Suk / Herbert / Dvořák: Inspiration – Música para Cordas (Metamorphosen Berlin)

Suk / Herbert / Dvořák: Inspiration – Música para Cordas (Metamorphosen Berlin)

Um belo disco de capa feia. Recebi este CD da ex-esposa de um atual membro do dream team de postadores do PQP. Ela é uma das violas do grupo. Josef Suk foi um compositor e violinista tcheco que estudou com Antonín Dvořák e do qual arrebatou a filha, não o talento. A influência do sogrão deve ter sido enorme. Ele era uma sujeito meio mórbido, pois escreveu uma Marcha Fúnebre para si mesmo, o que revela que seu narcisismo era uma grande fonte de inspiração. Sua Serenata é bem boa. Victor Herbert era muito prolífico. Escreveu 43 operetas. Herbert nasceu em Dublin, mas adquiriu cidadania estadunidense. Foi violoncelista e maestro. Ele estudou piano, flauta e flautim, até finalmente chegar no cello. Sua música parece um doce de leite que não foi feito no Uruguai. O CD vale pela excelente versão da famosa Serenata, Op. 22, de Dvořák, que é um fenômeno escrito em menos de 15 dias. E vale pelo carinho da dedicatória. Desconheço quem seriam estes Elena e Milton.

Suk / Herbert / Dvořák: Inspiration – Música para Cordas (Metamorphosen Berlin)

Josef Suk
1 I. Allegro Con Moto – Metamorphosen Berlin
2 II. Allegro Ma Non Troppo E Grazioso
3 III. Adagio
4 IV. Allegro Giocoso, Ma Non Troppo Presto
5 Love Song, Op. 7, No. 1 – Metamorphosen Berlin

Victor Herbert
6 Yesterthoughts, Op. 37 – Metamorphosen Berlin
7 Puchinello, Op. 38 – Metamorphosen Berlin
8 Ghazel – Metamorphosen Berlin

Antonín Dvořák
9 I. Moderato – Metamorphosen Berlin
10 II. Tempo Di Valse
11 III. Scherzo. Vivace
IV. Larghetto
V. Finale. Allegro Vivace

Metamorphosen Berlin
Wolfgang E. Schmidt, conductor & cello
Indira Koch, concertmaster

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PQP

Jascha Heifetz – It Ain’t Necessarily So: Legendary Classic & Jazz Studio Takes

 

O inesquecível Jascha Heifetz, que completaria hoje 121 anos, adorava jazz. Sua mansão em Beverly Hills recebia músicos de várias vertentes, que frequentemente mergulhavam em jam sessions, e os estudantes para os quais organizava animadas festas em Malibu testemunhavam o mestre improvisar, tanto ao violino quanto ao piano, sobre as canções populares que amava.

Descobrir que o jazz era o xodó de Heifetz me surpreendeu. Afinal, tiete incondicional do gigante desde que o conheci, acostumara-me com seu semblante estoico nas capas de discos, que nada mudava nos tantos filmes em que, para meu assombro, eu o via enfrentar e vencer, impávido, os trechos mais medonhos da literatura violinística. Foi só ao ler suas biografias e, principalmente, assistir aos documentários e aos preciosos registros de suas masterclasses que conheci seu senso de humor, seu rigor cordial para com os alunos e, não menos importante, constatei que ele era um músico extraordinário o bastante para convencer como mau músico, imitando à perfeição um jovem estudante em pânico durante uma prova:

Jascha também foi um contumaz viajante, legando-nos inúmeros mementos que são verdadeiras pérolas do humor involuntário, como essa sua foto duma visita ao México, em que seu tradicional olhar blasé parece nada impressionado com a indumentária local…


… e também um homem corajoso e cidadão muito grato ao país que o acolheu, percorrendo o front europeu a tocar voluntariamente para as tropas aliadas, além de arrecadar, com concertos beneficentes, vultosos valores para os esforços de guerra.

Perenemente acusado por um ou outro crítico de ser um tecnicista frio, indiferente às intenções do compositor, Heifetz é uma deidade de devoção unânime entre seus colegas: dir-se-ia um “violinista dos violinistas”. Ainda assim, mesmo que todos sonhem em tocar como ele, nem tantos acham que devam. Jascha cresceu imbuído das tradições da Velha Escola russa no Conservatório de São Petersburgo, onde foi discípulo de Leopold Auer – aquele mesmo com quem Tchaikovsky se estranhou por conta de seu concerto para violino. Seria inevitável, pois, que seu estilo, moldado por gente do século XIX, pareça-nos um tanto antiquado, a despeito da tanta beleza que tange. Além disso, suas gravações das peças fundamentais do repertório concertístico, normalmente despachadas em velocidade lúbrica, são referências incontestes que poucos violinistas de hoje tentariam imitar: mesmo o próprio ídolo de Heifetz, Fritz Kreisler, após escutar o prodígio de onze anos de idade, afirmou que todos os violinistas presentes no recinto poderiam quebrar seus instrumentos nos joelhos.

