Sarau das Musas: A Canção Brasileira nos Salões , 1830-1930: Léa Vinocur Freitag & Eduardo Villaça (Acervo PQPBach)

350sc4zA canção brasileira nos salões, de 1830 a 1930.

“Num salão esmeram-se várias artes: a de receber ou preparar um ambiente de cordialidade e espírito; a de entreter a palestra ou cultivar o humour; dançar uma valsa ou cantar uma ária, declamar ou inspirar versos, criticar com graça e sem maledicência, realçar a beleza feminina nas últimas invenções da moda …”
Wanderley Pinho, in “Salões e Damas do Segundo Reinado”.

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Léa Vinocur Freitag (Canto) – Eduardo Villaça (Piano)
Araújo Porto Alegre/Cândido Ignácio da Silva (1800-1838)
01. Lá no Largo da Sé
Anônimo
02. Róseas flores d’alvorada
Almeida Garret/Antonio Carlos Gomes (Campinas, 1836-Belém, 1896)
03. Suspiro d’alma
Bittencourt Sampaio/Antonio Carlos Gomes (Campinas, 1836-Belém, 1896)
04. Quem sabe
Dr. Velho Experiente (pseudônimo de Carlos Gomes)/Antonio Carlos Gomes (Campinas, 1836-Belém, 1896)
05. Conselhos
Osório Duque-Estrada/Alberto Nepomuceno (1864-1920)
06. Trovas
Rose Méryss/Arthur Napoleão (1843-1926)
07. Adieu, je pars
Anônimo
08. Morena, morena
09. Foi numa noite calmosa
10. A Casinha Pequenina
José Alves Pinto
11. Muqueca Sinhá (Bendegó)
Ernesto de Souza/Chiquinha Gonzaga (1847-1935)
12. A Morena
Leopoldo Fróes (1882-1938)
13. Mimosa
Corrêa Vasques/Rosina Mendonça
14. Teu Olhar
Francisco Patti/Marcelo Tupinambá (1892-1958)
15. Canção Nupcial
Alberto Costa (1886-1934)
16. Serenata
17. Canto da Saudade

Sarau das Musas (A Canção Brasileira nos Salões – 1830-1930) – 1998
Léa Vinocur Freitag (Canto) – Eduardo Villaça (Piano)

CD gentilmente cedido pelo musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!
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guarda da rainha

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Avicenna

Modinhas Imperiais: Adélia Issa (voz) & Alexandre Pascoal (piano) – Acervo PQPBach

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REPOSTAGEM

Ramilhete de 15 preciosas modinhas de salão brasileiras, do tempo do Império, para canto e piano, seguidas por um delicado Lundu para piano-forte; cuidadosamente escolhidas, prefaciadas, anotadas e dedicadas ao seu ilustre e genial amigo, o maestro Heitor Villa-Libos, por Mário de Andrade, S. Paulo 1930. (Dedicatória que Mário de Andrade escreveu no prólogo do seu livro “Modinhas Imperiais”)

Transcorridos cinquenta anos da publicação do livro de Mário de Andrade “Modinhas Imperiais” (Casa Chiarato, H. G. Miranda Editora, S. Paulo, 1930) a gravadora Eldorado lança agora, sob o mesmo título, a versão sonora do livro de Mário de Andrade.

Este disco bem poderia ser o primeiro de uma série que tivesse por propósito ilustrar a história da música brasileira, já que foi através da modinha e do lundu, nos fins do século XVIII, que surgiram os primeiros sinais de fusionamento sonoro de que resultou esse produto cultural a que chamamos Música Brasileira. Assim como não seria lícito nomear de brasileira a música dos índios ou o baticum dos escravos africanos importados nos três primeiro séculos de colonização, do mesmo modo seria absurdo pretender que brasileira fosse também a ária sete e oitocentista importada nos nossos salões coloniais, de onde proviria a nossa modinha.

Cumpre ter presente que a música do Brasil não teve, como a música dos países europeus de civilização mais estratificada um back-ground racial que a precedesse. Não houve, por parte dos compositores italianos, franceses ou alemães qualquer preocupação de serem nacionais, pois o caráter nacional de suas escolas musicais já vinha condicionado pela raça e pelo desenvolvimento lógico de suas respectivas civilizações.

