Mestres do Barroco Mineiro – Séc. XVIII – vol. 2/2: Lobo de Mesquita: Antífona de Nossa Senhora & Ignacio Parreira Neves: Credo & Marcos Coelho: Maria Mater Gratiae & Francisco Gomes da Rocha: Novena de Nossa Senhora do Pilar

8w9imvMestres do Barroco Mineiro (Século XVIII)- vol. II

Associação de Canto Coral & Orquestra Sinfônica Brasileira – 1958

Gravação ao vivo no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1958, pela Orquestra Sinfônica Brasileira sob a regência do Maestro Edoardo de Guarnieri e pela Associação de Canto Coral sob a direção da saudosa Maestrina Cleofe Person de Mattos.

Foram utilizados 2 LPs para a digitalização desta postagem, sendo que o mais importante deles, por ser o em melhor estado de conservação, foi-nos presenteado pelo ouvinte Alisson Roberto Ferreira de Freitas, das Alterosas. Não tem preço !!!

Por mais que se tente, não se consegue um resultado esplendoroso com relação à qualidade desta digitalização, portanto sejam pacientes.

Esta postagem serve também para registrar o trabalho inesquecível da maestrina, musicóloga e professora Cleofe Person de Mattos.

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
01. Antiphona de Nossa Senhora 1. Salve Regina
02. Antiphona de Nossa Senhora 2. Aia Erge Advocata
03. Antiphona de Nossa Senhora 3. Et Jesum

Ignacio Parreiras Neves (Vila Rica, atual Ouro Preto, 1736-1790)
04. Credo 1. Patrem Omnipotentem
05. Credo 2. Sacramentum
06. Credo 3. Et Resurrexit
07. Credo 4. Sanctus
08. Credo 5. Benedictus
09. Credo 6. Agnus Dei

Marcos Coelho Neto, (Vila Rica [Ouro Preto], 1740-1806)
10. Maria mater gratiae – Himno a Quatro
Francisco Gomes da Rocha (1746-1808, Vila Rica, MG)
11. Novena De Nossa Senhora do Pilar 1. Veni Sanctu Spiritu
12. Novena De Nossa Senhora do Pilar 2. Domine ad Adjuvandum
13. Novena De Nossa Senhora do Pilar 3. Gloria Patri
14. Novena De Nossa Senhora do Pilar 4. Sicut Era in Principie
15. Novena De Nossa Senhora do Pilar 5. Invitatório: Quem Terra Pontus
16. Novena de Nossa Senhora do Pilar 6. Quem Terra, Pontus, Sidera (Hino)
17. Novena de Nossa Senhora do Pilar 7. Virgo Prudentissima (Antífona)

Palhinha: ouçam 10. Maria mater gratiae – Himno a Quatro, enquanto conhecem a obra artística de Eunice Pessôa, mãe do Avicenna.

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Mestres do Barroco Mineiro (Século XVIII)- vol. II – 1958
Associação de Canto Coral, direção de Cleofe Person de Mattos
Orquestra Sinfônica Brasileira, regente Edoardo de Guarnieri

LP de 1958 digitalizado por Avicenna

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Avicenna

Arthur Moreira Lima interpreta Brasílio Itiberê (1846 – 1913)

2lld5j9Arthur Moreira Lima
interpreta Brasílio Itiberê

Brasílio Itiberê nasceu na cidade litorânea de Paranaguá, sendo filho de João Manuel da Cunha e de Maria Lourenço Munhoz da Cunha. Fez os estudos primários em sua terra natal e sua iniciação musical foi ao piano, aprendendo na casa dos seus pais. Já pianista renomado na juventude, transfere-se para a capital paulista para cursar a faculdade de direito, efetuando, nesta cidade, vários concertos. Após obter o diploma de Bacharel em Direito ingressa na carreira diplomática atuando no corpo diplomático em vários países, como: Itália, Peru, Bélgica, Paraguai e na Alemanha.

Sem deixar a música de lado, Brasílio teve relações de amizade com alguns dos maiores pianistas de seu tempo, como Anton Rubinstein, Sgambatti e Liszt.

Considerado um dos precursores do nacionalismo, foi um dos primeiros a inspirar-se em motivos populares e a imprimir à sua obra características nitidamente brasileiras.

Compôs música de câmara e coral, além de peças para piano. Sua Rapsódia Sertaneja o popularizou, especialmente pela célebre canção “Balaio, meu bem, Balaio”.

A sua composição mais conhecida é, sem dúvida, “A Sertaneja” de 1869.

Foi nomeado embaixador em Portugal, porém, morreu antes de assumir a função. Faleceu na capital alemã no dia 11 de agosto de 1913, numa segunda-feira, aos 67 anos de idade.

Uma das muitas homenagens ao autor de “A Sertaneja” está na capital paranaense que denominou uma das suas vias de Rua Brasílio Itiberê.
(extraído da Wikipedia)

BRASÍLIO ITIBERÊ (1846–1913), UM ABOLICIONISTA FERRENHO. E CHORÃO!

Participou ativamente da Campanha Abolicionista, tomando parte em concertos, como pianista e compositor, ainda cooperando para a alforria de escravos (Bruno Kiefer)

… um músico engajado politicamente pela liberdade daqueles que formaram a cultura do Brasil (Fausto Borém e Mario Luiz Marochi Junior)

Quando Arthur Moreira Lima gravou Brazílio Itiberê – quase um disco inteiro (CD disponibilizado com a autorização de Arthur Moreira Lima) – uma injustiça secular se desfazia: excetuando A Sertaneja, pouquíssima coisa dele foi gravada (conhecia-se apenas duas peças gravadas: Noturno (Ana Cândida LP Funarte 1981 – gravação original Rádio MEC 1961) e Protetor Exu (Arnaldo Estrella Antologia de Música Erudita Brasileira  – Selo Festa 1968).

Se por um lado há uma polêmica entre os estudiosos de sua obra – se “erudita” ou “ligeira” (http://www.revistas.ufg.br/index.php/musica/article/view/6007/4638) – e essa discussão não vem ao caso aqui, por outro, e isso nos interessa, não existe a menor dúvida de que ela encarna a alma do choro na sua essência mais profunda.

Nascido quase 20 anos antes de Ernesto Nazareth, poderá ser facilmente confundido com ele pelo estilo em peças como Noturno, por exemplo. Peguemos um dicionário: languidez, sensualidade, entorpecimento, arrebatamento, romantismo exacerbado, aquela coisa esparramada, em outras palavras, o espírito da valsa nazarethiana ou deste Noturno de Itiberê.

Tal como Pássaros em Festa de Nazareth, Noturno começa anunciando algo chopiniano. Mas o que vem a seguir nada mais é do que uma sequência de frases ultra chorosas, semelhantes entre si, alteradas subsequentemente pela harmonia que se desenvolve. Como em Coração que Sente do mesmo Nazareth.

Alguém pouco afeito à música brasileira e muito à Chopin, vai achar esta forma de compôr, no mínimo, uma mera imitação do compositor polonês e ainda por cima piegas.

Na verdade é impossível compreender inteiramente o caráter dessas composições sem mergulhar no âmago do sentimento característico do Brasil. Forçando um paralelo com o cinema, é comum não se compreender um filme como Zabriskie Point de Antonione onde nada acontece. Porém, os jovens espectadores sabiam exatamente o que se passava no imaginário daquela geração retratada no filme, daí, não ser para eles um filme parado, mas ao contrário, intenso até demais.

É preciso dizer também que Brasílio Itiberê nunca foi chorão como foi Nazareth ou Villa-Lobos. Mas foi sim no sentido lato da palavra. Uma pergunta sempre vem à mente quando peças de diversos compositores que mal tem a ver com o choro são objeto de arranjos para conjunto de choro. Sim, é super válido, mas há uma gama de compositores clássicos brasileiros que compuseram choros e valsas (ou peças de outro gênero mas que são choros no fundo) de rara beleza que estão dando sopa por aí. E este é o caso de Brasílio Itiberê.

Passemos ao abolicionista e ao nacionalista. A Sertaneja é tida como a primeira obra erudita brasileira de cunho nacionalista – ou como bem diz Bruno Kiefer, “início de um movimento contínuo e orgânico de busca consciente, da auto-afirmação nacional.” Tudo indica que sua militância político-social-musical nasceu de um exercício puramente intelectual, como Alexandre Levy, Alberto Nepomuceno e ao contrário de Francisco Braga, Villa-Lobos ou Francisco Mignone que vivenciaram de perto as manifestações populares. Citando Helza Camêu, Bruno Kiefer reflete que foi após seu ingresso na Faculdade de Direito de São Paulo que tomou contato com “lundus e modinhas, música de salão, marcada por características brasileiras” bem ao gosto dos estudantes da época.

Neste caminho, Brasílio Itiberê teria privilegiado demais o lado popularesco em detrimento do lado erudito a ponto de motivar uma afirmação surpreendente, partindo-se de um mestre como Bruno Kiefer: “O que salvou o nome do autor foi A Sertaneja.”

Fausto Borém e Mario Luiz Marochi Junior em um estudo soberbo, discordam frontalmente desta idéia e pedem uma nova abordagem à obra de Brasílio Itiberê(http://www.revistas.ufg.br/index.php/musica/article/view/6007/4638).
(Adaptado de: http://blogdochoro2.zip.net/arch2010-01-31_2010-02-06.html)

Obs:- Brasílio Itiberê da Cunha Luz, seu sobrinho (Curitiba, 17 de Maio 1896-Rio de Janeiro, 10 de Dezembro 1967), foi um compositor brasileiro.

Brasílio Itiberê da Cunha (Paranaguá, PR, 1846-Berlim, 1913)
01. A sertaneja, fantasia característica sobre temas brasileiros, Op. 15 (1869)
02. Poème d’amour, fantaisie, Op. 22
03. Étude de concert d’après E. Bach, Op. 33
04. Caprices à la mazurka, No. 3, Op. 32
05. Une larme (Uma lágrima), méditation, Op. 19 (1869)
06. Grande mazurca de salão, Op. 41
07. A Serrana, fantasia característica
08. La Dahabieh (La Gondole du Nil), barcarolle da Suite “Nuits Orientales”, op.27

Louis Moreau Gottschalk (1829-1869)
09. Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro, Op. 69

Arthur Moreira Lima interpreta Brazílio Itiberê – 1995

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Boa audição.

Ian McQue2

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

BONUS: 17 min de um vídeo espetacular mostrando Belo Horizonte em 1949! AQUI
Veja a casa em que Brasílio Itiberê morou em Paranaguá, AQUI

Missa de São Sebastião: Antonio Carlos Gomes (1836-1896)

24myhrdAntonio Carlos Gomes (Campinas, 1836-Belém, 1896)
Missa de São Sebastião (1854)

Repostagem

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Temos o prazer em apresentar o mais novo membro da equipe PQPBach: Bisnaga !

Devemos a ele as postagens das missas de Carlos Gomes. Bisnaga gosta de óperas e de música brasileira de concerto, além de possuir um belo acervo musical.

Bem vindo, Bisnaga !

Missa de São Sebastião

Há 175 anos nascia em Campinas, interior de São Paulo, Antonio Carlos Gomes, mulato, como eram quase todos os músicos, compositores e artistas dos períodos colonial e imperial. Aos mestiços não restavam muitas possibilidades nessa época: eram livres, mas não proprietários de terras; não eram escravos, porém não tinham fortunas. Deslocados num país de ordem escravocrata, muitos integraram o clero (uma boa forma de ascensão social) ou passavam a se dedicar às artes, ambiente no qual alguns acabaram se destacando e se projetando, como é o caso de Carlos Gomes.

Não, Tonico não fora um menino-prodígio como Mozart, que compunha óperas ainda na infância, mas tinha percepção musical excepcional, e por isso seu pai, Manoel José Gomes (também mulato e músico), o ensinou a tocar clarineta. Depois, o menino faria aulas de piano e violino. Logo começou a compor, a dar aulas e a reger esporadicamente a banda do pai e seguindo-o, não tardaria a se enveredar na música sacra.

Quando compôs e apresentou a Missa de São Sebastião, Carlos Gomes era ainda um rapazote de 17 ou 18 anos, mas já mostrava um refinamento compositivo impressionante. Tente imaginar a cena da estreia dessa obra: provavelmente ocorreu na Matriz Nova de Campinas (a atual Catedral Metropolitana), talvez no dia 20 de janeiro (dia de São Sebastião, padroeiro da capital) do ano de 1854. Campinas estava em franca efervescência econômica e cultural, toda em construção. Relatos de viajantes estrangeiros diziam que o movimento das ruas de terra fazia da cidade um local com poeira vermelha constante e asfixiante, que tudo tingia. A matriz tinha sido coberta há poucos anos, cheia de andaimes, ainda não tinha torres e seus altares deveriam ser provisórios, pois só anos depois começariam os entalhes. Nesse ambiente semelhante ao que vemos em filmes de Velho Oeste americano, em que tudo parecia precário e provisório, surge uma obra dessa natureza, com tamanho grau de acabamento.

Curiosamente, a Missa de São Sebastião soa mais operística que a sua segunda missa, a de Nossa Senhora da Conceição, cinco anos posterior. Segundo fala do Maestro Henrique Lian no próprio encarte desta obra, há relações com o bel canto italiano das obras de Bellini, Rossini e Donizetti, com uso das coloraturas e na orquestração mais limpa, que valorizam e destacam os solos. A obra, assim como sua outra missa, apresenta-se apenas com o Kyrie e o Gloria, provavelmente a segunda parte, do Credo (Credo, Sanctus, Benedictus e Agnus Dei) tenha desaparecido.

A missa inicia-se com certa imponência, que soa até estranha para a primeira música: o Kyrie, que depois se desenvolve calmo, mas não triste, e prepara para a entrada apoteótica do Gloria, uma poderosa marcha com grande participação inicial dos sopros, tão caros ao Carlos Gomes que cresceu em meio à banda marcial do pai. Mas já há no Gloria um forte peso do coro, ligando-o às influências de música sacra do compositor. As duas partes que se seguem, o Laudamus e o Gracias, mostram belas e elaboradas coloraturas para soprano (destaque aqui para a longeva e quase flutuante voz de Niza de Castro Tank, com 74 anos na gravação), de muita leveza e graciosidade. Esse clima é transformado com o pesado início do Domine Deus, que depois se dissolve em uma melodia mais leve para tenor. Com uma estrutura semelhante, pesada e depois suavizada, surge a Qui Tollis, agora com a presença dos quatro solistas, fazendo uma preparação para a entrada do coro no alegre Suscipe. Segue-se uma delicada introdução do Qui Sedes, que dará lugar a um dueto dramático de tenor e contralto e, em contraposição, a peça seguinte, o solo de baixo do Quoniam, inicia-se calma e melódica, aumentando a dramaticidade à medida que se desenvolve, para deixar preparada a entrada do coro no Cum Santo Spiritu, outra marcha, essa, com certeza, a peça mais operística de toda a Missa, com final não menos apoteótico que seu início.

