Ensemble Turicum: Musique napolitaine des archives portugaises: Pergolesi, Gallasi, Leonardo Leo, David Perez

rawwljA produção musical italiana observada através de um filtro português.

 

As impressionantes bibliotecas e arquivos musicais portugueses ainda não estão plenamente descobertos para o mundo. Notícias sobre a livraria d’El Rey D. João IV já circulam amiúde, mas sem que se saiba algo mais para além do seu malfadado destino, desde o falecimento daquele monarca até os trágicos acontecimentos de 1755. Entrementes, é também verdade que pouca consciência ainda se tem sobre os tesouros que sobreviveram ao terramoto e de toda a música que se produziu e ouviu em solo lusitano nos sucessivos reinados de D. João V, D. José I, D. Maria I e D. João VI. Que a corte portuguesa, desde os primórdios do século XVIII, se entregaria completamente às vicissitudes da estética italiana é assunto já bastante escorreito. O que ainda escapa ao interesse da musicologia internacional é o facto de que Portugal, por conta desta dependência estética — facto que por si só não representa qualquer demérito -, se tornaria num dos mais convulsivos importadores de música durante mais dois séculos. Hábito que, aliás, remonta ao reinado de D. João IV, no frémito de constituir a sua tão decantada quanto ecléctica colecção musical.
Neste sentido, os arquivos portugueses conservam inúmeras páginas de música (óperas, música religiosa e instrumental) absolutamente inéditas, ou em cópias que em muito tornam interessantes as comparações que se podem desprender do confronto entre estas e os manuscritos italianos espalhados dentro e fora da península.

Sérgio Dias, Nápoles/Lisboa, inverno de 2003

Ensemble Turicum

Fundado em 1990 pelo cantor brasileiro Luiz Alves da Silva, o Ensemble Turicum [Turicum é o nome latino de Zurich] consagra a sua actividade à redescoberta, ao relance e à interpretação com a maior autenticidade possível da música de câmara e vocal da época barroca, executada com instrumentos históricos. Os seus membros têm uma longa experiência de colaboração com numerosos conjuntos barrocos de renome internacional (entre outros: Hesperion XX, a Capella Reial Barcelona, a Folia Madrid, Concerto Këln, Clemencic Conzert Wien, Ensemble 415 Genève).

O Ensemble Turicum, na sua formação de base, é composto por um quarteto de cordas, um instrumento de baixo contínuo e um cantor solista. Naturalmente, consoante os programas, convida outros cantores ou instrumentalistas para completar o conjunto. Entre as múltiplas actividades do Ensemble Turicum, destaca-se uma digressão pela Alemanha, em 1990, com as “Lamentações de Jeremias” no programa. Este programa compreendia música vocal de Antonio Vivaldi, por ocasião do 250º aniversário da sua morte, apresentado ao público em várias cidades suiças, uma representação do “Stabat Mater” de G.B. Pergolesi, com a participação da conhecida soprano espanhola, Isabel Rey. Para além dos célebres compositores já citados, o Ensemble Turicum sempre se preocupou em apresentar obras escolhidas de mestres menos conhecidos como, por exemplo, peças de Christian Geist, Francisco Vias, Domenico Gherardeschi e outros.

(extraído do encarte)

Giovanni Battista Pergolesi (Iesi, 1710-Pozzuoli, 1736)
01. Messa a 5 Voci – 1. Kyrie
02. Messa a 5 Voci – 2. Christe
03. Messa a 5 Voci – 3. Gloria
04. Messa a 5 Voci – 4. Laudamus (Soprano)
05. Messa a 5 Voci – 5. Gratias
06. Messa a 5 Voci – 6. Domine Deus (Soprano/Alto)
07. Messa a 5 Voci – 7. Qui tollis
08. Messa a 5 Voci – 8. Quoniam (Soprano)
09. Messa a 5 Voci – 9. Cum Sancto Spiritu
Leonardo Leo (San Vito, 1694-Napoli, 1744)
10. Sinfonia “Il Demetrio” – 1. Allegro
11. Sinfonia “Il Demetrio” – 2. Andantino
12. Sinfonia “Il Demetrio” – 3. Allegro
Antonio Galassi (Italie, c.1750-Portugal, 1790)
13. Te Deum – 1. Te Deum Laudamus
14. Te Deum – 2. Te gloriosus Apostolorum chorus
15. Te Deum – 3. Tu Patris sempiternus
16. Te Deum – 4. Tu devicto
17. Te Deum – 5. Tu ergo quaesumus
18. Te Deum – 6. Aeterna fac cum sanctis tuis
19. Te Deum – 7. Fiat misericordia
20. Te Deum – 8. In te Domine speravi
David Perez (Napoli, 1711-Lisboa, 1778)
21. Trio – 1. Andante
22. Trio – 2. Minuete