A modinha brasileira originou-se do formulário melódico europeu. Nas primeiras modinhas brasileiras é facilmente identificável a presença de Gluck, Mozart, Rossini, Donizetti, Bellini. E mesmo no repertório modinheiro dos fins de oitocentos e começo de novecentos nota-se ainda o acentuado gosto nacional pelo cantábile melodramático italiano. E foi certamente a permanência desse cantábile que levou Mário de Andrade a dizer que a nacionalidade brasileira da modinha se processou ao contato dessa melódica européia e apesar dela … (extraído da capa do LP)

Palhinha: ouça algumas modinhas enquanto contempla algumas das melhores telas em arte Naïff.

Modinhas Imperiais
Anônimo/Thomaz Antonio Gonzaga
01. Acaso são estes
Anônimos
02. Escuta, formosa Márcia
Cândido Ignácio da Silva (1800-1838)
03. Busco a campina serena
04. Quando as glórias que gozei
Anônimos
05. Vem cá, minha companheira
06. Se te adoro
07. Vem a meus braços
08. Róseas flores d’alvorada
Frederico de Varnhagen (Sorocaba, SP 1816 – Viena, Áustria 1878)
09. O coração perdido
Anônimos
10. Deixa dália, flor mimosa
Padre Telles
11. Eu tenho no peito
João Martins de Souza Barros
12. Dei um ai, dei um suspiro
Emílio do Lago/J. A. B. Júnior
13. Último adeus de amor
Antonio José dos Santos Monteiro (Rio de Janeiro, RJ, c.1830 – c.1890)/Vilela Tavares
14. Que noites eu passo
Anônimos
15. Hei de amar-te até morrer
16. Lundum

Modinhas Imperiais – 1980
Adélia Issa (voz) & Alexandre Pascoal (piano)
LP de 1980, digitalizado por Avicenna

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rji7gm

 

 

 

 

 

 

 

 

 

.Avicenna

O Amor Brazileiro – CD 2/2: Modinhas & Lundus do Brasil – (Acervo PQPBach)

s3oi76REPOSTAGEM

A moda e a modinha são, desde pelo menos o século XVII, testemunhas privilegiadas do complexo movimento de troca cultural entre Brasil e Portugal. Não há certeza sobre sua procedência, apesar das calorosas discussões que até o presente envolvem a questão: uns as declaram portuguesas, outros, brasileiras. Mais importante que a resposta conclusiva, porém, talvez seja a relevância que tiveram na história destes paises, e os acréscimos que ambos lhes fizeram, transformando-as finalmente nas diferentes manifestações da música popular que perduram até hoje.

Vários autores indicam o século XVI como origem do gênero, embora não esclareçam com precisão os mecanismos de transformação ocorridos desde os ancestrais ayres, tonos, tonadilhas, coplas, seguidilhas, xácaras, modos e, especialmente, serranilhas, até a moda e a modinha. Fato é que a diversidade de sua ascendência resultou na variedade da estrutura estrófica e rítmica da modinha, mantendo-lhe a unidade, a “feição e caráter de canção acompanhada, de fundo lírico e sentimental”, segundo Mozart de Araújo.

Mesmo esta unidade não pode ser observada sem que se façam ressalvas que 10pq5cjevidenciem as diversas transformações que a modinha sofreu desde suas primeiras manifestações até seu encontro com o lundu que, junto com a modinha, deve ser considerado alicerce sobre o qual se ergueu a música brasileira em suas diversas manifestações.

Viajantes europeus foram a principal fonte de informações sobre o lundu (londu, iandu, lundum, etc.), descendente direto do batuque africano, primitivamente uma válvula de escape para os escravos. Seus relatos descrevem-no como dança à qual a umbigada (movimento em que os pares fazem bater um no outro a região do umbigo) conferiria um caréter lascivo.

No século XVII o lundu teria perdido seu caráter coreográfico, transformando-se em música para ser cantada, que declarava, agora expressamente, seu caráter brasileiro. A umbigada transforma-se então em reverência, e o lundu volta a ser dançado, desta feita nos salões da sociedade. Da mesma forma que a modinha, nascida na Corte e criada em berço abastado, integrou-se com o correr do tempo de
forma definitiva à musicalidade popular, falando então diretamente às classes menos favorecidas, o lundu abandonou aos poucos, pelo seu intenso convívio com as modinhas, o caráter intrinsecamente popular e passou a fazer parte da realidade cotidiano das sociedades cultas.