Antonio Carlos Gomes (Campinas, 1836-Belém, 1896)
01. Missa de São Sebastião 01. Kyrie
02. Missa de São Sebastião 02. Gloria
03. Missa de São Sebastião 03. Gloria – Laudamus Te
04. Missa de São Sebastião 04. Gloria – Gracias
05. Missa de São Sebastião 05. Gloria – Domine Deus
06. Missa de São Sebastião 06. Gloria – Qui Tollis
07. Missa de São Sebastião 07. Gloria – Suspice deprecationem Nostram
08. Missa de São Sebastião 08. Gloria – Qui sedes
09. Missa de São Sebastião 09. Gloria – Quoniam
10. Missa de São Sebastião 10. Gloria – Cum Sancto Spiritu

Palhinha: ouça Missa de São Sebastião 10. Gloria – Cum Sancto Spiritu

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Missa de São Sebastião – 2005
Antonio Carlos Gomes

Coral da Unicamp
Carlos Fiorini, regente do coro
Orquestra Sinfônica de Campinas
Henrique Lian, regente

Niza de Castro Tank, soprano
Luciana Bueno, contralto
Rubens Medina, tenor
Manuel Alvarez, baixo

Gravação de duas apresentações ao vivo no Centro de Convivência Cultural, Campinas, 11 e 12 de julho de 2005.

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Texto e áudio: Bisnaga
Lay-out & Operador de mouse: Avicenna

José Joaquim de Souza Negrão (17?-1832): Cantata "O Último Cântico de Davi" (1817)

15ocpboJosé Joaquim de Souza Negrão
Orquestra e coro do VI CINVES (1989)

Os maestros Ernani Aguiar e Harry Crowl dirigiam-se ao Teatro Municipal de São João del Rey, MG, em 1989, para a apresentação da Orquestra e Coro do VI CINVES (os Cinves, como são conhecidos os Cursos Internacionais de Música Scala).

– Ouví o último ensaio, Ernani. Estão todos afiados, comentou Harry ao caminhar.
– Também gostei, Harry. Pena que não conseguimos patrocínio para gravar um disco e distribuir por esse Brasil afora. Uma obra inédita!
– Ernani, você ainda tem aquele gravador profissional?
– Ele está no porta-malas do meu carro, Harry.
– Vou pegá-lo e gravar essa apresentação!

Apresentamos a gravação realizada por Harry Crowl, no gravador do Ernani Aguiar, em 1989. Por mais tratada que tenha sido, esta gravação jamais atingirá os níveis de excelência de um CD profissional. Mas não deixa de ser um estupendo e inédito registro realizado por pessoas que se interessam pela música brasileira.

Conforme nos relata Harry Crowl, em 1988, o regente e compositor Ernani Aguiar resgatou nos arquivos da Biblioteca Nacional a Cantata “O Último Cântico de David”, datada de 1817, de autoria de José Joaquim de Souza Negrão. Este músico até então desconhecido, surge como o compositor das mais importantes obras de caráter profano cantadas em português, de todo o período colonial brasileiro. Outra obra do compositor foi localizada em 1992, também por Ernani Aguiar, na Biblioteca Nacional. Trata-se da cantata “A Estrella do Brazil”, dedicada “ao Sereníssimo Príncipe da Beira, para o dia 12 de outubro de 1816, sob o auspício do Ilmo. e Exmo Senhor Príncipe dos Arcos”. Esta cantata sobre texto anônimo apresenta uma estrutura dividida em recitativos e árias conforme o gosto operístico napolitano setecentista.

A cantata “O Último Cântico de David” teve como libretista o político e poeta mineiro José Elói Ottoni. Esta obra está dedicada “Ao Sereníssimo Príncipe Real do reino Unido de Portugal e do Algarves”. Ainda, no frontispício do manuscrito consta a observação, “Adaptada ao Gosto da Nação Portuguesa no dia 12 de Outubro de 1817”. As duas cantatas portanto, foram compostas para mesma celebração. A estrutura das duas obras é muito semelhante. Estas duas composições de José Joaquim de Souza Negrão apresentam características mais sóbrias que as das óperas bufas, ou seja, os solos vocais apresentam uma dificuldade técnica moderada. Os coros são homofônicos simples sem qualquer presença de polifonia.

A única referência existente sobre J.J. de Souza Negrão é uma carta enviada ao Conde de Palma, Governador e Capitão General da Bahia, por D.João VI, criando nesta capital uma cadeira pública de música. Esta carta atendia às solicitações do Conde dos Arcos, sucessor daquele: – “Ao Conde de Palma, Governador e Capitão General da Capitania da Bahia – Amigo. Eu EL Rei vos envio muito saudar, como aquelle anno. Sendo me presente por parte do Conde dos Arcos, vosso antecessor no governo dessa capitania, o estado de decadência, a que tem ahi chegado a arte da Música tão cultivada pelos povos civilizados, em todas as edades e tão necessária para o decoro e esplendor com que se devem celebrar as funções do Culto Divino: Hei por bem criar nessa cidade uma Cadeira de Música com o ordenado de 40.000 pago pelo rendimento do subsídio literário. E attendendo à intelligência e mais partes que concorrem na pessoa de José Joaquim e Souza Negrão, hei outrossim por bem fazer-lhe mercê de o nomear para professor da referida cadeira. Escripto no Palácio da Real Fazenda de Santa Cruz em 3 de março de 1818. Rei. – Para o Conde de Palma”.

O compositor ocupou a cadeira de música até o seu falecimento em 1832. [Amâncio dos Santos, Maria Luiza Queiróz – Origem e Evolução da Música em Portugal e sua influência no Brasil, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1943. Pag.243]

“Último Cântico de Davi” (1817) – Cantata para solistas, coro e orquestra
Música: José Joaquim de Souza Negrão (17?-1832)
Texto: José Elói Ottoni (1764-1851)
01. Cantata “O Último Cântico de Davi” : 1 – Recitativo: Eis de Davi o cântico da morte
02. Cantata “O Último Cântico de Davi” : 2 – Ária: Qual manhã serena e clara
03. Cantata “O Último Cântico de Davi” : 3 – Coro: Tal a glória do meu reino
04. Cantata “O Último Cântico de Davi” : 4 – Dueto: Da minha estirpe os vindoiros
05. Cantata “O Último Cântico de Davi” : 5 – Recitativo e Coro: Essa dos ímpios torente

Orquestra e coro do VI CINVES (1989)

Solistas:
Elenis Guimarães, soprano
Simone Santos, soprano
Dimas do Carmo, tenor

Maestro preparador do coro: Ciro Tabet
Maestro preparador dos solistas: Néri Contin
Regência: Ernani Aguiar

Obra restaurada por Ernani Aguiar, em 1988.

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MP3 320 kbps – 43,7 MB – 19,0 min
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Nota 1) Os fatos aqui narrados são verdadeiros. Os diálogos, bem … é como o Avicenna imagina que tenham ocorrido.

Nota 2) Fantástica contribuição do maestro, musicólogo e compositor Harry Crowl. Ainda bem que não tem preço, senão já estaria endividado até as orelhas !!!

Boa audição.

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Avicenna

Novena do Carmo – Orquestra Ribeiro Bastos (Acervo PQPBach)

2ynpjwxOrquestra Ribeiro Bastos

Novena do Carmo

A Orquestra Ribeiro Bastos é uma corporação musical atuante de modo ininterrupto desde o século XVIII. Ao longo deste tempo assegurou o serviço das festividades religiosas promovidas pelas associações leigas (Irmandades) também remanescentes do século XVIII. Sendo estas instituições religiosas a Ordem Terceira de São Francisco, Ordem Terceira do Carmo, Irmandade do Santíssimo Sacramento e Passos, entre outras, em missas semanais, festa dos Passos (quaresma) e Semana Santa, acumulando em seus arquivos, ao longo de sua existência, grande quantidade de obras produzidas para as solenidade religiosas. O repertório da Orquestra Ribeiro Bastos é baseado na produção musical brasileira dos séculos XVIII, XIX e XX, constituindo assim uma importância fundamental na formação da identidade cultural mineira, sendo depositária de parcela significativa da tradição musical brasileira.

Constitui-se a Orquestra Ribeiro Bastos, desde o século passado de amadores que nada recebem por suas atividades musicais. Assim, ao lado de sua importância enquanto depositária de parcela significativa da tradição musical brasileira, representa interessante experiência da prática artística comunitária, integrando ao grupo profissionais das mais diversas atividades sociais.

Mantendo-se viva e atuante, a Orquestra Ribeiro Bastos presta serviços às entidades religiosas, contribuindo para manter viva as tradições religiosas e musicais de São João del Rey, dando continuidade à prática musical comunitária, mais valorizada amadoristicamente, assegurando a preservação de um arquivo musical sempre aberto aos pesquisadores e musicólogos interessados no estudo de diferentes aspectos da música brasileira dos séculos XVIII, XIX e XX. Desta forma a Orquestra Ribeiro Bastos proporciona formação musical para jovens que constituirão a orquestra de amanhã (pode-se informar que muitos jovens musicalizados pela Orquestra Ribeiro Bastos, sempre quase oriundos de classes menos favorecidas, profissionalizam na música, como músicos militares e, em alguns casos, como professores de orquestras profissionais das capitais).
(Maria Elizabeth de Almeida, Gabriel Heitor Ribeiro – extraído do encarte)

Histórico da Novena do Carmo (citando José Maria Neves)

Não se sabe exatamente desde quando se realizam as Novenas do Carmo em São João del Rey. Certo é que em 1733 quando começou a ser construída a capela primitiva, já existia a Irmandade do Carmo. Esta irmandade passou a categoria de Ordem Terceira em 1746.

A julgar pelas obras musicais executadas nas Novenas supõe-se que ela já existe desde o início do séc. XVIII. Diversas obras hoje ainda executadas são de autoria de Jerônimo de Souza, falecido em 1803. O hino Flos Carmeli executado nas Novenas antigas é atribuído ao padre Manuel Cabral Camelo que em 1716 benzeu a Igreja Nossa Senhora do Rosário.

Constam do arquivo da Orquestra Ribeiro Bastos as cópias antigas da Novena do Carmo feitas pelo Mestre Chagas, seu regente até 1859.

Comparando texto de épocas diferentes, constata-se que a Novena do Carmo teve acréscimos e eliminações de textos. A Novena de Jerônimo de Souza se compunha de: Veni Sancte Spiritu, Domine ad adjuvandum, Invitatório (In honorem), Antífona (Regina Mundi), 3 Ave Marias cantadas, Ponto (Leitura), Ladainha de Nossa Senhora e Hino (Flos Carmeli).

Um segundo hino – Virgem Sagrada, foi incluído na segunda metade do séc. XIX e é provavelmente do padre José Maria Xavier que também é o autor do Veni Sancte Spiritu e Domine Adjuvandum que substituem as peças originais de Jerônimo de Souza Lobo desde o séc. XIX. Foram incluídas ainda quatro invocações cantadas primeiro pelos músicos e repetidas pelo povo (Deus vos salve) e também no séc. XX o Hino à bandeira de Nossa Senhora do Carmo, do padre carmelita Frei Alberto Nicholson e Ir. João Calybita. Este hino que é cantado no início e no fim da Novena tem hoje um arranjo solene feito pelo musicólogo Dr. José Maria das Neves.

Por mais de 80 anos a Orquestra Ribeiro Bastos é encarregada do acompanhamento musical desta novena.
(Anna Maria Parsons, extraído do encarte)

Comentários sobre a Orquestra Ribeiro Bastos (Rafael Sales Arantes)

A Orquestra Ribeiro Bastos, desde a sua fundação, foi formada por pessoas que não tinham a música como atividade principal, mas como uma atividade extra e estritamente ligada à tradição religiosa. Sendo assim nunca foi uma orquestra formada por profissionais, o que não faz que sua execução seja menos profissional que as orquestras a que estamos habituados a ouvir. A Orquestra Ribeiro Bastos não é uma orquestra de concertos, mas é uma orquestra de função religiosa. Aqueles que tem a oportunidade de visitar São João del Rei poderão se deliciar assistindo as missas de Quinta e Sexta na Basílica Nossa Senhora do Pilar e as de domingo pela manhã na Igreja de São Francisco, ao som da Orquestra Ribeiros Bastos, e ouvir músicas que nos remetem ao rico período da música brasileira que está sendo redescoberto com atraso, mas ainda em tempo de não se perder por completo.

Uma característica interessante em São João del Rei é que as novenas são sempre feitas nos dias corretos e as festas religiosas nos dias corretos, o que não acontece na maioria das paróquias. E são feitos todos os dias, ininterruptamente. A novena do Carmo está entre as mais belas do repertório sanjoanense. O ouvinte poderá perceber a funcionalidade da música. Suscinta sempre, mas de boa qualidade. Nesse CD da Novena do Carmo, o ouvinte perceberá uma nítida diferença entre a Orquestra Ribeiro Bastos de outrora e a de hoje. Aqui já ouvimos outras postagens de peças por essa orquestra. A qualidade da orquestra e do coro estão muito superiores aos LPs lançados no passado. Não posso dizer que a orquestra Ribeiro Bastos esteja profissionalizada, pois acho que sendo assim deixaria de ser a Orquestra Ribeiro Bastos, mas com uma qualidade profissional. Nessa gravação podemos observar uma pronúncia mais elaborada do latim, uma afinação e sincronização da orquestra bem superiores às outras gravações. Acredito que a influência das outras orquestras profissionais se mostram um pouco nessa gravação, pois até então as únicas interpretações de peças do período colonial eram quase que restritas à Ribeiro Bastos e Lira Sanjoanense. Hoje em dia temos vários grupos profissionais se especializando nessa música de boa qualidade, é impossível não termos influência dessas interpretações. A Orquestra Ribeiro Bastos nos brinda com essa fantástica Novena do Carmo e já ouvi rumores que em breve outras novenas serão gravadas. Uma notícia que acredito ser recebida com grande entusiasmo pelos amantes desse gênero tão especial de música.

Novena do Carmo
Pe. José Maria Xavier (São João del Rey, 1819-1887)
01. Novena de Nossa Senhora do Carmo – Deus vos salve
02. Novena de Nossa Senhora do Carmo – Veni Sancte Spiritus
03. Novena de Nossa Senhora do Carmo – Domine

Jerônimo de Souza Lobo (Vila Rica 1780-1810)
04. Novena de Nossa Senhora do Carmo – In Honorem
Pe. José Maria Xavier (São João del Rey, 1819-1887)
05. Novena de Nossa Senhora do Carmo – Virgem Sagrada
Jerônimo de Souza Lobo (Vila Rica 1780-1810)
06. Novena de Nossa Senhora do Carmo – Regina Mundi
07. Novena de Nossa Senhora do Carmo – Flos Carmeli

Pe. José Maria Xavier (São João del Rey, 1819-1887)
08. Novena de Nossa Senhora do Carmo – Hino à Bandeira
09. Novena de Nossa Senhora do Carmo – Flos Carmeli – coro

Este CD é uma colaboração do nosso ouvinte Rafael Sales Arantes. Não tem preço!

Novena do Carmo – 2010
Orquestra Ribeiro Bastos
Direção: Maria Stella Neves Valle

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Boa audição.

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Avicenna

Manoel Dias de Oliveira: Gradual – Fuga do Egito & Francisco Gomes da Rocha: Novena de Nossa Senhora do Pilar & Pe. João de Deus de Castro Lobo : 6 Responsórios Fúnebres – The Sixteen & The Symphony of Harmony and Invention Orchestra

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The Sixteen & The Symphony of Harmony and Invention Orchestra
1992


Esta é a capa da caixa do CD desta postagem, cedido pelo Maestro, compositor e musicólogo Harry Crowl Jr.

