Bach –
Prelúdios Corais & Partita No. 1
Armstrong –
Fantasia sobre BACH
Ligeti –
Musica ricercata: algumas peças
Pianista, polímata, foi criança prodígio, e agora Kit Armstrong está ensinando apreciação musical à inteligência artificial. Kit Armstrong compunha música aos cinco anos, estudava ciências na universidade aos 10 anos, foi solista de grandes orquestras durante a adolescência, e fez o mestrado em Matemática Pura só para ‘relaxar’.
Esta é a abertura de uma reportagem escrita por Enid Tsui para um jornal de Hong Kong em dezembro de 2022, quando o então jovem de 30 anos Kit Armstrong daria concertos por lá.
Este disco já tem dez anos, mas parece ter sido lançado ontem. O programa reúne uma coletânea de Prelúdios Corais de Bach, seguidos de uma peça escrita pelo próprio Kit Armstrong – uma fantasia sobre BACH. Segue a Partita em si bemol maior, BWV 825, e uma escolha de peças de Ligeti, da série Musica ricercata. Como você já deve saber, vintage Ligeti, composições da década de 1950, mas que soam bastante novas para mim.
Com a ajuda de nosso tradutor multilíngue, descobrimos o que disse sobre o disco um comprador da Amazon no Japão: É diferente da chamada performance de época de Bach, mas é uma performance maravilhosa que faz você sentir oração e significado em cada nota. Sinto até frescor. Ainda não há valor de nome, mas não há dúvida de que ele é uma pessoa talentosa que será responsável pelo futuro.
Com a brilhante ajuda do Conde Vassily, aqui está a tradução de uma crítica escrita originalmente em alemão:
Encerrada a visita ao estúdio. O americano, que tem só 22 anos, não apenas demonstra incrível presença [carisma] em concerto, mas desde antes detinha uma reputação de gênio completo, com diplomas em Matemática e Composição. O fato de que ele só agora tenha consolidado sua carreira com uma estreia em CD deve-se provavelmente a Alfred Brendel, que o encorajou anteriormente. E deve ter sido Brendel que familiarizou o bachiano pianista Armstrong com as antigas gravações de Edwin Fischer, a quem admirava tanto. Isso porque o “poder mágico da paz interior”, que Brendel certa vez apontou enquanto escutava o Bach de Fischer, encontra-se em cada virada de página nos doze Prelúdios-corais que Armstrong gravou. Ele banhou com suave luminosidade alguns célebres ‘bálsamos’ da alma, como “Jesu, meine Freude” e “Allein Gott in der Höh’ sei Ehr”. E ele interpreta de maneira declamatória, fluência e delicadeza “O Mensch, bewein dein´ Sünde groß”.
Apesar de toda discrição e nobreza no fraseado, que o próprio Armstrong leva muito a sério na Partita no. 1, BWV 825, esse Bach é muito mais moderno que o de seu mentor. O que, por um lado, não é uma proeza: afinal, Brendel espessava Bach romanticamente. Armstrong, por outro lado, consegue conectar coração e mente ao tornar a lógica interna das obras transparente com naturalidade.
Armstrong combinou essas obras com sua própria “Fantasia sobre B-A-C-H” e meia dúzia de peças do ciclo “Música Ricercata”, de György Ligeti, completado em 1953. Enquanto Armstrong espalha fragmentos melódicos de Bach aqui e ali em sua Fantasia, essa obra de 2011 não é um peso-leve pós-moderno. Os atritos são deslumbrantemente ousados demais para isso. E bem no final o ritmo torna-se mecanicamente furioso, como se Armstrong tivesse em mente o americano Conlon Nancarrow, que Ligeti redescobrira. Tremenda, então, é a facilidade com que estabelece o neobarbarismo e os polirritmos diabólicos de Ligeti! Nada mau o cartão de visitas que Armstrong usou para recomendar-se ao futuro. [Guido Fischer]
Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)
- Jesus Christus unser Heiland, BWV 666
- Bicinium: Allein Gott in der Höh’ sei Ehr’, BWV 711
- In dulci jubilo, BWV 729
- Vom Himmel hoch, da komm’ ich her, BWV 738
- Gottes Sohn ist kommen, BWV 724
- Christ lag in Todesbanden, BWV 625
- Wer nur den lieben Gott lässt walten, BWV 690
- In dich hab’ ich gehoffet, Herr, BWV 712
- Jesu, meine Freude, BWV 713
- Herr Jesu Christ, dich zu uns wend’, BWV 655
- Allein Gott in der Höh’ sei Ehr’, BWV 715
- O Mensch, bewein’ dein’ Sünde groß, BWV 622
Kit Armstrong (1992 – )
- Fantasy on BACH
Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)
Partita No. 1 in B Flat Major, BWV 825
- Praeludium
- Allemande
- Courante
- Sarabande
- Menuett I & II
- Gigue
György Ligeti (1923 – 2006)
Musica Ricercata
- Tempo Di Valse (Poco Vivace) ” L’orgue de Barbarie”
- Allegro Con Spiritu
- Vivace. Capriccioso
- Adagio. Mesto. Allegro Maestoso (Bla Bartk in Memoriam)
- Rubato. Lamentoso
- Cantabile, Molto Legato
Kit Armstrong, piano
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MP3 | 320 KBPS | 174 MB
“I have experienced lots of wonderful things as a full-time musician since graduating from my cience studies in 2012. I will still tour a lot [as a concert pianist], but to be only a performer, selling the same product again and again, it has become less important for me than an overarching idea of what I can do for classical music.” KA
‘I had to make time for him’: Alfred Brendel on Kit Armstrong
‘Eu precisei arranjar tempo para ele!’
A uncharacteristic decision to take on an extraordinary pupil has brought new insights for both Alfred Brendel and Kit Armstrong. Leia a reportagem aqui.
Uma decisão incomum de aceitar um aluno extraordinário trouxe novas perspectivas tanto para Alfred Brendel quanto para Kit Armstrong.
Veja também o documentário: Set the Piano Stool on Fire
Tremenda gravação, René! Por ela entende-se facilmente por que um gigante como Brendel resolveu acomodar Armstrong como aluno. E tenho o palpite de que você não só aprecia a assombrosa arte do moço, como também seu gosto pela Matemática – ou me engano? Um abraço!
Caríssimo Conde V.
Eu não pude deixar de me encantar com esse outro grande talento do Kit, pela mais nobre entre as ciências… Digamos, entre as exatas.
Pelo caminho, a tradução da resenha do alemão para a nossa mal falada ficou supimpa!
Grazie mille, mille grazie!
Forte abraço do
René