalzinho da ária o tenor José Cura da a voz a um balbuciante Sansão.

Nossa foto é apenas ilustrativa…

Pourquoi me réveiller, ária da ópera Werther (1887), de Jules Massenet. Você provavelmente sabe, Os Sofrimentos do Jovem Werther é um livrinho escrito por Goethe contando a história do mísero Werther, que está apaixonado pela Charlotte, que o ama de volta, mas está casada com outro homem. Sofrência no úrtimo com o terrível desfecho, suicídio do pobrezinho. O livro é um clássico, dizem autobiográfico (menos a parte do suicídio…) e gerou uma onda de suicídios nos dias de seu lançamento. Nesta ária, Werther lembra-se, ao lado de Charlotte, das suas leituras de poesias… O cantor é o tenor Jerry Hadley.

La donna è mobile, canzone do ato III, de Rigoletto (1851) ópera de Giuseppe Verdi. Essa é uma dessas óperas que você precisa ouvir pelo menos uma vez. Aqui o Duque de Mantua, um grande mulherengo, a là Don Giovanni, canta disfarçado de soldado está linda ária com palavras nada altaneiras sobre o caráter mundano das mulheres… O tenor aqui é Richard Leech.

Canção da Lua é uma ária da ópera Rusalka (1901), de Antonín Dvořák, mais conhecido pelo seu belíssimo Concerto para Violoncelo e pela Sinfonia ‘do Novo Mundo’. Rusalka conta a história de uma ninfa aquática que se apaixona por um humano. Aqui ela implora à Lua que revele ao príncipe (claro que o humano seria um príncipe…) o seu amor. A popularidade da ária sobrepujou a ópera e faz parte do repertório de grandes sopranos. Aqui está a cargo de  Eva Urbanová.

Un bel di é uma ária de nosso campeão Puccini, da ópera Madama Butterfly (1904). Cio-Cio-San, a Madame Butterfly, espera já há três anos a volta de seu marido americano. Sua empregada Suzuki tenta convence-la que ele não retornará, mas ela crê na volta dele – Un bel di, vedreno o barco chegando e tal… Aqui a cantora é Cristina Gallardo-Domâs.

 

Donna non vidi mai é uma ária da ópera Monon Lescaut (1893), de (ta dã…) Puccini. O jovem cavaleiro Renato des Grieux acaba de conhecer e se apaixonar por Manon Lescaut. Desafortunadamente ela deve atender ao chamado de seu irmão, mas promete retornar. Ficando sozinho des Grieux canta nesta ária todo o seu amor por Manon. Quem empresta a voz a des Grieux aqui é José Cura.

Brindisi, de outra maravilhosa ópera de Verdi. Mais uma que precisa ser ouvida – La Traviata (1853). Alfredo, o mocinho da ópera, é convencido por Gastone e Violetta, a mocinha, a exibir sua voz. Ele então canta esta Canção de Brindar. Na gravação Alfredo é Neil Shicoff.

La Divina interpretou Tosca como poucas…

Vissi d’arte é a ária! Como todas as próximas neste disco, é de Puccini, da ópera Tosca (1900), talvez a ópera das óperas. A mocinha é ela mesma uma cantora de ópera (o cara era bom). Amor e música – as razões de viver de Tosca (Vissi d’arte = Eu vivo para a arte). A primeira cantora a cantar no papel de Tosca foi Giuditta Pasta, a mais famosa cantora lírica do século XIX. Foi Desdemona em Otello e teve três grandes óperas escritas para ela – Anna Bolena, La Sonnambula e Norma, na qual está a ária Casta Diva, que faz parte do segundo CD. Foi a partir daí que se passou a chamar essas mega artistas de Diva. Giuditta Pasta foi a primeira Diva! Aqui a Diva é Kiri Te Kanawa.

Che gelida manina (Que mãozinha gelada!) ária cantada por Rodolfo para Mimi, quando eles se encontram pela primeira vez. Eles são os protagonistas de mais uma ópera emblemática, La Bohème (1896), de (adivinhe) Giacomino Puccini. Ele aproveita para dizer que está apaixonado por ela. Aqui, o Rodolfo é o ótimo José Carreras.