Segundo o depoimento do Maestro Harry Crowl Jr., “esta apresentação aconteceu em junho ou julho de 1992, no Teatro Municipal de São Paulo e a gravação foi da Rádio Cultura. O “Sixteen” se apresentou em Brasília (Igreja Dom Bosco), São Paulo (Teatro Municipal), São João del Rey (Igreja de São Francisco), Juiz de Fora (Igreja do Rosário?) e Rio de Janeiro (Sala Cecília Meireles). A gravação do Te Deum, do António Teixeira, aconteceu logo depois.”

Me lembro de falar com o Harry Christophers sobre isso“, continua Harry. “No programa, havia também o Ofício 1816, do Pe. José Maurício. Mas, essa gravação, existe somente em fita cassete. A versão apresentada dos 6 Responsórios Fúnebres é um trabalho de resconstrução meu. Os trompetes que aparecem não são originais. A versão do Júlio Moretzsohn é mais fiel ao original. O que acontece é que essas músicas são encontradas como coleções de partes individuais de instrumentos e vozes. Muitas vezes, as cópias são de procedências distintas e de épocas diferentes. Na época, fiquei na dúvida em relação aos trompetes dobrando as trompas ritmicamente o tempo todo. Mas, como as notas tocadas não eram as mesmas, acabei incluindo-os, apesar de se tratar de um erro crasso de orquestração, que não seria compatível com o Pe. João de Deus de Castro Lobo.”

Não fosse os préstimos do Maestro Harry Crowl Jr, não teríamos conhecimento de mais este tesouro. Não tem preço!

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Palhinha: ouça o Responsório Fúnebre # 3 enquanto se delicia com 32 telas/aquarelas do pintor inglês Henry Chamberlain, que morou e retratou o Rio de Janeiro durante 1819 e 1820:

Manoel Dias de Oliveira (São José del Rey [Tiradentes], 1735-1813)
01. Gradual: Fuga do Egito – Angelus Domini
Francisco Gomes da Rocha (1746-1808, Vila Rica, MG)
02. Novena De Nossa Senhora do Pilar – 1. Veni Sanctu Spiritu
03. Novena De Nossa Senhora do Pilar – 2. Domine ad Adjuvandum
04. Novena De Nossa Senhora do Pilar – 3. Gloria Patri
05. Novena De Nossa Senhora do Pilar – 4. Sicut Era in Principie
06. Novena de Nossa Senhora do Pilar – 5. In Honorem Sacratissimae Virginis Mariae (Invitatório)
07. Novena de Nossa Senhora do Pilar – 6. Quem Terra, Pontus, Sidera (Hino)
08. Novena de Nossa Senhora do Pilar – 7. Virgo Prudentissima (Antífona)
Pe. João de Deus de Castro Lobo (Vila Rica, 1794 – Mariana, 1832)
09. Seis Responsórios Fúnebres – 1. Credo quod Redemptor. Et in carne. Quem visurus. Et in carne
10. Seis Responsórios Fúnebres – 2. Qui Lazarum. Tu eis, Domine. Qui venturus. Tu eis, Domine
11. Seis Responsórios Fúnebres – 3. Domine, quando veneris. Quia peccavi. Commissa mea. Quia peccavi. Requiem æterna. Quia peccavi
12. Seis Responsórios Fúnebres – 4. Memento mei. Nec aspiciat. De profundis. Nec aspiciat
13. Seis Responsórios Fúnebres – 5. Hei mihi!. Miserere mei. Anima mea. Miserere mei
14. Seis Responsórios Fúnebres – 6. Ne recorderis. Dum veneris. Dirige, Domine. Dum veneris. Requiem æternam. Dum veneris

Gravação ao vivo em São Paulo, em 1992
The Sixteen & The Symphony of Harmony and Invention Orchestra
Director: Harry Christophers

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Avicenna

Música na Corte Brasileira – Vol. 5 de 5: A Ópera no Antigo Teatro Imperial (Acervo PQPBach)

2cik8dyMúsica na Corte Brasileira – Vol. 5
A Ópera no Antigo Teatro Imperial
1965

 

O panorama da Ópera no Brasil, apreciado neste momento, mostra que até o presente não houve um desenvolvimento real do gênero mas apenas desdobramento processado em épocas bem próximas e que, na atualidade, é posssível reconhecer que teve repercussão positiva com relação à música vocal. O século XIX foi o momento de sua maior expansão, tendo o Rio de Janeiro como cenário. Houve naturalmente uma fase obscura de preparação revelada nas chamadas CASAS DE ÓPERA que, no século XVIII, se espalharam pelas principais cidades brasileiras, sendo que no Rio de Janeiro funcionou o Teatro do Padre Ventura, levando à cena óperas italianas e sobretudo as do brasileiro Antonio José da Silva, cognominado o Judeu.

Marcam-se dois períodos no mesmo século: o primeiro de 1808 a 1831 aproximadamente, o segundo entre 1857 e 1864.

O primeiro período foi conseqüente à vinda da Corte portuguêsa para o Brasil. Nesse momento a vida musical recebeu impulso renovador e a Ópera contou com casa própria, o Real Teatro de S. João, edificado no local em que hoje se ergue o Teatro João Caetano.

A ópera dessa época, de autoria de portuguêses e possivelmente de brasileiros, tinha libreto em português e, quando do repertório italiano, texto traduzido.

Os nomes que aparecem são os do Padre José Maurício Nunes Garcia, Marcos e Simão Portugal, Bernardo José de Souza Queiroz, Luiz Inácio Pereira, Damião Barbosa de Araújo, Eleutério Feliciano de Sena, Pedro Teixeira Seixas, Sigismond Neukomm e o do próprio Príncipe D. Pedro.

Os acontecimentos políticos, que forçaram D. João VI a se retirar do Brasil e logo em seguida a abdicação de D. Pedro I, atingiram naturalmente a vida artística, escapando, no entanto, a Ópera, que sempre contou com a predileção do público.

Com pequena diferença de 26 anos, verificou-se o segundo movimento em torno da Ópera. Um grupo de idealistas do qual faziam parte o Marquês de Abrantes, o Visconde de Uruguai, o Barão de Pilar, Francisco Manuel da Silva, Manuel de Araujo Porto-Alegre, Dionísio Vega, Isidoro Bevilacqua, Joaquim Gianini seguindo a iniciativa do espanhol Dom José Amat, fundou no Rio de Janeiro, em marco dc 1857, a Imperial Academia de Música e Ópera Nacional. Nesse momento o Rio de Janeiro conheceu um dos maiores movimentos em prol da Arte e dos artistas nacionais. Verificou-se realmente um surto de nacionalismo que incentivou os artistas jovens e deu ao Brasil o seu maior representante no gênero – Carlos Gomes.

Período 1808 – 1831: Teatro Imperial
Marcos Antonio Portugal da Fonseca, abreviado para Marcos Portugal (Lisboa, 24/3/1762 – Rio de Janeiro, 7/2/1830). Aluno de Borselli. Acompanhador da Ópera de Madri (1782), Mestre de Capela na Corte portuguêsa (1797); no Brasil, Mestre da Capela Real desde 1811, Diretor artístico do Teatro S. João e Inspetor das Diversões Públicas. Autor de 40 óperas, além de música de circunstâncias, operetas e obras sacras. Da obra de Marcos Portugal existem partituras no Brasil (Biblioteca da Escola Nacional de Música), entre as quais a da ópera-bufa O Basculho, literalmente O Basculho da Chaminé, levada à cena em Lisboa em 1894, em Veneza, na tradução italiana Lo Spazzacamino Principe, em 1795, e em Petersburgo em 1797.

Com justica, Marcos Portugal é considerado o maior músico português nos domínios da Ópera.

Bernardo José de Souza Queiroz ( …… – …. ) Poucas informações acompanham o seu nome e daí a impossibilidade de saber qual a sua nacionalidade. Iza de Queiroz Santos o coloca entre os compositorcs portugueses, enquanto Ernesto Vieira (“Dicionário Biográfico de Músicos Portuguêses”) o considera brasileiro, já militando no Rio de Janeiro quando aí se estabeleceu a Corte portuguêsa, em 1808.

Periodo 1857 – 1864: Ópera Nacional
Henrique Alves de Mesquita (Rio de Janeiro, 31/7/1831 – 12/7/1906). Primeiro diplomado em composição e o primeiro a alcançar o “Prêmio de Viagem à Europa” pelo Conservatório do Rio de Janeiro. Estudou em Paris com F. Bazin. Foi professor de instrumentos de bocal e órgão do mesmo estabelecimento de ensino (Conservatório do Rio de Janeiro). Autor de obras cênicas: Noivado em Paquetá, Estrêla do Brasil, O Vagabundo. Preocupavam-no as características nacionais que na peça para piano Batuque realizou de maneira deveras interessante.

Antônio Carlos Gomes (Campinas, 11/7/1836 – Belém, 16/9/1896). Em relação ao Padre José Maurício Nunes Garcia é o segundo grande músico brasileiro. No entanto, apesar das qualidades excepcionais do padre, Carlos Gomes representa para o Brasil o seu primeiro compositor de projeção mundial. Ambos figuras representativas de épocas, não tiveram continuadores até este momento. A posição de Carlos Gomes no cenário da Música Brasileira tem a mais alta significação: pela situação criada em sua época, pela posição que ocupa na atualidade como representante único da Ópera no Brasil, pela influência que exerceu nos músicos seus contemporâneos e mesmo nos que vieram depois. Carlos Gomes, que alcançou a consagração da platéia italiana com a ópera O Guarani, que atingiu o ponto mais alto de sua carreira com a Fosca, estreou na Ópera Nacional com A Noite do Castelo, apresentando logo em seguida Joana de Flandres, cantada a 15 de setembro de 1863, no Teatro Lírico Fluminense.
Helza Camêu (da Academia Brasileira de Música) (extraído da contra-capa do LP)

Marcos Antonio Portugal da Fonseca (Portugal, 1762-Rio, 1830)
01. Ópera bufa “O Basculho da Chaminé” – Abertura
02. Ópera bufa “O Basculho da Chaminé” – Dueto Rosina e Pierotto

Bernardo José de Souza Queiroz (Séc. XIX)
03. Ópera “Os Doidos Fingidos por Amor” – Abertura
04. Ópera “Os Doidos Fingidos por Amor” – Ária de Cacilda

Henrique Alves de Mesquita (1838-1906)
05. Ópera “O Vagabundo” – Abertura
06. Ópera “O Vagabundo” – Cena e dueto: Traído, Esquecido

Antonio Carlos Gomes (1836-1906)
07. Ópera “Joana de Flandres” – Ária de Raul

Música na Corte Brasileira – Vol. 5 de 5: A Ópera no Antigo Teatro Imperial – 1965
Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio M.E.C. Maestro Alceo Bocchino

Selo Angel/Odeon, Coordenador-Assistente: Marlos Nobre

LP digitalizado por Avicenna.

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MP3 320 kbps – 82,3 MB – 39,2 min
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Avicenna

Música na Corte Brasileira – Vol. 4 de 5: Na Corte de D. Pedro II (Acervo PQPBach)

mua%cc%83a%cc%8asica-na-corte-brasileira-vol-4_-na-corte-de-d-pedro-iiMúsica na Corte Brasileira – Vol. 4
Na Corte de D. Pedro II
1965

 

O período de incertezas e agitação política, em que transcorreram a menoridade do Imperador-menino, D. Pedro II, e a sua mocidade, foi desfavorável à música nas suas expressões próprias. Ocorreu, então, um longo hiato, preenchido somente pelo movimento operístico, com a vinda assídua de companhias italianas. D. Pedro II, filho de musicistas, fez estudos musicais muito menos acurados do que os de seus pais. Ainda assim, criou condições para a formação de personalidades como Carlos Gomes e Pedro Américo. Assistia aos espetáculos de ópera e aos Concertos dos Clubes Mozart e Beethoven, que fazia questão de prestigiar.

Elias Álvares Lobo (1834-1901), paulista de Itu, é autor da primeira ópera composta e representada no Brasil. O libreto é de José de Alencar: A Noite de São João. Os festejos tradicionais cearenses que tinham inspirado o patriarca de nosso romance, análogos àqueles que ocorriam no interior de S. Paulo, inspiraram a primeira manifestação do nosso regionalismo no terreno da ópera. Foi representada no Rio de Janeiro (14-12-1860), e repetida seis vêzes, sob a regência do seu co-provinciano Carlos Gomes, dois anos mais môço que ele. A seguir, escreveu a ópera em 4 atos A Louca, sôbre libreto do Dr. Antonio Aquiles de Miranda Varejão. Não conseguindo levá-la à cena, vítima de maquinações insidiosas, renunciou à carreira de operista. A Abertura de A Louca é de extrema singeleza de recursos expressivos.

Nesse periodo a personalidade que se afirmou com maior relêvo foi a de Henrique Alves de Mesquita (1838-1906), compositor carioca, pistonista notável, que estudou em Paris com Francois Bazin e lá fez executar a Abertura Étoile du Brésil e a opereta Noivado em Paquetá, ali representada com o título de Une nuit au château. O seu maior êxito foi, porém, com O Vagabundo, a mais forte dentre as óperas de autores brasileiros anteriores às que Carlos Gomes escreveu a partir de O Guarani. A Abertura de A Noite no Castelo é a da antiga Noivado em Paquetá. Não confundir esta peça com a ópera juvenil de Carlos Gomes Noite do Castelo.

Pedro Teixeira de Seixas, mais conhecido por Pedro Teixeira, português, autor duma Missa em Mi Bemol ou “da Coroação“, é considerado pelo Visconde de Taunay “artista de mérito”, assinalou-se pela sua contribuição para o abastardamento da música sacra entre nós. Escreve dele Taunay: “Pedro Teixeira / …… /foi o principal propulsor da reforma da música sagrada, e o que ousou mais amplamente dramatizar os trênos sagrados, e converter a pedra d’ara dos altares no pavimento do hipocênio, onde se compassam as voluptuosas melodias da ópera italiana” … Pedro Teixeira foi proclamado o reformador da música, o homem do gosto moderno, e todos os artistas o foram imitando. Tínhamos, nas grandes festas, missa do Barbeiro, da Pêga Ladra, de Aureliano, da Cenerentola e da Italiana em Argel … No entanto, como escreve o alemão Bd. Theodor Boesch, eram aquí excelentes os bailados e dignos dos palcos da Europa. A Abertura do bailado Triunfo do Amor, de Pedro Teixeira, é bem de “ballet” pelos seus giros de índole coreográfica.

A Abertura A Castanheira, atribuída a Luiz Inácio Pereira, músico português, leve e de certa graciosidade devido ao caráter popular do seu tema, levanta o problema da autoria, já que entre os 15 entrementes, burletas e farsas portuguêsas de Marcos Portugal existe uma A Castanheira. A partitura, porém, menciona Luiz Inácio Pereira.

Eleutério Feliciano de Sena é anunciado como Mestre de Música, no Rio de Janeiro, no período entre 1855 e 1867. Eml 14-3-1848, publica um Hino em Aplauso do Faustosíssimo Dia do Aniversário Natalício de S. M. a Imperatriz do Brasil, com letra de Possidônio Antônio Alves. De sua autoria êste Andante Para Grande Orquestra.

