Mozart (1756-1791): Sonatas para Piano K. 310 ● 330 ● 331 – Paul Badura-Skoda, pianoforte

Mozart (1756-1791): Sonatas para Piano K. 310 ● 330 ● 331  –  Paul Badura-Skoda, pianoforte

Paul Badura-Skoda

 

(6-10-1927  –  25-09-2019)

 

 

 

Os desmentidos sobre as notícias da morte de Paul Badura-Skoda, lamentavelmente, também foram agora desmentidos. Vivemos uma época de tamanha celeridade na divulgação das informações que situações tais como esta que experimentamos dias atrás sobre a morte/não-morte de Badura-Skoda são mais comuns do que seria desejável.

A morte do famoso pianista agora foi noticiada em várias fontes confiáveis ligadas a música, tais como a Gramaphone (Inglaterra), Limelight (Austrália) e France musique (França)

Com esta postagem de Paul Badura-Skoda tocando três lindas sonatas para piano de Mozart, em um piano de época, fazemos uma homenagem a este distintíssimo artista.

Ele foi aluno de Edwin Fischer e ganhou fama internacional ao substituí-lo de última hora no Festival de Salzburg em 1950.

Paul Badura-Skoda além de pianista, também foi regente, musicólogo e pedagogo. Interessava-se por todos os aspectos da vida musical. Fazia parte da Troika Vienense ao lado de Friedrich Gulda e Jörg Demus. Com Jörg Demus formou um duo que deixou inúmeras gravações.

Gravou as integrais das sonatas de Mozart, Beethoven e Schubert em ambos pianos, moderno e de época.

Ele também dedicou-se à música contemporânea como atestam seus trabalhos de edição e gravação de obras do compositor suíço Frank Martin.

Teve alunos que atuam até hoje, como Anne Queffélec e Jean-Marc Luisada.

Ao lado de sua mulher, Eva Badura-Skoda, deixou premiadas contribuições acadêmicas que incluem valiosas edições de obras de Mozart, Beethoven e Schubert.

Em 1993 foi feito Chevalier de la Légion d’honneur e Commandeur des Artes e des Lettres em 1997.

Podemos dizer que viveu uma invejável (no bom sentido) longa e produtiva vida.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)

Sonata para piano No. 8 em lá menor, K. 310

  1. Allegro maestoso
  2. Andante cantábile com espressione
  3. Presto

Sonata para piano No. 10 em dó maior, K. 330

  1. Allegro moderato
  2. Andante cantabile
  3. Allegretto

Sonata para piano No. 11 em lá maior, K. 331 – “Alla turca”

  1. Andante grazioso (Tema e variações)
  2. Menuetto
  3. Alla turca: Allegretto

Paul Badura-Skoda, pianoforte

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Paul Badura-Skoda (Foto: Irène Zandler)

“Eu sempre busco o que se passa por trás das notas”

P. Badura-Skoda

Vale!

René Denon

Serguei Prokofiev (1891-1953): Integral dos Concertos para Piano – Michel Béroff – Gewandhausorchester, Leipzig – Kurt Masur

Serguei Prokofiev (1891-1953): Integral dos Concertos para Piano – Michel Béroff – Gewandhausorchester, Leipzig – Kurt Masur

 

Prokofiev

Concertos para Piano

O primeiro concerto para piano de Prokofiev que conheci foi o No. 3, numa gravação cujo solista era Vladimir Ashkenazy, acompanhado pela Orquestra Sinfônica de Londres, regida por André Previn. Completava o disco o Concerto No. 3 de Bartók, com Ashkenazy agora acompanhado pela Orquestra Filarmônica de Londres, regida por Georg Solti. Confesso que comprei o disco pela capa: Os Cossacos, de Wassily Kandisky! As duas gravações desse álbum fazem parte das integrais de Concerto para Piano dos dois compositores, gravadas pelo Ashkenazy.

Cossacks 1910-1 – Wassily Kandinsky

Descobri depois, os dois concertos têm em comum apenas a numeração. De qualquer forma, apaixonei-me por eles. Enquanto o concerto de Bartók foi o último a ser composto, deixado quase inacabado, com o compositor pensando em como deixar pão na mesa da esposa, Prokofiev ainda comporia mais dois concertos e, ao compor o terceiro concerto, estava ainda bem no início de sua carreira.

Prokofiev

Mas o compositor desta postagem é o Serge Prokofiev e o seu Concerto No. 3 continua sendo meu preferido, mesmo que o Concerto No. 3 de Bartók tenha o mais sublime de todos os movimentos lentos, um Adagio religioso, baseado no “Heiliger Dankgesang”, terceiro movimento do Quarteto de cordas Op. 132, de Beethoven. Assim, passei a me interessar pela obra para piano e orquestra de Prokofiev. Nesta postagem temos os cinco concertos para piano em uma excelente gravação.