Ensemble Turicum: Musique napolitaine des archives portugaises – 2004
Luiz Alves da Silva & Mathias Weibel

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320 kbps .mp3 – 154,7 MB – 58,6 min
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Boa audição.

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Avicenna

Modinhas e Lunduns dos Séculos XVIII e XIX – Segréis de Lisboa (Acervo PQPBach)

a42244Modinhas e Lunduns dos Séculos XVIII e XIX
Segréis de Lisboa

Com instrumentos de época. On period instruments.
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Instrumentos originais usados nesta gravação:
Pianoforte – H. Van Casteel, Lisboa, 1763
Guitarra inglesa – Domingos José de Araujo, Braga, 1812

A presente gravação oferece uma selecção do repertório criado para os salões desta sociedade luso-brasileira da viragem do século XVIII para o XIX. Parte desse repertório destinava-se a pequenos conjuntos instrumentais, e era composto muitas vezes por virtuosi da orquestra da Real Câmara de Lisboa, como o violinista Pedro António Avondano ou o flautista espanhol António Rodil, cujas obras se tornaram tão populares que foram objecto de edições impressas de ampla circulação.

Um dos instrumentos solistas mais populares neste período foi a guitarra inglesa, com forma peróide e dez cordas, a qual permaneceu em uso em Portugal muito depois de ter sido esquecida nos restantes países europeus e acabou por isso por ser conhecida como guitarra portuguesa.

António Pereira da Costa foi o autor de uma das raras colecções impressas de obras para este instrumento. Quanto à “Marcha da Retirada” de João José Baldi, trata-se de um exemplo divertido de como uma melodia que entra no ouvido se pode desligar do seu contexto original, à medida que a sua circulação aumenta: a peça, muito provavelmente destinada a ser tocada de forma despreocupada na salinha de qualquer menina de boa família, não é senão um arranjo para cravo da feroz canção revolucionária francesa “Ça ira“…

Mas o género favorito deste repertório de salão é sem dúvida a Modinha, um tipo de canção solista em que as influências da aria cantabile e da canzonetta da tradição operática napolitana se misturam com as doces e sensuais melodias afro-brasileiras, originalmente cantadas pelos escravos negros e gradualmente adaptadas pelos compositores profissionais, tanto no Brasil como em Portugal. No final do século XVIII as modinhas eram já compostas às centenas e circulavam, não só em colecções manuscritas mas também em séries impressas de publicação periódica, como o popular Jornal de Modinhas, editado em Lisboa pelos franceses Milcent e Maréchal.

Os autores iam do poeta mulato e boémio Domingos Caldas Barbosa a cantores da Capela Real como o Tenor Policarpo José António da Silva, a virtuosi instrumentais de renome como o violinista espanhol José Palomino, a músicos de Igreja como António da Silva Leite e a compositores de Ópera distintos como o próprio Marcos Portugal.

2jfwpwkQuanto aos arranjos, as modinhas eram habitualmente escritas para uma ou duas vozes, com um acompanhamento instrumental que podia ser uma simples linha de baixo contínuo, uma parte integralmente realizada para um instrumento obbligato como o cravo, a guitarra ou a guitarra portuguesa, ou até um pequeno conjunto de câmara que podia ir mesmo a um quarteto de cordas com cravo (como exemplo deste último caso veja-se, designadamente, “Menina que vive à moda”, de Palomino, uma canção especificamente composta como Música de cena para uma peça para o teatro da Rua dos Condes, em Lisboa).

