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Há quem chame a João Domingos Bomtempo “o Beethoven Português”. Sem querer tirar o grande valor que Bomtempo teve, esta afirmação parece-me claramente exagerada. Não é que Bomtempo fosse mau; Beethoven é que era genial. Se, em vez de compararem João Domingos Bomtempo com Beethoven, o comparassem com Franz Schubert ou lhe chamassem “o Mendelssohn Português”, eu estaria completamente de acordo. Agora Beethoven… O grande mestre de Bonn não era comparável com ninguém; ele pertencia a outra galáxia!
Dito isto e para não ser mal interpretado, afirmo claramente que João Domingos Bomtempo foi um grande compositor. Posso até afirmar, sem hesitar, que ele foi um dos melhores compositores da Europa do seu tempo. Se Bomtempo tivesse sido alemão, austríaco, italiano ou francês, o seu nome seria conhecido de todos os apreciadores de música e as suas obras far-se-iam ouvir em todos os auditórios e salões do mundo. Mas Bomtempo era de um país musicalmente periférico chamado Portugal. Ainda por cima exerceu parte da sua atividade no Brasil, que nem sequer fica na Europa. O grande valor que Bomtempo teve impõem-nos, por isso, tanto a portugueses como a brasileiros, a obrigação moral de ouvir e de promover a sua música. Já que mais ninguém o faz, sejamos nós a fazê-lo.
(Fernando Ribeiro, do blog A Matéria do Tempo)
João Domingos Bomtempo (Lisboa, 1775 – 1842) é um caso excepcional na história da música portuguesa. Personificando as transfor¬mações musicais ocorridas na passagem do século XVIII para o século XIX, nenhum outro compositor parece ter tido um papel tão marcante, mas também tão isolado na nossa música. Tendo tentado contribuir para pôr termo ao reinado exclusivo da música operática de cunho italiano que havia dominado o nosso panorama musical no século anterior, para a introdução entre nós da música instrumental de raiz germânica, boémia e francesa, e para a reforma do ensino musical segundo o modelo laico representado pelo Conservatório de Paris, os seus esforços não parecem ter tido, contudo, um reflexo profundo e duradouro. (…) Bomtempo nunca chegou a ser devidamente apreciado pela maioria do nosso público, cuja predilecção pela música teatral era invencível. (…) Se enquanto compositor, João Domingos Bomtempo se destaca, sobretudo, como o nosso único autor de relevo no campo da música instrumental durante todo o século XIX, particularmente através das suas duas sinfonias, seis concertos para piano e orquestra e diversas sonatas, fantasias e variações para piano, as suas vocais religiosas representam também uma tendência, de influência germânica e francesa, que vai no sentido de um afastamento em relação ao estilo operático italiano que dominava entre nós (…).
A atmosfera geral que se respira no Libera me é de facto de austera dignidade. Se bem que o motivo instrumental do Libera me que se faz ouvir nos violinos logo após a introdução da orquestra seja claramente decalcado no da Marcha Fúnebre da Sinfonia Heróica de Beethoven. Toda a obra evoca de novo muito mais – como o fizera já o seu próprio Requiem – o Requiem de Mozart. A austeridade da obra é reforçada pelo modo como se move na órbita tonal relativamente restrita de dó menor e maior e de fá menor, sendo as modulações sempre muito breves e ocorrentes, pela ausência de solistas alternando com o coro, assim como pela utilização de certos elementos cíclicos, como a repetição da introdução inicial antes do “dies illae. dies irae”. ou novamente o motivo da Heróica sobre as palavras “requiem aeternam dona eis domine”. A mesma atmosfera de austera digni-dade, não isenta de dramatismo, é comum às quatros Absolvições.
(Manuel Carlos de Brito, do encarte)
Bom pra dedéu! Ouça! Ouça! Deleite-se!
João Domingos Bomtempo (1775-1842)
Quatro Absolvições / Libera me
01. Quatro absolvições, I. Subvenite sancti dei
02. Quatro absolvições, II. Qui lazarum resuscitasti
03. Quatro absolvições, III. Domine quando veneris
04. Quatro absolvições, IV. Ne recordaris peccata mea domine
05. Libera me, em dó menor (1835)
Mária Zádori, soprano
Judith Németh, contralto
Gábor Kállay, tenor
János Tóth, baixo
Coro de Budapeste
Orquestra Filarmónica de Budapeste
Mátyás Antal, regente
Instituto Italiano, Budapeste, 1988
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE 152Mb
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Comenta, pessoal! É tão bom quando vocês fazem isso…
Bisnaga
Mautempo!!!!
Quá ! Quá ! Quá ! Quá ! Quá ! Quá ! Quá ! Quá ! Quá ! Quá !
Avicenna
Que maravilha em Bisnaga, concordo com o que vc disse, e sempre é bom aparecer música luso-brasileira por aqui isso me agrada muito. coloque mais disso por aqui. Obrigado e vida longa a todos nós e ao blog.
Quem disse foi o Fernando ribeiro, mas assino embaixo de toda a palavra por ele colocada.
Estamos diante de um grande e, pra variar (no caso brasileiro e português), negligenciado compositor.
Não tenho muita coisa mais de Portugal. Logo, logo, volto a postar Brasil aqui! Já estou com saudade de colocar a bandeirinha verde e amarela na frente do compositor…
Um abraço
Não deu pra resistir à piadinha.
Hihihihi!
Esse “Libera me” me emocionou muito, é muito lindo!
Tem um peso no coro e umas cadências e escalas belíssimas, não?
Muito bom, Bisnaga!
Concordo com o que você diz em relação a Beethoven, mas pra mim Schubert e Mendelssohn são também de outra galáxia. Como dizia o poeta: “são gênios absurdamente geniais”. Tempos atrás li sobre dois grandes musicólogos alemães (esqueço os nomes) que discutiam em vão sobre quem seria maior – Beethoven ou Schubert. Mas para mim não existe um maior.
Quanto a Bomtempo, compará-lo a Beethoven é o mesmo que dizer ”esse cara é genial!”
Grande abraço