Aqui, Kreisler (à direita) relaxa num lago com Heifetz (à esquerda), que se apoia num trapiche feito, provavelmente, da madeira de violinos quebrados.

Em minha desimportante opinião, será através das pequenas peças que a grandeza de Heifetz rebrilhará aos ouvidos dos séculos vindouros. Esta compilação que ora lhes apresento, com algumas dúzias delas, inclui vários de seus números de bis mais famosos, algumas canções folclóricas e várias composições de George Gershwin, que Jascha muito admirava.  Os arranjos, como verão, são quase todos de sua própria lavra e, se privilegiam o timbre inconfundível do mestre e a elegância de seu fraseado, também lhe dão amplas oportunidades para demonstrar seu deleite em tocar, como mais célebre rebento da Velha Escola russa, a música do Novo Mundo em que escolheu viver.


Uma atração em especial para nós, brasileiros, é escutar “Ao Pé da Fogueira”, um dos prelúdios do genial Flausino Valle, aqui abordado por Heifetz numa masterclass.

A grande surpresa, talvez, esteja na última faixa do álbum. Depois de alguns açucarados bombons em que acompanha o cantor Bing Crosby, Heifetz dá-nos a rara oportunidade de escutá-lo ao piano (!), instrumento em que era, por todos os relatos, muito proficiente. Ele toca “When You Make Love to Me (Don’t Make Believe)”, uma canção que fez sucesso na voz do próprio Crosby, frequentemente pareada com outra, “So Much in Love“. Ainda mais surpreendente é que o autor de ambas, um certo Jim Hoyl, só existia na capa das partituras, pois era tão só o pseudônimo que o próprio Jascha Heifetz (“J.H.”, captaram?) usava para publicar canções populares.

“Um brinde a Jim Hoyl!”

Que a imagem sisuda que dele tiverem liquide-se para sempre, e que a inigualável musicalidade do aniversariante consiga entretê-los tanto quanto espero.

Grato por tanto, Mestre!

In memoriam Iosif Ruvimovich Kheyfets, dito Jascha Heifetz (Vilnius, 2.2.1901 – Los Angeles, 10.12.1987)



Jascha Heifetz – It Ain’t Necessarily So: Legendary Classic & Jazz Studio Takes

DISCO 1

Samuel GARDNER (1891-1984)

1 – From The Canebrake, Op. 5 no. 1

Arthur Leslie BENJAMIN (1893-1960)
2 – Jamaican Rumba (arranjo de William Primrose)

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
3 – Beau Soir (arranjo de Jascha Heifetz)

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
4 – Pièce en Forme de Habanera (arranjo de Georges Catherine)

Clarence CAMERON White (1880-1960)
5 – Levee Dance, Op. 27 No. 2 (baseada em “Go Down, Moses”)

Mario CASTELNUOVO-TEDESCO (1895-1968)
6 – Figaro, Rapsódia de Concerto sobre “Il Barbiere di Siviglia”, de Rossini

Stephen Collins FOSTER (1826-1864)
7 – Jeanie With The Light Brown Hair (arranjo de Heifetz)

Victor August HERBERT (1859-1924)
8 – À la Valse

Antonín Leopold DVOŘÁK (1841-1904)
9 – Humoresques, Op. 101 – No. 1 em Sol bemol maior (arranjo de Heifetz)

Folclore irlandês
10 – Gweedore Brae (arranjo de John Crowther)

Stephen FOSTER
11 – Old Folks at Home (arranjo de Heifetz)

Anônimo
12 – Deep River (arranjo de Heifetz)

Leopold GODOWSKY (1870-1938)
13 – Doze Impressões para violino e piano: no. 12, Wienerissh (arranjo de Heifetz)

Jascha Heifetz, violino
Milton Kaye, piano

Irving BERLIN (1888-1989)
14 – White Christmas

Jascha Heifetz, violino
Salvator Camarata and his Orchestra

George GERSHWIN (1898-1937)
Da ópera “Porgy and Bess” (arranjos de Heifetz)
15 – Summertime
16 – A Woman is a Sometime Thing
17 – My Man’s Gone Now
18 – It Ain’t Necessarily So
19 – Tempo Di Blues (There’s a Boat That’s Leaving Soon for New York)
20 – Bess, You is my Woman Now

