Música polonesa gravada na Polônia. Uma boa introdução à obra mais madura de Lutoslawski, mais atonal e menos folclórica do que o Concerto para Orquestra (1954) ou a 1ª Sinfonia (1947). Ao contrário de discos mais focados em um tipo de obras – por exemplo, só com sinfonias ou só com concertos – aqui temos um tipo de programa típico de uma apresentação ao vivo.
O concerto para violoncelo de Lutosławski, estreado por Mstislav Rostropovitch em Londres (1970), tem sido considerado uma das obras-primas para violoncelo e orquestra. Muita gente buscou encontrar nessa obra subtextos socio-políticos: suspeitou-se que o polonês pretendia mostar o papel delicado do indivíduo em diálogo com o poder estatal repressivo, a partir da orquestração muitas vezes brutal e em contrastes tensos e assimétricos com o solista. Porém, mais de uma vez o compositor se posicionou contra essa interpretação: “Se eu quisesse escrever um drama sobre o conflito entre indivíduo e coletividade, eu teria feito isso em uma obra com palavras.”
Vou me arriscar a interpretar essas palavras de Lutosławski, correndo o risco de falar besteira: é como se ele dissesse que a música instrumental tem como vocação tratar de coisas mais pra além, aspectos da nossa vida para os quais as palavras não dão conta. Mesmo assim, essa interpretação política do concerto não é de se jogar fora: apenas não se deve achar que o sucinto par “indivíduo x sociedade” ou “artista x Estado” chega perto de descrever as emoções e novidades que vão aparecendo ao longo dos vinte e poucos minutos dessa obra. O jovem solista francês Gautier Capuçon – 34 anos na época da gravação – dá conta de todas as dificuldades que haviam sido colocadas antes para o veterano Rostropovich. Em comum com o russo, o interesse por música contemporânea: nos últimos anos, Capuçon estreou obras de Danny Elfman e Thierry Escaich, além de ter no seu repertório H. Dutilleux e D. Shostakovich.
Também para a sua 4ª e última Sinfonia, estreada em 1993 em Los Angeles, Lutosławski não quis atribuir um apelido ou um programa. Aspas para ele novamente: “toda tentativa de definir o conteúdo expressivo da música com palavras, ou seja, com meios extra-musicais, se expõe a erros de interpretação e não tem valor objetivo intrínseco.”
Já a a Abertura de Szymanowski, esboçada em 1904 e estreada só em 1919 em Viena, é representativa das primeiras composições sinfônicas desse que é o principal compositor polonês da dita Belle Époque. Para os meus ouvidos, é música bem mais previsível e banal do que a de Lutosławski.
Karol Szymanowski:
1. Concert Overture, Op. 12 (13:15)
Witold Lutosławski:
2. Cello Concerto (24:27)
3. Symphony No. 4 (21:48)
Polish National Radio Symphony Orchestra, Alexander Liebreich
Cello – Gautier Capuçon
Recorded: Katowice, Poland, 2016
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Pleyel
Vale pelo Lutos. Dá vontade morar dentro daquelas sonoridades. Já o Szy é um clímax (ou orgasmo) de 13 minutos. Ninguém aguenta.