Um disco com a conhecida qualidade Kuijken-Leonhardt jamais poderá ser ruim. E este é muito bom. Se tivéssemos apenas a composição de Marin Marais já seria digno de nossa mais alta consideração. Esta música, a Música de Versalhes (Musique à Versailles), consiste em peças dos compositores Marin Marais, Jean Henri d’Anglebert e Antoine Forqueray, compositores do final do século XVII/início do século XVIII. É é uma música de câmara que foi composta e executada no Palácio de Versalhes para a Família Real Francesa e a aristocracia. Há grande expressividade e ornamentação na música, como seria de se esperar nos arredores altamente decorados e na vida cortesã da França do período.
Jean Henri d’Anglebert ocupou o cargo de cravista do Rei Luís XIV (antes disso, ele serviu como organista do Duque de Orléans e dos Jacobinos na rue St. Honoré), e foi um compositor da corte também, fazendo uma grande contribuição para a evolução da ornamentação musical francesa com relação aos instrumentos de teclado. Uma das realizações notáveis de d’Anglebert foi transcrever óperas para a corte.
Marin Marais foi uma figura importante na França entre os compositores na mesma época. Toda a sua vida foi passada em Paris, a maior parte dela a serviço da realeza. Primeiro, ele foi nomeado Musicien Ordinaire de la Chambre du Roi em 1685, mantendo esse posto durante o reinado de Luís XIV e por dez anos serviu sob a Regência e o reinado de Luís XV. Ele foi reconhecido por seus colegas músicos como um intérprete excepcional e compositor de destaque, cujas composições se tornaram bem conhecidas em toda a França e além.
Antoine Forqueray era 16 anos mais novo que Marais e considerado uma criança prodígio. Ele cresceu para ter a reputação de ser rabugento e estranho. Foi nomeado Musicien Ordinaire de la Chambre du Roi em 1689, com sua esposa frequentemente o acompanhando no cravo. Em 1730, Antoine Forqueray se aposentou em Nantes e foi sucedido por seu filho Jean-Baptiste na corte em 1742.
A música tocada aqui representa algumas das melhores composições do período. É altamente estilizada e extravagante, exigindo intérpretes sensíveis e habilidosos para o tipo de música. Gustav Leonhardt, um cravista holandês, passou sua carreira buscando ser fiel a esse período da música. Os irmãos Sigiswald e Wieland Kuijken nas cordas (violino e viola da gamba) complementam seu estilo muito bem. Esta gravação foi feita em 1970.
Marais, d`Anglebert, Forqueray: Música de Versalhes (Irmãos Kuijken, Leonhardt)
1 La Sonnerie De Sainte Geneviève Du Mont Á Paris For Viola Da Gamba And Basso Continuo
Composed By – Marin Marais
8:10
2 Prélude D Minor For Harpsichord
Composed By – Jean-Henry d’Anglebert
5:28
3 Tombeau De Monsieur Sainte-Colombe For Viola Da Gamba And Bc
Composed By – Marin Marais
7:38
Suite V C Minor For Viola Da Gamba And Bc
Composed By – Antoine Forqueray
4 La Rameau 4:21
5 La Guignon 3:17
6 La Leon 3:26
7 La Boisson 3:05
8 La Montigni 2:57
9 La Sylva 4:02
10 Jupiter 3:52
Harpsichord – Gustav Leonhardt
Viola da Gamba – Sigiswald Kuijken (tracks: 3, 4-10), Wieland Kuijken
Violin – Sigiswald Kuijken

