O que podem ter em comum esses dois mestres da música sacra do continente latino-americano, José Maurício Nunes Garcia e Domenico Zipoli, além de terem vivido no cone sul do continente e defenderem o canto litúrgico?
Ambos provinham de famílias pobres e tiveram que custear os estudos musicais com o seu trabalho, dado aula e sendo organista de capelas e catedrais. Ambos demonstraram, desde cedo, a vocação musical e os dotes necessários para a carreira. Tanto Zipoli quanto José Maurício foram precoces em suas composições (o primeiro, com 20 anos, ombreava com compositores renomados, fazendo parte de uma obra coletiva, o segundo, aos 16 anos compunha a sua primeira obra. Os dois, quando decidiram pela vida religiosa e pelo sacerdócio, já possuíam um nome e um respeito no mundo musical. Zipoli era um homem do mundo. Antes de vir para o continente latino-americano, para as missões jesuítas, circulou por grandes centros musicais da Itália e da Espanha. O Pe. José Maurício jamais saiu do Rio de Janeiro. Entretanto, possuía conhecimento invulgar sobre toda a tendência musical na época. Zipoli conseguiu estudar com os melhores mestres da Itália. O Pe. José Maurício teve seus mestres no Rio de Janeiro. Entretanto, a sua capacidade e talento invulgares permitem-nos imaginar que, com os mestres de Zipoli, quão maior teria sido o Pe. José Maurício. Quanto à filiação musical, Zipoli era barroco, ao passo que o Pe. José Maurício era clássico.
Por último, ambos tiveram uma produção musical extensa e variada. Durante muito tempo, a quase totalidade dessa obra esteve perdida. Pelo trabalho incessante de pesquisadores, grande parte da produção artística desses dois compositores foi recuperada.
(extraído do encarte)
Domenico Zipoli (1688 – 1726)
01. Missa Santo Inácio – 1. Kyrie – Kyrie eleison
02. Missa Santo Inácio – 2. Kyrie – Christie eleison
03. Missa Santo Inácio – 3. Kyrie – Kyrie eleison
04. Missa Santo Inácio – 4. Gloria – Gloria in excelsis Deo
05. Missa Santo Inácio – 5 .Gloria – Et in terra pax hominibus
06. Missa Santo Inácio – 6. Gloria – Gratias agimus tibi
07. Missa Santo Inácio – 7. Gloria – Domine Deus, Rex celestis
08. Missa Santo Inácio – 8. Gloria – Domine Fili unigenite, Jesu Christe
09. Missa Santo Inácio – 9. Gloria – Domine Deus, Agnus Dei
10. Missa Santo Inácio – 10. Gloria – Qui tollis peccata mundi, miserere nobis
11. Missa Santo Inácio – 11. Gloria – Qui tollis peccata mundi
12. Missa Santo Inácio – 12. Gloria – Suscipe, deprecationem nostram
13. Missa Santo Inácio – 13. Gloria – Qui sedes ad dexteram Patris
14. Missa Santo Inácio – 14. Gloria – Quoniam Tu solus Sanctus, Tu solus Dominus
15. Missa Santo Inácio – 15. Gloria – Quoniam Tu solus Sanctus, Tu solus Altissimus
16. Missa Santo Inácio – 16. Gloria – Cum Sancto Spiritu
17. Missa Santo Inácio – 17. Credo – Patrem omnipotentem
18. Missa Santo Inácio – 18. Credo – Et incarnatus est de Spiritu Sancto
19. Missa Santo Inácio – 19. Credo – Crucifixus etiam pro nobis
20. Missa Santo Inácio – 20. Credo – Et resurrexit tertia die
21. Missa Santo Inácio – 21. Credo – Et vitam venturi saeculi
22. Missa Santo Inácio – 22. Sanctus – Sanctus, Sanctus, Sanctus
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
23. Salmo 115 – 01. Credidi, propter quod locutus sum
24. Salmo 115 – 02. Gloria Patri
25. Salmo 115 – 03. Sicut erat in principio
26. Salmo 119 – 01. Ad dominum cum tribularer clamavi
27. Salmo 119 – 02. Gloria Patri
28. Salmo 119 – 03. Sicut erat in principio
29. Salmo 139 – 01. Eripe me, Domine, ab homine malo
30. Salmo 139 – 02. Gloria Patri
31. Salmo 139 – 03. Sicut erat in principio
Missa Santo Inácio & Salmos I, II e III – 2004
Orquestra e Madrigal Unisinos
Roberto Duarte, regente
Flávia Fernandes, soprano
Angela Diel, mezzo-soprano
Marcos Liesenberg, tenor
Daniel Germano, baixo-barítono
Gravado na Igreja de Nossa Senhora das Dores, em Porto Alegre, RS, nos dias 11, 12 e 13 de junho de 2004.
Trilhas sonoras e encarte gentilmente cedidos pelo nosso ouvinte Fernando Santos. Não tem preço!!
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (com encarte)
MP3 320 kbps – 133,5 MB – 56,7 min
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Boa audição.
.
Avicenna
Zipoli deveria ser consagrado como o maior expoente musical do séc. XVIII nas Américas, ou ao menos na primeira metade dele.
Concordo, CVL, tanto que tenho me concentrado nas obras dele para a ampliação do meu acervo.
Belo post, mas, talvez por um escusável lapso do talentoso blogueiro, faltou mencionar importante dado: em que parte do continente americano viveu Zipoli – precisamente em Córdoba, Argentina.
Obrigado pela observação, SoyGardel. Diz a Wikipedia:
“Durante los primeros meses de 1716, Zipoli viajó a Sevilla, donde ingresó directamente en la Provincia jesuítica del Paraguay el 1 de julio y comenzó su noviciado. Se trasladó a Sudamérica durante el año siguiente, estableciéndose en Córdoba (Argentina). Allí completó sus estudios en teología y filosofía, como preparación para ser ordenado sacerdote. Debido a que la sede obispal de Córdoba se encontraba vacante, la ceremonia nunca se realizó. Falleció en 1726 debido a una enfermedad infecciosa de origen desconocido. Aunque se la ha identificado como tuberculosis, no existe ninguna prueba al respecto.”
Zípoli foi, sem dúvida, um compositor muito interessante. Particularmente, tenho muita difculdade com essas gravações “modernas” de música barroca. Há uma coleção de música hispana-americana gravada pelo selo K617, que para mim, é imbatível.Especialmente as do Gabriel Garrido, com o “Coro de niños de Córdoba”. Ha´uma aspecto muito curioso a respeito do Zípoli. Ele escreveu praticamente toda a sua música sacra, na colônia, a 3 vozes (SAT), e não a 4(SATB). Os índios guaranis não desenvolviam o timbre de baixo. Cantavam os agudos com muita facilidade. Acho um pouco arriscado porém, os superlativos sobre qualquer um desses compositores, pois ainda há uma quantidade de música inimaginável para ser avaliada no continente americano. Países como o Perú,a Colômbia, Chile, Guatemala e México têm produção musical de altíssima qualidade a partir do sec.XVI. Compositores como Ignacio de Jerusalem, Manuel de Sumaya, Roque Cerruti, Torrejón y Velasco, Gaspar Fernandes (português que foi mestre de capela da Catedarl da Guatemala)e, José Campderrós ainda estão mal avaliados. Os arquivos históricos nesses países ainda estão abarrotados de manuscritos para serem recuperados. Há quase tantos orgãos históricos no México, quanto na Itália. portanto, esse nosso continente ainda terá muito a nos revelar. E isso é uma maravilha!
Por que parou de postar em formato não-comprimido (flac)?
Eu não possuo o CD original desta postagem, Cleverson.
Avicenna
Qual é o rótulo e o número deste cd?
Eu não possuo o CD original desta postagem, Uriel
Avicenna