A qualidade das modinhas luso-brasileiras foi unanimemente elogiada pelas descrições de diversos viajantes europeus no Brasil, vários dos quais transcreveram exemplos deste género nos seus livros. Um discípulo de Haydn que esteve temporariamente ao serviço da Corte no Rio de Janeiro, Sigismund Neukomm, publicou ele próprio uma colecção de modinhas com acompanhamento de piano, e a fama destas canções chegou mesmo ao próprio Beethoven, que as incluiu na sua colecção de Volkslieder.

Particularmente interessante pela sua evidente natureza inter-cultural é o Lundum, um sub-género no seio da Modinha caracterizado pelo seu ritmo acentuadamente sincopado e por textos que com frequência tendem a conter sugestões eróticas mal disfarçadas. Para grande espanto de alguns dos visitantes estrangeiros mais puritanos, estas canções de forte influência e abordando temas habitualmente considerados inaceitáveis em boa sociedade não pareciam gerar objecções por parte das classes mais elevadas da realidade luso-brasileira, em geral tão conservadoras em quaisquer outros domínios.

Rui Vieira Nery (extraído do encarte)
Universidade Nova de Lisboa
1993

Modinhas e Lunduns dos Séculos XVIII e XIX
António Cláudio da Silva Pereira (Portugal, 1780-1820)
01. Tenho um bicho cá por dentro (modinha)
Jose Forlivesi
02. Hei-de amar a quem me ama (modinha)
Antônio da Silva Leite (Porto, 1759 – 1833)
03. Vem cá, por que foges (modinha)
Domingos Caldas Barbosa (1740-1800) / Anônimo
04. Triste Lereno (modinha)
Antonio Pereira da Costa (Portugal, 1697?-1770)
05. Serenata IV em dó maior
Antonio Galassi (Italie, c.1750-Portugal, 1790)
06. Marcia prejura as leis de amor (modinha)
Pedro Antonio Avondano (Lisboa, 1714-1782)
07. Minueto em lá maior
Domingos Caldas Barbosa (1740-1800) / Anônimo
08. Eu nasci sem coração
09. Quando eu não amava (modinha)
Gabriel Fernandes da Trindade (Ouro Preto ,1799/1800-Rio de Janeiro, 1854)
10. Graças aos céus de vadios (lundum)
Policarpo José António da Silva. (Portugal, fl.1770 – ca.1790)
11. De amor sobre as aras (modinha)
António Rodil (Portugal, 1710?-1787)
12. Duetto II en sol maior, allegro/vivo
Anónimo
13. Ganinha, minha Ganinha (lundum)
José Palomino (Spain, 1755-1810)
14. Menina que vive à moda (modinha)
João José Baldi (Portugal, 1770 – 1816)
15. Marcha da retirada (cemb.)
José Palomino (Spain, 1755-1810)
16. Sinto amor de dia em dia (modinha)
Pedro Antonio Avondano (Lisboa, 1714-1782)
17. Minueto em ré maior
Marcos Antonio Portugal da Fonseca (Portugal, 1762-Rio, 1830)
18. Vem meu bem que eu te perdoo (modinha)
Anónimo
19. Menina, você que tem? (lundum)
Domingos Schiopetta (Portugal, sécX VIII-XIX)
20. Quando a gente está com gente (lundum)
Anônimo / Ludwig van Beethoven
21. Seus lindos olhos (modinha)
José Francisco Édolo (Porto, 1792 – ?)
22. Tranquiliza, doce amiga (modinha)
António Rodil (Portugal, 1710?-1787)
23. Duetto em si bemol maior (moderato/minuetto)
Manuel Telles (? – ?)
24. Quando a vejo enfadadinha (lundum)
Alexandre José Pires (1ª metade XIX)
25. Sussurrando amigas auras (modinha)
Joaquim Manoel Gago da Camara (fin du XVIII siècle)
26. Quando te peijo
Anónimo
27. Minha Lília, quem disfruta (modinha)

Modinhas e Lunduns dos Séculos XVIII e XIX – 1993
Segréis de Lisboa
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XLD RIP | FLAC 351,8 MB | HQ Scans 1,8 MB |

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MP3 320 kbps – 165,8 + 1,8 MB – 1h 08 min
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Um CD do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!

Boa audição.

caminhos

 

 

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Avicenna