210gl0gA modinha, nascida na excelência dos músicos de corte e habitante inicial dos palácios, mistura-se aos poucos ao lundu, emprestando-lhe às vezes o lirismo árcade lusitano e tomando para si o rítmo sincopado afro-brasileiro.

As peças que comentaremos em seguida são exemplos característicos das diversas etapas dessas transformações, sem que no entanto se possa sempre discernir com clareza a modinha popular da mais culta, o lundu africano do lundu-canção, o lírico do satírico.
Guilherme de Camargo, 2004 (extraído do encarte)

Anonyme/M. Lopez de Honrubias, 1657
01. Marizápalos a lo humano
Antonio José da Silva (1705-1739)
02. De mim já se não lembra
Anonyme, Lisbonne (c. 1700-1750)
03. Vilão do sétimo tom
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
04. Marília bela/Já que só estou dando ais
05. Se fores ao fim do mundo
06. Os me deixas que tu dás
07. Você se esquiva de mim

Domingos Caldas Barbosa (1740-1800) & Leal Moreira (1758-1819)
08. Os teus olhos e os meus olhos
Thomaz Antonio Gonzaga (Porto,1744-Ilha de Moçambique, 1810), musicada por compositor anônimo da mesma época (Marcos Portugal?)
09. Ah! Marília que tormento/Os mares minha bela
10. Sucede, Marília bela/Já, já me vai Marília

Anonyme (Recueilli par Von Martius entre 1817 et 1820)
11. Landum
12. Acaso são estes

Anonyme (Recueilli par Mário de Andrade, 1930)
13. Lundum para piano
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
14. Beijo a mão que me condena
15. Lição 5ª
16. Você trata amor em brinco

J. F. Leal (fins du XVIIIème siècle, début XIXème)
17. Esta noite
Joaquim Manoel Gago da Camara (fin du XVIII siècle, début XIXème. Arrangé pour chant et piano par Sigismond Neukomm)
18. Desde o dia em que eu nasci
19. Vem cá, minha companheira
20. Por que me dizes chorando
21. Estas lágrimas sentidas

Xula carioca
22. Onde vás linda negrinha
Cândido Ignácio da Silva (1800-1838)
23. Lá no largo da Sé velha

O Amor Brazileiro – CD 2 de 2 – 2004
Ricardo Kanji, flûtes
Rozana Lanzelotte, pianoforte
Vox Brasiliensis
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MP3 320 kbps – 172,6 MB – 1,2 h
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Avicenna

O Amor Brazileiro – CD 1/2: Sigismund Neukomm (1778-1858) – Acervo PQPBach

331n8uaREPOSTAGEM

O Amor Brazileiro: Sigismund Neukomm

“… fico aqui durante algum tempo, quem sabe para sempre… Sinto-me muito bem e minha situação na corte portuguesa do Brasil é muito agradável. O Rei e sua família são muito bons para mim” (S. von Neukomm, Rio de Janeiro 18/3/1817)

Em 1808 D. João VI havia instalado no Rio de Janeiro a única corte real jamais existente na América Latina. Amante das artes e privado da riqueza cultural de que dispunha em Lisboa, graças principalmente ao ouro extraído do Brasil, ambicionava incrementar as atividades artísticas no Novo Mundo. Paradoxalmente, o destino quis que o mesmo Napoleão que havia causado a sua fuga de Lisboa ajudasse esse projeto. Após a queda do imperador, um grupo de artistas que o apoiava decidiu deixar a Franca; assim chega ao Brasil em 1816 a Missão Artística Francesa, reunida pelo Embaixador do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, o Marquês de Marialva. A Missão era composta de artistas notáveis, como os pintores Jean Baptiste Debret, Nicolas Taunay, Joachim Lebreton, os escultores Auguste Marie Taunay, Marc e Zépherin Ferrez e o arquiteto Grandjean de Montigny.

