Bach (1685-1750) – Armstrong (1992) – Ligeti (1923-2006): Peças para Piano – Kit Armstrong ֎

Bach –

Prelúdios Corais & Partita No. 1

Armstrong –

Fantasia sobre BACH

Ligeti –

Musica ricercata: algumas peças

Pianista, polímata, foi criança prodígio, e agora Kit Armstrong está ensinando apreciação musical à inteligência artificial. Kit Armstrong compunha música aos cinco anos, estudava ciências na universidade aos 10 anos, foi solista de grandes orquestras durante a adolescência, e fez o mestrado em Matemática Pura só para ‘relaxar’.

Esta é a abertura de uma reportagem escrita por Enid Tsui para um jornal de Hong Kong em dezembro de 2022, quando o então jovem de 30 anos Kit Armstrong daria concertos por lá.

Este disco já tem dez anos, mas parece ter sido lançado ontem. O programa reúne uma coletânea de Prelúdios Corais de Bach, seguidos de uma peça escrita pelo próprio Kit Armstrong – uma fantasia sobre BACH. Segue a Partita em si bemol maior, BWV 825, e uma escolha de peças de Ligeti, da série Musica ricercata. Como você já deve saber, vintage Ligeti, composições da década de 1950, mas que soam bastante novas para mim.

Com a ajuda de nosso tradutor multilíngue, descobrimos o que disse sobre o disco um comprador da Amazon no Japão: É diferente da chamada performance de época de Bach, mas é uma performance maravilhosa que faz você sentir oração e significado em cada nota. Sinto até frescor. Ainda não há valor de nome, mas não há dúvida de que ele é uma pessoa talentosa que será responsável pelo futuro.

Com a brilhante ajuda do Conde Vassily, aqui está a tradução de uma crítica escrita originalmente em alemão:

Encerrada a visita ao estúdio. O americano, que tem só 22 anos, não apenas demonstra incrível presença [carisma] em concerto, mas desde antes detinha uma reputação de gênio completo, com diplomas em Matemática e Composição. O fato de que ele só agora tenha consolidado sua carreira com uma estreia em CD deve-se provavelmente a Alfred Brendel, que o encorajou anteriormente. E deve ter sido Brendel que familiarizou o bachiano pianista Armstrong com as antigas gravações de Edwin Fischer, a quem admirava tanto. Isso porque o “poder mágico da paz interior”, que Brendel certa vez apontou enquanto escutava o Bach de Fischer, encontra-se em cada virada de página nos doze Prelúdios-corais que Armstrong gravou. Ele banhou com suave luminosidade alguns célebres ‘bálsamos’ da alma, como “Jesu, meine Freude” e “Allein Gott in der Höh’ sei Ehr”. E ele interpreta de maneira declamatória, fluência e delicadeza “O Mensch, bewein dein´ Sünde groß”.
Apesar de toda discrição e nobreza no fraseado, que o próprio Armstrong leva muito a sério na Partita no. 1, BWV 825, esse Bach é muito mais moderno que o de seu mentor. O que, por um lado, não é uma proeza: afinal, Brendel espessava Bach romanticamente. Armstrong, por outro lado, consegue conectar coração e mente ao tornar a lógica interna das obras transparente com naturalidade.
Armstrong combinou essas obras com sua própria “Fantasia sobre B-A-C-H” e meia dúzia de peças do ciclo “Música Ricercata”, de György Ligeti, completado em 1953. Enquanto Armstrong espalha fragmentos melódicos de Bach aqui e ali em sua Fantasia, essa obra de 2011 não é um peso-leve pós-moderno. Os atritos são deslumbrantemente ousados demais para isso. E bem no final o ritmo torna-se mecanicamente furioso, como se Armstrong tivesse em mente o americano Conlon Nancarrow, que Ligeti redescobrira. Tremenda, então, é a facilidade com que estabelece o neobarbarismo e os polirritmos diabólicos de Ligeti! Nada mau o cartão de visitas que Armstrong usou para recomendar-se ao futuro. [Guido Fischer]

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

  1. Jesus Christus unser Heiland, BWV 666
  2. Bicinium: Allein Gott in der Höh’ sei Ehr’, BWV 711
  3. In dulci jubilo, BWV 729
  4. Vom Himmel hoch, da komm’ ich her, BWV 738
  5. Gottes Sohn ist kommen, BWV 724
  6. Christ lag in Todesbanden, BWV 625
  7. Wer nur den lieben Gott lässt walten, BWV 690
  8. In dich hab’ ich gehoffet, Herr, BWV 712
  9. Jesu, meine Freude, BWV 713
  10. Herr Jesu Christ, dich zu uns wend’, BWV 655
  11. Allein Gott in der Höh’ sei Ehr’, BWV 715
  12. O Mensch, bewein’ dein’ Sünde groß, BWV 622

Kit Armstrong (1992 –       )

  1. Fantasy on BACH

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Partita No. 1 in B Flat Major, BWV 825
  1. Praeludium
  2. Allemande
  3. Courante
  4. Sarabande
  5. Menuett I & II
  6. Gigue

György Ligeti (1923 – 2006)

Musica Ricercata
  1. Tempo Di Valse (Poco Vivace) ” L’orgue de Barbarie”
  2. Allegro Con Spiritu
  3. Vivace. Capriccioso
  4. Adagio. Mesto. Allegro Maestoso (Bla Bartk in Memoriam)
  5. Rubato. Lamentoso
  6. Cantabile, Molto Legato

Kit Armstrong, piano

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MP3 | 320 KBPS | 174 MB

I have experienced lots of wonderful things as a full-time musician since graduating from my cience studies in 2012. I will still tour a lot [as a concert pianist], but to be only a performer, selling the same product again and again, it has become less important for me than an overarching idea of what I can do for classical music.” KA

‘I had to make time for him’: Alfred Brendel on Kit Armstrong 

‘Eu precisei arranjar tempo para ele!’

A uncharacteristic decision to take on an extraordinary pupil has brought new insights for both Alfred Brendel and Kit Armstrong. Leia a reportagem aqui.

Uma decisão incomum de aceitar um aluno extraordinário trouxe novas perspectivas tanto para Alfred Brendel quanto para Kit Armstrong.

Veja também o documentário: Set the Piano Stool on Fire

2 comments / Add your comment below

  1. Tremenda gravação, René! Por ela entende-se facilmente por que um gigante como Brendel resolveu acomodar Armstrong como aluno. E tenho o palpite de que você não só aprecia a assombrosa arte do moço, como também seu gosto pela Matemática – ou me engano? Um abraço!

  2. Caríssimo Conde V.
    Eu não pude deixar de me encantar com esse outro grande talento do Kit, pela mais nobre entre as ciências… Digamos, entre as exatas.
    Pelo caminho, a tradução da resenha do alemão para a nossa mal falada ficou supimpa!
    Grazie mille, mille grazie!
    Forte abraço do
    René

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