Fiz tanta propaganda para o rapaz que nada mais justo que mostrar um pouco de seu talento neste cd excepcional, só com obras de Franz Liszt.
Ouvi este cd três vezes seguidas, e posso recomendá-lo sem pestanejar. Sei que alguns leitores consideram a obra de Lizst um monte de notas sem sentido, mas talvez ao ouvirem esta interpretação mudem de opinão. Sim, concordo, é um virtuosismo exagerado o que se pede para interpretar estas obras, mas creio que Andsnes consegue demonstrar que por trás de tantas notas existe vida. Sobre este cd, o editorial da amazon.com escreveu o seguinte:
“An index to the excellence of Leif Ove Andsnes’s Liszt recital is that he makes familiar works exciting and fresh-sounding and obscure ones persuasive and accessible. Andsnes turns the “Mephisto” Waltz No. 1 from a tired circus stunt into a tone poem daring in its effrontery and voluptuous in its lyricism. He plays the “Dante” Sonata without the usual penny-awful bludgeoning and sentimental blustering and lifts its treatment of love, chaos, and redemption to an exalted level. The infrequently performed “Andante lagrimoso” (No. 9 of the Harmonies poétiques et religieuses) is haunting in its unceasing alterations between pain and serenity. And in late works–such as the Second and Fourth “Mephisto” Waltzes and the “Valse oubliée” No. 4–the pianist shows us how far Liszt had traveled from romanticism toward both expressionism and impressionism, making us understand how these works lit the paths of composers as diverse as Debussy, Schoenberg, and Bartók. If you buy only one recording of Liszt’s piano music this year, make it this.
Confesso que não tenho muita familiaridade com a obra de Liszt, com excessão de seus concertos para piano, já postados aqui, e sua Sinfona “Fausto”, além, é claro, de suas rapsódias, e sempre me chamou a atenção sua capacidade de fazer espetáculo. Segundo seus biógrafos, Liszt seria um showman da época, e seu virtuosismo enquanto pianista se transmitiu à sua obra, de difícil execução para os solistas. O cd que ora posto tem momentos de puro virtuosismo, sim, mas ao mesmo tempo, graças a um excepcional intérprete, vemos que “the pianist shows us how far Liszt had traveled from romanticism toward both expressionism and impressionism, making us understand how these works lit the paths of composers as diverse as Debussy, Schoenberg, and Bartók, como bem exemplifica o editorial da amazon. Outro comentarista do mesmo site diz que nunca viu tanto vigor e paixão numa interpretação de uma obra de Liszt. E assino embaixo, ainda mais depois daquela excepcional performance que tive o raro prazer de presenciar semana passada.
Ah, e não se preocupem, a saga Gilels/Beethoven continua.
Franz Liszt – Liszt Piano Recital – Leif Ove Andsnes
01. Apres une lecture du Dante (Années de pèlerinage, 2e année Italie)
02. Valse Oubliee No 4
03. Mephisto Waltz No 4
04. Die Zelle in Nonnenwerth Elegie Version 4
05. Ballade No 2
06. Mephisto Waltz No 2
07. Andante Lagrimoso (Harmonies Poe iques et Religieuses No 9)
08. Mephisto Waltz No 1 Der Tanz in der Dorfschenke
Leif Ove Andsdnes – Piano
FDP
Boua FDP!
Nao importa o que dizem, sou fan de Liszt (talvez por ser facilmente impressionavel por virtuosismo qualquer, mas blz) e veio em otima hora essa obra para esse blog! Agora falta um post da sonata em B min, nao?
Muito obrigado pelo album! O preco na amazon estah amigavel (tirando a alta do dollar). E que essa crise nao abale o blog!
Caros amigos.
Por problemas familiares de naturezas diversas mantive-me, algum tempo, afastado desse convívio que é, sem dúvida, revigorante. Em razão dos mesmo problemas, provavelmente, ficarei com acessos menos regulares durante algum tempo. Agradeço, penhorado, a inclusão dos dois blog na lista de links. Sem dúvida é uma ótima surpresa e claro que isto me deixa feliz. Solicito, por isto, mais ajuda através de comentários e de sujestões que possam melhor nos orientar, pois, é claro que tal inclusão legou-nos, também, maior responsabilidade na organização do blogger já que, durante minhas ausências, alguns excelentes alunos (que me ajudam na análise, seleção, proposições e organização dos mesmos)adquirem maior autonomia e, as vezes, misturam um pouco “alhos com bugalhos” (com a melhor das intenções) o que, depois torna-se mais difícil reorganizar.
