Paulo Ronqui – Paulicéia: obras paulistas para trompete solo [link atualizado 2017]

MUITO BOM !!!

Quem diria, heim: o violista aqui postando obras pra trompete… Isso é sinal de que só pode ser coisa boa. O solista deste álbum que vos apresentamos hoje é o entusiástico Paulo Ronqui, importante trompetista que, apesar de jovem, é nome já muito respeitado no meio. Este CD que apresento para vocês é um trabalho minucioso que faz um panorama das obras paulistas dedicadas ao trompete, partindo desde o século XIX até anos bem recentes.

Na verdade seria bem difícil encontrar alguma composição para trompete no período colonial brasileiro: nos três primeiros séculos desses limites que hoje chamamos Brasil, a música que se registrava (e que por isso chegou até nós) era a religiosa, com solos quase que exclusivamente vocais. Com a chegada da Família Real ao país em 1808 muita coisa muda, uma delas é o surgimento e a rápida proliferação de bandas marciais: os instrumentos de sopro se tornam mais populares e mais presentes no cotidiano das cidades e na vida das pessoas. Com algum tempo, compositores, especialmente a partir do período romântico, passaram a debruçar-se sobre as páginas pautadas para escrever obras para esse que é um dos instrumentos de maior destaque nas bandas (e que ganha papel mais relevante também nas orquestras a partir do século XIX). Por esse motivo as obras mais antigas deste álbum são duas singelas melodias do compositor romântico José Pedro de Sant’Anna Gomes (sim, sim, é parente de Carlos Gomes, irmão mais velho dele), criado na música na banda de seu pai, Manoel José Gomes.

No século XX a música se diversifica bastante e novos compositores escrevem para o trompete, agora em número muito maior, por isso a quase totalidade das obras deste CD serem de compositores contemporâneos (aliás, na época de produção do disco, apenas Sant’Anna Gomes e Camargo Guarnieri eram falecidos). Paulo Ronqui mostra grande versatilidade para dar conta de peças tão variadas, com acompanhamentos e levadas tão diferentes, desde obras mais lentas, como a Norma Jeane de Mojola até outras mais rítmicas e sincopadas como a Invocação de Oswaldo Lacerda e o Ponteio de Villani-Côrtes, passando por outras de estrutura composística complexa, como o estudo de Camargo Guarnieri.

É um conjunto diversificado e rico, que demonstra muito bem as possibilidades e sonoridades desse instrumento fascinante! Ouça! Ouça!

Paulo Ronqui
Paulicéia: obras paulistas para trompete solo:

Oswaldo Lacerda (São Paulo, SP, 1927 – São Paulo, SP, 2011)
01. Invocação e Ponto, para trompete e orquestra
02. Invenção para trompete, trompa e trombone

Edmundo Villani-Côrtes (Juiz de Fora, MG, 1930)
03. Concerto no. 1 para trompete, I. Ponteio para as Alterosas
04. Concerto no. 1 para trompete, II. Aquífero-Guarani
05. Concerto no. 1 para trompete, III. Valsa Rancheira

Eduardo Escalante (Buenos Aires, Argentina, 1937)
06. Duo No. 14 para trompete e violão
Celso Mojola (Jundiaí, SP, 1960)
07. Norma Jeane, para trompete e piano
Mozart Camargo Guarnieri (Tietê, SP, 1907 – São Paulo, SP, 1993)
08. Estudo para trompete em Dó
José Pedro de Sant’Anna Gomes (Campinas, SP, 1834 – Campinas, SP, 1908)
09. Andante
10. Bolero

Ernst Mahle (Stuttgart, Alemanha, 1929)
11. Concertino para trompete e orquestra

Paulo Ronqui, Trompete (faixas 1 a 11)
Isac Emerick, Trompa (faixa 2)
Robson de Nadai, Trombone (faixa 2)
Rafael dos Santos, Piano (faixas 3, 4, 5, 9, 10)
Clóvis Barbosa, Violão (faixa 6)
Maria José Carrasqueira, Piano (faixa 7)
Fernando Hashimoto, Percussão
Aylton Escobar, Regência (faixas 1 e 11)
Orquestra de Cordas do CD (faixas 1 e 11):
Campinas, 2005

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Ouça! Deleite-se! … Mas, antes ou depois disso, deixe um comentário…


……….“Eu não acerto essa nota com muita frequência!”

Bisnaga

11 comments / Add your comment below

  1. Elogiar o P.Q.P.BACH e seu trabalho é chover no molhado. Mais uma vez devo agradecer pela magnanimidade e gosto apurado de vocês. Gosto muito do trompete, e embora não tenha ouvido a novidade, sei que vou gostar.
    Ademais, aprecio a valorização que dão aos nossos compositores publicando suas obras. Como cantava Elis:”O Brasil não conhece o Brasil”.
    Agora reparei que há um novo ‘pequepiano’ na equipe, o Bisnaga. Seja benvindo!

    1. Opa, Gladis. Tô na turma desde dezembro passado e tenho focado mais em música brasileira. Tem uma batelada de Carlos Gomes aí e um tanto de José Siqueira e Baptista Siqueira. Aguarde que teremos Alberto Nepomuceno e Henrique Oswald nos próximos meses.
      Continue de olho nas postagens.
      Abraço

    1. Ah, é? Um trompetista uma vez disse: “Eu toco tão forte quanto o Louis Armstrong, tão agudo quanto o Maynard Ferguson, tão bem quanto Dizzy Gillespie e sou tão criativo quanto o Chet Baker”. Depois que ele tocou, o maestro disse: “Sabe, acho que seria melhor se você tivesse morto que nem o Miles Davis”. rsrsrsrs
      Mas, deixando de lado essas piadinhas, eu sempre gostei do trompete, tanto é que, pelo que me lembro, sonhava em tocar um. Mas depois, comprei um teclado, e aí já viu. Parabéns pela postagem, e gostei do desenho também. Agora, se quiserem rir, eu posso contar piadas de violistas…

        1. hahaha (sorriso amarelo)
          Brincadeira, He will be Bach. Eu rio também com as piadinhas de violistas.
          Ah, prepara-te para o maravilhosos concerto para viola do Rosetti que estou organizando para postar.

          1. Eeeebaaaaa!

            E, agora, insultando um instrumento que não tinha entrado na história:

            A trompa é um instrumento divino! Só Deus sabe o que sai de lá!
            (Ouvida a Irineu Franco Perpétuo, antes de um concerto no Masp)

  2. O P.Q.P. Bach é uma ilha de bom gosto no imenso oceano de desconstrutivismo musical que é este país. Estou fazendo o download do álbum ainda, mas sempre gostei muito do trompete e sei que, vindo do P.Q.P., coisa ruim não é!

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