A vinda ao Brasil de Louis Moreau Gottschalk (1829-1869), em 1869, ano em que aqui faleceu, teve consequências importantes para a evolução do teor operístico de nossa música. Brilhantíssimo virtuoso (a peroração da sua celebérrima Grande Fantasia Triunfal Sôbre o Hino Nacional Brasileiro foi incorporada por lsidor Philipp ao seu tratado das oitavas), os seus programas de concertos eram constituídos de obras de sua autoria, do gênero “salão”, porém, encerrando dificuldades técnicas, principalmente na parte da mão direita. Quase nenhum pianista trouxera ao nosso público, fanatizado pela ópera, a antiga música barroca dos tempos que findaram com a morte de José Maurício; e nem Beethoven, nem Schumann ou Chopin. Gottschalk fascinou incomparavelmente. Foram, porém, as suas peças “características” que despertaram o interêsse dos nossos compositores. Gottschalk, nascido em Nova Orleans, era norte-americano sulista, portanto de região de influência africana, além de espanhola e da do clima tropical. Daí as afinidades com os que aqui buscavam os elementos de caracterização da nossa música própria. Le Banjo, Esquisse Américaine, op. 15 (assim descrito no programa de 1-9-1869: “Nesta peça o autor procura imitar os bailes crioulos das fazendas norte-americanas e o instrumento com que êles se acompanham“) foi de efeito fulminante, e está longinquamente na raiz de numerosas “danças negras” compostas no Brasil.

Bamboula, Danse de Nègres (ou Bâmbola), op. 2, ainda teve alcanse mais direto para a nossa linguagem pianística. Certas das fórmulas que ali aparecem terão influído até em Ernesto Nazareth, nos seus tangos brasileiros e nas suas valsas, estas muito afins com as de Gottschalk.

Típico de costumes sociais da época é este Exulta, Oh Brasil, de Savério Mercadante (Altamura, Bari, 1795 – Napoles, 1870). Melodramático bastante prezado no seu tempo, autor de 60 óperas, e cuja La Vestale terá tido (apud Fernando Lopes Graça) alguma influência sobre o jovem Verdi, contra quem manifestou progressivo ressentimento, Mercadante escreveu esta peça com intenção manifestadamente laudatória.
Andrade Muricy, da Academia Brasileira de Música, 1965 (extraído da contra-capa do LP)

Elias Álvares Lôbo (1834-1901)
01. Abertura da ópera “A Louca”
Henrique Alves de Mesquita (1838-1906)
02. Abertura da ópera “A Noite no Castelo”
Pedro Teixeira de Seixas (?-1832)
03. Abertura do ballet “O Triunfo do Amor”
Luiz Inácio Pereira (Séc. XIX)
04. Abertura da ópera “A Castanheira”
Eleutério Feliciano de Senna (Séc. XIX)
05. Andante para Grande Orquestra
Louis Moreau Gottschalk (1829-1869)
06. Le Banjo, Esquisse Américaine, op. 15
07. Bamboula, Danse de Nègres, op. 2

Savério Mercadante (1795-1870)
08. Exulta, Oh Brasil

Música na Corte Brasileira, Vol. 4 de 5: Na Corte de D. Pedro II – 1965
Collegium Musicum da Rádio M.E.C. Maestrina Julieta Strutt & Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio M.E.C. Maestro Alceo Bocchino

Piano: Honorina Silva; Tenor: Mário Cesar Oliveira; Soprano: Ermelinda CoutoSelo Angel/Odeon, Coordenador-Assistente: Marlos Nobre

LP digitalizado por Avicenna.

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Avicenna

Música na Corte Brasileira – Vol. 3 de 5: Na Corte de D. Pedro I (Acervo PQPBach)

25g3urtMúsica na Corte Brasileira – Vol. 3
Na Corte de D. Pedro I
1965

 

A Arquiduquesa d’Áustria, D. Leopoldina de Habsburgo, primeira esposa de D. Pedro I e mãe de D. Pedro II, escrevendo a seu pai, o lmperador Francisco I, em data de 19-11-1821, encaminha a este uma Missa cantada de Sigismond Neukomm e acrescenta que essa obra “contem duas fugas que, todos sabemos, vós muito gostais”. Passa então ao principal: “O meu marido é compositor também, e faz-vos presente de uma Sinfonia e Te Deum, compostos por êle; na verdade são um tanto teatrais, o que é culpa do seu professor (Marcos Portugal), mas o que posso assegurar é que êle próprio os compôs sem auxílio de ninguém”. D. Pedro I estudou teoria, harmonia, composição, flauta, clarineta, fagote, trombone, violino, celo. Tinha boa voz e cantava acompanhando-se êle próprio ao cravo e à guitarra. No entanto, os interesses afetivos e as preocupações políticas do monarca impediam-no de dar assídua atenção à vida musical. Assim, com a abdicação de D. Pedro I encerrou-se um período ainda de relativo esplendor devido principalmente, e de qualquer modo, à presença daqueles mestres insígnes, José Maurício, Marcos Portugal e Neukomm.

De José Maurício Nunes Garcia pouco resta no gênero instrumental puro. E eis, porém, surge há pouco a Overtura em Ré (como está inscrito nas suas partes), a extraordinária Abertura em Ré. Vem-nos ela dum passado talvez mais do que sesquicentenário; chega-nos com as suas intatas vivências, nobre e dramática de acentos, dum vigoroso dinamismo. E estruturada com mão de mestre, nos elementos pouco numerosos porém incisivos.  De imediato, a Abertura em Ré colocou-se na culminância não somente da música instrumental do Reino e do Império, como de nossa música sinfônica de todos os tempos, entre o melhor que, nesse terreno, temos produzido.

A Sinfonia de D. Pedro I (Queluz, Portugal 12-X-1798 Porto, 14-IX-1834) a que alude D. Leopoldina será possivelmente a obra agora cognominada Abertura Independência, antes sempre mencionada como Sinfonia Para Grande Orquestra. Será a mesma a que se refere a seguinte carta, de Gioacchino Rossini a D. Pedro ll e que foi publicada por Álvaro Cotrim (Álvarus) no seu livro sobre Daumier, ed. do S. de D. do M.E.C.: “Pendant le trop court séjour de sa Majesté l’Empereur Don Pedro à Paris j’ai fait exécuter au Théatre Italien uneouverture de sa composition qui était charmante, elle eut un grand succès, et comme par discrétion je n’ai pas nommé l’auteur on m’adressa des compliments croyant peut-être que la susdite overture était composé par moi, erreur qui ne déplaira pas à son auguste fills, qui pourrait bien en souvenir m’adresser un peu d’un café si célèbre de vos contrées. (Ass. DG. Rossini/Paris  5 avril/1866)” zelosamente conservada em São João del-Rei, cujas tradicionais orquestras possuem preciosos arquivos, sobretudo de música do Oitocentos. Apresenta na parte de 1.a clarineta a seguinte inscrição: “Ouvertura composta pelo Senhor D. Pedro I na época da Independência do Brasil“. A sua propensão para a composição é de maior evidência em outras obras por ele deixadas, como o Te-Deum para o batizado da lnfanta D. Maria da Glória, futura D. Maria II, ou o Credo – outrora muito executado em todo o Brasil – da missa cantada em 5 de dezembro de 1829, na Capela Imperial, escrita especialmente para a celebração de suas bodas com a Arquiduquesa D. Amélia de Leuchtenberg, sua segunda esposa.

Sigismond Neukomm (Salzburgo, 10-VII-1778 – Paris, 3-IV-1858), vindo na comitiva do Duque de Luxemhurgo, embaixador da Áustria, teve aqui posição e atividades abaixo do seu merecimento. Retornou à Europa (Paris) em 1821. A ele, no entanto, se deve o reconhecimento do valor do Padre José Maurício, por êle declarado “o maior improvisador do mundo”; a regência por José Maurício do Requiem de Mozart foi nestes termos por êle comentada no “Allegemeine Musik-Zeitung”, de Viena: “A execução da obra-prima mozartiana nada deixou a desejar.” Deu lições a D. Pedro I e a Francisco Manuel da Silva. É de sua autoria a primeira obra conhecida em que aparece um tema musical brasileiro: o belo capricho O Amor Brasileiro, no qual engastou a melodia de um lundu, obra essa encontrada em Paris por Mozart de Araujo, que também alí verificou a existência de uma Fantasia Para Grande Orquestra Sobre uma Pequena Valsa de D. Pedro I. Harmonizou modinhas do músico popular carioca Joaquim Manuel.

A Abertura “Le Héros” (O Herói) dedicada a D. Pedro I, é cabalmente reveladora da segurança artesanal de Neukomm.

A Missa de Nossa Senhora da Conceição (de “8 de dezembro”), de José Maurício, escrita em 1810, está provavelmente completa, porque naquela época era frequente encontrarem-se partituras de missas contendo somente o Kyrie, mais o Gloria, ou o Credo. A sua feição é predominantemente teatral, a exemplo de tantas do melhor repertório barroco, aí incluídas as de Haydn e Mozart. João de Freitas Branco narra: “Aliás D. João VI manifestara a Marcos Portugal o seu real desejo de que tornasse a sua música sacra mais leve e parecida com a profana – de ópera, está claro. (H. da M. Portuguêsa, 1959, Lisboa, p. 142‘)”. Assim, compreende-se que tantos elementos da linguagem musical do melodrama estejam acusados nessas páginas das quais, ainda assim, não estão excluídas a nobreza natural de inflexões expressivas, caracteristicas da música do Padre-Mestre, bem como a sua superioridade no trato da matéria coral.

Para Marcos Portugal, operista de renome europeu, cantado nos maiores teatros, com peças traduzidas até para o russo e o alemão, a Modinha saloneira não passaria de simples aria-minor e despretensiosa. Assim, esta delicada Cuidados, Tristes Cuidados, em que se afirma o melodista experiente.

D. Pedro I deixou-nos uma página que nunca mais saiu do sentimento de todos os brasileiros, e hoje já com leve pátina de simpático arcaismo: o Hino da Independência, letra de Evaristo da Veiga. Após a abdicação, a bordo da corveta “D. Amélia”, em viagem da Ilha da Madeira para o Pôrto – a fim de confirmar no trono de Portugal a sua filha D. Maria II – compôs o Hino da Carta Constitucional, Carta que iria outorgar para contrapô-la ao absolutismo de seu irmão D. Miguel. Esse hino foi mantido como Hino Nacional Português até a Revolução Republicana de 1910.

Bernardo José de Sousa Queiroz, músico português, radicado no Rio de Janeiro desde, parece, antes da chegada da Côrte, foi bastante considerado como operista e autor de peças leves, como a valsa O Aniversário, de 1838, ou o Lundum Variado, de 1839. Pelo “Jornal do Commercio”, em 1835, “oferece seus préstimos” como “mestre de música e compositor”. A Abertura em Si Bemol, de 1814, mostra um músico senhor do seu “métier”.
Andrade Muricy, da Academia Brasileira de Música, 1965 (extraído da contra-capa do LP)

Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
01. Abertura Em Ré Maior
Imperador D. Pedro I (Queluz, Portugal, 1798 – idem, 1834)
02. Independência – Abertura
Sigismund Ritter von Neukomm (1778-1858)
03. O Herói – Abertura
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
04. Missa de Nossa Senhora da Conceição para 8 de dezembro de 1810 – Kyrie e Fuga
Marcos Antonio Portugal da Fonseca (Portugal, 1762-Rio, 1830)
05. Cuidados, Tristes Cuidados
Imperador D. Pedro I (Queluz, Portugal, 1798 – idem, 1834)
06. Hino da Carta Constitucional
Bernardo José de Souza Queiroz (Séc. XIX)
07. Abertura em Sí Bemol (1814)

Música na Corte Brasileira – Vol. 3 de 5: Na Corte de D. Pedro I – 1965
* Faixa 01 a 06: Associação de Canto Coral. Maestrina Cleofe Person de Mattos & Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio M.E.C. Maestro Alceo Bocchino
* Faixa 07 a 11: Collegium Musicum da Rádio M.E.C. Maestrina Julieta Strutt & Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio M.E.C. Maestro Alceo Bocchino
Selo Odeon, Coordenador-Assistente: Marlos Nobre

LP gentilmente ofertado pelo nosso ouvinte Antonio Alves da Silva e digitalizado por Avicenna.

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Avicenna

Música na Corte Brasileira – Vol. 2 de 5: Na Corte de D. João VI (Acervo PQPBach)

mua%cc%83a%cc%8asica-na-corte-brasileira-vol-2_-na-corte-de-d-joaa%cc%83eo-viMúsica na Corte Brasileira – Vol. 2
Na Corte de D. João VI
1965

 

A música de classe, que no Rio de Janeiro de D. João VI se executava no palco dos teatros, no coro das igrejas ou nos salões arlstocráticos, girava em tôrno de três nomes principais: José Maurício Nunes Garcia, Marcos Antonio Portugal e Sigismond Neukomm.

Marcos Portugal (1762-1830), músico português de renome, que D. João fez nomear Diretor dos Teatros e das Funções Públicas da Corte, era sobretudo, um autor dramático e só por ordem do Príncipe Regente compunha música religiosa.

Como músico, Marcos Portugal reunia, por assim dizer, todos os defeitos e todas as qualidades da escola italiana, da qual foi êle o primeiro grande representante no Brasil.

Já Sigismond Neukomm (1778-1858) era a antítese de Marcos Portugal. Possuindo, como este, uma sólida formação musical, sua obra era, no entanto, de cunho eminentemente camerístico e sinfônico, como convinha a um músico austríaco.

De Haydn, de quem foi o discípulo predileto, Neukomm assimilou as virtudes mais específicas da escola alemã.

Enquanto Marcos Portugal mandava reservar para sí o camarote de boca do Teatro S. João, para nele exibir, juntamente com a sua música, os seus punhos de renda e as suas comendas, Sigismond Neukomm, homem simples, comedido, preferia os saraus da residência do Consul da Rússia no Brasil, o Barão de Langsdorff, nos quais, em companhia do Padre José Maurício, executava as últimas novidades musicais chegadas da Europa.

Entre Marcos Portugal e Neukomm vagava a figura modesta, quase humilde, do Padre José Maurício (1767-1830), cuja obra, predominantemente sacra iria merecer, por isso mesmo, as preferências do Príncipe Regente, que, como se sabe, tinha entre as suas preocupações e vaidades a de ostentar o brilho da sua Real Capela.

Efetivamente, a produção do Padre, composta de mais de 400 obras, não inclui, segundo o Visconde de Taunnay, mais do que 4 obras profanas.

A êsse diminuto repertório pertence a ópera Zemira, da qual só chegou até nós a Abertura, datada de 1803 e em cuja partitura escreveu o autor que deveria ser executada “com relâmpagos e raios nos bastidores”.

Já no Te Deum, de 1811, o Padre-Mestre se integra no seu “métier” de autor sacro. O tratamento vocal, de admirável propriedade, é sublinhado por um suporte orquestral brilhante, enriquecido de contrastes dinâmicos e colorido de timbres. É uma peça magnífica, que se situa entre as melhores do catálogo do mestre.

De Marcos Portugal é a Abertura nº 16, peça que terá servido, porventura, de introdução ou prólogo a uma de suas óperas ou cantatas.

