Elgar é Elgar, quem não conhece suas fortes e melodiosas marchas que grudam na cabeça da gente? An Orkney Wedding, With Sunrise, de Davies, é uma música convencional, até chatinha, mas o final com gaita de foles é muito bonito. Three Screaming Popes, de Turnage, é muito legal, modernoso e bom. A Brittania de MacMillan tem muito humor. E Britten é o melhor compositor inglês desde Purcell. O saldo do disco é bastante positivo. A orquestra de Atlanta é uma amiga batuta.
Elgar / Davies / Turnage / MacMillan / Britten: Britannia
1 – Sir Edward Elgar “Pomp And Circumstance” March No. 4 4:33
2 – Sir Peter Maxwell Davies* An Orkney Wedding, With Sunrise 13:15
3 – Mark-Anthony Turnage Three Screaming Popes 15:54
4 – James MacMillan Britannia 12:30
–Benjamin Britten Sinfonia Da Requiem
5 – Lacrymosa 8:09
6 – Dies Irae 4:58
7 – Requiem Aeternam 6:05
8 – Sir Edward Elgar “Pomp And Circumstance” March No. 1 5:40
Estreamos aqui hoje o compositor escocês James MacMillan. Católico que é, grande parte de suas obras são sacras, mas também adora compor pra orquestra. Seu primeiro concerto para percussão, chamado “Veni, Veni, Emmanuel” ganhou o mundo e parece ser a obra mais executada do compositor.
Cheguei a assistir a estreia do segundo concerto para percussão na Sala São Paulo, que ao contrário de seu antecessor, não tem um nome. Impressionado, e acreditando que poderia encontrar coisas mais picantes — graças a toda propaganda que a Osesp fazia de MacMillan e de seu primeiro concerto para percussão — resolvi procurar mais coisas e encontrei este álbum.
Certamente o segundo concerto para percussão é melhor. Em Veni, Veni, Emmanuel MacMillan parece não saber o que está fazendo, apenas sabe que está fazendo barulho e para empolgar um pouco, coloca um dança entre um movimento e outro do concerto, além de repetir o tema principal de várias formas diferentes até o final do concerto. Mesmo assim, parece faltar o sal necessário para que possamos sentir o gosto da música. Talvez ao vivo seja melhor.
Em “…as others see us…” o compositor tenta criar “pinturas musicais” de alguns personagens históricos britânicos, como Henry VIII, George Byron, T. S. Elliot e Dorothy Hodgkin. Faz tudo isso a partir de um mesmo tema escocês. Não acho que a brincadeira dê muito certo.
As três principais obras do álbum fazem um uso extensivo da percussão e a incrível Evelyn Glennie as executa muito bem, embora em “…as others see us…” e Three Dawn Rituals, Glennie não possa fazer milagres com a falta de criatividade de MacMillan.
As musicas de MacMillan parecem ser mais experimentações infantis do que resultado de conflitos internos que o compositor supera por meio da composição. Olhem Pärt, Schnittke ou Boulez por exemplo. Cada um desses compositores, divididos entre o conhecimento tradicional de composição que aprenderam e a época em que viviam, usaram de sua música para superar essa contradição. Uns demoraram mais, outros menos, mas todos os três, e alguns outros da mesma época, superaram suas contradições. Podemos sentir isso claramente na música desses compositores.
Em MacMillan não sentimos nada disso. A música dele, dependendo da obra, parece mesclar serialismo, colagem de outras obras, dissonâncias, adagios, e nada disso parece satisfazer a música ou o ouvinte. Ele não parece estar querendo buscar resolver nada no sentido ideal — ou material no resultado de sua própria música — mas fazer apenas umas brincadeiras em meio à qualquer plano de fundo musical que lhe venha à mente.
…As Others See Us…
10 “…As Others See Us…” : Henry VIII (1491-1547)
11 “…As Others See Us…” : John Wilmot (1647-1680)
12 “…As Others See Us…” : John Churchill (1650-1722)
13 “…As Others See Us…” : George Gordon (1788-1824) and William Wordsworth (1770-1850)
14 “…As Others See Us…” : Thomas Stearns Eliot (1888-1965)
15 “…As Others See Us…” : Dorothy Mary Hodgkin (b. 1910)
Three Dawn Rituals
16 Larghetto
17 Allegro moderato
18 Andante
19 Untold
Members Of The Scottish Chamber Orchestra
James MacMillan, conductor