Mas tudo isto faz parte do aprendizado e treinamento, não é mesmo? Isto até me estimula a dar-lhes tal autonomia.
Sei que seremos perdoados por isto.
Mas vamos ao Liszt.
Duas opiniões.
A primeira, de Pablo Casals: é mais freqüente do que se possa pensar que um intérprete salve uma obra menor, elevando-lho nível e imprimíndo-lhe um poder de pesuasão expressiva que é dele e não dela.
É realmente possível?
Pessoalmente eu concordo com Casals.
A segunda opinião é minha mesmo.
Penso ser completamente diferente você maravilhar-se com as acrobacias de um ginasta olímpico que consegue não quebrar o pescoço realizando piruetas incríveis no ar e aquelas de um músico instrumentista que realiza proesas quase tão ou mais incríveis do que as do ginasta.
É que, no primeiro caso, a espectativa é aquela mesma.
No segundo, porém, a espectativa é de haja mais Música que envolva o espírito do que ações espetaculares que que maravilhem a audição.
Não tive a oportunidade de ouvir toda a postagem de Liszt em função do já exposto acima.
Contudo sou bem familiarizado com a obra de Liszt.
Liszt, como em geral os demais romântico também o eram, era um músico culto e que, realmente, lia Dante e muito outros autores de grande profundidade.
Também conhecia, profundamente, composição, orquestração e tudo o que se refer à música.
Mas,igualmente, era um exibicionista consciente de seu poder de maravilhar pelas proesas técnicas.
Uma espécie de Paganini do piano.
A maior parte de sua obra para piano sofre desse mal
“biedermeier”.
Já nas que envolvem Orquestra ele mostra-se com toda a sua pujança e superioridade como músico.
Pessoalmente eu prefiro ouvir as obras pianísticas “menos espetaculosas” de Liszt. As obras nas quais o Músico não dá lugar ao acrobata, pois, é isto que eu espero dele.
Apesar disto, não posso deixar de maravilhar-me com as acrobacicas de um Pianista como Andsnes que, inclusive, insere sua própria alma para buscar Música lá, nos pequenos locais, nos quais ela se esconde.
Pergunto-me, mesmo, se o próprio Liszt conseguiria tal proesa.
Desculpem não estar podendo, no, momento, ouvir todas as obras postadas.
Sequer pude ouvir todas as do CD Liszt.
Mas não tenho dúvidas de que as demais convalidam a opinião acima exposta, com todo o respeito, é claro, por outras que a ela se contraponham.
Um grande abraço a todos.
Feliz por reencontrá-los.
Até breve.
Edson
Edson, agradeço a sua contribuição, como sempre pontual e tocando exatamente naqueles pontos centrais. Só posso lamentar a sua ausência, pois sentimos falta de seus comentários.
FDP, lembro de um dia lhe falar de um tal Silvius Leopold Weiss, genial compositor para o alaúde, amigo de Bach na corte do Frederico II. Vc disse que nunca tinha ouvido falar, pois bem, abaixo vão alguns CDs maravilhosos dele para baixar:
http://www.megaupload.com/pt/?d=99QY4WJU
http://www.megaupload.com/pt/?d=OIP0LI36
http://www.megaupload.com/pt/?d=JFQEX181
http://www.megaupload.com/pt/?d=34N9NEQN
http://www.megaupload.com/pt/?d=W5XNUZNU
todos CDs com suítes para alaúde. é boa música, digna de ser postada neste blog.
um abraço.
Opa, obrigado, organista… deixarei para baixar em casa, no final de semana… aqui na escola, nem pensar..
Sempre que se fala de Liszt, especialmente de suas obras para piano, é inevitável cair nos mesmos jargões: pirotecnia, virtuosismo exagerado, música “escondida” sob as firulas… Ora, o virtuosismo é parte constituinte da obra de Liszt, não é mero enfeite!!! Não é um virtuosismo barato! Considero, por exemplo, o virtuosismo do concerto para piano de Grieg muito, mas muito mais barato e desnecessário que o de Liszt! O virtuosismo em Liszt não esconde a música, é a própria música! É o piano sendo utilizado em sua plenitude, é a exploração de efeitos inusitados, é a construção de uma nova realidade sonora para a época… Isso não tem nada de “exagerado” ou anti-musical. Julgar o virtuosismo de Liszt como mera pirotecnia, penso, consiste num grande erro de avaliação, baseado em parâmetros errados.