Michel Béroff é o solista, exibindo uma técnica imaculada e um excelente bom gosto nas escolhas feitas em sua interpretação. Mas para que uma integral dos cinco concertos possa ser considerada uma das melhores disponíveis, é preciso contar com a colaboração músical e técnica da orquestra e de sua regência. Pois temos isto de sobra na Orquestra do Gewandhaus de Leipzig com o regente Kurt Masur.

O primeiro concerto foi composto em 1911, quando Prokofiev ainda era estudante. É uma obra impetuosa e brilhante e Prokofiev ganhou o Prêmio Anton Rubinstein, a Batalha dos Pianos, do Conservatório de São Petersburgo, apresentando-se como o solista deste seu concerto em 18 de maio de 1914.

O Concerto No. 2 foi composto em 1912-13, mas sua partitura foi destruída em um incêndio durante a Revolução Russa. Prokofiev reescreveu o concerto em 1923, após haver terminado o terceiro concerto. A orquestração foi tão alterada que ele chegou a dizer que este seria seu ‘quarto’ concerto. Nesta nova forma, o concerto foi estreado em Paris, em 8 de maio de 1924, tendo o compositor como solista e a orquestra sob a regência de Serge Koussevitzky. O concerto começa de mansinho, com o piano surgindo logo no início, após uma curtíssima introdução nas cordas. Mas essa introdução misteriosa leva ao mais longo dos concertos e o que mais demandas faz do solista, que dirá dos ouvintes.

Eu considero o terceiro concerto um dos mais lindos escrito para piano e orquestra no século XX. Acho que o concerto apresenta combinação espetacular de inovação, de técnica, de lindas melodias, tudo na proporção exata, fazendo do concerto uma obra prima. Acho a sua abertura, com seu solo de clarinete, um golpe de gênio, realmente espetacular!

O quarto e o quinto concertos foram compostos no início da década de trinta. O quarto é para mão esquerda e assim como o concerto de Ravel, foi comissionado pelo pianista Paul Wittgenstein, que nunca o tocou, por considerar que nunca o entendera. Paul Wittgenstein perdera o braço direito durante a Primeira Grande Guerra e comissionara concertos para a mão esquerda a diversos compositores. Apesar de ter recusado o concerto, Paul e Prokofiev permaneceram em bons termos. O concerto tem a estrutura de quatro movimentos, com o primeiro e último mais curtos, servindo como moldura para os dois mais longos e contrastantes movimentos centrais: um refletivo andante e um sarcástico movimento central.

O quinto concerto surgiu da vontade de Prokofiev de novamente compor um concerto para piano a duas mãos. Inicialmente planejado para ser uma peça mais simples para piano e orquestra, a medida que a composição prosseguia foi ganhando definitivamente o estatus de concerto e incluído na lista como o quinto. Novamente uma estrutura inovadora, com cinco movimentos. Apenas um movimento mais lento, todos os outros apresentam andamentos mais rápidos e característica virtuosística na escrita para o piano. Como um todo a peça tem um caráter exaltado, terminando a série de maneira vociferante.

Neste álbum, os concertos estão acompanhado de dois simpaticíssimos complementos: Abertura sobre Temas Judaicos e Visões Fugitivas. A primeira peça é escrita para clarinete, quarteto de cordas e piano. Foi comissionada ao compositor em 1918, quando ele estava em Chicago. O pedido veio dos membros de um conjunto de músicos chamado Zimro Ensemble, que também estava por lá.

As Visions fugitives é um conjunto de vinte peças curtas para piano, verdadeiras vinhetas musicais. O título é proveniente de um verso de um poema escrito por Konstantin Balmont logo após uma interpretação das peças pelo compositor, na casa de um amigo em comum.

“Em todas visões fugazes eu vejo mundos

repletos de caprichosos jogos de arcos-iris”

É claro, o poeta escreveu em russo, mas uma amiga fluente em francês presente no momento, batizou a obra – Visions fugitives.

Em fim, considerando separadamente, há versões dos concertos das quais eu nunca me separaria, especialmente os de numeração ímpares. Evgeny Kissin (o jovem, com Abbado) nos concertos 1 e 3, a infadigável Martha Argerich no concerto No. 3, novamente com Abbado, a gravação do Concerto No. 5 com o bruxo Sviatoslav Richter, para não dizer que não dei nomes. De qualquer forma, estas gravações dos cinco concertos, com Beróff e Masur, passam no meu teste supremo para excelentes gravações: se fossem as únicas gravações dessas obras que eu tivesse conhecido, ainda assim me dariam a certeza absoluta de estar diante de obras primas, e são gravações às quais retornarei vez e mais vez, para apreciar e me deleitar.