Antonio José do Rego, músico que suponho português, e Domingos Caldas Barbosa, o patriarca da modinha e do lundu, assinam, respectivamente a música e a letra da cantiga Ora Adeus Senhora Ulina. O original, para duo vocal e piano, foi publicado em Lisboa, em 1792, num curioso “Jornal de Modinhas” dedicado à S.A.R. a Princesa do Brasil D. Carlota Joaquina.

De autoria até bem pouco tempo controvertida, é a modinha Beijo a Mão que me Condena, peça muito citada pelos autores mas apenas atribuída a José Maurício. O próprio Mário de Andrade, nossa maior autoridade no assunto, não teve elementos para afirmar a verdadeira autoria da peça. Em 1958, porém, deparei na Biblioteca Nacional com a edição original, para voz e piano, dessa modinha famosa, saída da copistaria de P. Laforge, à Rua da Cadeia n.o 89 e em cujo frontispício se lê o nome por extenso do Padre-Mestre.

Na Chula Carioca, de Antonio da Silva Leite, Mestre de Capela do Porto, aparece pela primeira vez numa peça musical uma alusão à terra carioca. No original dessa peça, publicada em Lisboa em 1792, o autor recomenda o “acompanhamento de duas guitarras e hüa violla”.

Para as solenidades da Aclamação de D.João VI, em 1816, Marcos Portugal compôs e regeu o Hino da Aclamação, com o qual se encerra êste segundo volume da série “Música na Corte Brasileira”.
Novembro, 1965, Mozart de Araujo (extraído da contra-capa do LP)

Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
01. Abertura da Ópera Zemira (1803) – Ouverture que Expressa Relâmpagos e Trovoadas
02. Te Deum das Matinas de São Pedro (1809) – 1. Te Deum Laudamus
03. Te Deum das Matinas de São Pedro (1809) – 2. Te Ergo Quae Sumus
04. Te Deum das Matinas de São Pedro (1809) – 3. Æterna Fac
05. Te Deum das Matinas de São Pedro (1809) – 4. Dignare Domine
06. Te Deum das Matinas de São Pedro (1809) – 5. In Te Domine Speravi

Marcos Antonio Portugal da Fonseca (Portugal, 1762-Rio, 1830)
07. Abertura nº 16
Antonio José do Rego (Séc. XVIII) & Domingos Caldas Barbosa (Séc. XVIII)
08. Ora a Deus Senhora Ulina
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
09. Beijo a mão que me condena
Antonio da Silva Leite (Portugal, séc. XVIII)
10. Chula carioca
Marcos Antonio Portugal da Fonseca (Portugal, 1762-Rio, 1830)
11. Hino para a Aclamação de D. João VI

Música na Corte Brasileira, Vol 2 – Na Corte de D. João VI – 1965
Faixa 01 e 06: Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio M.E.C., Regência: Alceo Bocchino
Associação de Canto Coral, Diretora: Cléofe Person de Mattos
Dircea Amorim, soprano. Juan Thibault, tenor. José Evergisto Netto, tenor.

Faixa 07 a 11: Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio M.E.C., Regência: Alceo Bocchino
Collegium Musicum da Rádio M.E.C, Regência: Julieta Strutt. Olga Maria Schroeter, soprano
Selo Odeon, Coordenador-Assistente: Marlos Nobre

LP gentilmente ofertado pelo nosso ouvinte Antonio Alves da Silva e digitalizado por Avicenna.

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Boa audição.

pinguim

 

 

 

Avicenna

Música na Corte Brasileira – Vol. 1 de 5: O Vice-Reinado (Acervo PQPBach)

qq7i3aMúsica na Corte Brasileira – Vol. 1 de 5
Rio de Janeiro – Vice-Reinado

LP de 1965

 

Até alguns anos passados, não seria possível realizar esta série de discos que a Odeon denominou “Música na Corte Brasileira” e com a qual se associa às comemorações do IV Centenário de Fundação da Cidade do Rio de Janeiro.

Efetivamente, o repertório de que se compõe este primeiro volume da série é, por assim dizer, inteiramente novo para os ouvidos das últimas gerações de brasileiros.

São peças buscadas nos arquivos de Lisboa, de Paris e do Brasil, que trazem, com o sabor característico de documentos amarelecidos pelo tempo, a evocação de uma época distante, quando o Rio de Janeiro, prestigiado com a presença da família real e da nobreza portuguesa, passou a ser a sede da Corte de D. Maria I, a Louca.

O Principe Regente, governando em nome de sua Augusta Mãe, era um Bragança e, como tal, portador de um atávico pendor para a música.

Nao é de estranhar que esse pendor se exercesse em primeiro lugar no templo, já que, filho de uma rainha cujo misticismo chegou ao delírio e à loucura, D. João trazia do berço o hábito de rezar o terço ouvindo o cantochão.

Fora do templo, havia o salão, onde se fazia música com viola e cravo. E, somente em dose diminuta, havia também a música de teatro.

O primeiro autor a figurar no repertório aqui apresentado é Joaquim Manuel, mestiço carioca nascido no século XVIII e que ainda em 1820 vivia no Rio de Janeiro. Joaquim Manuel passou à História graças à maneira excepcional com que executava “une petite viole française, appelée cavaquinho” e ao talento musical que revelava compondo modinhas.

Sem saber uma nota de música, Joaquim Manuel causou forte impressão em alguns viajantes e cronistas da época, entre os quais Freycinet e Balbi, além de Neukomm, o músico austríaco que, permanecendo no Rio de Janeiro de 1816 a 1821, levou para a Europa algumas das modinhas de Joaquim Manuel, harmonizando e fazendo-as publicar num album, em 1824, ano em que foi anunciado a venda, em Lisboa, no Armazém de Música de J. B. Waltmann.

A descoberta das modinhas de Joaquim Manuel se deve a Luis Heitor, que encontrou recentemente na Biblioteca do Conservatório de Paris as harmonizações autógrafas de Neukomm, para canto e piano. Do album impresso em Paris não há notícia de um único exemplar.

As modinhas de Joaquim Manuel constituem o que de melhor existe na música profana do Brasil Colonia e podemos ouvir aqui as seguintes: Se me Desses um SuspiroSe Queres Saber a Causa, Foi o Momento de Ver-te, Triste Salgueiro e Desde O Dia em que Nasci.

De Marcos Antonio (Marcos Portugal, 1762-1830), com poema de Domingos Caldas Barbosa (1740-1800), é a modinha Você Trata o Amor em Brinco, peça descoberta pelo autor destas notas na Biblioteca Nacional de Lisboa.

Marcos Portugal, o orgulhoso musico português cujo nome figura no programa dos principais teatros da Europa como autor de óperas, veio para o Rio de Janeiro em 1811, aqui permanecendo até 1830, quando, vitimado por um “ataque paralítico”, faleceu em estado de pobreza, na casa de uma velha fidalga que dele se apiedou, a Marquesa de Aguiar. Caldas Barbosa, autor do poema, é o criador da modinha e do lundu de salão. Transportando-se para Lisboa em 1770, foi ele o primeiro brasileiro a levar para os salões da aristocracia lisboeta esses dois gêneros musicais, nos quais repontam os primeiros indícios de nacionalidade brasileira.

Recolhidas pelo naturalista Von Martius em 1817/18, que as publicou no apêndice musical do seu monumental “Reise in Brasilien”, aparecem aqui duas modinhas anônimas: No Regaço da Ventura, modinha mineira cujo poema pude identificar como sendo da autoria de Tomas Antonio Gonzaga, e Uma Mulata Bonita, lundu da Bahia.

Canidê-Ioune (ave amarela) é a curiosa peça com que nos deparamos agora. A melodia harmonizada para coro por Villa-Lobos, foi recolhida dos índios Tamoios por Jean de Lery em 1557, na Baia de Guanabara, nas imediações do Rio Carioca, na Praia do Flamengo. A melodia, como se vê, é anterior à fundação da cidade.

Sendo a maior figura da musica colonial brasileira, o Padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), deixou uma obra numerosa, da qual conhecíamos pouquíssimas peças. Graças às pesquisas de Cleofe Person de Mattos, começamos a ter do Padre-Mestre o conhecimento auditivo que nos faltava.

De José Maurício são as peças Crux Fidelis, de 1806, Judas Mercator Pessimus de 1809 e, finalmente, a Sinfonia Fúnebre, de 1790, executada nas exéquias do autor em 1830.
(Novembro, 1965, Mozart de Araujo, extraído da contra-capa do LP)

Anônimo da Bahia
01. Uma mulata bonita
Anônimo (Séc. XVIII) & Thomaz Antonio Gonzaga (Porto, 1744-Ilha de Moçambique, 1810)
02. No regaço da ventura
Joaquim Manoel Gago da Câmara (Séc. XVIII) & harmonizada por Sigismund Neukomm
03. Se me desses um suspiro
04. Se queres saber a causa
05. Foi o momento de ver-te
06. Triste salgueiro
07. Desde o dia em que nasci
Marcos Antonio Portugal da Fonseca (Portugal, 1762-Rio, 1830) & Domingos Caldas Barbosa (1740-1800)
08. Você trata o amor em brinco

Anônimo (Rio, séc. XVI) & harmonizada para coro por Villa-Lobos
09. Canidê-Ioune
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
10. Crux fidelis
11. Judas mercator pessimus
12. Sinfonia Fúnebre

Música na Corte Brasileira, Vol 1 – Rio de Janeiro – O Vice-Reinado – 1965
Faixa 01 a 08: Collegium Musicum da Rádio M.E.C., Regência: George Kiszely
Olga Maria Schroeter, soprano
Faixa 09 a 11: Associação de Canto Coral, Diretora: Cleofe Person de Mattos
Faixa 12: Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio M.E.C., Regência: Alceo Bocchino

Selo Odeon, Coordenador-Assistente: Marlos Nobre
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.LP gentilmente ofertado pelo nosso ouvinte Antonio Alves da Silva. Não tem preço!!!!
Digitalizado por Avicenna

 

 

Boa audição.

 

 

 

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Avicenna

Ofício das Violetas e os Motetos para a Procissão de Ramos – Madrigal e Orquestra de Câmara do Departamento de Música da ECA-USP (Acervo PQPBach)

121tw11Ofício das Violetas
Motetos para a Procissão de Ramos
Madrigal e Orquestra de Câmara – ECA-USP

 

As obras de Lobo de Mesquita e de Dias de Oliveira encontram-se nos vários arquivos das Corporações musicais espalhadas por todo o Estado de Minas Gerais e norte do de São Paulo. Este é o caso da Missa Fúnebre de Lobo de Mesquita, da qual conhecemos quatro cópias: a do Museu da Música de Mariana (código F-1), a do Arquivo da Orquestra e Banda Lira Ceciliana de Prados e as de São João del Rei: uma no arquivo da Orquestra Lira Sanjoanense e a outra no arquivo particular de Aluisio José Viegas. O título Ofício das Violetas só consta nos manuscritos que estão em Prados e, provavelmente, foi dado, pelo autor dessas cópias, Joaquim de Paula Souza Bom Sucesso. Foram estes últimos que Cecília L. Tuccori escolheu para a montagem da partitura. Copiados entre 1798 e 1803, além de muito claros, esses manuscritos demonstram fidedignidade de referências por parte de Paula Souza. O apelido “violetas” deveu-se ao fato de a instrumentação de Emerico empregar violas na orquestra, suprimindo o uso de violinos.

Das nove Lições que compõem o Ofício de Defuntos, Lobo de Mesquita musicou apenas a primeira, quarta e sétima, não colocando em música nem os Responsórios e nem a Encomendação. Aqui apresentamos somente o lnvitatório do Oficio e a Missa de requiem, sem a Sequentia (Dies irae), que provavelmente nunca foi escrita pelo autor. Nos manuscritos de Mariana lê-se: “Sequentia fica para os Padres”. Esta observação, aliada ao fato de Emerico não ter incluído os Responsórios em sua obra, confirma a tendência do compositor de intercalar trechos em gregoriano durante a realização do Ofício. Sua escrita é clara, cuidada, vigorosa, sem recorrer a inúteis complexidades harmônicas ou rítmicas. As vozes do coro e da orquestra dialogam alternadamente; os instrumentos trabalham sempre aos pares, geralmente em terças paralelas, sendo raros os momentos em que um dos elementos do par sobressaia como solista. Por outro lado, a voz solista frequentemente dialoga com o coro e com os instrumentos afim de contrapor maior ou menor massa sonora. Notem-se estes procedimentos principalmente no Kyrie, em que o diálogo de soprano e contralto com as duas violas é feito através da melodia “espelhada”: as vozes apresentam o tema, que é respondido pelas cordas, ao contrário. Ou entao no Benedictus, o “Duo afetuoso”, que na verdade é um “solo” de dois duetos: as violas se contrapõem ao dueto das vozes apoiadas nas flautas.

Os três Motetos para a Procissão de Ramos, em sol maior, foram feitos para serem cantados na rua. A cópia respeitada para a presente gravação também é do arquivo pradense, feita por Paula Souza e recopiada por José Steves da Costa e Antonio Américo da Costa. Liturgicamente fazem parte da narração da entrada de Jesus em Jerusalém segundo São Mateus. A Antífona Cum appropinquaret é cantada durante o trajeto da procissão; quando ela volta para a frente da lgreja canta-se o Hino Gloria Laus e quando as portas são abertas, o Responsório Ingrediente Domino. A escrita dos três Motetos denuncia a outra profissão do compositor: organista. Não há independência das vozes, pois a escrita é cordal, por acordes; as vozes caminham sempre juntas e, às vezes, há pequenos duetos em terças paralelas. Se não fosse pela funcionalidade do texto na cerimônia religiosa, poderiam ser tocados num órgão sem perda de brilho. A simplicidade das obras evidencia o aspecto estritamente prático dessa música: ser cantada pelo coro da Irmandade, bem como pelos fiéis que participavam da procissão.

Os Motetos de Manoel Dias de Oliveira

Os Motetos de Manoel Dias de Oliveira tornaram-se bem mais populares que os de Emerico, pelo menos no que diz respeito às suas presenças nos arquivos das Corporações musicais de Minas Gerais. Eles são encontrados não só em Prados, Tiradentes e São João del Rei, como também em Pouso Alto, Aiuruoca, Mariana e Diamantina. As cópias empregadas aqui foram as do arquivo de Prados, principalmente por causa de uma particularidade: a existência de duas partes de baixo cifrado, originals do século XVIII e, portanto, contemporâneas do compositor. A escrita de Manoel Dias de Oliveira possui características próprias e muito marcantes. Aí são notáveis a harmonia, complexa, cheia de tensões e de surpresas, o emprego dramático do silêncio e um agenciamento melódico rico o suficiente para irrigar até mesmo a voz do baixo.
(texto parcial de Flávia Camargo Toni, extraído do LP)

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
01. Missa de Requiem (Ofício das Violetas) 1. Invitatório
02. Missa de Requiem (Ofício das Violetas) 2. Requiem
03. Missa de Requiem (Ofício das Violetas) 3. Kyrie
04. Missa de Requiem (Ofício das Violetas) 4. Offertorio
05. Missa de Requiem (Ofício das Violetas) 5. Sanctus
06. Missa de Requiem (Ofício das Violetas) 6. Agnus Dei
07. Missa de Requiem (Ofício das Violetas) 7. Communio
08. Moteto para a Procissão de Ramos – Cum appropinquaret
09. Moteto para a Procissão de Ramos – Gloria Laus
10. Moteto para a Procissão de Ramos – Ingrediente Domino

Manoel Dias de Oliveira (São José del Rey [Tiradentes], 1735-1813)
11. Moteto – Domine Jesu
12. Moteto – Popule Meus
13. Moteto – Bajulans
14. Moteto – Miserere

Missa de Requiem e Motetos – sem data (alguém sabe?)
Madrigal e Orquestra de Câmara do Departamento de Música da ECA-USP. Regente: Olivier Toni (faixas 01 a 10)
Madrigal do Departamento de Música da ECA-USP. Regente: Marco Antonio da Silva Ramos (faixa 11 a 14)

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MP3 320 kbps – 68,7 MB – 31,2 min
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Este LP, sem data, foi comprado recentemente num sebo em S. Paulo e digitalizado por Avicenna.