Pouco depois desembarca também no Rio o Cavalheiro Sigismund von Neukomm, o aluno preferido de Joseph Haydn e protegido de Talleyrand. Sua autobiografia e as cartas escritas ao longo de sua estadia são um testemunho do seu encanto por tudo em que encontrou no Brasil. É notória a admiração que nutria pelo Padre José Maurício Nunes Garcia (1767 – 1830), considerado o maior compositor brasileiro da época. Neukomm foi também fortemente impressionado pelos gêneros populares, o lundu e a modinha, que o inspiraram em duas de suas obras: “O Amor Brazileiro” e “L’amoureux”. Recolheu e harmonizou ainda uma coleção de vinte “modinhas”, de autoria de Joaquim Manoel da Camara, virtuose do “cavaquinho” e do violão, porém analfabeto em notação musical. Essa coletânea, impressa em 1821 em Paris sob a supervisão de Neukomm, constitui um dos primeiros registros de modinhas da história, além de ser o único testemunho da arte de Câmara e um importante documento sobre a atividade musical no Rio de Janeiro no início do século XlX.

O programa deste CD compreende a integral das obras de Neukomm para flauta transversal solo ou acompanhada de fortepiano. A maior parte das obras foi escrita quando da estadia de Neukomm no Rio de Janeiro, onde ele encontrou provavelmente o flautista virtuose Pierre Laforge, nomeado para a Capela Real e para a Câmara Real em novembro de 1816. As partes destinadas ao fortepiano deixam entrever as habilidades do compositor ao teclado. Observe-se que quatro das cinco obras foram impressas na época pela editora Breitkopf, o que permite vislumbrar o prestígio do compositor.

Fantasia para fortepiano e flauta (São Petersburgo, 11/7/1805)
Neukomm nutria estima por vários de seus colegas, a quem dedicou elegias, como a escrita em 1812 para Jan Ladislav Dussek (1760 – 1812) quando de sua morte. O compositor boêmio, que havia precedido Neukomm como pianista do Principe Talleyrand, é também o dedicatário da Fantasia gravada neste CD.

Toda a primeira seção do Largo enfatiza a tonalidade de ré menor, fortepiano e flauta alternando-se em um diálogo que cresce dinamicamente, passando por acordes de 7° diminuta. Um pedal em lá precede a modulação para si bemol maior, em que o fortepiano faz um desenho rítmico marcado, enquanto a melodia da flauta faz lembrar o discípulo de Haydn. A seção seguinte, em fá maior, é outro exemplo da habilidade melódica de Neukomm, e cabe ao fortepiano, que a desenvolve antes de preparar a nova entrada da flauta, também em fá. Uma volta ao desenho inicial e seguida por uma sequência de retardos. A última seção, bem mais movida, vai num crescendo de virtuosidade, alternando arpejos e escalas, que anunciam o tema do terceiro movimento.

O segundo movimento é escrito em 5 tempos, assim como o Andante do último Duo, uma ousadia rara naquela época! Lembramos, então, de que Neukomm era um maçon e, talvez, quisesse ilustrar a estrela de 5 pontas que está presente na fachada das lojas maçônicas.

O tema principal do terceiro movimento é marcado por uma escala ascendente, enérgica, que é alternada com arpejos descendentes, tanto no fortepiano quanto na flauta. O segundo tema, em fá, faz lembrar a doçura do tema em fá do primeiro movimento. O ápice da obra acontece no fugato final, em que o tema principal é apresentado em quatro vozes, com aumentações, até o final fortíssimo.

L’Amoureux (Rio de Janeiro, 12/4/1819)
Esta fantasia é dedicada aos seus amigos Madame e Monsieur Langsdorf, cônsules da Rússia no Brasil e em cuja chácara costumavam-se reunir, em serões musicais, os melhores músicos da época. Ali o Padre José Maurício dava expansão aos seus raros dotes de improvisador, ao mesmo tempo que lia, com Neukomm, as últimas novidades musicais chegadas da Europa.

Há no manuscrito a seguinte inscrição: “La Melancolie, modinha por Joaquim Manoel da Câmara”. Joaquim Manoel foi, depois de Domingos Caldas Barbosa, o mais famoso modinheiro do Brasil Colônia, célebre também por sua virtuosidade ao cavaquinho.

O primeiro movimento comega por um recreativo em dó maior, tonalidade predominante da obra. A modinha é apresentada em lá menor, sugestiva da “melancolia”, primeiro na flauta e depois no fortepiano. No segundo movimento, um Andantino Grazioso, flauta e fortepiano alternam-se em um diálogo cheio de humor. O Allegro final explora mais uma vez as habilidades do pianista virtuose. Como no Amor Brazileiro, a obra termina em vigorosos acordes em dó maior.