Si, mi chiamano Mimi é da mesma ópera, mesmo momento. Rodolfo acabou de se declarar a Mimi e pede que lhe fale algo sobre ela. Bom, ela então lhe diz (cantando lindamente) que a chamam Mimi, apesar de seu nome ser Lucia. Ah, o amor! Mimi aqui é interpretada pela espetacular Barbara Hendricks.

O soave fanciulla – Depois dessas duas árias, os enamorados se reúnem nesse dueto que encerra o Primeiro Ato da ópera La Bohème. De novo, José Carreras e Barbara Hendricks são Rodolfo e Mimi.

Disco 2

O mio babbino caro (cuidado, não é ‘bambino’!) é uma ária famosa de uma (não tão famosa) ópera de um ato de Puccini, chamada Gianni Schicchi (1918). A ária é cantada por Lauretta, que implora a seu pai (babbino) – Ganni Sichicchi – que a ajude casar-se com o amor de sua vida, Rinuccio. Bom, nem os nomes ajudam muito, mas a ária é daquelas que está no repertório de todas as grandes cantoras. Aqui, Lauretta é interpretada por Cristina Gallardo-Domâs.

Ebben? Ne Andrò Lontana é uma ária da ópera La Wally (1892), escrita por Alfredo Catalani. Essa ária é cantada pela heroína, quando ela decide sair de casa para sempre. Bom, ela é uma garota tirolesa que morre jogando-se em uma avalanche de neve… Pois é, vá entender libretos de óperas. A cantora aqui também é Cristina Gallardo-Domâs.

Les Contes d’Hoffmann, no Met!

Barcarolle é um dueto para soprano e mezzo-soprano de Les Contes d’Hoffmann (1881), a última ópera de Jacques Offenbach. Offenbach foi ótimo violoncelista e compôs inúmeras operetas de enorme sucesso. Essa Barcarolle tem uma das melodias mais populares do mundo e aposto como você vai se lembrar de já tê-la ouvido antes. Aqui as intérpretes são Jennifer Larmore e Hei-Kyung Hong.

La fleur que tu m’avais jetée é outra pérola de Carmen, de Bizet. A canção da flor é um dos momentos mais líricos da ópera e traz o motivo do destino. Don José aqui é interpretado por Placido Domingo.

Puccini

Signore, ascolta! É uma ária de Turandot, que como você já sabe, é de Puccini. A ária é cantada por Liu, uma escrava, para o príncipe Calaf, por quem está secretamente apaixonada! Ela o alerta para não arriscar sua vida pela fria princesa Turandot… Liu aqui é interpretada por Kiri Te Kanawa.

Un di felice é um dueto do primeiro ato da espetacular La Traviata (1853) de Giuseppe Verdi. Alfredo e Violetta cantam o tema mais famoso da ópera, que aqui são interpretados por Neil Shicoff e Edita Gruberova.

Dôme épais le jasmin – dueto da ópera Lakmé (1883), de Léo Delibes, cantado por Lakmé e sua serva Mallika, enquanto vão colher flores às margens de um rio. Um destes temas que são maiores do que a própria ópera, assim como a Barcarolle, de Offenbach. Aliás, cantados aqui pelas mesmas intérpretes, Jennifer Larmore e Hei-Kyung Hong.

Porgi amor – Cavatina do Segundo Ato de Le Nozze di Figaro (1786), de Mozart. A condessa, Rosina, só em seu quarto, lamenta a infidelidade de seu marido, o Conde de Almaviva. Ária curta, sem repetições, na qual a quase impossível simplicidade de Mozart transborda numa pequena joia. Aqui a condessa é Lella Cuberli.

Esse sabia de tudo e mais ainda, sobre óperas…

Dalla sua pace – Ária da ópera Don Giovanni (1787), composta pelo divino Mozart, e é cantada por Don Otavio, noivo de Donna Anna. Eu tinha um amigo que o chamava Don Otário, pois o personagem é assim, um dois de paus, nada faz de interessante, mas é o tenor da ópera, onde o Don, Leporello e Masetto são todos baixo-barítonos. Isso sem contar o Comendador, que é um baixo à la Ghiaurov.  Dalla sua pace foi composta para a apresentação da ópera em Viena, depois do sucesso em Praga, pois o tenor do dia não conseguia cantar a segunda ária de Don Otavio – Il mio tesoro – cuja parte …cercate…, é de matar de difícil. Aqui a bela Della sua pace está aos encargos de Hans Peter Blochwitz.

