O disco abaixo é bastante delicioso. É um registro instigante com Philip Glass. Na verdade, trata-se da trilha sonora do filme “As Horas” (2002) do diretor Stephen Daldry. A película em si é um belo poema de cunho existencial baseado no livro homônimo de Michael Cunninghan. Cunninghan, por sua vez, teve por motivo temático, o livro “Mrs. Dalloway” da escritora inglesa Virgínia Woolf . Já vi ao filme “As Horas” algumas vezes. Cada vez que o vejo, fico com aquela impressão de silêncio e embasbacamento. O filme conta a história de três mulheres separadas pelo tempo. Elas estão conectadas pelo livro Mrs. Dalloway. Em 1923 vive Virginia Woolf (Nicole Kidman), autora do livro, que enfrenta uma crise de depressão e ideias de suicídio. Em 1951 vive Laura Brown (Julianne Moore), uma dona de casa grávida que mora em Los Angeles, planeja uma festa de aniversário para o marido e não consegue parar de ler o livro. Nos dias atuais vive Clarissa Vaughn (Meryl Streep), uma editora de livros que vive em Nova York e dá uma festa para Richard (Ed Harris), escritor que fora seu amante no passado e hoje está com AIDS e morrendo. Em suma: a ficção do livro é humanizado pelo drama existencial de cada um dos personagens. As três personagens vivem ao seu modo a angústia, o medo e o desalento das horas que passam a trazer revelações sobre o nada. A vida não é aquilo que se planejou, pois os momentos imparciais que passam trazem aquilo que não pode ser controlado. A música de Glass se encaixa com perfeição neste mosaico com três peças – a massa que liga os elementos do quebra-cabeças é o livro. A trilha sonora possui um tema básico, contínuo, que “caminha” à semelhança de rio. A música evoca a vida e a vida não é nada mais nada menos do que suceções de horas. É um filme muito bonito que deve ser visto e que possui uma trilha sonora muito bem elaborada pela competência de Philip Glass. Não deixe de ouvir. Boa apreciação!
Philip Glass (1937-) – As Horas (The Hours) – trilha sonora
01. The Poet Acts
02. Morning Passages
03. Something She Has To Do
04. “For Your Own Benefit”
05. Vanessa And The Changelings
06. “I’n Going To Make a Cake”
07. An Unwelcome Friend
08. Dead Things
09. The Kiss
10. “Why Does Someone Have To Die?”
11. Tearing Herself Away
12. Escape!
13. Choosing Life
14. The Hours
Philip Glass, compositor
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Carlinus
Ótimo ver que este blog está se voltando mais à música dos nossos dias.
Eu confesso, CVL, que preciso ouvir mais a música dos nossos dias. Demoro a fazer concessões. Sou ortodoxo.
E a boa música tá lá presa no tempo? A música dos nossos dias é a música de todos os tempos. Aliás, o tempo é só mais uma invenção humana. Este blog é atemporal, rsrs. PQP, libera o novo do Nelson por favor!!
Quem vai liberar sou eu, CVL, mas só se chegar a 500 dloads do Chopin Gold.
Bom dia, CVL!
O lance não é a quantidade de “ouvintes” do blog, mas a qualidade deles. Senão a coisa vira rádio pop FM. Hahaha. Por favor, libera o novo do Nelson que a taxa de downloads vai pra 5000.
Merci beaucoup mon pôte,
Saulo.
Poxa, mediafire? 🙁
Nada contra as rádios pop FM. Se não fosse o modelo delas, não teríamos uma Classic FM na Inglaterra. Eu quero quantidade também, pois música clássica não é música de gueto e não é mais de elite.