O Amor Brazileiro, capricho para fortepiano sobre um lundu brasileiro (Rio, 3/5/1819)
Desta obra, a primeira de todos os tempos inspirada em um lundu, existem dois originais manuscritos de Neukomm, um deles dedicado à Mademoiselle Donna Maria-Joaquina d’Almeida. As modinhas e lundus brasileiros faziam sucesso em Portugal, na voz de Domingos Caldas Barbosa. Acompanhando-se em sua viola de arame, o modinheiro era figura frequente nos salões da aristocracia lisboeta. Um desses lundus tem por assunto “o amor brasileiro”. Perdeu-se a música, mas salvaram-se os versos, publicados no “Viola de Lereno”, obra muito conhecida na época. O perfeito encaixe da letra com a música permite supor que daí tenha vindo a inspiração para o capricho de Neukomm.

A principal particularidade do lundu é a síncope característica, herdada de fontes africanas, que será posteriormente incorporada no tango brasileiro, no choro e no samba, gêneros tipicamente brasileiros.

O capricho começa por uma introdução em 6/8, marcada Andante grazioso. lmediatamente antes da primeira intervenção do lundu, Neukomm transforma o ritmo, acentuando a Segunda parte de cada tempo, o que prepara o ritmo sincopado. O trecho referente ao lundu recebe a indicação de Allegro e o compasso muda para 2/4. A partir de sua primeira exposição, o compositor explora o lundu à maneira de tema com variações ou de fantasia até a seção final. Ali acontece a transmutação do lundu em valsa, metáfora da aculturação a que o lundu foi submetido quando incorporado pelos salões da aristocracia carioca.

Fantasia para flauta (Paris, 10/11/1823)
Composta de uma introdução Adagio, seguida por um Allegro, a Fantasia é a unica obra que Neukomm compôs para flauta solo. O Adagio se inicia com o mesmo harpejo em ré menor da Fantasia em homenagem a Dussek. Neukomm se serve de belas melodias, progressões e modulações muito próprias, alternando o ré menor com o fá maior de conotação otimista. Explora com frequência as notas graves da flauta clássica, que não existiam na flauta barroca – o ré bemol (ou dó sustenido) e o dó.

O Allegro é iniciado por uma dramática melodia em ré menor na região grave da flauta. Mostra uma riqueza em dinâmica e contrastes entre passagens de virtuosismo e cantabile. Desde o compasso 7, e depois no compasso 106, há um fragmento melódico bastante característico, que seria uma semente do hino nacional brasileiro, composto por Francisco Manuel da Silva em 1831. O compositor brasileiro havia sido discípulo de Neukomm durante toda a sua estadia no pais. Em dois momentos Neukomm faz uso da escala cromática, eterno simbolo de “busca”, ainda tecnicamente bastante desconfortável na flauta de 5 chaves. Depois de modulações em lá menor e maior, a fantasia termina triunfalmente na tonalidade de ré maior.

Duo para flauta e fortepiano (Rio de Janeiro, 23/2/1820)
Aqui está novamente a estrela maçônica metaforizada no primeiro movimento em 5/8, bastante soturno, em mi menor. O Allegro do Segundo movimento, em forma sonata, é cheio de vitalidade. O primeiro tema, em mi menor, começa por harpejo ascendente, o segundo tema toma a forma de uma inspirada melodia em sol maior. Na Segunda parte, o piano reapresenta o tema em mi menor e, após seqüências em sétima diminuta, modula para si menor. Novas apresentações do tema na tonalidade original, até uma surpreendente modulação em dó maior, depois em mi bemol maior, mi bemol menor, sol bemol maior, até a apresentação do tema dois em mi maior pelo piano. Um “affretando” conclui o movimento.

O terceiro movimento, Adagio “com religiosidade”, é um dos momentos mais inspirados da música de Neukomm. As tonalidades de dó maior e sol maior contribuem para a paz que emana da melodia. A seção intermediária evolui através de surpreendentes modulações em mi bemol maior, dó menor, fá menor, ré bemol maior, lá bemol maior, dó menor. Depois de uma cadência em hemiola, o tema reaparece à guisa de conclusão, confiado – como no início – ao piano.