 

 

Boa audição.

gordo e magro

 

 

 

 

 

Avicenna

Missa em Dó Maior & Credo de São José do Tocantins – Orquestra Sinfônica de Goiânia (Acervo PQPBach)

swfers

Música Colonial em Goiânia

Missa em Dó Maior
Credo de São José do Tocantins
Orquestra Sinfônica de Goiânia

 

O ouvinte Sr. Wottan foi o primeiro a atender nosso apelo e enviou uma pérola da música sacra colonial brasileira: Missa em Dó Maior & Credo de São José do Tocantins, interpretados pela Orquestra Sinfônica de Goiânia. Uma prova de quanta riqueza ainda está escondida por esse nosso Brasilzão. Obrigado, Sr. Wottan, quem sabe se esse seu gesto servirá de incentivo para outras contribuições dos nossos ouvintes!

Caprichoso, o Sr. Wottan enviou também um completo encarte em inglês e português, que faz parte do link abaixo. Segue um trecho do encarte:

Por volta dos séculos XVI e XVII a Capitania de Goiás foi uma das mais importantes rotas para as expedições dos bandeirantes, que se aventuravam pelo interior do Brasil. Atrás do ouro protegido pelos índios, chegou o bandeirante Bartolomeu Bueno em 1727, trazendo consigo o povoamento das principais cidades que se formaram em função da mineração. Vila Boa (Goiás), Meia Ponte (Pirenópolis), Jaraguá, Pilar, dentre outras, foram importantes cidades que se formaram a partir do ciclo de exploração do ouro e das pedras preciosas. A vida cultural destas cidades era rica e esplendorosa. Entretanto pouco sabemos de seus compositores e da autenticidade das obras musicais ali executadas anteriores ao séc. XX.
(Junior Cesar Bueno e Freitas, superintendente da Fundação Orquestra Sinfônica de Goiânia, no encarte)

Missa em Dó Maior & Credo de São José do Tocantins – Anônimo
01. Missa em Dó Maior – 1. Kyrie: Kyrie eleison (largo)
02. Missa em Dó Maior – 2. Kyrie: Kyrie eleison (Allegro)
03. Missa em Dó Maior – 3. Kyrie: Christe eleison
04. Missa em Dó Maior – 4. Kyrie: Kyrie eleison (Allegro)
05. Missa em Dó Maior – 5. Gloria: Gloria in excelsis
06. Missa em Dó Maior – 6. Gloria: Domine Deus
07. Missa em Dó Maior – 7. Gloria: Qui sedes
08. Missa em Dó Maior – 8. Gloria: Quoniam
09. Missa em Dó Maior – 9. Gloria: Cum Sancto Spiritu (Largo)
10. Missa em Dó Maior – 10. Gloria: Cum Sancto Spiritu (Allegro)
11. Credo de São José do Tocantins – 1. Credo: Patrem omnipotentem
12. Credo de São José do Tocantins – 2. Credo: Et incarnatus est
13. Credo de São José do Tocantins – 3. Credo: Crucifixus
14. Credo de São José do Tocantins – 4. Credo: Et resurrexit
15. Credo de São José do Tocantins – 5 Credo: Confiteor
16. Credo de São José do Tocantins – 6. Credo: Et exspecto resurrectionem
17. Credo de São José do Tocantins – 7. Credo: Et vitam venturi saeculi
18. Credo de São José do Tocantins – 8. Sanctus: Sanctus
19. Credo de São José do Tocantins – 9. Sanctus: Hosanna
20. Credo de São José do Tocantins – 10. Sanctus: Benedictus
21. Credo de São José do Tocantins – 11. Sanctus: Hosanna
22. Credo de São José do Tocantins – 12. Agnus Dei: Agnus Dei

Missa em Dó Maior & Credo de São José do Tocantins – 2001
Solistas da Fundação Orquestra Sinfônica de Goiânia
Soprano: Marília Álvares
Mezzo-soprano: Rita Mendonça
Tenor: Michel Silveira
Barítono: Ângelo Dias
Violinos: Anderson Rocha e Henrique Douglas
Violoncelo: Gidesmi Alves
Trompas: Roberson Gonçalves e Rubem Santos
Cravo: Beatriz Pavan
Direção musical e pesquisa: Marshal Gaioso

memoria

 

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MP3 192 kbps – 55,3 MB – 35,3 min

 

 

 

Boa audição!

 

girafa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

Música em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais em Fins do Século XVIII – Americantiga Ensemble (Acervo PQPBach)

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Americantiga Ensemble

 

Fundado em 1995 por Ricardo Bernardes, o Americantiga é um conjunto especializado em música brasileira, hispano-americana, portuguesa e italiana dos séculos XVIII e princípios do XIX. Com diferentes formações e enfoques interpretativos, o trabalho tem procurado a execução historicamente informada com o uso de instrumentos de época. Nos últimos anos tem realizado concertos nos Estados Unidos, Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia. Muitos desses concertos foram organizados por embaixadas e consulados brasileiros com o objetivo de difundir esta importante e pouco conhecida produção musical. Em sua discografia já se encontram quatro CDs e um DVD a ser lançado brevemente. O Americantiga tem sido elogiado pela crítica e público como um dos mais sólidos e ativos conjuntos de música antiga no terreno do repertório Luso-Brasileiro. A presente gravação foi realizada contando com excelentes músicos argentinos, no Palácio Pereda, sede da Embaixada do Brasil em Buenos Aires. (texto extraído do encarte)Captura de Tela 2017-10-10 às 15.32.36

André da Silva Gomes (Lisboa, 1752 – São Paulo, SP, 1844)
01. Stabat Mater Para 4 Vozes, Flauta, Cordas e Continuo – 1: Stabat Mater
02. Stabat Mater Para 4 Vozes, Flauta, Cordas e Continuo – 2: Eia Mater
03. Stabat Mater Para 4 Vozes, Flauta, Cordas e Continuo – 3: Quando Corpus
04. Stabat Mater Para 4 Vozes, Flauta, Cordas e Continuo – 4: Amen

José Rodriguez Dominguez de Meirelez (séc. XIX, Pitanguí, MG)
05. Oh Lingua Benedicta Para Soprano Solo, Cordas e Continuo
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
06. Tota Pulchra Es Maria Para 4 Vozes, Flauta, Cordas e Continuo
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
07. Ego Enim (Verso Das Matinas De Quinta-Feira) Para Contralto Solo, Cordas e Continuo
Jerônimo de Souza “Queiroz” (Late 18c – 1826)
08. O Patriarca Pauperum Para Tenor Solo, 2 Flautas, Trompas, Cordas e Continuo
Frei Jesuino do Monte Carmelo (Santos, 1764 – Itú, SP, 1819)
09. Ladainha Em Sol Menor Para 4 Vozes e Continuo
10. Pange Lingua, Para 4 Vozes, Cordas e Continuo

Antonio Leal Moreira (1758-1819)
11. Te Deum 1778 Para 4 Vozes, Trompas, Cordas e Continuo – 1: Te Dominum
12. Te Deum 1778 Para 4 Vozes, Trompas, Cordas e Continuo – 2: Te Gloriosus
13. Te Deum 1778 Para 4 Vozes, Trompas, Cordas e Continuo – 3: Tu Devicto
14. Te Deum 1778 Para 4 Vozes, Trompas, Cordas e Continuo – 4: Te Ergo Quaesumus
15. Te Deum 1778 Para 4 Vozes, Trompas, Cordas e Continuo – 5: Aeterna Fac
16. Te Deum 1778 Para 4 Vozes, Trompas, Cordas e Continuo – 6: In Te Domine

Brasil XVIII – XIX – Música em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais em Fins do Século XVIII – 2009
Americantiga Ensemble
Conductor: Ricardo Bernardes

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MP3 320 kbps – 124,1 MB – 58 min
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Nossos agradecimentos por nos terem enviado este CD.

Boa audição.

ice skating

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

André da Silva Gomes (1752-1844): Stabat Mater & Moteto da Imaculada Conceição (Acervo PQPBach)

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Música Sacra Paulista – vol 1
André da Silva Gomes
1980

 Stabat Mater
A partitura do Stabat Mater foi restaurada entre 1970 e 1974 a partir de um protótipo manuscrito de Manoel José Gomes, de 1831, (foto abaixo), depositada no Arquivo Carlos Gomes, de Campinas. Não dispomos de nenhuma referência documental para datar a sua composição. Aqui, igualmente, o estudo de dezenas de manuscritos do autor e ánalise de inúmeros pormenores do processo composicional conduzem-nos a situar a época de sua composição entre 1785 e 1800, isto é, o último quartel do século XVIII.

O texto latino do Stabat Mater é tratado pelo autor com ligeiras variantes encontradas em edições do século XVIII. Compreende vinte estrofes com versos septissílabos cuja autoria é atribuída a Jacopone da Todi (1230-1306) e muito tardiamente incorporadas aos livros litúrgicos, integrando o Missal Romano como uma Sequentia, apenas em 1727. André da Silva Gomes musicou as estrofes de 1 a 10, saltando as de 11 a 14 retornando às de número 15 a 20. Além de pequenas variantes nas estrofes 4, 17 e 18, o autor adota uma variante completa na de número 19. Mantivemos o texto original da partitura conservando as variantes não só por fidelidade à obra e não ao texto poético medieval como também porque sua correção afetaria seriamente a prosódia dos trechos em questão, sobretudo as estrofes 17 e 19.

Moteto da Imaculada Conceição
O Moteto da Imaculada Conceição é uma obra composta provavelmente na década de 1780 e partimos, para sua restauração, de um manuscrito do autor, depositado no Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo; o instrumental usado é modesto: violinos, trompetes e orgãos. Aliás, o franco destaque vocal, ainda quando está presente o acompanhamento instrumental, é uma tradição dos mestres europeus que cultivaram o moteto clássico até o século XVI. A riqueza tímbrica e harmônica aliada à maestria do autor no domínio da escritura, no tratamento das texturas, no uso versátil do âmbito geral das tessituras, dos graves dos baixos aos agudos dos sopranos, minimizam flagrantemente a ausência de uma orquestra superdimensionada, condição importante para o romântico século XIX que ia despontar.

O título da obra no original é: Moteto per violini/ Trombe, e quatro voce / col due Soprani di / Concerto / Per Festo deglimaculata Concezione / di Maria Ssma / Di Andrea da Silva Gomes.

A obra é tripartida: um Moderato, um Allegro e um Cantabile, para finalizar com um retorno ao Allegro intermediário. A escritura do Moderato é coral-harmônica, com parcos solos. O Allegro está construído sobretudo em escritura fugada e imitativa polifônica e o Cantabile é um dueto para dois sopranos, justificando o titulo geral.
(Texto de Régis Duprat, encontrado no LP, 1980)

André da Silva Gomes (Lisboa, 1752 – São Paulo, SP, 1844)
01. Stabat Mater: 1.Maestoso
02. Stabat Mater: 2.Presto
03. Moteto da Imaculada Conceição: 1.Moderato
04. Moteto da Imaculada Conceição: 2.Allegro
05. Moteto da Imaculada Conceição: 3.Cantabille
06. Moteto da Imaculada Conceição: 4.Allegro

Música Sacra Paulista – vol. 1 – 1980memoria
Madrigal e Orquestra São Paulo Pró Música
Regência: Maestro Jonas Christensen
LP digitalizado por Avicenna

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MP3 320 kbps – 81,7 MB – 39,1 min
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Apesar de raramente respondidos, os comentários dos leitores e ouvintes são apreciadíssimos. São nosso combustível.
Comente a postagem!

Boa audição!

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Avicenna

Música Sacra Paulista – Frei Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1819) & Francisco de Paula Ferreira (1777-1833)

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Música Sacra Paulista – vol. 2
Frei Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1819)
Francisco de Paula Ferreira (1777-1833)

 

As criações musicais do Brasil, no periodo anterior à lndependência, ainda são em grande parte desconhecidas, apesar do esforço de alguns musicólogos que vêm se dedicando ao levantamento de partituras antigas e à sua restauração. Esse trabalho, que vem sendo executado em diversos pontos do pais, procurando recuperar a memória musical brasileira do periodo colonial, tem em Régis Duprat um de seus principais nomes. Pesquisando especialmente a musica sacra paulista, uma das que menos tem sido divulgadas, o prof. Régis Duprat, formado na Universidade de São Paulo, doutor em música pela Universidade de Brasilia, já apresentou importantes resultados. A ele a historiografia musical brasileira deve a recuperação das obras de André da Silva Gomes e dos dois compositores constantes deste album.

O presente registro fonográfico inclui 4 obras inéditas, restauradas pelo prof. Régis Duprat entre 1970 e 1980 e compostas por Jesuino do Monte Carmelo (em ltú) e Francisco de Paula Ferreira (em Guaratinguetá) no começo do século XIX. A execução das músicas foi feita na capela do Orfanato mantido pelas irmãs Salesianas em Guaratinguetá, São Paulo, entidade fundada por uma das principais figuras da história da cidade, o Monsenhor Filippo. Assim, além de se prestar uma homenagem à cidade onde Francisco de Paula Ferreira compos suas músicas para a procissão de Domingo de Ramos, foi possível também divulgar o extraordinário trabalho das irmãs, nesse orfanato, onde são educadas mais de uma centena de meninas carentes.

A apresentação foi feita pelo Coral Vochallis e Orquestra sob regência do maestro Vitor Gabriel de Araujo, seu fundador. Vitor de Araujo, que além de promissor maestro (na apresentação do concerto aqui gravado, tinha apenas 26 anos) é também cantor de coral, tomou parte, nesta segunda condição, do disco Música Sacra Paulista vol. 1. O Coral Vochallis e seu regente têm participado de várias apresentações de música sacra, incluindo o programa “Música nas Capelas Históricas” promovido pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e o Simpósio Internacional de Música Sacra e Cultura Brasileira.

