.: interlúdio :. Miles Davis: Someday my Prince will come (1961)

Jazz waltzes were still fairly rare back in 1961, and Paul Chambers’ pedal point intro keeps the meter a mystery during the opening seconds. Cobb is part of the conspiracy, and refuses to signal the downbeat, while Wynton Kelly floats over their throbbing pulse. These opening feints — forty seconds of sweetness and light — are worth the price of admission alone . . . but then Miles enters and shows how he can put his stamp on a song just by playing the melody. His solo is a minimalist canvas, perfectly matched by Kelly’s crisp comping. The swing gets stronger with Mobley’s tenor and during Kelly’s solo, but when Coltrane enters with his “sheets of sound” the temperature in the studio rises at least ten degrees. The handsome prince has arrived on a Harley, ready to burn rubber. But Chambers rushes back like a protective dueña, instilling decorum with his pedal point, and this magical performance makes a complete circle back to its starting point. What a ride! (jazz.com)

Este é um disco que, talvez injustamente, ficou marcado pela faixa-título – onde, como se não bastasse o arranjo brilhante, ainda se ouve dois solos grandiosos de Coltrane. Someday My Prince Will Come é também um período de trasição para Miles: gravado em três sessões, entre 7 e 21 de março de 1961, marcava a saída de Kind of Blue para um período de diversidade de estilos, até fixar-se nas bandas do fusion ao final daquela década. Se, por um lado, foi brilhante revendo uma valsa, as composições de Miles são, na verdade, o melhor neste álbum. Há cool jazz uptempo em “Pfrancing”, há (um adequadíssimo) blues em “Drad Dog”, e outra show de Trane em “Teo”, homenagem ao produtor e amigo. Exige do ouvinte, apenas, paciência com Hank Mobley; essas faixas seriam as últimas que Coltrane gravaria com Davis, e o “peso-médio” Mobley (nas palavras do All About Jazz), se não compromete, é prejudicado pelo desnível imediato que a assinatura sonora de Coltrane traz quando entra em campo.

Não se pode culpar Mobley, claro.

Quanto à moça da capa, uma curiosidade pessoal antiga, não encontrei nenhuma informação – a não ser que Miles condicionou o lançamento do álbum à obrigatoriedade de sua foto na fronte. Fico imaginando Miles atrás do fotógrafo, talvez um meio sorriso, amarrando com um pouco de autobiografia outro de seus grandes trabalhos.

Miles Davis – Someday My Prince Will Come (320)
01 Someday My Prince Will Come (Churchill, Morey) 9’04
02 Old Folks (Robison, Hill) 5’14
03 Pfrancing (Davis) 8’31
04 Drad Dog (Davis) 4’29
05 Teo (Davis) 9’34
06 I Thought About You (Van Heusen, Mercer) 4’53
07 Blues No. 2 (Davis) 7’08
08 Someday My Prince Will Come [alt take] 5’34

Miles Davis: trumpete
Hank Mobley: sax tenor (exceto faixa 5)
John Coltrane: sax tenor (faixas 1 e 5)
Wynton Kelly: piano
Paul Chambers: baixo
Jimmy Cobb: bateria (exceto faixa 7)
Philly Joe Jones: bateria (faixa 7)
Gravado em março de 1961 – New York City, USA
Produzido por Teo Macero para a Columbia

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (mp3 320 kbps)

Boa audição!
Blue Dog

2 comments / Add your comment below

  1. Esta turma fodíssima é quase a mesma do referido Kind of Blue, exceto pela falta de Evans e Cannonball o que não é pouca coisa. Miles nunca trilhou o caminho do free jazz preferindo o ”modalismo” que o aproximava dos impressionistas e suas escalas pentatonicas.Coltrane diferentemente largaria o grupo de Miles e junto com Ornete Colleman e Cecyl Taylor ,entre outros ,seguiria o caminho aberto por Schoenberg e Stravinsky com o atonalismo e as polirritmias que os levariam as ragas e talas hindus, dificílimas de serem ouvidas por nós ocidentais.
    Infelizmente,para mim, claro, Miles desaguou no ”Fusion” como referiu o texto, do qual eu não gosto.

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