Enfim, o último movimento toma a forma de uma giga. O tema é primeiramente apresentado pelo piano, depois pela flauta. A modulação em sol sustenido menor surpreende, ainda mais pela pouca adaptabilidade à flauta. O tema é apresentado novamente em si maior, antes de uma seção solo do piano, onde aparece uma nova melodia. Os dois instrumentos dialogam antes do “da capo” final.
(Rosana Lanzelotte, extraído do encarte)

Sigismund Ritter von Neukomm (1778-1858)
01. Fantaisie pour Pianoforte et Flûte (1805) 1. Largo
02. Fantaisie pour Pianoforte et Flûte (1805) 2. Andante Con Moto
03. Fantaisie pour Pianoforte et Flûte (1805) 3. Allegro Assai
04. L’Amoureux (1819) 1. Andante
05. L’Amoureux (1819) 2. Andantino Grazioso
06. L’Amoureux (1819) 3. Allegro
07. O Amor Brazileiro (1819)
08. Fantaisie Pour Flûte (1823)
09. Duo pour Flûte et Pianoforte (1820) 1. Andante
10. Duo pour Flûte et Pianoforte (1820) 2. Allegro Agitato
11. Duo pour Flûte et Pianoforte (1820) 3. Adagio
12. Duo pour Flûte et Pianoforte (1820) 4. Allegretto

O Amor Brazileiro – CD 1 de 2 – 2004
Ricardo Kanji, flûtes
Rosana Lanzelotte, pianoforte
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Boa audição.

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Avicenna

Modinhas: Música brasileira e portuguesa de salão dos séculos XVIII e XIX – Capella Brasilica (Acervo PQPBach)

6hrwjp Modinhas
Música brasileira e portuguesa de salão dos séculos XVIII e XIX.

REPOSTAGEM

Os registros de uma música produzida e executada no Brasil entre os séculos XVIII e XIX, e que não estivesse à serviço das cerimônias católicas, foram durante anos esquecidos e por isso, imaginar o repertório musical popular deste período só foi possível a partir de 1930, com a publicação das “Modinhas Imperiais” por Mario de Andrade.

A ascensão de uma classe média urbana que necessitava de música adequada a seu cotidiano, contribui para o surgimento, no Brasil e em Portugal, de um gênero musical que se popularizou entre as classes menos privilegiadas chegando aos salões da Corte Portuguesa. A Modinha se torna um fenômeno musical urbano, similar à ballad inglesa, à canzonetta italiana, à arietie francesa e à seguidilla espanhola, como observa Rui Vieira Nery no prefácio da publicação portuguesa Modinhas, Lundus e Cançonetas (2000).

Em 1963, Mozart de Araújo publica A Modinha e o Lundu no século XVIII. A importância desta publicação para a retomada da pesquisa sobre este assunto, revelou partituras colhidas de tratados setecentistas como a Nova Arte de Viola de Manoel da Paixão Ribeiro (1789), e publicações como o Jornal de Modinhas – dedicado à sua alteza real Princeza do Brazil (1792/1795), o Brasilianische Volkslieder und Indianische Melodien dos viajantes Spix e Martius (1818) e o Cancioneiro de Músicas Populares publicado por César das Neves contendo doze árias com textos do poeta Tomas Antônio Gonzaga.

O repertório selecionado para este CD foi dividido em três partes como forma de promover uma maior compreensão do estilo e permitir uma apreciação das modinhas brasileiras e portuguesas da segunda metade do século XVIII ao início do século XIX. A primeira parte inicia com o Vilão do 7º Tom, forma de dança popular que corresponde, provavelmente, ao villano espanhol, como os de autoria de Gaspar Sanz (Instrucción de Musica, 1697), citados na literatura desde a década de 1510. O manuscrito encontra-se na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e há uma reedição moderna editada no Brasil por Rogério Budasz em 2001.

A presença da Xula, (forma mais popular do Lundum) dança que se desenvolveu no Brasil e que se popularizou em Portugal, se adapta perfeitamente às modinhas que abordam uma temática amorosa cotidiana. O amor entre brancos, negros e mulatos, às vezes se desliga de sugestões eróticas e utiliza da vivência religiosa para representar de maneira original a adoração do objeto amado como no caso da modinha Uma Mulata Bonita.