Recuperar dados e elos perdidos de nossa história e de nosso passado é uma forma importante de consolidar a nação e projetar seu futuro.
(Texto adaptado de Mario Ernesto Humberg, 1982, da capa do LP)

Frei Jesuino do Monte Carmelo (Santos, SP, 1764 – Itú, SP, 1819)
01. Ladainha de Nossa Senhora
02. Procissão de Domingo de Ramos
03. Matinas de Quinta Feira Santa, 9º Responsório

Francisco de Paula Ferreira (Congonhas, MG, 1777 – Guaratinguetá, SP, 1833)
04. Ofício do Domingo de Ramos 1. Introito
05. Ofício do Domingo de Ramos 2. Distribuição dos Ramos
06. Ofício do Domingo de Ramos 3. Procissão
07. Ofício do Domingo de Ramos 4. Missa
08. Ofício do Domingo de Ramos 5. Paixão

Música Sacra Paulista – vol. 2 – 1982
Coral Vochallis e Orquestra
Vitor Gabriel de Araujo – regente
LP digitalizado por Avicenna

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Avicenna

Américantiga Coro e Orquestra de Câmara – Compositores Brasileiros, Portugueses e Italianos do Século XVIII

compositores-brasileiros-portugueses-e-italianos-do-sea%cc%83a%cc%8aculo-xviii
Américantiga Coro e Orquestra de Câmara
Compositores Brasileiros, Portugueses e Italianos do Século XVIII

 

No primeiro CD do Américantiga Coro e Orquestra de Câmara, gravado em 1998, inconscientemente lançávamos aquele que seria o primeiro volume desta série que somente hoje se configura. Neste trabalho anterior, entitulado Música Brasileira e Portuguesa do século XVIII, iniciávamos a proposta de estabelecer conexões estilísticas entre essas duas produções musicais. Nesta série, que agora estruturamos, propomos traçar um panorama – por meio de gravações – das profundas relações existentes entre as produções artísticas, sobretudo a musical, do Brasil e da Hispano-américa do período colonial com as práticas musicais de Portugal e Espanha, que por sua vez foram influenciadas pela italiana, representada principalmente pelas assim chamadas “escolas” de Roma e Nápoles.

Para a compreensão deste fenômeno podemos citar os casos de Domenico Scarlatti, importante compositor que atuou nas cortes de Lisboa e principalmente Madri, e de Davide Perez – napolitano de origem espanhola – que veio a ser um dos principais compositores a serviço de D. José I de Portugal.

Outro fato importante é o de muitos jovens compositores portugueses terem se aperfeiçoado na Itália durante o reinado de D. João V (1706 – 1750), graças, sobretudo, à riqueza proporcionada pela descoberta de ouro na província brasileira das Minas Gerais. O estilo musical que absorveram será modelo para sua produção e, consequentemente, para a produção musical brasileira do período colonial, representada pelos compositores atuantes no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Nordeste.

O momento culminante deste processo para a história da música no Brasil é a vinda da corte de D. João VI para o Rio de Janeiro, em 1808, com a criação do Teatro de Ópera São João e da Real Capela de Música – o mais importante centro fomentador e de criação musical das Américas da primeira metade do século XIX.
(Ricardo Bernardes, no encarte)

O Barroco é puramente a origem do Jazz aonde o instrumentista, para ser bom, teria que improvisar o melhor possível. (Grout, Donald J.& Claude V. Palisca, History of Western Music, Norton, Londres, 2001)

Francesco Durante (Itália, 1684-1755)
01. Magnificat em sí bemol a 4 vozes e baixo contínuo – 1. Magnificat anima mea
02. Magnificat em sí bemol a 4 vozes e baixo contínuo – 2. Et misericordia eius
03. Magnificat em sí bemol a 4 vozes e baixo contínuo – 3. De possuit potentes
04. Magnificat em sí bemol a 4 vozes e baixo contínuo – 4. Suscepti Israel
05. Magnificat em sí bemol a 4 vozes e baixo contínuo – 5. Sicut locutus est
06. Magnificat em sí bemol a 4 vozes e baixo contínuo – 6. Sicut erat in principio

Nicola Fargo (Itália, 1677-1745)
07. Credo in unum Deum a 5 vozes e baixo contínuo – 1. Credo in unum Deum
08. Credo in unum Deum a 5 vozes e baixo contínuo – 2. Et incarnatus est
09. Credo in unum Deum a 5 vozes e baixo contínuo – 3. Crucifixux etiam pro nobis
10. Credo in unum Deum a 5 vozes e baixo contínuo – 4. Et ressurexir tertia die
11. Credo in unum Deum a 5 vozes e baixo contínuo – 5. Sanctus et Benedictus
12. Credo in unum Deum a 5 vozes e baixo contínuo – 6. Agnus Dei

José Alves (Portugal, sec. XVIII)
13. Dixit Dominus a 8 vozes e baixo contínuo – 1. Dixit Dominus
14. Dixit Dominus a 8 vozes e baixo contínuo – 2. Donec ponam
15. Dixit Dominus a 8 vozes e baixo contínuo – 3. Juravit Dominus
16. Dixit Dominus a 8 vozes e baixo contínuo – 4. Tu es sacerdos
17. Dixit Dominus a 8 vozes e baixo contínuo – 5. Gloria Patri
18. Dixit Dominus a 8 vozes e baixo contínuo – 6. Sicut erat in principio

José Totti (Itália, 1780 – Portugal, 1832)
19. Solitario bosco ombroso (duo de sopranos com teorba)
David Perez (Itália, 1711 – Portugal, 1778)
20. Requiem em fá menor a 4 vozes, fagote obbligato e baixo contínuo – 1. Requiem aeternam
21. Requiem em fá menor a 4 vozes, fagote obbligato e baixo contínuo – 2. Kyrie eleison

atrib. Antonio da Silva Leite (Séc. XVIII)
22. Xula Carioca
Anônimo brasileiro Séc. XVIII

23. Modinha: É delícia de amor
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
24. Te Deum laudamus (1801) a 4 vozes e órgão 1. Te Deum laudamus
25. Te Deum laudamus (1801) a 4 vozes e órgão 2. Te ergo quasumus
26. Te Deum laudamus (1801) a 4 vozes e órgão 3. Aeterna fac

Compositores Brasileiros, Portugueses e Italianos do Século XVIII – 2002
Relações musicais nos séculos XVII, XVIII e XIX – Vol. II
Américantiga Coro e Orquestra de Câmara
Regente: Ricardo Bernardes

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vitrola

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) – Missa de Nossa Senhora da Conceição & Credo em Sí bemol (Acervo PQPBach)

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Pe. José Maurício Nunes Garcia
Missa de Nossa Senhora da Conceição & Credo em Sí bemol
Austin Chamber Singers

 

José Maurício Nunes Garcia, é o exemplo máximo de todo o avanço em direção à linguagem tida como mais moderna e ao gosto da corte, seguindo os modelos da ópera italiana dos primeiros anos do século XIX, para a qual Marcos Portugal, Paisiello, Cimarosa e, posteriormente, Rossini serviram de modelo.

O tempo de José Maurício à frente da Real Capela é claramente um período de transição estilística entre suas duas práticas, já há muito estabelecidas pelos pesquisadores de sua obra: antes e depois da chegada da corte. Se, antes, escrevia para grupos pequenos e possivelmente com limitações técnicas, vê-se obrigado, a partir de então, a escrever uma música mais brilhante e virtuosística, com o objetivo de se aproximar do “estilo da Capela Real”. O que justamente caracteriza este período como de transição é a síntese através da qual José Maurício adapta sua música e sua linguagem, obtendo um estilo híbrido em sua criação, ainda com resquícios fortes da primeira fase, mas já alçando vôos em direção ao estilo que iria caracterizar sua segunda fase: mais madura e moderna.

A grande obra do período de José Maurício à frente da Real Capela é sem dúvida a Missa de Nossa Senhora da Conceição para 8 de dezembro de 1810. É a obra mais complexa e grandiloquente das que havia composto até então, e uma das mais sofisticadas de toda a sua carreira, composta num momento de plena maturidade: José Maurício contava com 43 anos.

A Missa da Conceição (C.P.M. 106) unida ao Credo em Sí bemol (C.P.M 129) é sua primeira missa com coro e grande orquestra, e apresenta uma mudança do estilo severo empregado nos tratamentos anteriores ao mesmo texto. É uma obra com características únicas em sua criação, pois conta com estruturas e elementos que não virão a se repetir, mesmo em obras posteriores, como a utilização de uma orquestração extremamente refinada com divisões em todas as cordas, a presença de um sexteto solista e, principalmente, o uso de três grandes processos imitativos chamados de fugas ou fugatos.
(Ricardo Bernardes, musicólogo e maestro, editor da Missa de Nossa Senhora da Conceição, do Padre José Maurício).

Missa de Nossa Senhora da Conceição para 8 de dezembro de 1810
01. Kyrie
02. Christie (fuga)
03. Kyrie
04. Gloria
05. Et in terra pax hominibus
06. Gloria
07. Laudamos te
08. Gratias agimus tibi
09. Propter magnam gloriam tuam
10. Domine Deus
11. Qui tollis peccata mundi
12. Suscipe deprecationem
13. Qui sedes ad dexteram Patris
14. Quoniam tu solus sanctus
15. Cum Sancto Spiritu
16. Cum Sancto Spiritu (fuga)
Credo em Sí bemol
17. Credo
18. Et incarnatus est
19. Crucifixus
20. Et resurrexit
21. Cujus regni
22. Et vitam venturi saeculi
23. Sanctus
24. Hosanna in excelsis
25. Beneditus
26. Hosanna in excelsis
27. Agnus Dei

University of Texas at Austin Chamber Singers, James Morrow (dir)
Sacred Music of José Maurício Nunes Garcia
1995

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moça ao vento

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

 

Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) – Missa Pastoril para a Noite de Natal – Associação de Canto Coral (Acervo PQPBach)

 671522_145Apresentamos um LP de 1965 da Associação de Canto Coral, dirigida pela maestrina e musicóloga Cleofe Person de Mattos. Uma raridade!

Missa Pastoril para a Noite de Natal: uma delicadeza. IM-PER-DÍ-VEL! (™PQP).

 

A Missa Pastoril para a Noite de Natal data do ano de 1811: consegue refletir na singeleza e ternura inerentes ao espírito da noite de Natal, as ciscunstâncias que lhe determinaram o aparecimento. Por um lado, a ingenuidade da invenção melódica, de feição pastoral, em um 6/8 que envolve diversos momentos da missa com a mesma idéia cuidadosamente articulada nas formas tradicionais. Essa unidade temática confere à Missa Pastoril caráter repousante, que é reforçado pelo balouçante movimento rítmico que lhe serve de base.
(da contra-capa)

1. Kyrie
2. Gloria
3. Laudamus Te
4. Gratias
5. Qui Tollis
6. Qui Sedes
7. Cum Sancto Spiritu
8. Credo
9. Et Incarnatus
10. Crucifixus
11. Et Resurrexit
12. Sanctus
13. Benedictus
14. Agnus Dei

Monumento da Música Clássica Brasileira – Vol. 2 – Missa Pastoril
Paulo Fortes, barítono
Dircéia Amarim, soprano
Maura Moreira, contralto
Isauro Camino, tenor
Orquestra da Associação de Canto Coral do Rio de Janeiro, regência de Francisco Mignone
Coro da Associação de Canto Coral do Rio de Janeiro, direção de Cleofe Person de Mattos
LP de 1965 digitalizado por Avicenna

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Conheça o site exclusivo do Padre José Maurício, em http://www.josemauricio.com.br/

 

IM-PER-DÍ-VEL! (™PQP)

Gustav Klimt, Apple Tree, 1912
Gustav Klimt, Apple Tree, 1912

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

Matinas do Natal – Padre José Maria Xavier – Orquestra Ribeiro Bastos (Acervo PQPBach)

xavierWEBMatinas do Natal
Pe. José Maria Xavier (São João del Rey, 1819-1887)
Orquestra Ribeiro Bastos

 

O Padre José Maria Xavier (1819-1887), foi possuidor de uma linguagem fundamentalmente clássica que, às vezes, lança mão de elementos ora provenientes da ópera, ora da música popular. Dono de uma escritura sólida, ele tem a aparência de um acadêmico, quando ouvido em comparação com os seus contemporâneos europeus. Mas é que, no fundo, a nossa história musical erudita parece ser outra … A orquestra e coro que integram a Ribeiro Bastos, também conduzidos por José Maria Neves, é integrada por alfaiates, comerciantes, estudantes, industriários, ferroviários, donas-de-casa, funcionários públicos, músicos militares, costureiras, operários, professores e até mesmo um cabeleireiro. Toda essa gente toca porque gosta; merece o nosso respeito o mais sincero. (J. Jota de Moraes)

A determinação dos andamentos, sempre presente nas obras do Padre José Maria Xavier, levanta problema de interpretação que pode, talvez, ser alargado para toda a música mineira do passado. De fato, na tradição de interpretação guardada pelas antigas corporações musicais mineiras, todos os andamentos são mais lentos que os marcados pelo metrônomo. Duas respostas se apresentam: ou os andamentos eram realmente mais lentos, ou deu-se o hábito de fazê-los mais lentos em razão das limitações técnicas dos amadores locais, que não conseguiam, no allegro, o movimento pedido. Há, entretanto, interessante observação autógrafa do Padre José Maria Xavier, na primeira folha do Ofício de Ramos, de 1871: “Modifique-se e modere-se os andamentos, principalmente os allegros, a fim de guardar o decoro da Música Sacra. Os graus altos do Metrônomo são da Opera Lírica e mais músicas profanas.”

A data de composição destas Matinas do Natal, provavelmente 1856, não pôde ainda ser confirmada por documento do autor. Ao contrário da quase totalidade dos compositores setecentistas e da maioria dos oitocentistas mineiros, o Padre José Maria Xavier deixou partitura da maioria de suas obras, e não apenas as partes separadas de vozes e instrumentos. Estas partituras estão sempre datadas e assinaladas. A partitura autógrafa destas Matinas, entretanto, foi enviada à Alemanha, onde apareceu edição completa em excelente trabalho gráfico, na qual há a seguinte indicação na capa e folha de rosto: “Música Sacra — Matinas do Natal de Nosso Senhor Jesus Christo a 4 vozes e Pequena Orchestra do Padre José Maria Xavier. Natural de São João del-Rei, no Brasil e província de Minas— Em junho de 1885— München.” A partitura tem 55 páginas em formato 33,3 x 26 cm, sem nenhuma indicação de casa editora.
(José Maria Neves, texto retirado do encarte)

PS – Nosso leitor-ouvinte José Mario indica uma referencia importante escrita por Maria Salomé de Resende Viegas sobre “O solo de flauta do IV Responsório das Matinas de Natal”. Está disponível aqui.

Matinas do Natal
01. Invitatório – Christus natus est nobis
02. 1º Responsório – Hodie nobis coelorum rex
03. 2º Responsório – Hodie nobis de coelo pax
04. 3º Responsório – Quem vidistis pastores ?
05. 4º Responsório – O magnum mysterium
06. 5º Responsório – Beata Dei genitrix
07. 6º Responsório – Sancta et immaculata virginitas
08. 7º Responsório – Beata viscera Mariae Virginis
09. 8º Responsório – Verbo caro factum est

Matinas do Natal – 1979
Orquestra Ribeiro Bastos
Maestro José Maria Neves

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LP de 1979 digitalizado por Avicenna.