Andsnes, de fato, está muito bem nesse recital lisztiano. Ele tem méritos de sobra pra ser considerado um grande pianista, mas “buscar música em locais recônditos” não é um deles, pois a música, em Liszt, brota por si mesma.
Prezado Edson, que tudo se encaminhe bem com você e os seus. Em breve vou lhe estimular a fazer mais comentários aqui no blog. Abraço.
Ticiano, concordo contigo… sempre considerei as críticas à obra de Liszt um tanto quanto despropositadas. Como você diz, é o piano sendo utilizado em sua plenitude. Agradeço a contribuição de seu comentário.
FANTASTICO O CD!!!
Para quem viu ele AoVivo na Sala São Paulo semana passada, acho que concorda comigo, que tanto ao vivo quanto em gravação o cara é realmente BOM!!
Agora, pergunta FDP, ele gravou os Quadros de um Exposição já?? No concerto eu achei a melhor versão que eu já havia escutado para piano solo, tirando a gravação do Kissin. Se tiver, e se você conseguir o CD, vale a pena postar.
Abraços
Rai,
Creio que ainda tenha lançado em cd esta versão da obra de Mossorgsky. Na verdade, leia este texto, tirado do site oficial do Andsnes>
http://www.andsnes.com/newsstory.php?nid=145
Raí, escrevi o texto acima com alguns problemas no teclado de meu notebook. Resolvido o problema, e após ter colocado o link do site oficial do Andsnes, creio que você entendeu que o o músico ainda não gravou esta peça de Mussorgsky, certo?
Ora Ticiano.
Claro que o vituosismo é a própria essência da música para piano de Franz Liszt. Mas… …nãofoi isto que eu disse?
Eu não disse nem uma única vez que eram “enfeites baratos” e, tampouco que eram “enfeites”.
Mas você os sugere.
Depois, vejamos:
“Efeitos Inusitados”?
Para a época de Liszt?
Na realidade, se você pesquisar mais profundamente a época do Franz você var encontrar muito poucos “Músicos-Pianistas” de destaque.
Mas encontrará muitos “Virtuosi” com efeitos incríveis.
Nome antipático, não?
Porém, precisamos nos colocar ao lado dos fatos.
Um músico, como Franz Liszt, que se prestava a fazer
“concurso público” com Thalberg e outros “Virtuosi” de então para que ficasse evidenciados quem era o “Melhor Pianista”, deveria estar mais preocupado em mostrar as cascatas sonoras que ela era capaz de trasformar em turbulentas cachoeiras do que em fazer música mais límpida, não é?
Veja bem: quem era o melhor “PIANISTA” e não quem era o melhor músico.
Virtuosi por virtuose eu prefiro até o Alkan.
A mania da virtuosidade não era apenas dele mas A Da Época. e PARECE QUE CONTINUA ATÉ HOJE!!!
(as excessões são raras como Wagner, Chopin, Schumann, Brahms, Mendelssohn e o próprio Liszt quando não queria conquistar alguma Condessa por ser o “Maior Pianista” do Século (dele, é claro).
Eu não desmereço Liszt como Músico uma vez sequer.
Mas não escondo de mim mesmo que ele era um exibissionista que deveria maravilhar-se (como eu me maravilho, igualmente) com as acrobacias que obriga o pianista a fazer.
Acrobacias tão diferentes das “Dificuldade Musicais” de um Brahms, não é?
Ou será que não não?
Porque você cita os Concertos?
Eu disse, muito claramente, que o homem era “cobra em orquestração” e que era com as Orquestras que ele realmente mostra o músico esplendoroso que é?
Concerto sem Orquestra?
Ah! É! Existem alguns… …mas não é a esses que você se refere, não é mesmo?
É verdade que a orquestração de Mendelssohn é mais “fina” mas isto é apenas uma questão de estilo.
Mas a de Wagner e a de Brahms… …elas são… …bem…
…deixa pra lá… …não vamos ficar fazendo “Concurso de Gênios” não é mesmo?
Cada um com seu estilo.
Cada qual com seu valor… …e vamos deixar o pobre do Grieg em paz, pois não?
Garanto que ele nunca sequer sonhou em ser tão apreciado quanto o é ainda hoje no mundo inteiro (mesmo que eu não o cite junto a Chopin, Mendelssohn, Liszt, Schumann, Wagner e Brahms).
Acho que está havendo algum equívoco.
Novamente, não é Ticiano?.
Você diz exatamente o mesmo que eu, apenas dizendo que não disse.