A segunda parte representa a Arcádia. O texto de Cecília Meireles já traduz o cenário perfeito onde se canta às musas pastoris Márcia, Ulina, e Marília revelando autores como Tomas Antônio Gonzaga e o mulato brasileiro Domingos Caldas Barbosa, o Lereno da Nova Arcádia Lusitana.

A terceira parte encerra um repertório com um bom exemplo da italianização da modinha na Belo Encanto da Minha Alma do portugues Antônio Joze do Rego e o casamento entre o Lundum brasileiro e a Xula portuguesa na Xula Carioca de Antônio da Silva Leite que transmite as relações interculturais de um gênero musical tão rico e abundante no tempo de D. Maria I.

(Rodrigo Teodoro de Paula, extraído do encarte)

Música brasileira e portuguesa de salão dos séculos XVIII e XIX
Anônimo do séc. XVIII
01. Vilão do 7º tom
02. Chula ponteada · Os me deixas
03. Estas lágrimas sentidas
Colhida em Minas e Goiás por Spix e Martius
04. Uma mulata bonita
Anônimo do séc. XVII
05. Ausente, saudoso e triste
Joze Mauricio (1752-1815)
06. A paixão que sinto em mim
Anônimo do séc. XVIII
07. Você se esquiva em mim
Romanceiro da Inconfidência/Cecília Meirelles
08. O país da Arcádia
Anônimo do séc. XVII
09. Marisópolis do 4º tom
Colhida em S. Paulo por Spix e Martius. Texto: Thomaz Antônio Gonzaga
10. Acasos são estes
Moda brasileira com acompanhamento de P. A. Marchal
11. Nasce o sol
Texto: Marília e Dirceu-Thomaz Antônio Gonzaga
12. Vejo Marília
Moda de improviso – José Rodrigues de Jesus
13. Já gozei da liberdade
Colhida em S. Paulo por Spix e Martius.
14. Escuta formosa Márcia
Duo Del Signor Antônio Joze do Rego, acompanhamento de P. A. Marchal. Texto Domingos Caldas Barbosa
15. Ora a Deus Senhora Ulina
Antonio Joze do Rego
16. Belo encanto da minha alma
Colhida em S. Paulo por Spix e Martius. / Antônio da Silva Leite
17. Lundum · Xula carioca

Modinhas – 2006
Capella Brasilica.
Maestro Rodrigo Teodoro
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Um CD do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!

Boa audição.

deu merda

 

 

 

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Avicenna

Canções, Modinhas e Lundús (Brazilian songs): Luiz Alves da Silva, countertenor & Dolores Costoyas, guitar (Acervo PQPBach)

8xlz5tUm raro, histórico e agradável CD

Brazil – the unknown giant

REPOSTAGEM

If we look at Brazil from a musical point of view we discover a rich, varied and fascinating country well worth investigating. We do not know whether Brazil’s musical history is as ancient as Europe’s: the conquering Portuguese — like their Spanish counterparts in the surrounding countries — have destroyed the old local cultures in order to replace it with their own. But there are indications suggesting that the indigenous Indios — mostly from the Guarani Tribe — had their own music which they used for celebrations that greatly impressed the first European visitors. The French mariner Jean de Kery landed here in 1556 and called the country a “land full of music”. But unfortunately we know nothing about the music of the Indios. The church quickly realized that music was the easiest way to overcome pagan traditions. Religious music in Brazil flourished especially in the region of Minas Geiras, around the beautiful old little town of Ouro Preto. In the archives of the local churches innumerable works can be found; particularly rich was the so called «Barocco Mineiro», arround 1800.

After 1820 the new Empire of Brazil encouraged a rich musical life at the courts and in the palaces. The Mulatto José Mauricio Nunes Guarcia, in his quality of Master of the Court Chapel, wrote a lot of splendid church music; in the Salons the “Modinhas”, a form of melodic songs imported from Lisbon and closely related to middle European Romanticism, became very popular. At the same time Brazilian music became internationally succesful: Emperor Dom Pedro II, a great lover of music (who had unsuccesfully invited Richard Wagner to come to his residence in Rio de Janeiro) sent the young Carlos Gomes to Milan to study music. There his opera “Il Guarani” was premiered at the Scala in 1870. The success was such that even Verdi presented his congratulations. Brazil had its “National Opera”.