Sergei Prokofiev (1891-1953)

Disco 1

[1-3] – Concerto para piano No. 1 em ré bemol maior, Op. 10
[4-7] – Concerto para piano No. 2 em sol menor, Op. 16
[8-10] – Concerto para piano No. 3 em dó maior, Op. 26
Michel Béroff, piano
Leipzig Gewandhaus Orchestra
Kurt Masur
Gravação: Versöhnungs-Kirche, Leipzig, 1974

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Disco 2

[1-4] – Concerto para piano (para a mão esquerda) No. 4 em si bemol maior, Op. 53
[5-9] – Concerto para piano No. 5 em sol maior, Op. 55
Michel Béroff, piano
Leipzig Gewandhaus Orchestra
Kurt Masur
Gravação: Versöhnungs-Kirche, Leipzig, 1974
[10] – Abertura sobre temas hebreus, em dó menor, op. 34
Michel Portal, clarinete, Michel Béroff, piano
Parrenin String Quartet
[11-30] – Visions fugitives para piano, Op. 22
Michel Béroff, piano

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Sugestão: Use pause no seu sistema de som, entre os concertos, para dar alguns segundos a mais, na transição de um para outro. Isso seria interessante especialmente na transição do primeiro para o segundo concerto, no primeiro disco do álbum. Veja, apenas uma sugestão!

Estas gravações são de 1974, mas merecem ser divulgadas e apreciadas. Longe de serem da liga jurássica, merecem outra qualificação:

Aproveite!

René Denon

Beethoven (1770-1828): Sinfonia No. 9 – BBC National Orchestra and Chorus of Wales – François-Xavier Roth

Beethoven (1770-1828): Sinfonia No. 9 – BBC National Orchestra and Chorus of Wales – François-Xavier Roth

 

 

 

 

 

 

François-Xavier Roth chamou minha atenção por gravar duas obras primas de Stravinsky – A Sagração da Primavera e Petruchka – com a orquestra que ele fundou em 2003, Les Siècles, usando instrumentos de época. Bem, instrumentos de época em que estas peças foram compostas. A Sagração foi estreada em 29 de maio de 1913 e Petruchka em 13 de junho de 1911. A orquestra Les Siècles é inovadora, como seu regente fundador, e usa tanto instrumentos de época como instrumentos modernos, geralmente no mesmo concerto.

Professor Xavier

François-Xavier também rege outras orquestras. Atualmente é o Gürzenich-Kapellmeister und Generalmusikdirektor der Stadt Köln, Diretor Geral de Música da cidade de Colônia. Este posto foi ocupado por Günter Wand! Além disso, é o Principal Regente Convidado da London Symphony Orchestra. É maestro convidado por muitas outras orquestras, em várias partes do mundo.

Assim, quando cruzei com este disco, saltei-lhe em cima. Reunidos aqui temos então um inovador maestro, uma obra das mais icônicas de todo repertório clássico e uma gravação ao vivo, tomada em um festival – plateia entusiasmada!

Há realmente uma sensação de ocasião em toda a interpretação, que tem algumas características das bandas do movimento HIP com as quais já ficamos bastante acostumados. Som mais transparente, com os grupos de instrumentos bem diferenciados, tímpanos bem audíveis e a música fluindo com mais tensão e urgência. A bem da verdade, devo dizer que este é o mais urgente adagio que já ouvi. Batendo em menos do que 12 minutos é mais urgente do que a gravação do Gardiner com a Orchestre Révolutionnaire et Romantique, minha referência para as gravações historicamente informadas. Portanto, se a sua praia é o Beethoven granítico do Klemperer ou Böhm (especialmente a última gravação), pode se agarrar na poltrona, segurar o chapéu e se preparar para torcer o nariz.

Mas, ao final de umas doze audições, assim como eu, começará a achar que era exatamente isso o que o Ludovico queria dizer:

Seid umschlungen, Millionen!
Diesen Kuß der ganzen Welt!

Sinfonia No. 9 em ré menor, op. 125 ‘Coral’

  1. Allegro ma non tropo e un poco maestoso
  2. Molto vivace – Presto
  3. Adagio molto e cantabile – Andante moderato
  4. Finale
Susan Gritton, soprano
Wendy Dawn Thompson, contralto
Timmothy Robinson, tenor
Matthew Rose, baixo

BBC National Orchestra and Chorus of Wales

François-Xavier Roth

Produção de Tim Thorne

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Agora os contrabaixos estão descansando

A gravação feita ao vivo em 2007, no Swansea Festival, é muito boa e a plateia só aparece no fim, para aplaudir com muito entusiasmo!

O outro Professor Xavier também gostou da Nona!

Gostei muito de ouvir a Nona mais uma vez com a sensação de descobrimento. Há tempos não fazia isso! Baixe, ouça (é menos do que uma hora…), depois me conte!

