Vocês vão adorar este álbum!
El Eco de Indias
Villancicos del Barroco Americano
Ars Longa de La Havana
.
Essa postagem estava dobrada: uma com o álbum comprado em Havana pelo Bisnaga e outra com o álbum cedido pelo Professor Paulo Castagna ao Avicenna. Repostamos hoje unindo ambas.
La música es la verdadera historia viviente de la humanidad. (Elias Canetti, Bulgaria, 1905 – Suiza, 1994, Premio Nobel de Literatura)
…E a internet resolveu fazer Avicenna novamente de vítima (esta postagem foi ao ar inicialmente em uma segunda-feira em que nosso amigo estava sem internet)…
Por sorte o telefone ainda funcionava e ele me ligou em busca de um socorro: não era admissível deixar que a segunda-feira ficasse vazia de música colonial! Não sei por que cargas d’água ele foi telefonar justo para mim, que devo ter o menor acervo dentre os colegas pequepianos, mas, já que estou aqui, vamos ver o que acho no meio das minhas coisas… Foi então que me veio uma luz celeste dourada e uma voz grave, impostada e poderosa disse-me: “posta aquele CD cubanoooo“!
Sim, sim! Com essa iluminação, resolvi preencher este espaço com El Eco de Indias: Villancicos del Barroco Americano, adquirido em Havana, Cuba, numa escala de dois dias feita numa viagem que me levava a um congresso. Foi uma aquisição movida pela curiosidade, totalmente despretensiosa. Nunca achei que um dia divulgaria este álbum!
Bom, e do que se trata? Como o nome diz, el Eco de Indias é resultado de um belíssimo trabalho do grupo Ars Longa, de resgate de Cânticos do Barroco Hispano-Americano, com obras de compositores de seis países: Cuba, Peru, Colômbia, Bolívia, México e Espanha. O mais interessante é a preocupação do conjunto de recuperar cantos profanos, que são a maior parte dos que compõem o álbum. Geralmente a música religiosa era mais organizada, mais oficiosa: as igrejas tinham seus mestres de capela, seus maestros e compositores e, por isso, a grandessíssima maioria das composições do período colonial americano que chegou até nossos dias é a que ficou registrada em partitura e foi arquivada, feita para e guardada pela Igreja. A música popular existia e era executada em grande número, porém, essa música era mais casual e muitas vezes os executores apenas a reproduziam por memorização, sem que houvesse qualquer registro físico da melodia. Poucas eram as músicas profanas transcritas em partitura e muito raras as que foram preservadas e chegaram aos dias de hoje. Neste álbum, até mesmo as músicas de Natal e Corpus Christi são de caráter popular, ou seja, têm características diversas das estritamente religiosas e não foram encomendadas pela Igreja para tais festividades. Eram cantadas nas casas, nas ruas, nas festas familiares e, por um felicíssimo acaso do destino, acabaram escritas seus registro sobreviveram. E não por coincidência, mas com muita pesquisa, esses cânticos foram encontrados aqui e ali, em arquivos, em salas poeirentas nos fundos de igrejas, misturados a partituras sacras, e foram primorosamente selecionados e executados pelo Ars Longa, com instrumentos de época e todos os cuidados para reconstituir suas sonoridades originais da forma mais fiel possível.
Cantar los villancicos de América nos acerca a un interesante mundo de transculturaciones que dieron diferentes estilos a un mismo género. La expresión musical en las nuevas tierras conquistadas, aún bajo el influjo de las escuelas europeas, va adquiriendo poco a poco determinados matices y rasgos autóctonos que le confieren una identidad enteramente americana.
Ars Longa, partiendo de una incesante labor de investigación, nos propone en el presente disco una selección de villancicos americanos de los siglos XVII y XVIII. Estos no se hallan asociados solamente a la tradicional festividad de la Navidad, sino que también se dedican a la Virgen, la celebración del Corpus Christi y otras festividades populares con obras exponentes de las diferentes variantes del villancico como son: de negros, juguetes, rorros y jocosos.
En España, ya desde finales del siglo XV y principios del XVI, los villancicos eran cantados como parte del oficio divino, intercalados entre los responsorios de la hora de maitines durante las fiestas de Navidad. Esta costumbre permaneció hasta entrado el ochocientos. En el siglo XVII el villancico, tradicionalmente polifónico, incorpora rasgos estilísticos del barroco como la monodía, la policoralidad, el bajo continuo y la composición de partes instrumentales.
La tradicional estructura estribillo-copla-estribillo, se amplía en el siglo XVIII – época de auge del villancico religioso – hasta semejar la estructura de una especie de cantata barroca que incorpora introducción instrumental, recitados y arias.
El trasplante a América del villancico produjo, como en toda nuestra música, un proceso de interinfluencias que de acuerdo al acervo cultural de cada país aportó a este género una amplia gama de modos de hacer en la melodía, el ritmo, y otros medios expresivos.
Existe una encarnizada polémica sobre la manera en que se deben interpretar las obras del barroco americano en cuanto a los medios expresivos y al acompañamiento. Se discute acerca de si es correcto o no añadir instrumentos que no aparezcan originalmente en la partitura. Sobre este tema coexisten dos criterios fundamentales: uno aboga por la ejecución exacta de la partitura y otro añade instrumentos de la época o justificados por él carácter festivo y danzado de la obra, como sucede con la percusión que se añade a los villancicos de negros, de Corpus y juguetes.
Ars Longa, evadiendo un principio arqueológico, reinterpreta los villancicos con una visión musical contemporánea que trata de acercarnos a lo real maravilloso del mundo sonoro ameriano. No se trata de reconstruir con un criterio museable los cantos entonados en nuestras iglesias y catedrales en los siglos XVII y XVIII, sino de que a las puertas del siglo XXI y a cuatrocientos años de distancia sonora de estas obras, disfrutemos la música de Nuestra América.
(Miriam Escudero Suástegui, extraído do encarte)
O álbum inteiro é uma grande raridade: as músicas são raras e nem encontramos o CD no Amazon para venda; seria necessário viajar para Cuba para adquiri-lo. Para poupá-los de tão extensa viagem (embora a recomende fortemente), lhes trago hoje estes sonoros ecos das Índias.
Ouça com muita atenção estas pérolas! Inestimáveis!
Acha que eu tô brincando? Escute essa faixa:
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Ars Longa
El Eco de Indias: Villancicos del Barroco Americano
Anônimo (Peru, séc. XVIII)
01. Pasaqualyto – Anônimo (Peru, século XVIII)
Tomás de Torrejón y Velazco (Espanha, 1644 – Peru, 1728)
02. Desvelado dueño mío
Anônimo (Peru, séc. XVIII)
03. Un Juguecito de fuego
Juan Gutiérrez de Padilla (Espanha, 1590 – México, 1664)
04. Oíd Zagales Atentos
Juan de Herrera (Colômbia, c. 1665 – 1738)
05. A la Fuente de Bienes
Juan de Araujo (Espanha, 1646 – Peru, 1712)
06. Ay andar, andar
Anônimo (Peru, séc. XVIII)
07. Un monsieur y un estudiante
Esteban de Sala y Castro (Cuba, 1725 – 1803)
08. Un musiquito nuevo
09. Que niño tan bello
Anônimo (Bolívia, séc. XVIII)
10. El día del Corpus
Antonio de Salazar (México, 1650 -1715)
11. Digan, digan quien vio tal
Alonso Torices (Espanha, séc. XVIII)
12. Toca la Flauta
Ars Longa, Conjunto de Música Antiga (Cuba)
Tereza Paz, soprano e flautas doces
Gertrudis Vergara, soprano e flautas doces
Raquel Rubí, Mezzo-soprano e percussão
Iván César Morales, Tenor e percussão
Alain Alfonso, contratenor, contrabaixo, flautas doces
Ariel Sarduí, violino
Reinier Guerrero, violino
Aland Lopez, viola de mão
Judith Jardines, harpa
Taylis Fernándes, viola da gamba
Tereza Paz, direção
1998
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
XLD RIP | FLAC 278,8 MB | HQ Scans 1,2 MB |
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
MP3 320 kbps – 135,4 + 1,2 MB – 56 min
powered by iTunes 11.2.1
Depois nem precisamos mais ir a Cuba: o musicólogo Prof. Paulo Castagna nos emprestou. Não tem preço !!!
Partituras e outros que tais? Clique aqui
…Mas comente… O álbum é supimpa, merece um retorno…
Avicenna & Bisnaga
Caríssimo Bisnaga
Comentar, e elogiar o PQP é “chover no molhado”. Mas bem sei que os comentários são a alma e “pagamento” da generosidade com que nos contemplam.
Excelente o disco, como outros que postou. Agradeço. E a todos os demais da equipe
Um pequeno reparo e sugestão, ou ajuda. A faixa 3, “Um joguecito de fuego” segundo o RAR, está corrompido. baixei no Mediafire. Estaria tb. no Rapidshare?
Se for o caso, poderia dar uma força?
Ih, é o mesmo arquivo RAR, tanto no Rapidshare quanto no Mediafire…
Na pasta original está normal. Vou compactar de novo e ver se consigo substituir o arquivo ainda hoje.
abraços
Belo cd, feliz aquisição despretensiosa, supriu com louvor nossa segunda-feira colonial, e gostei também da piadinha. Só fico triste em saber que Avicenna está com problemas de internet…logo ele, que começou a postar arquivos menos comprimidos.
Amigos,
estou escrevendo enqto estou baixando, assim não sei se há problemas aqui. No mais, é agradecer por essa postagem de início de semana. Como se disse acima, elogiar a turma responsável por esse blog é “chover no molhado”!
Legal a piadinha. Acho que o Avicenna deveria mudar de plano de internet, se é que o problema é com o plano…
P.S> Você é entendido, hein, Bisnaga! Parece até o Avicenna… rsrsrs
Pronto, pessoal.
Arquivos substituídos. Acho que agora deve estar tudo em ordem.
Abraços gerais
Sou um boçal em música colonial, agradeço o esforço.
A faixa 2, Desvelado Dueño Mío, é daquelas coisas que me fazem me sentir de um jeito que só posso chamar de estado de graça… ¡Gracias, muchísimas gracias, Señor Bisnaga!
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Um tesouro, muito obrigado.
Ficou excelente, Bisnaga!!
Avicenna
😀
Agradeço muitíssimo. Quem ainda não ouviu, que ouça! Primoroso, brilhante, um regalo para os ouvidos. E ainda poupou uma viagem até Cuba! (rs) Eu pensei que não fosse possível melhorar aquilo que já estava excelente, mas este site está cada vez melhor…
Quanto mais raro, mais inusitado, mais prazer nos dá postar! É como encontrar uma pérola num imenso mar!
E sempre fica a sensação (e a certeza) de que há uma imensidão de coisas maravilhosas que ainda não nos foi dado o prazer de conhecer. A sede de encontrar esses tesouros musicais é maior a cada postagem!
Impressionante a qualidade musical deste grupo cubano.
Ars Longa é sinônimo de qualidade, Wottan!
Avicenna & Bisnaga