É muito estranho, sim!!!
Para mim, você pode gostar o quanto quiser de quem você quiser.
O que eu não concordo é que você diga que eu disse o que eu não disse e que você não disse o que você disse.
Isto fica pouco sério.
Só estou lhe respondendo por não ter certeza de que você seja realmente assim.
Prefiro pensar que você lê com pouca atenção e interpreta mal.
…interpreta mal… …ora… …desculpe…
Um abraço e felicidade.
Edson
Ora, ora. Eu leio sem atenção? Pra começar, não me referi ao concerto de Liszt, mas ao “virtuosismo do concerto de Grieg” em comparação ao “virtuosismo de Liszt”. Volte e leia, e depois diga quem lê rápido.
Bom, Edson, o cerne da coisa é o seguinte: você insiste em usar, por exemplo, a palavra “acrobacia” ligada à produção para piano de Liszt, e eu continuo achando isso sem propósito. O fato de Liszt concorrer com outros virtuosi da época não nos diz nada sobre sua obra, ou sobre suas preocupações estético-composicionais. Beethoven, por exemplo, primeiro ficou famoso como grande pianista em Viena, como o de melhor técnica, como o mais talento para improvisação. E nem por isso hoje ouvimos alguém falando em “acrobacias” em suas obras para piano, mesmo com todo o brilho técnico, por exemplo, das sonatas Op.2. A questão são os chavões. Virou chavão falar num Liszt “exibicionista”. Desculpe, mas não há propósito em comparar dificuldades entre dois compositores desta estatura. As dificuldades em Liszt são tão musicais quanto aquelas em Brahms. Todos eles, Schumann inclusive, escreviam com “virtuosismo” para o piano, cada um à sua maneira, mas isso é reflexo da época, reflexo de grandes autores explorando um instrumento ainda em desenvolvimento, sob suas mãos. Agora, dizer que tal virtuosismo é “exibição”, aquele é “acrobacia” e aquele outro é “música”, isso é tratar a música baseado em preconceitos.
Eu não tinha escrito uma postagem assim tão pessoal e tão especifiacamente dirigida a você. Mas já que você traz tudo claramente para um embate dirigido de idéias, então não venha com essa de “não diga que eu disse o que não disse”. Eu sei bem o que eu disse, mas, ao que parece, você não parece ter tanta certeza de suas palavras.
Você deu a entender que o virtuosismo de Liszt era um problema, tanto que apenas valorizou seu talento como compositor mais em suas obras orquestrais. Mentira?
Daí escreve que Liszt é
“Uma espécie de Paganini do piano.
A maior parte de sua obra para piano sofre desse mal…”
Mentira?
Então, se a maior parte de sua obra para piano sofre de algum “mal” é porque a maior parte dela não é “boa”. E, cá entre nós, comparar Liszt (o grande Liszt!) com um compositor claramente menor como Paganini é algo lamentável. Sim, Liszt admirava o virtuosismo de Paganini, mas comparar esses dois compositores é covardia para com o italiano.
Daí você escreve
“Pessoalmente eu prefiro ouvir as obras pianísticas “menos espetaculosas” de Liszt. As obras nas quais o Músico não dá lugar ao acrobata, pois, é isto que eu espero dele.”
Ou seja, você claramente considera o virtuosismo como algo meramente acrobático. Essa é sua opinião! Por que vem me falar que não foi isso que disse? Você não considera virtuosismo como enfeite, mas ao mesmo tempo o coloca em oposição às obras de um “músico”. Ou seja, como se em suas obras virtuosísticas Liszt não fosse tão músico quanto no resto. Não foi isso que você disse? Pois essa é sua opinião, e é dela que discordo radicalmente. Para mim, é justamente por ser um GRANDE músico que Liszt eleva o virtuosismo a um patamar de constituinte do discurso musical, deixando de ser mera “acrobacia”, expressão que claramente você adora.
Então, já que não quer falar de “disse-que-disse-que não disse” – e eu também não quero! – defina melhor suas opiniões. E depois que fizer isso podemos ver se estamos lendo certo um ao outro.
Bem, Ticiano.
Agora sim, você está sendo direto e claro.
Acho que devemos nos conduzir sempre assim.
Não há nada de errado em você gostar do Liszt que quiser ou não gostar de um ou de outro de seus estilos.O errado é você se dirigir a mim sem dizer que o está fazendo.