René Denon

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 8 – Berliner Philharmoniker – Günter Wand – Post 5 de 5

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 8 – Berliner Philharmoniker – Günter Wand – Post 5 de 5

Anton Bruckner

Sinfonia No. 8

Berliner Philharmoniker

Günter Wand

Chegamos ao último post da série com a Sinfonia de Todas as Sinfonias, a Bruckner-S#8!

Gramophone, a famosa revista inglesa sobre música, tem em seu site o artigo Top 10 Bruckner recordings e justifica esta lista dizendo que estas 10 gravações selecionadas representam os perfeitos pontos de partida para quem estiver embarcando em uma jornada pelo universo sonoro de Bruckner. A gravação desta postagem está na lista, que não é apresentada com uma numeração, a primeira, a segunda e assim por diante. Realmente, digamos assim, temos aqui dez primeiros lugares.

No meu caso, acho que esta gravação não é só ponto de partida, é de chegada, de permanência. Veja o que o crítico Richard Osborne disse sobre ela: ‘Esta nova Oitava é excepcionalmente boa. Quando, no Scherzo, você sente que as próprias montanhas estão começando a dançar, você percebe algo muito bom; neste caso, o próprio Olimpo parece estar com o vírus terpsicoreano. Não que haja algo exagerado ou descomedido. Depois de todos esses anos, Wand sabe onde cada cume está e como melhor se aproximar dele. Esta leitura é mais grandiosa do que já foi a vinte anos atrás, o que talvez seja devido às próprias predileções dos Berlinenses. Ainda assim, não há em qualquer parte um sentido de excesso inapropriado. ’

Sobre a religiosidade de Bruckner, veja as palavras do próprio Günter Wand:

‘Para que eu não seja mal compreendido: eu sou um músico e não um padre! Minha missão é completamente diferente, mesmo que eu intimamente sinta uma conexão entre arte e religião e talvez possa comunicar isto aos meus músicos e audiências. (…) Quando estou regendo Bruckner, quero mostrar que ele é um grande sinfonista e não apenas um compositor caracterizado pelo clima solene e sacro. Eu apenas quero que a música soe como Bruckner queria que ela soasse. ’

E ele arremata com essa temeridade: ‘Bruckner é o mais importante sinfonista depois de Beethoven.’

É pouco ou quer mais? Ouça o disco e diga você!

Anton Bruckner (1824-1896)

Sinfonia No. 8 em dó menor

1884-90 (publicado por Robert Haas)

  1. Allegro moderato
  2. Scherzo (Allegro moderato) & Trio (Langsam)
  3. Adagio (Feierlich lansam, doch nicht schnell)
  4. Finale (Feierlich, nicht schnell)

Berliner Philharmoniker

Günter Wand

Gravado ao vivo em janeiro de 2001

Produção: Gerald Götze

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Günter, pensando nas coisas…

Entre nesta onda bruckneriana que estamos proporcionando. As canecas com a inscrição “❤ Bruckner” estão já acabando…

Aproveite!

René Denon

The Italian Job – Música Barroca Italiana – Adrian Chandler e La Serenissima

The Italian Job – Música Barroca Italiana – Adrian Chandler e La Serenissima

Il Mestiere Italiano

Apesar do italianíssimo nome, La Serenissima é um conjunto inglês fundado pelo virtuose Adrian Chandler. O grupo adota a prática de performances historicamente informadas, mas não temam nossos PQP-nianos amigos amantes do barroco italiano que preferem o som dos instrumentos modernos. Temos aqui o melhor dos dois mundos.

Este álbum reúne obras de compositores que vieram de quatro grandes e lindas cidades italianas.

Da sereníssima Veneza, temos Vivaldi, Albinoni e o menos conhecido Antonio Caldara, cuja deliciosa Sinfonia em dó maior abre o álbum, com o extravagante uso de trompetes, fagotes, oboés, violino solo e as outras cordas. O movimento lento, contrasta imensamente dos outros, devido a sua delicadeza e o uso de staccato.

De Roma, la Città Eterna, temos uma obra de Corelli que não é um de seus concerti grossi. A Sinfonia a Santa Beatrice d’Este é a peça mais séria do disco e foi composta para fechar um longo oratório de um outro compositor. Chandler e sua banda encontram a medida certa de energia e gravidade para apresentar propriamente a música.

Adrian Chandler

De Padova, La dotta (a sábia Pádua), temos Tartini com o seu espetacular concerto para violino. Tartini foi um precursor do compositor-intérprete-virtuose, como seriam posteriormente Paganini e Vieuxtemps, entre outros. Nesta peça Adrian Chandler tem uma ótima oportunidade de exibir seus talentos de violinista.

Seguimos de volta para Veneza, com o Padre Vermelho e seu lindo concertinho alla rustica, seguido pelo não menos mavioso concerto para fagote.

O concerto para dois oboés de Tomaso Albinoni tem um lindíssimo adagio, para derreter o mais empedernido coração.

