Meu amor pela música clássica floresceu junto com meus tímidos, preguiçosos e sonhadores estudos de piano, aos doze anos. Penso que essas duas coisas são intimamente ligadas no meu íntimo; de uma forma ou de outra, tanto meu sentir quanto meu pensar a música passam pelas oitenta e oito teclas deste instrumento. Assim fui forjado, moldado e aprendi a ouvir o mundo, ou ao menos esse mundo de sons organizados a que damos o nome de “música”.
Faço este pequeno preâmbulo para tentar dar um pouco da dimensão do meu amor pelos Noturnos deste genial polonês, responsável por alguns dos voos mais belos do repertório pianístico: Frédéric François Chopin (1810-1849). Em meio ao rico tesouro que é sua obra, repleta de mazurcas, polcas, valsas, baladas, estudos, prelúdios e tantas outras formas, os noturnos talvez sejam os que mais se aproximam de canções: profundamente líricos, curtos, tripartites (exposição, desenvolvimento, conclusão) e algo lentos (lento, andantino, andante). Cada noturno contém em si uma vida, um mundo, uma alma.
O baiano Ricardo Castro, filho de Vitória da Conquista — terra do menestrel Elomar —, um dos grandes pianistas que esta república federativa deu ao mundo e fundador e diretor artístico do fantástico projeto NEOJIBA, faz uma belíssima viagem pelos noturnos, que evidencia esse aspecto de imensidão de cada uma dessas miniaturas. Ao mesmo tempo em que há uma unidade, um fio que une essas reluzentes jóias, cada noturno é um universo que nos toca de uma forma única. O álbum, lançado em 1995, traz os primeiros dez noturnos, de opus 9, 15, 27 e 32. Um disco ao qual eu regresso constantemente, e sempre renova meu encantamento.
F. Chopin — Nocturnes, vol. 1 — Nos. 1–10
- Nocturne Op. 9/1, em si bemol menor
- Nocturne Op. 9/2, em mi bemol maior
- Nocturne Op. 9/3, em si maior
- Nocturne Op. 15/1, em fá maior
- Nocturne Op. 15/2, em fá sustenido maior
- Nocturne Op. 15/3, em sol menor
- Nocturne Op. 27/1, em dó sustenido menor
- Nocturne Op. 27/2, em ré sustenido maior
- Nocturne Op. 32/1, em si maior
- Nocturne Op. 32/2, em lá sustenido maior
Ricardo Castro, piano
Karlheinz
Andava um tanto afastado da música de Chopin. Esta bonita postagem foi um convite para revisita. Gostei muito do que ouvi. Obrigado, Karlheinz!
Que bom, querido Otavio! Fico muito feliz. Grande abraço