Tudo contra as rádios pop FM. De cada 10 minutos, 1 é de enlatado musical e os outros 9, comerciais ridículos que só fazem imbecilizar as pessoas. Quem realmente precisa de rádio? Melhor seria que existisse um senso comum de valorização da verdadeira música e que todos passassem a ter acesso e a ouví-la ao vivo, como tem de ser. Acredito que isso seja realizável com muito trabalho. E olhe que não rotulei nenhuma manifestação musical, pois deveria ser óbvio para os que frequentam esse blog que só existe dois tipos de música: a boa e a ruim. Você é capaz de sequer desviar sua atenção quando escuta uma sonata de Mozart pra lembrar que a rotularam ditadicamente de “clássica”? Se o faz, não sinto muito. A grande arte (e a música como a maior delas) nunca esteve nem nunca estará embasada diretamente em critérios socioeconômicos. A questão de sua recepção acontece através da sensibilidade estético-artística de cada pessoa. E não há professor no mundo, caro CVL, que ensine como desenvolvê-la, já que se trata do indivíduo e de sua intuição. Claro que o contato assíduo com a boa música estimula o despertar de humanidade em cada um. Momento magicamente memorável aconteceu quando um ajudante de pedreiro que trabalhava perto de casa me disse: “Pô, que coisa bonita. Que que é isso?”. Era o primeiro movimento do concerto pra violino em ré de Brahms.
Agradeço pela breve comunicação e faço votos para que aproveite a quantidade das coisas. Antes de finalizar, gostaria de perguntar-lhe como posso contribuir com mais gravações para o blog. O conheço há alguns meses, mas ainda não tive a oportunidade de contribuir com meus arquivos digitais. Esclareço que postarei o que tenho sem o enigmático e ilógico critério de número de downloads. É que tenho poucas coisas, mas são boas coisas. Caso interprete esta resposta como insulto, digo-lhe de antemão que meu objetivo era o de fomentar uma pequena, construtiva e madura discussão sobre o trágico papel da mídia de massa, incluindo a venda direta e indireta da chamada música “erudita”.
Atenciosamente,
Saulo.
Numa boa, Saulo. Não o interpreto ofensivamente.
Concordo que o despertar para a música “boa” se dê pela inclinação interior e que a melhor maneira de “experienciar” a música seja ao vivo, mas também não é porque quase que só tocam “porcaria” nas rádios FM que vou condenar o modelo delas e dizer que ele não pode ser utilizado para disseminar a música “boa”. Se uma rádio (FM, AM ou que for) não pode ser considerado um canal de comunicação válido e eficiente para se propagar boa música, o mesmo pode ser dito da TV ou da Internet. Não há diferença nenhuma.
E esse papo de imbecilizar hoje em dia é passível de algum contestação. Acho que se “imbeciliza” quem quer, considerando as oportunidades que existem no cyberespaço para se ir atrás de “boa” música.
Mesmo sem entender bulhufas, sou um entusiasta da boa música. Não entendo nada de composições, arranjos, partituras,etc. Já tentei estudar um pouco a um tempo atrás, mas realmente não tenho paciência pra matemática.
Não construo nenhum conhecimento proposicional acerca da música. Só tento senti-la, sentir aquele arranjo criativo, aquele ritmo, sei lá. E como não podia deixar de ser, sou um entusiasta da música clássica. Espero poder conhecer mais sobre música clássica aqui. abraço.
Esse album ae.. só digo uma coisa: Assisti o filme “As Horas” foi incrível… eu parei e perguntei “MAS QUE MÚSICA É ESSA” sensacionais as composições de piano (Sou fascinado por composições de piano), concerteza a coisa mais sensacional em relação ao filme, o que obviamente o livro não oferece.
Pô, a primeira faixa saiu com erro…
Enviei o arquivo mais uma vez. Estava apresentando erro. Dessa vez foi enviado para o Rapidshare.
Aproveitem!
Curiosamente, o arquivo 01 tava normal comigo. O 13 é que havia dado defeito. Mas já ouvi o restante das faixas e já deu pra pegar o espírito da obra.
Por sinal, você tem Koyaanisqatsi? Aquilo é que é trilha sonora by Glass. Troco – com perdão do sacrilégio – quase qualquer peça de Bach por aquele solo hipnótico de órgão no começo do filme.
CVL, tenho sim o Koyaanisqatsi. Estou pensando em soltar na próxima semana. Eu sinceramente sou devoto daquele música.
Abração!
É um grande filme, mas pesado.
Vou baixar o disco.
Depois de ler o texto dessa excelente postagem, recorro ao auspicioso Unha Negra, nosso solicitante mais peculiar, e registro pedido no SAC-PQPBACH de repostagem desse álbum.
Assistirei ao filme por enquanto.
Ah, e sou adepto do rádio.
Abraços.