Marcel Dupré escutou um dia uma jovem mãe que cantava uma velha canção popular de Natal para seu bebê dormir. Daí veio a inspiração de suas 12 Variações que foram escritas durante turnê de concertos em várias cidades da Europa e das Américas, cujos instrumentos inspiraram ao autor esta síntese das possibilidades orquestrais do órgão moderno.
O maior compositor para órgão no século XX, Messiaen, explica: “Na geração anterior à minha, dois nomes dominam a literatura francesa para órgão: Marcel Dupré e Charles Tournemire. Meu professor Marcel Dupré foi o maior dos virtuosos, foi o Liszt do órgão. Sua música reflete esse extraordinário virtuosismo. Ele escreveu páginas de extrema dificuldade no estilo de toccata, e iniciou o estilo ultra-staccato no órgão, que obviamente não foi usado pelos classicistas. Quando a Charles Tournemire, era uma homem brilhante, infelizmente menos conhecido; por muito tempo foi organista na igreja de Sainte-Clotilde em Paris, como César Franck, e deixou um monumento chamado L’orgue mystique (O órgão místico).”
E esse tal de órgão moderno, de que se trata(va)?
O órgão moderno, no sentido usado por Messiaen, Dupré e outros, está associado a inovações mecânicas criadas no século XIX, principalmente pelo francês Aristide Cavaillé-Coll (1811-1899).
Cécile Cavaillé-Coll, filha de Aristide, escreveu:
Em 1862, o célebre organista de Breslau, Adolphe Hesse, esteve em Paris e escreveu: “Devo declarar que de todos os instrumentos que já vi, examinei e toquei, o de Saint-Sulpice é o mais perfeito, o mais harmonioso, o maior e realmente a obra-prima da construção moderna de órgãos.” Hesse em seguida fez um recital, mas não em Saint-Sulpice, o que surpreendeu Cavaillé-Coll: “O famoso Hesse de Breslau veio ver nosso órgão; deve tê-lo achado grande demais para ele e preferiu tocar em Sainte-Clotilde; ainda não é este o verdadeiro organista moderno”
O organista moderno! Eis o que o renovador do órgão esperava. Era por isso que ele trabalhava, que ele dava ao órgão pulmões potentes, uma respiração normal e regular, teclados macios; é para o organista moderno que Cavaillé-Coll inventava jogos harmônicos, buscava novos timbres, novas combinações, preparando assim uma maravilhosa palheta de cores.
Messiaen deixava claro que a sua música só podia ser tocada em órgãos grandes com amplas possibilidades de timbres e misturas de timbres. Hoje, dizia Messiaen, está na moda construir órgãos no estilo barroco. Alguns tubos, como as flautas de 16 pés, são removidos poque não existiam na era barroca, e a palheta tonal é completamente destruída. Assim, nesses novos instrumentos só se pode tocar Frescobaldi ou Bach, o que sem dúvida é bastante restritivo.
Neste CD ouvimos o órgão de Saint-Sulpice, com seus mais de sete mil tubos e favorecido pela impressionante acústica da igreja, uma das maiores de Paris. Daniel Roth, organista titular em Saint-Sulpice desde 1985, conhece esses teclados e pedaleira muito bem, tendo sucedido nomes importantes: Charles-Marie Widor (1870–1934), Marcel Dupré (1934–1971) e Jean-Jacques Grunenwald (1973–1982). Todos eles foram compositores e, ainda que fortemente influenciados pela música de Bach, mantiveram uma tradição organística viva, moderna, como era o desejo de Cavaillé-Coll.
01. Prélude & fugue in B major, Op.7-1 Prélude
02. Prélude & fugue in B major, Op.7-1 Fugue
03. Prélude & fugue in F minor, Op.7-2 Prélude
04. Prélude & fugue in F minor, Op.7-2 Fugue
05. Prélude & fugue in G minor, Op.7-3 Prélude
06. Prélude & fugue in G minor, Op.7-3 Fugue
07. Chorale In dulci jubilo, Op. 28 No.41
08. Variations sur un noël, Op. 20 – Thème
09. Variations sur un noël, Op. 20 – Larghetto
10. Variations sur un noël, Op. 20 – Poco animato
11. Variations sur un noël, Op. 20 – Canon à l’octave (cantabile)
12. Variations sur un noël, Op. 20 – Vif
13. Variations sur un noël, Op. 20 – Vivace
14. Variations sur un noël, Op. 20 – Canon à la quarte et à la quinte
15. Variations sur un noël, Op. 20 – Vivace
16. Variations sur un noël, Op. 20 – Canon à la seconde (cantabile)
17. Variations sur un noël, Op. 20 – Animé
18. Variations sur un noël, Op. 20 – Fugato (non troppo vivace)
19. Variations sur un noël, Op. 20 – Coda (presto)
20. Suite Bretonne, for organ, Op 21- No.1, Berceuse
21. Prélude & Fugue in E minor Op.36-2 Prélude
22. Prélude and Fugue in E minor Op.36-2 Fugue
23. Invention XIII (allegro giocoso), Op 50 No.2
24. Invention XV (cantabile), Op 50 No.2
25. Offrande à la Vierge for organ, Op 40- No.1, Virgo Mater
26. Chorale Nun komm der Heiden Heiland, Op. 28 No.59
27. Symphonie-Passion, Op 23- 1. Le Monde dans l’attente du Sauveur
Daniel Roth: órgão Cavaillé-Coll 1862
Igreja Saint-Sulpice, Paris, França
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Pleyel