Mas, voltando a Liszt. Por exemplo, eu detesto aquela horríveis transcrições que ele fazia de Sinfonias de Beethoven e outras coisas assim.
Compreendo, porém, a utilidade divulgadora das mesmas em uma época em que a carência de instrumentistas profisionais obrigava a que se chamasse amadores para preencher os claros existentes.
Pessoalamente, acho que você está equivocado a respeito do que o próprio Liszt disse sobre seus objetivos e (já que você cita Beethoven) sobre o que Beethoven disse a respeito do tipo de música que conduziu ao que o próprio Liszt e alguns de seus contemporâneso disseram sobre “virtuosidade excessiva”.
Já que passamos a dialogar, claramente, prometo a você que, quando estiver com menos problemas do que os atuais, postarei, bem claramente, que não fui eu que inventei a expressão “virtuosidade excessiva” e que, pessoalmente, penso que a melhor música não é a que proporciona ao intérprete a ocasião de mostrar as acrobacias de que é capaz em seu instrumento.
Agora, é estranho que um instrumentistas que Liszt tanto admirou e que exerceu comprovada influência sobre os caminhos que trilhou seja considerado por você como um músico menor.
Menor? Por que?
É realmente mais fácil adjetivar dos que justificar, não é?
Bem, infelizmente tenho de ir agora.
Mas meu compromisso está de pé.
Dentro de no máximo uma semana estarei de volta, para continuarmos discordando, é claro.
Mas sem “jogos de palavras”.
Não pretendo que ninguém adote os meus gostos pessoais.
Jamais tive a menor inclinação para converter pessoas a isto ou a aquilo.
Ao contrário.
Gosto muito das divergências, pois, ela são,extremamente salutares e levam ao crescimento.
Sim! Como alguém ja disse: “toda unanimidade é burra”.
Mas eu sempre tenho a maior consideração pela clareza.
A clareza é a harmonia de qualquer divergência.
Por exemplo: até hoje eu espero a resposta de Clara Schumann sobre minhas constestações a suas (dela) afirmações de que seu esposo Robert era “sifilítico” e que foi a sífilis que provocou toda a tragédia que aconteceu com o mesmo. Não creio que aqui seja o local adequado para isto, pois, muita gente pode crer que todo mundo, aqui, tem sobras de comprovantes das infomações que veicula.
Bem Ticiano.
Obrigado por ter entrado claro.
Não o censuro por gostar das acrobacias instrumentais.
Tampouco censuro Liszt por haver, durante tão longo tempo de sua vida, gostado de se exibir com as mesmas.
Mas continuo preferindo as de Alkan. Você gosta de Alkan?
Talvez a censura caiba até a mim, pór não escolher músicas acrobáticas.
Mas, como eu também disse la em cima, eu também fico maravilhado com elas. Contudo não são as música que eu escolho livremente para ouvir embora se, por qualquer circunstância, eu tiver de ouvi-las, fa-lo-ei “numa boa”, ficando maravilhado com as acrobacias que algumas pessoas são capazes de fazer no instrumento.
Algumas são espantosas mesmo e, afinal…
…eu aprecio acrobacias…
Apenas as coloco como acrobacias.
Mais uma vez obrigado por ter entrado direto na pessoa visada.
Até breve Taciano.
Um grande abraço.
Edson
Não querendo meter o bedelho. Devo concordar com o Ticiano sobre o exagero da linguagem extra-musical e nessa perpetuação de conceitos já superados pela comunidade sobre a obra de Liszt. Não são as divertidas e muitas vezes cansativas Rapsódias húngaras que definem o perfil de Liszt. Há limitações na obra do homem, claro, muito das suas obras para piano são verdadeiramente desprezíveis. Mas isso é para ser tratado caso a caso. Tem coisa que Beethoven escreveu que mereceriam a lata de lixo. Mas a comparação para por aí, sabemos que o mestre alemão produzia obras-primas quase sempre quando botava a pena no papel, caso muito diferente de Liszt. Mas quando o homem acertava, minha nossa…Como não ficar maravilhado com os três livros Anos de Peregrinação? Os estudos transcendentais? Sua sonata em si menor, que vez ou outra chamo da obra máxima para o piano.
Aliás FDP, que disco do caralho, com o perdão da linguagem.
Edson:
1. Eu já disse: não estava me dirigindo dieta ou unicamente a você, essa paranóia não faz dentido;
2. Mesmo se tivesse feito isso, considero pueril essa coisa de “fale na minha cara”, pois a coisa aqui é feita sobre debate de idéias, afinal não estamos brigando num bar. Já passei por essa mesma ladainha numa comunidade do Orkut recentemente, e, sinceramente, considero isso completamente dispensável numa discussão deste tipo;
3. Eu também não me importo com seus gostos, nem com os de ninguém. Apenas me incomodo com “idéias” lançadas ao vento que vão diretamente contra o que eu penso. Se a proposta de fóruns deste tipo não é também debater sobre estas idéias, me desculpe;
4. Mais uma vez discordo radicalmente de você: existem transcrições e “transcrições”. Certamente que as transcrições que Liszt fazia do repertório sinfônico e operístico acabavam ajudando a difundir as obras, mas ela vai muito além disso. Existem toneladas de transcrições para piano de quase tudo feitas no seculo XIX e XX. Por que as de Liszt “insistem” em permanecer sendo lembradas, gravadas, executadas? Exatamente pelo valor musical, pois são mais do que meras transcrições, são verdadeiras recriações musicais. O que Liszt faz com o piano com suas transcrições das sinfonias de Beethoven, por exemplo, vai muito, muito além de divulgar as mesmas: são novas músicas, inteiraimente válidas para teclado. O mesmo acontece com as transcrições de Lieder, de trechos de óperas. São obras, hoje, aceitas em concursos de piano, e não só pela técnica, mas por serem obras de fôlego, com qualidade musical. Meras transcrições divulgadoras não teriam essa capacidade;
5. O que os contemporâneos de Liszt possam ter dito sobre suas obras, infelizmente, não servem de prova contra a qualidade das mesmas. Sabemos que Brahms e Clara Schumann, e mesmo Chopin, tinham suas reservas para com a figura e a música de Liszt. Isso faz dela, aos nossos olhos, músicas menores? Os julgamentos, ainda mais os próximos em demasia, são falhos demais para os levarmos em conta. Se assim fosse, metade da História da Música não teria valor, considerando que a outra metade a criticou. Há poucas “quase” unanimidades na HM, como Bach, e mesmo compositores da maior importância sofreram com críticas injustas feitas por outros igualmente importantes. Portanto…
6. Mas estou muito, muito curioso pra saber o que “próprio Liszt disse sobre seus objetivos e (já que você cita Beethoven) sobre o que Beethoven disse a respeito do tipo de música que conduziu ao que o próprio Liszt e alguns de seus contemporâneso disseram sobre “virtuosidade excessiva”.” Esse trecho ficou bastante obscuro para mim, e quero mesmo saber o que foi dito e o quanto isso prova alguma coisa;
7. Eu sei bem que você não é o primeiro a falar de “virtuosidade excessiva”, e não será o último. Veja bem, será que você leu muito rápido? Eu não disse que você foi o autor da expressão;
8. Você disse que
“pessoalmente, penso que a melhor música não é a que proporciona ao intérprete a ocasião de mostrar as acrobacias de que é capaz em seu instrumento.”
Pois eu não vejo qualquer relação obrigatória entre o virtuosismo que o intérprete tem que dispender na execução com a qualidade ou falta de qualidade musical da obra. Virtuosismo existe desde muito antes do Romantismo. Esse seu argumento, que parece um grito que tenta justificar seu gosto, eliminaria da H.M. centenas de obras da maior qualidade e que, ao mesmo tempo, exigem muito virtuosismo dos intérpretes. Citando você mesmo: goste do que quiser, mas não tente fazer de seu gosto parâmetro para desqualificação do que não pode ser desqualificado;
9. Veja bem, eu tomo todo o cuidado para falar em “músicos menores” na H.M. Mas com alguns deles não há o que discutir. Eu, particularmente, aprecio os concertos de Paganini, por exemplo, é uma música deliciosa. Mas podemos comparar Paganini com Liszt? Ou com tantos e tantos compositores de primeira linha? Paganini foi vital para o desenvolvimento da técnica do violino, mas não fez nada pelo curso da música, de fato. Cada compositor tem seu papel, isso não é demérito. Mas perto de tantos gigantes, Paganini é menor. Há como desmentir isso? Convido você a fazê-lo, já que se indignou com meu comentário;
10. Também não quero convencer ninguém a gostar do que eu gosto, obviamente. Mas existem idéias que se sustentam, e outras que não. Quando encontro idéias que julgo insustentáveis, venho pra discussão. Posso até estar errado. Se estou, mostre-me que estou. Mas a coisa não tem nada a ver com gosto. E é justo isso que me incomoda, pois, ao que me parece, seu gosto, ou melhor, seu desgosto pela música pianística de Liszt leva você a querer justificá-lo com essa idéia preconceituosa de “acrobacias”;
11. Eu sou um dos mais obcecados que conheço com essa coisa de cuidar das informações que se veicula em ambiente público. Exatamente por isso sempre me coloco contra chavões que acabam sendo colocados como informação real;
Gostaria muito de passar essa discussão para a comunidade P.Q.P. Bach no Orkut, pois considero mais fácil postar lá, e fica melhor em discussões mais longas como esta. Se você permitir e quiser, me avise, que me encarrego de passar a discussão pra lá antes de continuarmos. Não sei se você tem conta no Orkut. Mas pense se gostaria ou não de discutir lá. Creio que seria mais confortável. Senão, continuamos aqui. Aguardo seu retorno. Abraço!
Vocês já devem ter notado que não sou parâmetro para música romântica. Afinal, EU MAIS NÃO GOSTO DO QUE GOSTO.
Mas gostaria de dizer algo nem tanto a Ticiano, nem tanto a Edson. Liszt escreveu músicas para demonstrar seu talento acrobático e deixar as moças loucas. Afinal, tantos dedos… Mas também deixou, digamos, trabalhos para a posteridade.
Sua Sonata em si menor dificilmente poderia ser chamada de exibicionista. Há intenções, grande música e inteligência ali. Infelizmente, existem poucas outras obras como esta para lhe fazer a defesa. A questão do virtuosismo vazio é bastante complicada, pois há pessoas que realmente admiram a música + o ato físico e, para essas é impossível provar que há pouca música ali.
Apesar de amar Beethoven, detesto aquelas firulas que há no início do Imperador. Me dá vontade de gritar: “Adiante!”. Mas há gente que se ofende com esta opinião.
Abraços a todos.
Caro pdpbach.
Quem souber ler que leia.
Jamais disse que Liszt era um vilão musical e que deveria ser banido do convívio dos grande músicos.
Apenas manisfestei uma preferência na qual deixei claro que não gostava, como música, daquilo que era mais acrobacia virtuosística, embora gostasse, também de acrobacias em seu devido lugar.
Isto está claro como água límpida em meus escritos.
A Sonata, composta por de Liszt, é uma obra de primeira grandeza.
Obras de primeira grandeza Liszt as tem às dezenas.
Mas tem, também, muitas coisas que servem apenas “pour épater les bourgeois”.
Um abração.
Edson
Olá Ticiano:
Liszt não nasceu em uma ilha deserta.
Portanto, como qualquer um de nós, foi um ser sujeito às influências da época e do meio em que nasceu, cresceu e se desenvolveu.
Não é possível analisar qualquer ser humano como se fosse um semideus que a tudo gerou e a tudo desenvolveu sem sofrer as influências positivas e negativas do todo “político-social” ao longo do tempo.
Ao colocar Liszt em um altar, como se uma divindade fosse, (portanto sendo Perfeito e sem Futuro uma vez que Ele Já É) você retira do mesmo uma das mais belas condições do ser humano: a do “crescei e multiplicai-vos”.
Ao mesmo tempo, isto impede a você de aproveitar os exemplos positivos e os negativos que poderiam ajudar ou impedir o seu próprio crescimento.
Isto o faz cortar, igaulmente, qualquer possibilidade de troca de idéias construtivas, já que as Divindades são sempre Perfeitas e Adoráveis.
Em conseqüência, volto a repetir uma frase que já lhe enderecei no passado:
“preparei uma longa análise sobre as contribuições positivas e negativas de Liszt e sobre as influências que ele recebeu e exerceu durante toda a sua vida, tanto na qualidade de simples ser humano como na de músico e pianista que “alcançou” altíssimo nível.
No entanto, ao concluí-la, concluí também que você não estava interessado em saber o que houve de ruim, de bom, de péssimo e de excelente no Ser Perfeito que era Liszt.
De fato, quando as coisas chegam a esse extremo, só é viável a adoração e eu não vou adorar a Liszt como se um Deus ele fosse.
Ao me recusar a adorá-lo eu estou cometendo, a seus olhos, um sacrilégio.
Como sacrílego, devo ser banido da confraria e ser submetido a uma lavagem cerebral para poder voltar ao convívio dos fiéis.
Assim sendo, não mais perderei meu tempo tentando diálogos proveitosos e enriquecedores com você, pois, entre um sacrílego e um adorador ocorrerão, apenas, confrontos infrutíferos e destruidores, como demonstra toda a longa História da Humanidade.”
Edson
Edson,
você precisa me poupar dessa suas conclusões pessoais e forçadas sobre meus gostos e minhas intenções, além de minha postura para com os compositores.
Tudo que escrevi sobre Liszt o fiz pensando unicamente na obra, analisando a coisa como músico, como pianista. Não há endeusamento, e não se trata de não saber reconhecer erros desse ou daquele compositor. É lamentável que você apele para esse comentário para, simplesmente, fugir da discussão, ou simplesmente encerrá-la. Mais lamentável ainda pelo fato de haver questões de enlevo levantadas e deixadas em aberto lá em cima, e pelo fato de você ter se comprometido a provar por a+b, por meio de explanações e citações dos próprios compositores, que eu me engano em minha opinião.
Do mesmo modo que você me taxa de “endeusador”, eu me sinto no direito de afirmar que você vê a obra para piano de Liszt baseado num velho preconceito sobre ela, um chavão.
Eu preciso me lembrar, no futuro, de não voltar a discutir com você. Ao que parece, você não suporta ser contradito, e prefere esse tipo de atitude: discutir um pouco, com ares de professor, para depois lançar um comentário escorregadio do tipo “você endeusa Liszt” e sair pela esquerda.
Ótimo. Assunto encerrado.
Ticiano,
Embora não possa dizer de fato se concordo contigo ou Edson, pois não tenho conhecimento suficiente, agradeço os comentários.
Gosto muito de piano e vez em quando venho aqui explorar o blog em busca de algo novo.
Não baixo muitas coisas de uma vez só, pois acho que, a cada álbum, devo para e aprender o quanto puder, conhecer melhor a obra.
Assim, sempre passo bastante tempo escolhendo aquilo que vou baixar, pois sei que, se gostar, vou conviver um tempo com a música.
Adoro a seção de comentários porque me ajuda a tomar essas decisões, e se não fosse por seus comentários, talvez ficasse com um certo pé atrás ao baixar Liszt, pois desde meus tempos de headbanger que tenho pavor às acrobacias despropositadas – mas não as propositadas, se é que me entende.
Abraços.
Plurabel,
legal seus comentários. Também tenho lá minhas raízes nos headbangers, e odiava virtuosos como o Malmsteen. Não acho que este seja o caso de Lizst, ao menos o muito pouco que conheço. Os Années de Pelegrinage tem alguns momentos simplemente divinos.
Os comentários estavam mesmo acalorados. Não sabia que os cultures da música erudita fossem amantes de uma boa briga de palavras…
parabéns a todos pelo melhor blog de música!
abs,
unha negra
Blog legal é assim: os comentários podem se enfileirar por anos a fio. E essa discussão em torno da obra de Lizst é simplesmente deliciosa. Então, cá estou para fazer coro à opinião do “unha negra”. Considero Lizst um gênio. Um gênio capaz de, entre um momento de grandioso virtuosismo e outro, compor algo tão delicado e envolvente quanto “Au lac de Wallenstadt”. E este é apenas um dos exemplos do que podemos encontrar em sua produção dos “Annés de Pelegrinage”. Dizem que naqueles anos, muitos deles passados na Suiça, Lizst deitou e rolou com uma amiga, sempre na pura e honrada busca de inspiração. Pelo resultado, posso imaginar…
E parabéns pelo blog e pelos arquivos compartilhados. É a prova de que a internet ainda tem salvação.
Esqueci uma coisa: em vários momentos foi citada a vocação de Lizst para lidar com o público. Em meados dos anos 70, Rick Wakeman, após conquistar fama mundial com seus álbuns “The six wives of Henry VIII”, “Journey to the centre of the earth” e “Myths and legends of King Arthur and the knights of the round table”, associou-se ao diretor Ken Russel e produziu a trilha do filme “Lizstomania”. O filme era uma louca fantasia que mostrava Lizst como um superstar, com direito a fãs enlouquecidas, megashows, etc. Não é um grande filme. Não mesmo. Mas serviu para que eu, em meus 12/13 anos, me apaixonasse definitivamente pela música de Lizst.
Olá, sei que esse link é antigo, mas eu me interesso muito pela obra de Lizst e dando uma olhada fiquei curioso neste cd, mas acontece que o link não está funcionando. Obrigado
Oi! Fiquei imensamente curiosa para conhecer o disco, mas o link está quebrado.
Se você puder fazer o favor de revalidá-lo!
😉