Este repertório sempre lembra meu pai, falecido em 1993. Ele amava os Concertos para Piano de Mozart e, mesmo que não saiba qual é qual, conheço cada nota de todos eles e, quando acaba um movimento, a jukebox do meu cérebro já começa a antecipar os primeiros compassos do próximo. Esta gravação de Grimaud é um tremendo acerto. Sou um pouco avesso à pianista, às vezes ela me parece padecer de falta de expressividade. Talvez ela precise do calor do público para render mais, sei lá — e este registro é ao vivo. O que sei é que ela dá um show neste CD. Os dois concertos, ambos em ensolaradas tonalidades maiores, não estão entre os mais gravados da produção do compositor. E há uma adição substancial na forma de uma ária de concerto, originária de Idomeneo, para soprano e orquestra, com piano obbligato. Este não é o gentil e acariciante Mozart de Maria João Pires. Grimaud encontra força e profundidade no movimento Adagio do Concerto Nº 23, tornado mais devagar do que o habitual, e uma vivacidade borbulhante no Allegro final. Da mesma forma, ela vai muto bem no Concerto Nº 19, onde transmite a natureza despreocupada de uma das obras mais brilhantes e alegres de Mozart. Erdmann canta belamente a ária. E, nestas peça, novamente o piano de Grimaud é um trunfo.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nº 19 & 23 (Grimaud, Erdmann)
Piano Concerto No.19 in F, K.459
Cadenzas: W.A. Mozart
1. Allegro [11:58]
2. Allegretto [7:59]
3. Allegro assai – Cadenza: Wolfgang Amadeus Mozart [7:53]
Ch’io mi scordi di te… Non temer, amato bene, K.505
(Varesco)
4. Ch’io mi scordi di te? [1:53]
5. Non temer, amato bene [3:15]
6. Alme belle, che vedete [5:07]
Piano Concerto No.23 in A, K.488
Cadenza: Ferruccio Busoni
7. Allegro [10:42]
8. Adagio [7:38]
9. Allegro assai [7:56]
Hélène Grimaud – Piano
Mojca Erdmann – Soprano
Kammerochester des Bayerischen Rundfunk
A cadenza de Busoni para o concerto no. 23 foi o estopim da desavença entre Grimaud e Claudio Abbado: https://latimesblogs.latimes.com/culturemonster/2011/11/h%C3%A9l%C3%A8ne-grimauds-mozart-without-claudio-abbado-.html
Não sabia desta confusão. Apenas achei belíssimo o CD. Aliás, mais uma razão para gostar de Ehnes. Muitas vezes, ele escreve suas próprias cadenze, como fez nos concertos de Mozart.
Realmente concordo que a Helena tem seus momentos.
E esse disco é um dos bons.
Mas, na minha humilde opinião (e gosto), Para a sua gravação de 2007 do concerto no. 5 de Beethoven, só tenho uma palavra para descrever: Desbundante!
Uma bela palavra!