PQP

Acho verdadeiramente estranho que ninguém tenha reclamado de meu recente barroquismo. Já disse que vou postando o que vou ouvindo e costumo por passar fases em que parece que apenas um tipo de sonoridade me satisfaz. O que fazer? A Tafelmusik é uma orquestra atlética e alongada. Todos tem abdômen de tanquinho. Tem ritmo, imposição e força; mas não chega a um grau de sensibilidade e sutileza que agrade a este experiente ouvinte. Seu som é redondo, talvez demais. O que quero dizer é que a Tafel é ótima para Vivaldi. Os movimentos rápidos são arrebatadores, nos lentos falta aquela delicadeza que só os verdadeiramente grandes conseguem. A presença de Anner Bylsma é — sempre e sempre — muito bem-vinda. O cara é um monstro. Que violoncelista!
Vocês já sabem: Alfred Scholz foi um produtor muito prolífico (!) de gravações de baixo orçamento, que muitas vezes vendia fraudulentamente gravações creditadas a artistas e orquestras inexistentes. Também nomes de pessoas reais — normalmente já falecidas — eram creditados a performances que não eram delas. Trabalhando como maestro, ele gravou algumas coisas. Sabe-se lá se ele mesmo quem rege neste CD. Mas, gente, esta gravação é muito boa, e o repertório é sensacional!

Este CD não é nenhuma obra-prima, mas passou na minha frente e vou postá-lo. Considerando-se que são jovens, a orquestra é muito boa e não faz feio na sua excursão por terras chilenas. Aliás, essas orquestras jovens bem que podiam viajar mais, não? A peça principal aqui é a Sinfonia de Tchai, que vem completa. Tchaikovsky é conhecido pelo grande público principalmente por suas obras para balé, que lhe valeram divergências de opinião: de um lado o desprezo por uma espécie de sentimentalismo aliciador, ainda que cativante, e, de outro lado, excessiva admiração. Os diferentes aspectos de sua obra, porém, deixam-na sólida diante das intempéries. Na Quinta Sinfonia, se isso for possível em Tchaikovsky, a presença do elemento russo é evidente. Não se trata, porém, de citações ou releituras de material melódico da música tradicional russa, mas de uma filtragem e apropriação desse material, estilizado ao máximo no seio de uma linguagem romântica genuína.


Dia de Bruckner aqui no PQP Bach!

Dia de Bruckner aqui no PQP Bach!
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IM-PER-DÍ-VEL !!!
IM-PER-DÍ-VEL !!!
Berwald é um injustiçado. Hoje é um compositor um pouquinho conhecido por suas quatro sinfonias, mas não é um nome familiar. Em sua Suécia natal, ele lutou bravamente para fazer um nome para si mesmo — lutando contra uma sociedade musical conservadora, contente em seus próprios caminhos e feliz em continuar a desfrutar de sua música principalmente na forma de peças íntimas para consumo doméstico. O país era um deserto musical principalmente para um compositor sueco cujo objetivo era escrever sinfonias aventureiras. Ele era um habilidoso cirurgião que seguia escrevendo em seu tempo livre. Sem deixar sua marca no país natal, partiu para ter um discreto sucesso em Viena e voltou para a Suécia a fim de dirigir uma fábrica de vidro (!). Percebendo que seus planos de composição precisavam mudar, começou a escrever música de câmara e a maior parte da música neste disco é desse período (1849-59). Berwald era violinista e, seguindo a moda, estava regularmente envolvido em tocar música íntima e em pequena escala com amigos à noite. Os instrumentistas suecos deste CD são excelentes e a gravação é ótima.
A caixa está ao lado. São 3 CDs dos quais o terceiro foi arruinado pelo tempo, conforme foto abaixo. Tudo por causa de uma esponjinha “protetora” que foi se desmanchando e penetrando no plástico do CD. Sem dúvida, a esponjinha foi uma notável invenção da DG/Archiv. Não me apresentem o autor da brilhante ideia. Quem tiver este terceiro CD, faça o favor. Nele há obras para cravo tocadas pelo Trevor Pinnock. Asseguro-lhes, é excelente. Então, ficamos só com os dois CDs do Koopman, o que não é pouco, mas é menos do que foi comprado. Temos uma seleção das melhores obras de Bach para o instrumento. Todas moram no meu coração, mas tenho especial afeto pela Passacaglia e pelo BWV 564. E o BWV 540, que maravilha!