Casta Diva, assim como Vissi d’arte, é uma das mais famosas árias do repertório de soprano. A ópera é Norma (1831), de Bellini. Não é o capitão da Seleção Brasileira de Futebol de 1958, cuja estátua se encontra em frente ao Maracanã, mas Vincenzo Bellini, que escreveu o papel para Giuditta Pasta, a primeira das Divas. Aqui, a intérprete é Maria Callas, a Diva do século XX. O que realmente torna uma cantora uma Diva é a paixão que coloca em suas interpretações, assim como seu senso teatral.

 

Lascia ch’io pianga – Retornando no tempo, essa é uma ária da ópera Rinaldo (1705), de Handel. Como você pode imaginar, este é um lamento, construído sobre uma sarabanda. Logo após se casar com Rinaldo, Almirena é raptada por Armida. Ela está só no jardim de Armida e canta este seu lamento. A cantora na gravação é Marilyn Horne.

J’ai perdu mon Eurydice – essa memorável ária é da versão em francês de Orpheé et Eurydice (adaptada em 1774 da versão em italiano). Em italiano é Che faro senza Euridice (1762). Uma das mais lindas melodias colocadas em uma ária. Inesquecível mesmo após a primeira audição. A cantora aqui é Susan Graham.

Bein Männern, welche Liebe fuhlen – é um dueto da ópera Die Zauberflöte (1791), de Mozart. Pamina e Papageno cantam juntos um dueto sobre o amor em geral, mas não cantam um para outro, pois que não são parte de um par amoroso. Nesta gravação os cantores são Rosa Mannion e Anton Scharinger

Celeste Aida é a ária na qual Radamés, escolhido para comandar os invasores etíopes, canta sua esperança de ser o grande vencedor para assim ganhar também o amor de Aida. A ópera Aida (1871), de Giuseppe Verdi, é uma daquelas obras que é reconhecida por todos e as suas montagens podem envolver quase um universo. Aqui Radamés está ao encargo de Placido Domingo.

Chi il bel sogno di Doretta, da ópera La Rondine (A Andorinha) (1917) de Puccini. Nesta ária a protagonista Magda conta como Doretta se apaixonou por um estudante. Na ópera, por sua performace, Magda ganha um colar de pérolas, que aqui vai para Kiri Te Kanawa.

Quizz do PQP Bach: Qual é a série de cuja trilha sonora esta ária faz parte?

Amor ti vieta é uma ária da ópera Fedora, de Umberto Giordano. Como parte de seu plano de vingança, Fedora (1898) seduz o Conde Loris Ipanov. Nesta ária eles se encontram em uma festa e ele diz a ela que realmente a ama. O conde aqui é Placido Domingo.

Es lebt eine Vilja (Vilja-Lied) é da ópera Die Lustige Witwe (1905), de Franz Lehár. Em sua festa Hanna conta a história de um espírito da montanha, uma Vilja, que vaga por lá e seduz os caçadores com sua beleza. A cantora aqui é Karita Mattila.

E lucevan le stelle é do Terceiro Ato de Tosca, de Puccini. Mario Cavaradossi é o mocinho (literalmente) da ópera, um jovem e liberal pintor, amante de Tosca. Nesta belíssima ária Cavaradossi troca sua última posse, um anel, para que um guarda leve uma carta para sua amada Tosca. Enquanto ele escreve a carta, canta seu amor por Tosca e pela vida. Mais uma vez, a voz linda de Placido Domingo.

Verdi

Ave Maria é uma ária da ópera de maturidade de Verdi, Otello (1887). Desdemona reza à Virgem Maria um pouco antes de Otello entrar e cego de ciúmes, matá-la. Pois é, feminicídio é comum nas óperas… A Desdemona da vez é Cristina Gallardo-Domâs.

