IM-PER-DÍ-VEL !!!
Quantas vezes FDP Bach postou estas gravações? Muitas, ele as ama. Porém, como há pouco tempo saiu com nova capa, juntos e tals, vamos repostar. Mas o texto é de FDP! Vai que é tua, meu rapaz.
Aqui, sobre o CD1:
A obra pianística de Brahms apareceu com pouca frequência aqui no PQPBach. Lembro de um cd de Kristian Zimerman, cujo link já desapareceu há muito tempo, e só. Claro que falo das obras para piano solo, não de seus monumentais concertos para piano.
Resolvi então trazer este repertório com meu pianista favorito nele, Stephen Kovacevich, gravações estas realizadas entre o final dos anos 60 e início dos anos 80.
Tenho uma relação muito particular com este pianista, foi ele quem me apresentou o Concerto nº2, e sua leitura me cativou imediatamente, e desde então cultivo um carinho muito especial por esta gravação. Infelizmente Kovacevich meio que sumiu dos palcos durante alguns anos, se não me engano por problemas de saúde, mas pelas últimas notícias que li, ele está novamente ativo, realizando performances pelos palcos do mundo inteiro.
O primeiro cd dessa caixa traz o monumental Concerto nº1, em uma versão mais “light”, eu diria, não tão soturna, mais romântica do que e as que estamos acostumados a ouvir. É deslumbrante acompanhar o embate entre piano e orquestra, em um duelo sem vencedores.
Stephen Kovacevich, Colin Davis e a Sinfônica de Londres estão impecáveis, no apogeu de suas carreiras.
E aqui sobre o CD2:
Se Stephen Kovacevich tivesse realizado apenas essa gravação do Concerto nº 2 para Piano e Orquestra de Brahms, junto com Colin Davis e a Sinfônica de Londres, lá nos idos dos anos 70, já poderia ser colocado no Hall of Fame dos grandes pianistas do século XX. Já comentei anteriormente que tenho uma relação muito pessoal com essa gravação, desde que a comprei, lá em 1987 ou 88. Brahms para mim ainda era um compositor um tanto quanto obscuro. Sua obra ainda era uma incógnita para mim. Ainda era o tempo do LP. Lembro que comprei em uma promoção, dois pelo preço de um, junto dele veio um LP com as Danças Eslavas de Dvorák, na versão de Antal Dorati, outro primor da indústria fonográfica. Bendita a hora em que o gerente daquela loja de discos no centro de Florianópolis resolveu dar uma geral no setor de clássicos, e tirar aqueles álbuns encalhados, que não vendiam.
Já colocamos em discussão por aqui diversas vezes, e não canso de afirmar que considero este Concerto nº 2 para Piano e Orquestra de Brahms o melhor Concerto já escrito pelo ser humano, uma obra que faz parte do cânone cultural ocidental. Um diamante lapidado com cuidado e esmero por este gigante alemão, Johannes Brahms.
E o californiano Stephan Kovacevich, filho de pai croata e mãe norte-americana, junto com Colin Davis e a Sinfônica de Londres, naqueles inspiradores anos 70, conseguiram extrair a essência da obra, aquilo que ela tem de mais profundo. Impossível ouvir essa gravação e ficar imune à sua beleza.
Deliciem-se, então, mortais.
Johannes Brahms (1833-1897): Os 2 Concertos para Piano, Scherzo, 4 Baladas, Klavierstucke (Kovacevich / Davis)
Concerto para piano nº 1 em ré menor, op. 15
1-1 Maestoso – Poco Più Moderato 21:29
1-2 Adágio 15:19
1-3 Rondo Allegro Non Troppo 10:59
1-4 Scherzo em mi bemol menor, op. 4 9:46
4 Baladas, op. 10
1-5 Nº 1 em Ré Menor 3:52
1-6 Nº 2 em D 5:12
1-7 Nº 3 em si menor 3:41
1-8 Nº 4 em B 5:59
Concerto para piano nº 2 em si bemol, op. 83
2-1 Allegro Non Troppo 17:55
2-2 Allegro Appassionato 8h30
2-3 Andante – Più Adagio 14:32
2-4 Allegretto Grazioso – Un Poco Più Presto 9:06
Klavierstucke Op. 76
2-5 Nº 1 Capricho em Fá Sustenido Menor 2:35
2-6 Nº 2 Capricho em Si Menor 2:54
2-7 Nº 3 Intermezzo em apartamento 2:24
2-8 Nº 4 Intermezzo em Si bemol 2:16
2-9 Nº 5 Capricho em dó sustenido menor 2:49
2-10 Nº 6 Intermezzo em A 2:52
2-11 Nº 7 Intermezzo em Lá Menor 2:33
2-12 Nº 8 Capricho em C 2:53
Steven Kovacevich
London Symphony Orchestra
Sir Colin Davis
PQP
Pois então, quanto mais ouço essa gravação mais gosto dela. Outras me soam por vezes artificiais, mas até entendo. Lembro que o velho LP com uma capa verde de gosto duvidoso nem saia do toca discos, eu apenas virava o lado. Foi uma época conturbada em minha vida, época em que tive de tomar decisões importantes, ainda preso a um romance adolescente mal resolvido, enfim, são vários os elementos que tornaram essa a minha gravação favorita desses concertos, principalmente do Segundo Concerto. Por isso digo que essa foi a trilha sonora daquela fase de minha vida. Hoje, mais velho e mais maduro, ainda hoje, ao ouvir aquele primeiro movimento um monte de sensações e lembranças me voltam, e não há como não se perguntar se as escolhas feitas naquela época foram as melhores, não que isso importe.
É excelente mesmo!