Música soviética bem comportada, bem escrita e muito virtuosística. Khrennikov foi um cara que sempre esteve bem com o poder. Um sujeito obediente, portanto. Viveu 96 anos e, além de compositor, era pianista e presidente da União dos Compositores soviéticos. Era bom na política. Tratava-se de um puxa-saco de Stálin, que aterrorizou os principais compositores do país — Dmitri Shostakovich, Sergei Prokofiev, Aram Khachaturian e Alfred Schnittke entre eles — alegando “protegê-los”.
“Na música do camarada Shostakovich”, declarou Khrennikov, “encontramos todo tipo de coisas estranhas à arte soviética realista. Há tensão, neurose, escapismo e patologia repulsiva. No trabalho do camarada Prokofiev, a emoção natural e a melodia foram substituídas por grunhidos”. Após a queda do comunismo, Khrennikov afirmou que apenas seguia ordens. Era um oportunista habilidoso. Quando o presidente Reagan deu um banquete na embaixada americana em Moscou em 1988, Khrennikov assegurou que Mikhail Gorbachev se sentasse na mesma mesa que Alfred Schnittke, que, por um dia, só por um dia, foi festejado como um herói da nação.
No início da década de 1980, criticou a música da geração mais nova — que inclui Denisov e Sofia Gubaidulina — como “arte abstrata, decadente e elitista”. Em um de seus últimos relatórios anuais, ele se referiu de passagem a Gubaidulina como uma compositora “indesejável”; Os promotores soviéticos aceitaram sua sugestão e ela foi retirada dos concertos. Durante 20 anos, Schnittke viu recusados seus pedidos para viajar ao exterior.
Em resumo, era um filho da puta, um sujeito cortês, manipulador e intrigante que vendia sua alma musical ao diabo em troca de uma vida de luxo. Sempre bom na política, Tikhon Khrennikov recebeu inúmeras honras e prêmios, incluindo a medalha presidencial de Vladimir Putin em 2002. Na ocasião, aproveitou a oportunidade para insistir que Shostakovich e Prokofiev e os outros nunca sofreram em suas mãos.
Escreveu três sinfonias, quatro concertos para piano, dois concertos para violino, dois concertos de violoncelo, óperas, operetas, balés, música de câmara, música incidental e música de cinema. Durante a década de 1930, Khrennikov já estava sendo saudado como um dos principais compositores soviéticos oficiais. Em 1948, Andrei Jdanov, líder da campanha anti-formalismo, nomeou Khrennikov como secretário da União dos compositores soviéticos. Ele manteve este posto influente até o colapso da União Soviética em 1991.
Tikhon Khrennikov (1913-2007): Dois Concertos para Piano, dois para Violino
01. Concerto No.1 for violin Op.14 – I Allegro con fuoco
02. Concerto No.1 for violin Op.14 – II Andante espressivo
03. Concerto No.1 for violin Op.14 – III Allegro agitato
04. Concerto No.2 for piano Op.21 – I Introduction: Moderato
05. Concerto No.2 for piano Op.21 – II Sonata: Allegro con fuoco
06. Concerto No.2 for piano Op.21 – III Rondo: Giocoso – Andantino
07. Concerto No.2 for violin Op.23 – I Allegro con fuoco
08. Concerto No.2 for violin Op.23 – II Moderato
09. Concerto No.2 for violin Op.23 – III Allegro moderato con fuoco
10. Concerto No.3 for piano Op.28 – I Moderato
11. Concerto No.3 for piano Op.28 – II Moderato
12. Concerto No.3 for piano Op.28 – III Allegro molto
Evgeny Kissin, piano (Concerto Nº 2)
Maxim Vengerov, violino (Concerto Nº 2)
Tikhon Khrennikov, piano (Concerto Nº 3)
Vadim Repin, violino (Concerto Nº 1)
Tchaikovsky Symphony Orchestra of Moscow Radio
Vladimir Fedoseyev
PQP