As postagens neste blog são bastante variadas e não costumam seguir ordens: vocês sabem que é comum ver aqui, depois de uma maratona de concertos barrocos, uma ópera romântica e depois um clássico do jazz… Mas às vezes algumas combinações de álbuns podem soar especialmente felizes e achei importante juntar a música para piano de Komitas (1869-1935) com a do outro compositor de origem armênia que que fez música bastante original, afastada das correntes e modas do século XX. Ouvir Komitas e depois ouvir Hovhaness, especialmente a música para piano do mesmo, nos permite certas constatações do tipo “então é daqui que ele tirou isso!”
Nascido Alan Vaness Chakmakjian, ele usou como nome artístico uma adaptação do seu nome do meio (mais uma semelhança com Komitas, que foi o nome recebido em um tipo de ordenamento religioso, e não de batismo). Fortemente interessado na música da Armênia e da Índia, Hovhaness teve o reconhecimento de instituições e pessoas como o maestro Leopold Stokowski, o compositor John Cage e o pianista Keith Jarret, que gravou o concerto de sonoridade bastante oriental quando o compositor ainda era vivo (aqui).
Nascido perto de Boston, Hovhaness estudou em Tanglewood mas, nas suas próprias palavras, tomou rumos completamente diferentes dos que seus professores aprovariam. Apesar disso, conseguiu alguns sucessos em Nova York a partir dos anos 1940 e, já acom mais de 40 anos, fez viagens para a Índia e o Japão para complementar seu interesse pelas diferentes tradições musicais asiáticas.
temido crítico Virgil Thomson escreveu no New York Herald Tribune em 1947: “A pureza de sua inspiração fica evidente na extrema beleza do material melódico, que é original e não coletado em fontes populares do folclore.” Já o compositor Lou Harrison descreveu assim um outro concerto: “The serialists were all there. And so were the Americanists, both Aaron Copland’s group and Virgil [Thomson]’s. And here was something that had come out of Boston that none of us had ever heard of and was completely different from either. There was nearly a riot in the foyer [during intermission] — everybody shouting. A real whoop-dee-doo.”
Apesar desses sucessos, sua tendência à esquisitice deve ter impedido um sucesso mais amplo como o de seus contemporâneos Copland e Bernstein. Hovhaness passou boa parte da maturidade em Seattle, cidade distante das grandes orquestras e salas dos EUA, onde ele dava aula e compunha centenas de obras para piano, 67 sinfonias (sim, você não leu errado). A grande prolixidade – característica que une Hovhaness a Milhaud e Villa-Lobos – faz com que até hoje certas obras estejam recebendo primeiras ou segundas gravações em selos pequenos, procurados por fãs seletos mas fiéis. Compostas entre as décadas de 1930 e 1980, em sua maioria elas demandas poucos truques de virtuosismo, com as dificuldades se concentrando mais nas relações entre melodias (normalmente na mão direita) e seções com notas decorativas abusando dos ornamentos, ritmos repetitivos, sons modais e, mais raramente, técnicas expandidas em que se atacam diretamente as cordas do piano
Alan Hovhaness (1911-2000):
Música para piano, por Alan Hovhaness
1. Ghazal No.1, Op.36 No.1
2. Komachi, Op.240
3. Shalimar, Op.177
4. Sonata Prospect Hill, Op.346
5. To Hiroshige’s Cat (1st Mov.), Op.366
6. Love Song Vanishing Into Sounds Of Crickets Op.327
Alan Hovhaness, Yamaha C7 Grand Piano
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Música para piano, por François Mardirossian
1. Mystic Flute op. 22 2.00
2. Pastoral n° 1, op. 111 n° 2 5.28
3-5. Suite op. 96
I. Doloroso 2.00 / II. Invocation Jhala 4.08 / III. Mysterious Temple 3.10
6. Dance Ghazal op. 37a 1.56
7. Achtamar op 64 3.51
8. Two Ghazals op. 36 7.01
9-12. Sonata for piano “Cougar Mountain” op. 390
I. 2.53 / II. 3.19 / III. 2.30 / IV. 4.05
13. Consolation op. 419 2.09
14-16. Suite On Greek Tunes
I. Wedding Song 1.29 / II. Grape-yard Song 0.54 / III. Dance in seven Tala 2.14
17. Love Song Vanishing Into Sounds of Crickets op. 327 3.53
18. Slumber Song op 52 2.22
19-20. Macedonian Mountain Dance op. 144 & 144b
Dance n°1 3.01 / Dance n° 2 2.56
21. Dark River and Distant Bell op. 21 4.47
22. Jhala op. 103 5.57
23-25. Three Haikus op. 113
Haiku I 1.14 / Haiku II 1.20 / Haiku III 4.14
François Mardirossian, piano
Recorded: Villethierry, France, 2021
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I’m always looking for new elements of sounds, and then there are so many possibilities with what we already have. What I am looking for is a deeper truth, a further penetration into what I have already done. And into what I feel is needed in music. A deeper, more emotional understanding of the universe, a greater oneness with the universe. However, I am certainly always open to new sounds if they are beautiful, but not to the noise of traffic jams – we have had enough of that. (Alan Hovhaness, entrevista em 1971)
Pleyel