Três prelúdios para piano solo (arranjos de Heifetz)
21 – I. Allegro ben ritmato e deciso
22 – II. Andante con moto e poco rubato
23 – III. Allegro ben ritmato e deciso

Jascha Heifetz, violino
Emanuel Bay, piano

DISCO 2

Susan Hart DYER (1880-1922)
1 – An Outlandish Suite, para violino e piano: Florida Night Song

Claude DEBUSSY
2 – Children’s Corner L. 115 – 6. Golliwogg’s Cakewalk (arranjo de Heifetz)
3 – Suite Bergamasque L. 75 – 3. Clair de Lune (arranjo de Alexandre Roelens)

Flausino Rodrigues do VALLE (1894-1954)
4 – Vinte e seis prelúdios característicos e concertantes para violino só – no. 15, “Ao Pé da Fogueira” (arranjo de Heifetz)

Julián Antonio Tomás AGUIRRE (1868-1924)
5 – Huella, Op. 49 (arranjo de Heifetz)

Dmitri Dmitrievich SHOSTAKOVICH (1906-1975)
Dos Vinte e quatro prelúdios para piano, Op. 34 (arranjo de Dmitri Tziganov e Quinto Maganini)
6 – No. 10 em Dó sustenido menor
7 – No. 15 em Ré bemol maior

Edwin GRASSE (1884-1954)
8 – Waves At Play (Wellenspiel) (arranjo de Heifetz)

Sergei Sergeieivich PROFOKIEV (1891-1953)
9 – O Amor das Três Laranjas, Op. 33 – Marcha (arranjo de Heifetz)
10 – Suíte do balé “Romeu e Julieta”, para piano, Op. 75 – Máscaras (arranjo de Heifetz)

Robert Russell BENNETT (1894-1981)
Hexapoda (five studies in Jitteroptera), para violino e piano
11 – Gut-Bucket Gus
12 – Jane Shakes Her Hair
13 – Betty and Harold Close Their Eyes
14 – Jim Jives
15 – …Till Dawn Sunday

Kurt Julian WEILL (1900-1950)
16 – Die Dreigroschenoper – Mack The Knife (Moderato assai) (arranjo de Stefan Frenkel)

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
17 – Souvenir d’un Lieu Cher, para violino e piano, Op. 42 – no. 3: Mélodie em Mi bemol maior

Fryderyk Francyszek CHOPIN (1810-1849)
18 – Noturnos para piano, Op. 55 – no. 2 em Mi bemol maior (arranjo de Heifetz)

Christoph Willibald von GLUCK (1717-1784)
19 – Orfeo ed Euridice – Dança dos Espíritos Abençoados (arranjo de Fritz Kreisler)

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
20 – Waldszenen, Op. 82 – no. 7: Vogel als Prophet (arranjo de Heifetz)

Nikolai Andreievich RIMSKY KORSAKOV (1844-1908)
21 – O Galo de Ouro – Hino ao Sol (arranjo de Kreisler)

Alexander Abramovich KREIN (1883-1951)
22 – Dança no. 4 (arranjo de Heifetz)

Johannes BRAHMS (1833-1897)
23 – Danças Húngaras – no. 7 em Lá maior (arranjo de Joseph Joachim)

Charles-Camille SAINT-SAËNS (1835-1921)
24 – Le Carnaval Des Animaux – Le Cygne (arranjo de Heifetz)

Cecil BURLEIGH (1885-1980)
25 – Six Pictures, Op. 30 – no. 4: Hills
26 – Small Concert Pieces, Op. 21 – no. 4: Moto Perpetuo

Jascha Heifetz, violino
Emanuel Bay, piano


Benjamin Louis Paul GODARD (1849-1895)
27 – Jocelyn – Berceuse (arranjo de Ernest R. Ball)

Hermann LÖHR (1871-1943)
28 – Where my Caravan has Rested  (arranjo de Edward Teschemacher)

Bing Crosby, voz
Jascha Heifetz, violino
Victor Young and his Orchestra


Jim HOYL, pseudônimo de Jascha HEIFETZ (1901-1987)
29 – When You Make Love to Me (Don’t Make Believe)

Jascha Heifetz, piano

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Querem mais Heifetz? Confiram-no em ação, então, na sua imbatível gravação do concerto de Sibelius (juntamente com o de Glazunov e o segundo de Prokofiev)…

Concertos para Violino de Sibelius, Prokofiev e Glazunov com Jascha Heifetz

… e na frenética leitura do concerto de Beethoven com os sinfônicos de Boston sob Charles Munch:

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Violin Concerto in D – Heifetz, Munch, BSO

PQP Bach, pelo saudoso Ammiratore (1970-2021)

Vassily