Amigos, aqui temos um Beethoven (1770-1827) quase que desconhecido. A música incidental que o mestre de Bonn compôs sobre o texto patriótico do autor vienense August von Kotzebue (1761-1819), foram escritas para a inauguração de um novo teatro em Peste. A primeira “Die Ruinen von Athen”, para a qual Beethoven escreveu uma abertura e oito números dramáticos como seu Opus 113; a segunda “König Stephan”, Opus 117, uma abertura e mais nove números musicais. Apesar de algumas ideias bacanas e de alguns surpreendentes efeitos sonoros, nenhuma dessas obras se aproxima de seu mais alto padrão.
À medida que as guerras napoleônicas reviravam a Europa do século XIX, membros da nobreza e da aristocracia daquela época estavam com menos escolhas de locais para passar as férias de verão. Uma das opções, porque estava em território neutro, era Teplitz (hoje na República Checa) tornou-se o destino para numerosos aristocratas vienenses e cidadãos mais abastados. Foi aqui, no verão de 1811, que Beethoven rapidamente compôs as partituras incidentais para “König Stephan”, op. 117 e “Die Ruinen von Athen”, op. 113 enquanto se recuperava de problemas de saúde. Ambas as obras foram encomendadas para a abertura do novo teatro imperial em Peste em 10 de fevereiro de 1812. A ocasião foi patriótica, e apesar de “König Stephan” ser ostensivamente uma homenagem a um antigo rei húngaro (subtítulo da obra é “Primeiro Benfeitor da Hungria”) , na verdade, é uma homenagem (puxada de saco mesmo) ao então Kaiser austro-húngaro Francisco I. Em 1808, o imperador encomendou a construção de um grande teatro em Budapeste, para aliviar as derrotas sofridas para as tropas napoleônicas e avivar os sentimentos nacionalistas no povão, além de celebrar a lealdade Hungria para com a monarquia austríaca. A época do evento de comemoração a peça “König Stephan” foi o prólogo e “Die Ruinen von Athen” o epílogo.
De quebra o CD nos traz uma versão da abertura “Die Geschöpfe des Prometheus”, op.43.
Die Ruinen von Athen, incidental music Op.113/114 (1811 rev. 1822)
Como mencionamos acima a música foi escrita para a inauguração do novo teatro em Peste (vale lembrar que a capital da Hungria é dividida pelo Danúbio, a metade baixa é Peste e a metade alta Buda). Uma segunda abertura foi escrita em 1822 para a mesma peça. Foi composta especificamente para a reabertura do Teatro de Viena em Josefstadt em 1822. Talvez a música mais conhecida das Ruínas de Atenas seja a Marcha Turca , um tema popular, mesmo as pessoas que não são ávidos ouvintes de música clássica estão familiarizados. Beethoven em sua genialidade orquestrou as “seis variações sobre um tema original, op. 76” e utilizou na obra como “Marcha turca” (coloquei estas variações também no arquivo de download).
Sobre a peça, trata-se de um tema histórico das lutas de um povo por sua independência nacional, que atendia aos desejos dos governantes, terminando com a glorificação da casa dos Habsburgos. A deusa da antiguidade Minerva, despertada de um sono de dois mil anos, escuta a conversa de um casal grego que se queixa da miséria de seu povo oprimido pelos turcos e perda de sua capital. Ela incita os gregos à vingança e é conduzida por Mercúrio a Peste, onde assiste à inauguração do novo teatro e à procissão triunfal de Tália e Melpone. Júpiter coloca entre as estátuas das duas o busto do Imperador Franz, que é coroado por Minerva. Beethoven inclui na abertura peças centrais das cenas (entre outras o prólogo cromático ao dueto do casal grego, no qual se pode reconhecer a ideia de Beethoven sobre música grega da antiguidade) personificando o tipo de música de ópera que, separadamente da sequência de cenas da peça, é muito executada em salas de concerto.
1.Overture: Andante con moto. Allegro, ma non troppo
2.Chorus: Tochter des mächtigen Zeus
3.Duet: Ohne Verschulden Knechtschaft dulden
4.Chorus of Dervishes: Du hast in deines Armels Falten
5.Marcia alla turca: Vivace (‘Turkish March’)
6. Melodrama
7.March and Chorus: Schmückt die Altäre
8.Recitative: Mit reger Freude die nie erkaltet
9.Chorus: Heil unserm König, Heil!
Sandor Solyom-Nagy Baritone,
Margit Laszlo Soprano,
Geza Oberfrank Conductor,
Hungarian Radio and Television Chorus Choir,
Budapest Philharmonic Orchestra Orchestra
10. Beethoven Variacoes op 76, piano Sviatoslav Richter
König Stephan, Op. 117
O título refere-se ao rei Estêvão I, fundador do reino da Hungria no ano 1000. A peça exalta as conquistas do rei. Também comemora a esperança em novos tempos de confiança e prosperidade. “Saúde aos nossos netos, eles vão olhar, / o que o espírito profético reconheceu! / Torna-se sua confiança infantil / a coroa mais linda de diamantes! / Dando caridade, diariamente novo, / o rei paga em um futuro distante / a fidelidade imutável, / seu povo é grato a ele! / Salve aos nossos reis! Salve ao rei! “
1.Overture
2.Chor: Ruhend von seinen Taten; Seid mir gegrüßt an dieses Thrones Stufe
3.Chor: Auf dunklem Irrweg in finstern Hainen; Fürst! Mich sandten die Edlen im Heere
4.Victory March
5.Chor: Wo die Unschuld Blumen streute
6.Chor: Eine neue strahlende Sonne
7.Priestly March – Heil unserm Konige! (Chorus)
Sandor Solyom-Nagy Baritone,
Margit Laszlo Soprano,
Geza Oberfrank Conductor,
Hungarian Radio and Television Chorus Choir,
Budapest Philharmonic Orchestra Orchestra
Die Geschöpfe des Prometheus, op.43
Geza Oberfrank Conductor,
Hungarian Radio and Television Chorus Choir,
Budapest Philharmonic Orchestra Orchestra
Ammiratore