Non più mesta accanto al fuoco é da ópera La Cenerentola (1817), de Gioacchino Rossini. Ele mão poderia faltar , este genial compositor. Essa ópera é baseada no conto de fadas Cinderela, e foi composta em apenas 24 dias. Este é um dos momentos finais da ópera, onde a Cinderela canta que já não fica mais triste perto do fogo. Muito virtuosismo, mas a melodia aqui é a mesma de uma ária cantada pelo Conde Almaviva no final de O Barbeiro de Sevilha. Não por pouco que Rossini tinha fama de preguiçoso. Compunha deitado em sua cama. Se a folha em que estava escrevendo caísse, em vez de pegá-la do chão, ele começava tudo novamente em uma outra mais à mão. A cantora aqui é Jennifer Larmore.

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MP3 | 320 KBPS | 345 MB

Acredito que Ammiratore gostaria desta postagem.

Faça você também a experiência do carro…

Aproveite!

René Denon

Resposta do Quizz:

 

W. A. Mozart (1756-1791): Apollo et Hyacinthus, K. 38 (Pommer)

W. A. Mozart (1756-1791): Apollo et Hyacinthus, K. 38 (Pommer)

Apollo et Hyacinthus é uma ópera em latim, composta por Wolfgang Amadeus Mozart entre 1766 e 1767 com base no texto de R. Widl. Isto é, ele começou a escrevê-la aos 10 anos de idade e finalizou-a aos 11… Leva o número K. 38. É uma música escrita por um gênio, mas também por uma criança. Ou seja, é apenas bonitinha e sem grandes voos. Ouvi com a atenção e é uma ópera toda perfeitinha e sem graça, certamente retocada por papai — e explorador do filho? — Leopold. Surgiu a pedido da Universidade de Salzburgo, como complemento musical a uma tragédia que seria representada ao final de um curso. Sua estreia foi em 13 de maio de 1767 na Aula Magna da mesma Universidade. É um intermezzo musical dentro do estilo do barroco italiano. É a primeira ópera de Mozart. Tem três atos. Como sugere o nome, é baseada no mito grego de Jacinto e Apolo, contado pelo poeta romano Ovídio em suas Metamorfoses. Rufinus Widl escreveu o libreto em latim.

W. A. Mozart (1756-1791): Apollo et Hyacinthus, K. 38 (Pommer) — Ein Lateinisches Intermedium In Drei Akten Zu Dem Schuldrama “Clementia Croesi”

Actus 1
1 Intrada 2:56
2 Recitativo: Amice! Iam Parata Sunt Omnia 3:20
3 No. 1 Chorus: Numen O Latonium/O Apollo 5:38
4 Recitativo: Heu Me! Periimus 1:45
5 No. 2 Aria: Saepe Terrent Numina 9:02
6 Recitativo: Ah Nate! Vera Poqueris 3:27
7 No. 3 Aria: Iam Pastor Apollo 3:28

Actus 2
8 Recitativo: Amare Numquid Filia 2:20
9 No. 4 Aria: Laetari, Iocari 6:34
10 Recitativo: Rex! De Salute Filii 6:01
11 No. 5 Aria: En! Duos Conspicis 3:11
2-1 Recitativo. Heu! Numen! Ecce! 2:16
2-2 No. 6. Duetto. Discede Crudelis! 7:10

Actus 3
2-3 Recitativo. Non Est – Quis Ergo 2:56
2-4 Aria. Ut Navis In Aequore Luxuriante 7:49
2-5 Recitativo. Quocumque Me Converto 3:07
2-6 No. 8. Duetto. Natus Cadit, Atque Deus 6:07
2-7 Recitativo. Rex! Me Redire Cogit 5:43
2-8 Terzetto. Tandem Post Purbida Fulmina 2:52

Alto Vocals [Apollo, Friend Staying With Oebalus] – Ralf Popken
Alto Vocals [Zephyrus, Confidant Of Hyacinthus] – Axel Köhler
Chorus – Rundfunkchor Leipzig
Conductor – Max Pommer
Lyrics By [Text] – P. Rufinus Widl
Orchestra – Rundfunk-Sinfonieorchester Leipzig*
Soprano Vocals [Melia, His Daughter] – Venceslava Hruba-Freiberger*
Tenor Vocals [Oebalus, King Of Lacedemonia] – John Dickie
Vocals [Discantus] [Hyacinthus, His Son] – Arno Raunig

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Mozart aos oito anos de idade segurando um ninho de pássaro (ele sempre gostou muito de aves), por Johannes Josephus Zaufallij (1733-1810), 1764/65

PQP