When towards the end of the century Dom Pedro II had to yield to lhe Republic, a concentration of the musical life, took place. As in most European and all Latin American countries a “nationaliste” generation made its appearance. Its goal was the creation of a Brazilian Music based on national elements. Amongst this groupe we find Alberto Nepomuceno, Francisco Braga, Alexandre Levy, Itiberé da Cunha, Ernesto Nazareth. The following generation produced some of the most distinguished Brazilian composers: Oscar Lorenzo Fernandez, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, José Siqueira, Radames Gnatalli, Waldemar Henrique, Vieira Brandão, Hekel Tavares and at least a dozen more.

Prof. Kurt Pahlen (translated by Francois Lilienfeld)(extraído do encarte)

Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, 1887-1959)
01. Lundú da Marqueza de Santos
02. Viola quebrada
03. Realejo
Ernesto Nazareth (Rio de Janeiro, 1863-1934)
04. Escorregando – solo de guitare
Francisco Mignone (S. Paulo, 1897-Rio de Janeiro, 1986)
05. Canto baixinho
Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, 1887-1959)
06. A gatinha parda
Ernesto Nazareth (Rio de Janeiro, 1863-1934)
07. Odeon – Dança Brasileira – solo de guitare
08. A casinha pequenina
Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, 1887-1959)
09. Redondilha
Augusto Marcellino (S. Paulo, 1911-Buenos Aires, 1973)
10. Remeleixo (Chôro Nr. 9) – solo de guitare
Anonyme
11. Ô lelê lilá
Trad. arr. Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, 1887-1959)
12. Papae Curumiassu
Anonyme
13. Nozani-ná
Trad. arr. Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, 1887-1959)
14. Cantilena
15. Estrela é lua nova
João Teixeira Guimarães ou João Pernambuco (Jatobá, atual Petrolândia, PE, 1883-Rio de Janeiro,1947)
16. Interrogando (longo) – solo de guitare
Anonyme (19ième Siècle)
17. Si te adoro
18. Roseas flores d’alvorada
19. Hei de amar-te até morrer
Gabriel Fernandes da Trindade (Portugal ,c.1790-Rio de Janeiro, 1854)
20. Graças aos ceos
Padre Telles (Bahia, c.1800 – Rio de Janeiro, c.1860)
21. Eu tenho no peito
José Francisco Leal (Rio de Janeiro, 1792-1829)
22. Deliro e Suspiro
Emílio Eutiquiano Correia do Lago (Franca, SP, 1837 -S. Paulo, 1871)
23. Último adeus de amor
José Francisco Leal (ca.1850-ca.1900)
24. Esta noite, Oh ceos!
A. J. S. Monteiro (Rio de Janeiro, ca.1830-ca.1890
25. Que noites eu passo
João Teixeira Guimarães ou João Pernambuco (Jatobá, atual Petrolândia, PE, 1883-Rio de Janeiro,1947)
26. Sons de Carrilhoes (Chôro) – solo de guitareaos ceos
Padre Telles (Bahia, c.1800 – Rio de Janeiro, c.1860)
21. Eu tenho no peito
José Francisco Leal (Rio de Janeiro, 1792-1829)
22. Deliro e Suspiro
Emílio Eutiquiano Correia do Lago (Franca, SP, 1837 -S. Paulo, 1871)
23. Último adeus de amor
José Francisco Leal (ca.1850-ca.1900)
24. Esta noite, Oh ceos!
A. J. S. Monteiro (Rio de Janeiro, ca.1830-ca.1890
25. Que noites eu passo
João Teixeira Guimarães ou João Pernambuco (Jatobá, atual Petrolândia, PE, 1883-Rio de Janeiro,1947)
26. Sons de Carrilhoes (Chôro) – solo de guitare

Canções, Modinhas e Lundús (Brazilian songs) – 1992
Luiz Alves da Silva, countertenor
Dolores Costoyas, guitar

Álbum fora de catálogo desde 1992.
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XLD RIP | FLAC 231,3 MB | HQ Scans 17,8MB |

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MP3 320 kbps – 152,1 + 17,8 MB – 1h 02 min
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.Outro CD do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!

Boa audição.

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Avicenna