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arvoremusica

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Avicenna

José Mauricio Nunes Garcia: Matinas do Natal & Manoel Dias de Oliveira: Magnificat (Acervo PQPBach)

MatinasWEBMatinas do Natal
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830)

Magnificat
Manoel Dias de Oliveira (1735-1813)

Associação de Canto Coral
Maestrina Cleofe Person de Mattos

Camerata Rio de Janeiro
Maestro Henrique Morelenbaum

 

Os oitos responsórios das Matinas do Natal representam sem dúvida um ponto de referência na música composta no Rio de Janeiro em tempos coloniais. Compostos para o último Natal do século dezoito, sua atmosfera, feita de ingênua simplicidade, não anula o sentido devocional que lhe atribui o compositor. Um inequívoco sopro de brasilidade envolve, sobretudo, o Andante em solo de soprano do terceiro responsório: dicite, annunciate, interferência bastante compreensível na pena desse padre que compunha xácaras e cantava modinhas.

Como linguagem musical, ainda que situada a obra em plena evolução de personalidade do compositor, estas Matinas representam o seu mais puro estilo de criação. Não lhe faltam qualidades no tratamento musical de texto tão singelo e ao mesmo tempo tão festivo. Se a obra não tem a dramaticidade que posteriormente vai caracterizar a pena do mestre-de-capela da Sé, é certo que nada perde diante de tanta graça e tanto recolhimento.

(texto recolhido da contra-capa)

Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
01. Matinas do Natal (1799): 1º Responsório – Hodie nobis caelorum Rex
02. Matinas do Natal (1799): 2º Responsório – Hodie nobis de caelo pax descendit
03. Matinas do Natal (1799): 3º Responsório – Quem vidistis Pastores?
04. Matinas do Natal (1799): 4º Responsório – O magnum mysterium
05. Matinas do Natal (1799): 5º Responsório – Beata Dei Genitrix
06. Matinas do Natal (1799): 6º Responsório – Sancta et Immaculata Virginitas
07. Matinas do Natal (1799): 7º Responsório – Beata viscera
08. Matinas do Natal (1799): 8º Responsório – Verbum caro
Manoel Dias de Oliveira (São José del Rey [Tiradentes], 1735-1813)
09. Magnificat

José Mauricio Nunes Garcia: Matinas do Natal & Manoel Dias de Oliveira: Magnificat – 1985
Associação de Canto Coral. Maestrina Cleofe Person de Mattos
Camerata Rio de Janeiro. Maestro Henrique Morelenbaum

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LP de 1985 digitalizado por Avicenna.
Conheça o site do Pe. José Maurício AQUI

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vida é curta

 

 

 

 

 

 

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Avicenna

Lobo de Mesquita (1746-1805): Astiterunt Reges Terrae – Noturno nº 3 (Antífona) & Difusa est gratia (Acervo PQPBach)

Captura de Tela 2017-10-05 às 15.41.58De José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, disse Curt Lange, “ser um mestre que pode figurar condignamente ao lado dos grandes compositores europeus, pela sólida estrutura e surpreendente beleza musical dos seus trabalhos“.

 

Ao entregar ao público o Noturno nº 3 da Antífona “Astiterunt Reges Terrae”, que compõe o lado “A” deste disco, a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira completa a edição de uma obra inédita de José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, composta de três noturnos que formam a coleção “Encontro Barroco”.

Esta coleção está destinada a ter profunda repercussão na cultura musical brasileira, pois contribui para resgatar do esquecimento a obra de um dos gênios do barroco mineiro.

De José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, disse Curt Lange, maestro e pesquisador que recuperou a sua obra valiosa (numerosos “Credo”, “Magnificat”, “Te Deum”, “Officium Defunctorum”, Ladainhas e Antífonas), “ser um mestre que pode figurar condignamente ao lado dos grandes compositores europeus, pela sólida estrutura e surpreendente beleza musical dos seus trabalhos”. (extraído da contra-capa do LP)

Palhinha: ouça 07. Caligaverunt oculi mei & 08. Si est dolor similis, enquanto aprecia várias fotos de Diamantina, MG

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
Astiterunt Reges Terrae – Noturno nº 3 (Antífona)
01. Tradiderunt me in manus impiorum
02. Et sicut gigantes
03. Alieni insurrexerunt
04. Jesum tradidit impius
05. Petrus autem sequebatur
06. Adduxerunt autem eum
07. Caligaverunt oculi mei
08. Si est dolor similis
09. O vos omnes

10. Difusa est gratia

Encontro Barroco – vol. 3 – 1986
Astiterunt Reges Terrae – Noturno nº 3 (Antífona)
Instrumentistas de Orquestra e Coristas da Fundação Clóvis Salgado
Regente: Sergio Magnani

Reconstituição do Maestro Sergio Magnani dos originais inéditos do Museu da Música de Mariana

LP editado pela Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira em 1986 e digitalizado por Avicenna, por isso sejam tolerantes com a qualidade, principalmente na primeira faixa!

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Captura de Tela 2017-10-05 às 15.43.01

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Avicenna

Marília de Dirceu – Thomaz Antonio Gonzaga (Porto,1744 – Ilha de Moçambique, 1810) (Acervo PQPBach)

MemoÃÅria-Musical-BrasileiraWEBMarília de Dirceu, doze árias com textos das Liras de Tomás Antonio Gonzaga, o Dirceu, escritas durante sua prisão na Ilhas das Cobras em fins do século XVIII enquanto aguardava o degredo para Moçambique.

Anna Maria Kieffer (voz)
Gisela Nogueira (viola)
Edelton Gloeden (guitarra)

 

 

01. Árias de Marília de Dirceu 1. Sucede, Marília bela
02. Árias de Marília de Dirceu 2. Já, já me vai, Marília, branquejando
03. Árias de Marília de Dirceu 3. Os mares, minha bela, não se movem
04. Árias de Marília de Dirceu 4. De que te queixas, língua importuna
05. Árias de Marília de Dirceu 5. Eu vejo, ó minha bela, aquele númen
06. Árias de Marília de Dirceu 6. A estas horas eu procurava
07. Árias de Marília de Dirceu 7. Arde o velho barril
08. Árias de Marília de Dirceu 8. Ah! Marília, que tormento
09. Árias de Marília de Dirceu 9. Alma digna de mil avós augustos
10. Árias de Marília de Dirceu 10. Vejo, Marília, que o nédio gado
11. Árias de Marília de Dirceu 11. Por morto, Marília, aqui me reputo
12. Árias de Marília de Dirceu 12. Se o vasto mar se encapela
13. Liras faladas de Marília de Dirceu (Alemão) – Ich bin kein obdachloser Hirtenknabe (traduzido por Ferdinand Schmid, na voz de Walter Weiszflog)
14. Liras faladas de Marília de Dirceu (Espanhol) – Tu no verás, Marília, a cien cautivos (traduzido e interpretado por J. Ruedas de la Serna)
15. Liras faladas de Marília de Dirceu (Francês) – Que la vile calomnie exprime entre ses mains (traduzido por E. de Monglave e P. Chalas, na voz de Jean-Claude Frison)
16. Liras faladas de Marília de Dirceu (Inglês) – I gaze, comely Marília, at your tresses (traduzido por Isaac Goldberg, na voz de José Mindlin)
17. Liras faladas de Marília de Dirceu (Italiano) – Cupido lasciato il greve turcasso (traduzido por G. Veggessi-Ruscalla, na voz de Anna Maria Kieffer)
18. Liras faladas de Marília de Dirceu (Latim) – Omnia cedunt: nil nobis, Amaryllis in orbe (traduzido por Castro Lopes, nas vozes de João Adolfo Hansen e Anna Maria Kieffer)
19. Liras faladas de Marília de Dirceu (Russo) – S portugálskovo (traduzido por A. S. Púchkin, na voz de Boris Schaiderman)

Memória Musical Brasileira – Marília de Dirceu – 2000
Autor: Thomaz Antonio Gonzaga (Porto,1744-Ilha de Moçambique, 1810), musicada por compositor anônimo da mesma época (Marcos Portugal?)
Anna Maria Kieffer (voz), Gisela Nogueira (viola), Edelton Gloeden (guitarra)

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Avicenna

Lobo de Mesquita (1746-1805) : Astiterunt Reges Terrae – Noturno nº 2 (Antífona) (Acervo PQPBach)

Captura de Tela 2017-10-04 às 15.55.23
Lobo de Mesquita é o mais prolífico compositor da época áurea da expressão e do profissionalismo musical em Minas Gerais. Se o seu nascimento em 1746 na atual cidade do Serro é discutível, são certos a sua presença e o seu trabalho como organista e compositor em Diamantina, a partir de 1776. Permaneceu ali 22 anos e ali produziu a maior parte de suas obras.

 

Na segunda metade do século XVIII, os centros urbanos mineradores das Gerais atingiram a sua máxima densidade humana e a riqueza mais ostensiva: todos os tipos de profissionais e artesãos responderam à atração. A maior parte dos melhores arquitetos, escultores e dos compositores conhecidos em Minas Gerais ali viviam e produziam as suas obras mais notáies nos últimos 30 anos do século. Irmandades e Ordens Terceiras eram instrumentos de organização social e promotores competitivos das artes. O culto da fé católica, em Minas, um mistura original “barroca” de ostentação flamejante e de contrição, inspirava não somente a decoração e os frontispícios das igrejas, mas ganhava as ruas em procissões tão frequentes como teatrais. Compositores, orquestras e coros foram contratados para produzir missas, novenas, ofícios e ladainhas inéditos, complementos indispensáveis aos efeitos cênicos da liturgia barroca.

Pontos culminantes eram as liturgias relacionadas com a Paixão de Cristo; espetáculo de máxima festividade a Semana Santa, da qual o Noturno nº 2 para Vozes e Orquestra, da Antífona “Astiterunt” aquí apresentado, é um episódio.

Se é possível que padres ou artesãos portugueses tenham trazido as primeiras técnicas musicais para Minas Gerais, é certo que nos últimos decênios do século XVIII os compositores mineiros tinham facilidade de acesso às obras contemporâneas européias (Haydn, Mozart, Boccherini, Pleyel e outros). Talvez por modelos fornecidos pelas autoridades eclesiásticas, a manufatura das obras mineiras desta época já é pré-clássica e operística.

Em 1790, a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, em Diamantina, decidiu que era tempo de reduzir as anuidades dos irmãos, face à “decadência das utilidades do país”. Mesquita já encontra dificuldades no pagamento do aluguel; em seguida as suas atividades de organista são encerradas. Em 1798 aparece em Ouro Preto, em 1800 no Rio de Janeiro. O declínio da economia urbana, mineradora, em Minas, e do poder econômico das instituições patrocinadoras significa o fim próximo da arte urbana barroca, e da criatividade e produção musical em Minas Gerais. Muitos, além de Mesquita, procuram o Rio de Janeiro. O compositor morre lá em 1805.

(extraído da contra-capa do LP)

Palhinha: ouça 04. Tenebrae facta est enquanto aprecia várias telas sobre Ouro Preto

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
Astiterunt Reges Terrae – Noturno nº 2 (Antífona)
01. Tamquam ad latronem
02. Quotidie apud vos eram
03. Cumque injecissent manus in Jesum
04. Tenebrae facta est
05. Et inclinato capite
06. Exclamans Jesus voce magna
07. Tradidit in manus iniquorum
08. Quia non est inventus
09. Insurrexerunt in me viri

Encontro Barroco – vol. 2 – 1985
Astiterunt Reges Terrae – Noturno nº 2 (Antífona)
Instrumentistas de Orquestra e Coristas da Fundação Clóvis Salgado
Regente: José Maria Florêncio Jr

Reconstituição do Maestro Sergio Magnani dos originais inéditos do Museu da Música de Mariana

LP editado pela Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira e gentilmente cedido pelo nosso ouvinte das Gerais, Alisson Roberto Ferreira de Freitas. Não tem preço!
Digitalizado por Avicenna.

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Boa audição.

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Avicenna

Lobo de Mesquita (1746-1805) : Astiterunt Reges Terrae – Noturno nº 1 (Antífona) (Acervo PQPBach)

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Versátil e avançado, pioneiro no uso de certos recursos, exímio na montagem de contrapontos, Lobo de Mesquita precedeu ao próprio Beethoven na utilização de alguma técnicas de composição. Insuplantável como organista, ele, no entanto, produziu para a trompa a maior parte de sua extensa e valiosa obra.

 

Marcado pela exuberância e caracterizado ideologicamente como uma contraposição espiritualista às tendências antropocêntricas do Renascimento, o Barroco teve sua primeiras e mais significativas manifestações nos meados do Século XVI, florescendo até o final do Século XVII, quando entrou em declínio.

Grandes vultos enriqueceram o Barroco com o seu talento, na literatura, nas artes, na música, na arquitetura e na escultura. Já na obra de Miguel Ângelo se vislumbram os primeiros traços deste estilo, que teve no Padre Antonio Vieira, em Luiz de Góngora, em Vivaldi e Bach, em El Greco e no imortal Aleijadinho e outros grandes expoentes.

Minas Gerais tem o Barroco impregnado nas sua raízes culturais e sua contribuição é marcante para a disseminação do estilo em todo o País. Além da expressão máxima do Barroco brasileiro – o Aleijadinho -, Minas deu ao Brasil a genialidade de José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, cuja obra musical – só recentemente descoberta e divulgada – se compara em riqueza e criatividade à dos grandes mestres europeus.

De sua pessoa se sabe muito pouco. Tem-se como certo que nasceu no Arraial de Tejuco, hoje Diamantina, em data ignorada. Gênio instrumental, foi organista da Irmandade do Sacramento, em sua terra, transferindo-se no final do Século XVIII para Vila Rica, onde – graças à fama conquistada – não teve dificuldade em se tornar o organista titular da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar.

Dele é o Noturno para Orquestra e Coro que compõe um dos lados deste disco.

(extraído da contra-capa do LP)

Palhinha: ouça a integral do Noturno nº 1 (Antífona), enquanto aprecia as obras do ‘Aleijadinho’.

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José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, 1746- Rio de Janeiro, 1805)
Astiterunt Reges Terrae – Noturno nº 1 (Antífona)
Noturno nº 1 (Antífona): 01. Astiterunt Reges Terrae
Noturno nº 1 (Antífona): 02. De Lamentatione Jeremiae
Noturno nº 1 (Antífona): 03. Cogitavit Dominus
Noturno nº 1 (Antífona): 04. Defixae Sunt
Noturno nº 1 (Antífona): 05. Consperserunt Cinere
Noturno nº 1 (Antífona): 06. Omnes Amici
Noturno nº 1 (Antífona): 07. Et Terribilibus Oculis
Noturno nº 1 (Antífona): 08. Inter Iniquos
Noturno nº 1 (Antífona): 09. Velum Templi
Noturno nº 1 (Antífona): 10. Et Omnis Terra
Noturno nº 1 (Antífona): 11. Petrae Scissae Sunt
Noturno nº 1 (Antífona): 12. Vinea Mea Electa
Noturno nº 1 (Antífona): 13. Sepivi Te
Noturno nº 1 (Antífona): 14. Tenebrae Factae Sunt
Noturno nº 1 (Antífona): 15. Et Inclinato Capite

Encontro Barroco – vol. 1 – 1983
Instrumentistas de Orquestra e Coristas da Fundação Clóvis Salgado
Regente: Sergio Magnani

LP editado pela Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira e gentilmente cedido pelo nosso ouvinte das Gerais, Alisson Roberto Ferreira de Freitas. Não tem preço!
Digitalizado por Avicenna.

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Boa audição.

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