Para fechar este ótimo disco, mais uma sinfonia com molti instrumenti, de volta muitos instrumentos de sopros e tímpanos, na generosa obra de Giuseppe Torelli, cidadão de Bologna, la grassa (a gorda), a cidade das massas e da gastronomia.

De um inspirado crítico: O álbum The Italian Job tem todas as coisas que caracterizam La Serenissima: um tom fresco, tinindo, pleno de vitalidade e divertimento, tudo parece fácil e simples para o conjunto e para os solistas, e com fundamentada erudição, tanto na escolha do programa quanto na sua execução, sem perder nem de leve qualquer graça.

The Italian Job

Antonio Caldara (c. 1671-1753)

Sinfonia para dois oboés, dois fagotes, dois trompetes, tímpanos, violino, cordas e contínuo, em dó maior

  1. Allegro
  2. Andante, piano e staccato
  3. Allegro

Arcangelo Corelli (1653-1713)

Sinfonia para o Oratório a Santa Beatriced’Este, para cordas e contínuo, em ré menor

  1. Grave
  2. Allegro
  3. Adagio
  4. Largo assai
  5. Vivace

Giuseppe Tartini (1692-1770)

Concerto para violino, cordas e contínuo, em mi maior, D 51

  1. Allegro
  2. Grave “Tortorella bacie…”
  3. Allegro assai

Antonio Vivaldi (1678-1741)

Concerto ‘alla rustica’ para dois oboés, cordas e contínuo, em sol maior, RV 151

  1. Presto
  2. Adagio
  3. Allegro

Concerto para fagote, cordas e contínuo, em dó maior, RV 476

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro

Tomaso Albinoni (1671-1751)

Concerto à cinque, para dois oboés, cordas e contínuo, em fá maior, Op. 9, 3

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro

Giuseppe Torelli (1658-1709)

Sinfonia para quatro trompetes, tímpanos, dois oboés, dois fagotes, dois violinos, dois violoncelos, cordas e contínuo, em dó maior, G 33

Rachel Chaplin e Gail Hennessy, oboés
Peter Whelan, fagote

La Serenissima

Adrian Chandler, violin / diretor

Gravação: 23 – 26 de agosto de 2016, St John’s, Smith Square, Londres

Produção: Simon Fox-Gál

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Resumindo, um disco para ser ouvido numa ensolarada manhã de domingo, preguiçosamente escolhendo o cardápio do almoço, deixando a louça do café da manhã para mais tarde…

Bella vita!

René Denon

Música Francesa para Piano a Quatro Mãos – Marylène Dosse e Annie Petit

Música Francesa para Piano a Quatro Mãos – Marylène Dosse e Annie Petit

 

 

Era uma vez…

 

 

 

Três palavras mágicas que aquietam qualquer plateia quando entoadas. A elas segue um cortejo de seres mágicos, extraordinários – a Gata Borralheira, a Fada Madrinha, o Pequeno Polegar…
Os ávidos ouvintes até sabem os enredos, os desfechos dos casos, mas ainda assim esperam por eles. Neste ambiente nasce e fortalece o amor pela literatura e pelas outras artes.
Este petit álbum reúne música com alguns temas e inspirações comuns e o universo das histórias infantis é um deles. Temos aqui obras de seis compositores franceses que as compuseram entre 1890 e 1918. São peças para piano a quatro mãos ou duetos para piano. Na virada do século XIX para o século XX esta forma musical era muito popular, pois permitia que as pessoas ouvissem boa música, mas que elas mesmas precisavam tocar. Este álbum dá uma perspectiva da música francesa para piano desta época.

Ravel
A família de Cipa Godebski, por Pierre Bonnard

Começamos com a suíte Ma mere l’Oye, que Maurice Ravel compôs para Mimi e Jean Godebski, filhos de Ida e Cipa Godebski, grandes amigos de Ravel. Para saber quanto eles eram amigos, leia aqui.

O próprio Ravel escreveu: Era minha intenção despertar a poesia da infância nestas peças e isto naturalmente levou-me a simplificar meu estilo e diluir minha maneira de escrever.

A suíte começa com uma bela e simplíssima pavane, para uma princesa adormecida. Segue uma peça que ilustra a história do Pequeno Polegar, vagando pela floresta.

Na próxima peça, Laideronnette – Impératrice des Pagodes, encontramos um aspecto que foi caro aos compositores franceses deste período: o interesse pela música e temas orientais. Esta é uma brilhante e bem humorada elegia à Feiosanete, a Imperatiz do Pagode! Um doce para quem descobrir a história que está aqui representada…

Nesta suíte de Ravel, a peça que eu mais gosto é a de A Bela e a Fera! A Fera entra em cena grunhindo (seu tema) no registro baixo e depois do beijo, um fulgurante glissando, reaparece em um registro mais alto, como o da Bela. Lindo!

Para arrematar a obra, um sensacional passeio pelo Jardim Encantado!

Debussy e seu vaso chines…

A obra de Debussy apresentada aqui chama-se Six épigraphes antiques e foi uma de suas últimas, datando de 1914. As épigraphes antiques são adaptadas da música incidental que ele escreveu para uma apresentação das Chansons de Bilitis, encenada como um recitativo em 7 de fevereiro de 1901. Apenas a metade do material foi aproveitado e o resultado é uma peça altamente atmosférica, lembrando sua origem. Os títulos, que você poderá ler por completo logo a seguir, por si são poesia pura. Pour que la nuit soit propice, pour remercier la pluie au matin.

Satie

Debussy, foi amigo de Satie, mas não deixou de criticá-lo, dizendo que este deveria dar mais atenção à forma em suas composições. Pois não é que o amigo entendeu o recado e imediatamente compôs está maravilha aqui: Trois morceaux em forme de poire. Três peças em forma de pera! Erik Satie foi um músico e compositor rebelde e iconoclasta, assim como o foi em sua vida pessoal. Mesmo assim, exerceu grande influência nos outros compositores de sua geração. Seu estilo tão pessoal é baseado na simplicidade, favorecendo a sutis nuances e absoluta modéstia. No extravagante título desta peça – Trois morceaux em forme de poire, tanto responde ao comentário do amigo, quanto leva em conta o fato de poire ter duplo sentido no francês coloquial, de pera mesmo, mas também de simplório, tolo. Bem Satie!

Ele trabalhava como pianista de café em Montmartre, um caldeirão cultural na época, e a peça é baseada em música de cabaré composta entre 1890 e 1903. O famoso café Le Chat Noir, de Rudolf Salis, certamente estava entre eles. Não deixe de ouvir aqui a simples e maravilhosa valsa, Je te veux.

Séverac

A próxima peça, Le soldat de plomb, O soldadinho de chumbo, nos traz de volta ao mundo das historinhas infantis. Déodat de Séverac passou  a maior parte de sua vida na província francesa de Languedoc. Sua música tem um forte traço de regionalismo. Esta peça conta bem a história e é leve e bem humorada. Ganha um Kit-Kat quem descobrir a citação da música francesa mais famosa. Composta em 1904-1905, teve sua estreia por Ricardo Viñes e Blanche Selva, em um concerto só com música de Séverac, em 25 de março de 1905, na Scola Cantorum.

A obra Le parapluie chinois, de Florent Schmitt, é a última peça de um conjunto de sete, intitulado Une semaine du petit elfe Ferme-l’Oeil. Nesta peça charmosa e brilhante temos história infantil e o apelo da música do oriente. A peça é deliciosa e uma das que mais me fez lembrar do disco. Para saber mais sobre esse ótimo compositor, veja aqui.

Florent Schmitt
Viñes ao piano

Para fechar o disco temos uma sonata em três (breves) movimentos de Poulenc, que estudou com Viñes (amigo, associado, colega e intérprete de todos os compositores deste álbum).  A sonata é uma composição bem do início da carreira e foi escrita antes que Poulenc recebesse maior treinamento. Mesmo assim, a peça tem os traços que marcariam a sua obra.

Poulenc, jovem
Notre-Dame du Liban, Paris

As intérpretes deste especialmente despretensioso disco, editado pelo selo americano Price-Less, Marylène Dosse e Annie Petit, estudaram no Conservatório de Paris, ganharam prêmios, mas se conheceram em Viena, em Master-Classes de Paul Badura-Skoda, Alfred Brendel e Jörg Demus. Passaram a tocar em duo quando mudaram-se para os Estados Unidos da América, onde tornaram-se professoras. As peças de Ravel, Debussy e Satie foram gravadas em 1985, na Igreja Libanesa, em Paris, onde por muitos anos foram gravados muitos e muitos discos, de artistas tais como Jean-Pierre Rampal e Maurice André. As outras peças foram gravadas em Nova Iorque, em 1988.

 

Maurice Ravel (1875-1937)

Ma mère l’Oye

  1. Pavane de la Belle au bois dormant
  2. Petit Poucet
  3. Laideronnette – Impératrice des Pagodes
  4. Les entretiens de la Belle et de la Bête
  5. Le jardin féerique

Claude Debussy (1862-1918)

Six épigraphes antiques

  1. Pour invoquer Pan
  2. Pour um tombeau sans nom
  3. Pour que la nuit soit propice
  4. Pour la danseuse aux crotales
  5. Pour l’egyptienne
  6. Pour remercier la pluie au matin

Erik Satie (1866-1925)

Trois morceaux em forme de poire

  1. Avec une manière de commencement, une prolongation du même, un En Plus suivi d’une Redite

Déodat Séverac (1872-1921)

Le soldat de plomb

  1. Sérénade interrompue
  2. Quat’jours de boite
  3. Défilé nuptial

Florent Schmitt (1870-1958)

Une semaine du petit elfe Ferme-l’Oeil

  1. Le parapluie chinois

Francis Poulenc (1899-1963)

Sonate

  1. Prélude
  2. Rustique
  3. Finale

Marylène Dosse e Annie Petit, piano a quatro mãos

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Erik

Se você não se deliciar com esse maravilhoso disquinho, tens um coração de pedra!

René Denon

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 7 – Berliner Philharmoniker – Günter Wand – Post 4 de 5

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 7 – Berliner Philharmoniker – Günter Wand – Post 4 de 5

Anton Bruckner

Sinfonia No. 7

Berliner Philharmoniker

Günter Wand

Em seus mais de trinta anos regendo a Orquestra Gürzenich, de Colônia, Günter Wand construiu um repertório de centenas de peças de diferentes períodos históricos, incluindo música contemporânea. No entanto, neste período ele regeu apenas quatro das nove sinfonias de Bruckner. A Sétima foi a primeira, em 1949. Wand não teve pressa para introduzir as obras de Bruckner em seu repertório, mas tornou-se uma absoluta referência com suas muitas apresentações pelo mundo e pelas inúmeras gravações que deixou.

Há três principais registros da Sétima Sinfonia, certamente uma das que tem maior sucesso com o público. Em janeiro de 1980 ele fez uma gravação em estúdio com a Kölner Rundfunk-Sinfonie-Orchester, que foi lançada em LP pela harmonia mundi/EMI e posteriormente em CD. Esta gravação faz parte do ciclo completo agora na RCA e está postada aqui no blog.

Ao tornar-se diretor principal da NDR-Sinfonieorchester em Hamburgo, registrou a Sétima Sinfonia novamente. Esta gravação foi feita ao vivo em 1992 e foi lançada pelo selo RCA.

A gravação desta postagem é com a poderosa Berliner Philharmoniker, feita também ao vivo em novembro de 1999 e atinge limites sônicos e técnicos ainda mais altos do que as gravações anteriores. Além disso, conta com a emoção e energia extra de todos os envolvidos, devido a ocasião. O respeito e a admiração da orquestra para com o venerando maestro ficaram evidentes quando esta lhe conferiu, durante o Festival de Berlim de 1996, a Hans-von-Bülow-Medaille. Esta medalha é dada apenas em raras ocasiões e deve ser vista como sinal de gratidão da orquestra para o maestro, devido a muitos anos de frutífera cooperação.

Hans-von-Bülow-Medaille

A principal virtude destas gravações feitas por Wand e a Berliner Philharmoniker está no fato de eles conseguirem revelar a grandeza da arquitetura destas peças, assim como sua profunda espiritualidade (estamos diante de algo que nos eleva), sem deixar que a música perca sua fluidez nem que sua texture torne-se demasiadamente densa. Não deixe de dançar no Scherzo e aproveite todos os momentos do poderoso Adagio.

Anton Bruckner (1824-1896)

Sinfonia No. 7 em mi maior

Originalfassung / Versão Original
  1. Allegro moderato
  2. Sehr feierlich und sehr langsam
  3. Sehr schnell
  4. Bewegt, doch nicht zu schnell

Berliner Philharmoniker

Günter Wand

Gravado ao vivo em novembro de 1999

Produção: Gerald Götze

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FLAC | 290 MB

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MP3 | 320 KBPS | 153 MB

Não espere mais, baixe o arquivo e arranje tempo de qualidade para ouvir uma obra prima gravada por um time maravilhoso, liderado por alguém com a experiência de uma vida preparando-se para este momento. Entre nesta onda bruckneriana que estamos proporcionando. Bandanas com o logo “❤ Bruckner” serão distribuídas posteriormente…

René Denon

Franz Schubert (1797-1828): Quartetos D 810 & D 804 – “Der Tod und das Mädchen” & “Rosamunde” – Endellion String Quartet

Franz Schubert (1797-1828): Quartetos D 810 & D 804 – “Der Tod und das Mädchen” & “Rosamunde” – Endellion String Quartet

Schubert

Quartetos D. 810 & D. 804

Endellion String Quartet

Compor quartetos de cordas em Viena, depois de Haydn e Mozart, e nos dias de Beethoven, não era tarefa fácil. Apesar disso, Schubert deixou quinze quartetos de cordas e iniciou a composição de mais alguns, mas a maioria deles são peças para uso quase doméstico, para serem tocados com os amigos. No entanto, em dezembro de 1820 compôs um movimento para quarteto de cordas que é conhecido agora como seu Quarteto No. 12, o Quartettsatz (Satz = movimento). Essa peça iniciou uma nova fase de produção de obras de altíssima qualidade. Ele comporia mais três quartetos, obras primas, com os quais pretendia pavimentar seu caminho em direção às grandes sinfonias. Alas!  Modesto Schubert!

Franz Schubert

Este disco contêm os dois quartetos que se seguiram e faziam parte de um planejado conjunto de três a serem dedicados ao violinista Ignaz Schuppanzigh, que estreou vários quartetos de Beethoven. O terceiro quarteto planejado não se materializou, mas estes dois que foram terminados são obras maravilhosas. Estes quartetos foram compostos em 1824. O último quarteto de Schubert, em sol maior, D. 887, foi composto em junho de 1826.

O que as obras deste disco têm em comum é o fato de que seus movimentos lentos são baseados em material e temas usados em obras anteriores.

O quarteto que abre esse disco deve seu apelido, Der Tod und das Mädchen – A Morte e a Donzela, ao tema do movimento lento, emprestado de um Lied com este nome, composto alguns anos antes.  Este movimento contém um conjunto de cinco variações e uma coda e apresenta a morte como uma figura confortadora. Segure a minha mão… diz a indesejada das gentes. Mas a figura da morte também é aludida nos outros movimentos, mas não da forma confortadora. Os outros movimentos estão mais para o Erlkönig, da morte impiedosa.

O movimento lento do outro quarteto foi transcrito da música incidental do terceiro entreato da peça Rosamunde. Mesmo sem completar o conjunto de três quartetos, o Rosamunde foi dedicado à Schuppanzigh, que foi o primeiro violino na sua estreia em 14 de março de 1824.

Conta-se que Schubert teria feito a um amigo a pergunta: Você conhece alguma música alegre? E teria acrescentado: Pois eu não!  Se olharmos para as duas obras deste disco poderemos entender o sentido da anedota. Na mesma proporção que o primeiro quarteto é dramático, o segundo é melancólico. Encontrar a medida certa para realizar as propostas das peças é o desafio para os intérpretes. O experiente Endellion  String Quartet, com a cooperação do produtor Misha Donat, passa fácil por esta prova e nos brinda com um disco adorável.

Franz Schubert (1797 – 1828)

Quarteto de Cordas No. 14 em ré menor, D 810 – Der Tod und das Mädchen

  1. Allegro
  2. Andante con moto
  3. Allegro molto
  4. Presto

Quarteto em lá menor, D. 804 – Rosamunde

  1. Allegro ma non troppo
  2. Andante
  3. Minuetto: Allegretto
  4. Allegro moderato

Endellion String Quartet

Andrew Watkinson, violino
Ralph de Souza, violino
Garfield Jackson, viola
David Waterman, violoncelo

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FLAC | 325 MB

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MP3 | 320 KBPS | 171 MB

Aqui está uma oportunidade de perscrutar o universo maduro e profundo habitado pela música de Franz Schubert. Aproveite!

René Denon

F. J. Haydn (1732-1809): 4 Sinfonias – The Academy of Ancient Music – Hogwood

F. J. Haydn (1732-1809): 4 Sinfonias – The Academy of Ancient Music – Hogwood

Haydn

Sinfonias   94 . 96 . 100 . 104

AAM 

Christopher Hogwood

Por volta de 1790, Franz Joseph Haydn já havia feito de tudo e era o músico mais importante de Viena. Claro, Mozart não conta, aí também é covardia. Quando adolescente escapara por um triz do conto do castrato, pois fora menino cantor de coro e queriam preservar sua maviosa voz. Fora o maestro e músico mais importante da família Esterházy, sendo que de 1762 até 1790 esteve sob as ordens do Príncipe Nikolaus Esterházy. Vivendo a maior parte do tempo no palácio desta família, tinha a sua disposição, para todos os tipos de experimentos, músicos e cantores. Na verdade, orquestra e companhia de ópera.

Foi neste ambiente que compôs inúmeras sinfonias, estabeleceu firmemente várias formas musicais, como o quarteto de cordas e o trio com piano. Compôs sonatas, óperas, concertos e música sacra. Era reconhecido também pelos outros músicos. Mozart lhe dedicou o seu melhor grupo de quartetos de cordas, os Quartetos Haydn.

O que mais poderia querer o Papa Haydn? Era reconhecido também no exterior, Paris, Londres, Moscou.

Em 1790 morreu o Príncipe Nikolaus e Haydn foi aposentado. Neste oportuno momento surgiu um grande personagem desta história, o impresario Johann Peter Salomon. Salomon nascera em Bonn mas morava em Londres, onde era violinista de seu próprio quarteto e organizava concertos. E era o melhor nesta atividade. Ele arranjou duas visitas de Haydn a Londres, que para essa ocasião criou ainda mais uma boa quantidade de excelente música. Para estas duas ocasiões, Haydn compôs dois grupos de seis sinfonias – Sinfonias Nos. 93-98 e Sinfonia Nos. 99-104. Essas obras são especialíssimas. