Béla Bartók (1881-1945): Cantata Profana / Concerto para Orquestra (Réti, Faragó, Ferencsik)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Quando me perguntam de quais compositores eu mais gosto, sempre respondo:

– Gosto de uns duzentos.

Porém, um dia, sonhei que me amarraram numa árvore e um implacável algoz me açoitou até que eu dissesse o nome de meus três preferidos.

– Bach, Brahms e Bartók. Mas prefiro morrer a ficar sem os últimos quartetos e sonatas de Beethoven…

E o chicote voltou a explodir sobre minhas costas.

– Diga um que não comece pela letra “B”, seu imbecil!

– Um quarto?

– O quarto você já disse, animal. Ou não ouvi o nome de Beethoven? — e mais uma terrível chicotada. Pobre de mim.

– Está bem. Escolho Shostakovich ou Mahler.

Meu algoz deu a volta na árvore, olhou bem dentro de meus olhos e questionou asperamente:

– Por que não disseste Mozart? E por que haveria dois socialistas na tua lista?

– Não sei. Talvez porque Mozart em excesso me cause enjôo.

– Enjoo???

Neste momento meu algoz caiu desfalecido, vítima de um mal súbito, e eu acordei. Ele era um homem sensível.

Meu sonho serve para que nossos quatorze leitores saibam o respeito que este bastardo bachiano guarda pelo húngaro Bartók e o motivo de sua pressa nessa repostagem. (Pois o antigo link foi para o espaço.)

Não lembro de gravação melhor do que esta para o Concerto para Orquestra. É uma coisa de louco, maravilhosa mesmo.

Béla Bartók (1881-1945): Cantata Profana / Concerto para Orquestra (Réti, Faragó, Ferencsik)

1. Cantata Profana, BB 100, “A kilenc csodaszarvas” (The 9 Enchanted Stags) (19min35)

Jozsef Reti, tenor
Andras Farago, baritone
Janos Ferencsik, conductor
Coro: Budapest Chorus
Budapest Symphony Orchestra

Concerto para Orquestra, BB 123
2. I. Introduzione (9min53)
3. II. Giuoco delle coppie (6min33)
4. III. Elegia (7min02)
5. IV. Intermezzo interrotto (3min49)
6. V. Finale (9min36)

Janos Ferencsik, Conductor
Hungarian State Orchestra

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Uma rarésima foto de Bartók sorrindo.

PQP

20 comments / Add your comment below

  1. Foi um sonho e tanto, hein? Faz pensar que tenha sido mais um conto que um sonho. Ou um sonho que virou conto. Contou e pronto! E ainda nos presenteia com Bartok! Fiquei só curioso com o número: 14 leitores? Como sabe? Ah, os segredos dos assessores, dos mediadores e dos fundadores! Quem poderá sabê-los?Longa vida e prosperidade, PQP! Viva seu site!

  2. Olá irmãos Bach, Sra. Schumann e Blue Dog.Antes de encontrar este blog de vocês, nesta sexta feira, minha audição de Bartók estava limitada aos trinta segundos (sessenta, quando muito) disponibilizados por sites onde se vende on-line discos com suas obras. É indiscutivelmente muito pouco para se ter uma boa noção de sua música, mas foi o suficiente para me deixar morto de vontade de ouvir o restante! Às dezenove horas de ontem terminei de baixar tudo o que o blog tem para oferecer da música Bartók. Gostaria muito de comprar os discos originais, mas infelizmente – e acredito que vocês talvez também partilhem deste meu “drama” – não disponho de recursos financeiros para comprar todos os CD’s que desejo de uma só vez – sou apenas um pobre estudante de música…!Tudo isso que escrevi no parágrafo anterior serve apenas de prelúdio ao que vem a seguir: os meus agradecimentos. Gostaria de agradecer-lhes pelo grande serviço prestado por vocês por meio deste blog. Como já disse, sou estudante de música. É de suma importância para minha formação ouvir bastante música de boa qualidade – o que tem de sobra por aqui.Bem, é isso =) Obrigado mais uma vez e continuem postando!

  3. Victor, um comentário desses faz com que a gente saiba que nosso pequeno trabalho de polinização de beleza, de cultura, de prazer ou apenas de entrenimento de bom nível vale a pena.Vou postar mais uns Bartókzinhos por aí. PQP Bach

  4. porra maluko mete o decimo quinto nessa contagem de visitantes q vc ta em segundo na minha lista de blogs pra baxar mp3, logo atras do umquetenha

  5. Primo, que sonhos estranhos.Porém, acho que acabaria sentindo tédio se tudo fosse como Mozart, uma música perfeita demais.E preciso também estas maravilhosas zoeiras de Bartok.S. O. B. Bach

  6. Bach, um oceano.

    Não deixe Montiverdi para trás. Ser açoitado por causa de Mozart é suplício dobrado. Ninguém ouse dizer de as sinfonias 39, 40 e 41 são pequenas. Mas, me perdoem a opinião particular, nem tudo em Mozart ou Haydn vale a pena. Diferente de Brahms, Mahler, Bruckner ( outro com letra B) que tenho tudo como impecável. Temos os russos, os franceses, ingleses do sec 19 e 20, porém tudo volta-se para Bach, este sim, condensa a arte

  7. Ah, esqueci. Tem um cd de quarteto chamado Janoska ( não é brincadeira) da Deutsche Grammophe, entitulado The Big B. Ali tem Bach, Beethoven, Brahms, Bartók, Brubeck e Bernstein.

  8. Um belíssimo conto o seu sonho!
    Difícil, dificílimo escolher somente 3…
    Não sei como seria (e nem me perco em devaneios tentando imaginar) um mundo sem Beethoven (já tenho o 1º da minha lista); Bach é indiscutível, é como Machado de Assis: ainda que seja um analfabeto, tenha algum livro dele em sua estante (o 2º da lista); agora, para a terceira vaga… Vou com um que conheci com vocês, meus amigos, e aprendi a gostar por aqui no pqpbach.ars.blog.br: Bruckner.
    Muito obrigado, PQP Bach, pela maravilhosa postagem, ouvirei seu querido Béla Bartók com reverência. E cabe uma sugestão? Que tal a continuação do conto/sonho com maestros…?
    Abraços.

  9. Continuando a brincadeira:

    Prometeu e a Sinfonia Eterna

    Acorrentado à escarpada rocha, Prometeu contemplava o mar infinito. O vento uivava, chicoteando seu corpo nu e ferido. A águia, implacável, pousava em seu peito, pronta para o ritual sangrento. Mas a dor física era menor do que a angústia que o consumia. Não era o fogo que o atormentava agora, mas a melodia.
    Em tempos idos, quando os deuses ainda confiavam nos titãs, Prometeu havia se infiltrado no Olimpo. Lá, em uma sala secreta, encontrou um baú antigo. Ao abri-lo, uma sinfonia ecoou em sua mente, uma obra-prima capaz de mover montanhas e acalmar tempestades. Era a música primordial, a essência da criação.
    Com a audácia que o caracterizava, Prometeu roubou a partitura e a trouxe para a humanidade. A música se espalhou como fogo, acendendo a alma das pessoas, inspirando poetas, pintores e arquitetos. As guerras cessaram, a fome foi esquecida, e a humanidade viveu uma era de paz e prosperidade.
    Mas a ira de Zeus foi imensa. O roubo da partitura era um desafio à sua autoridade, uma afronta à ordem cósmica. O titã foi castigado, acorrentado à rocha, condenado a sofrer eternamente.
    “Por que fizeste isso, Prometeu?”, questionou a águia, sua voz ecoando como o bater de suas asas.
    “Porque a música é a linguagem universal”, respondeu Prometeu, sua voz fraca, mas firme. “Ela une os homens, transcende as diferenças e nos conecta com algo maior do que nós mesmos.”
    A águia cravou suas garras em sua carne, mas Prometeu não se rendeu. Em sua mente, a sinfonia ecoava, um hino à liberdade e à esperança. A cada nota, a dor diminuía, e a força de seu espírito crescia.
    E assim, Prometeu permaneceu acorrentado, mas sua alma era livre. A música que havia roubado continuava a inspirar a humanidade, e seu nome seria lembrado para sempre como o titã que trouxe a harmonia para o mundo.

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