IM-PER-DÍ-VEL !!!

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um bom CD de chorinhos clássicos em versões remasterizadas e o escambal. A origem da designação “choro” para este gênero musical é controversa. Dentre as hipóteses, a primeira propõe que o termo teria surgido de uma fusão entre “choro”, do verbo chorar, e “chorus”, que em latim significa “coro”. Para Lúcio Rangel e José Ramos Tinhorão, a expressão choro derivaria da maneira chorosa, melancólica, com que os violonistas do século XIX acompanhavam as danças de salão europeias. Por extensão, próprio conjunto de choro passou a ser denominado pelo termo. Já Ary Vasconcelos vê a palavra choro como uma corruptela de choromeleiros, corporações de músicos que tiveram atuação importante no período colonial brasileiro. Os choromeleiros executavam, além da charamela, outros instrumentos de sopro. O termo passou a designar, popularmente qualquer conjunto instrumental. Câmara Cascudo arrisca que o termo pode também derivar de “xolo”, um tipo de baile que reunia os escravos das fazendas, expressão que, por confusão com a parônima portuguesa, passou a ser conhecida como “xoro” e finalmente, na cidade, a expressão começou a ser grafada com “ch”. No princípio, a palavra designava o conjunto musical e as festas onde esses conjuntos se apresentavam, mas já na década de 1910 se usava o termo para denominar um gênero musical consolidado. A partir das primeiras décadas do século XX o termo “choro” passou a ser utilizado tanto para essa acepção como para nomear um repertório de músicas que inclui vários ritmos. A despeito de algumas opiniões negativas sobre a palavra “chorinho”, essa também se popularizou como referência ao gênero, designando um tipo de choro em duas partes, ligeiro, brejeiro e comunicativo.

IM-PER-DÍ-VEL !!!
Pollini chamou essas peças de as provavelmente mais importantes para piano do século XX. A proposição é discutível, não é discutível a qualidade das interpretações de Pollini. Aqui e ali, pode-se objetar sobre detalhes, e a primeira peça do Op. 11, que inicia o disco, sempre me pareceu muito estática, mas, no geral, há uma combinação de maestria intelectual e pianística que é indubitavelmente extraordinária. A oportunidade de ouvi-la em som remasterizado digitalmente não deve ser perdida. Se você é novo nesse repertório, não espere ser cortejado ou seduzido — Schoenberg não era um pianista talentoso, e parece ter usado o instrumento mais para aventuras ousadas no desconhecido do que para relaxamento. Aceite o choque ou vá direto para o Op. 11 No. 3 ou a Giga do Op. 25. Para um descanso lírico, experimente o Op. 33 a. Mas não importa para onde você olhe, pode ter certeza de que a percepção musical e o virtuosismo de Pollini, sem mencionar a gravação da DG, apresentam a música da melhor forma possível.
IM-PER-DÍ-VEL !!!
AB-SO-LU-TA-MEN-TE IM-PER-DÍ-VEL !!!

IM-PER-DÍ-VEL !!!
Este disco surpreendente e extraordinário é, pensamos, a melhor coleção de música de John Cage em catálogo. Ele é o mais geral. Demonstra o radicalismo do compositor, bem como o seu humor, tudo isso em várias fases. As obras são também são muito diferentes entre si. É muito bom ouvir a Suite for Toy Piano (1948) , que emprega apenas as teclas brancas em uma única oitava, e a versão belamente orquestrada que se segue (escrita por Lou Harrison, um amigo de Cage, em 1963). Mas três das obras-primas absolutas de Cage também estão aqui: a misteriosa Seventy-Four (1992) , a música para balé The Seasons (1947) e o fascinante Concerto para Piano Preparado e Orquestra de Câmara (1950-51). Muito do que você precisa saber sobre John Cage está aqui. No mais, ouça 4´33, o auge do radicalismo e ironia.

O povo não para de pedir:
Roubado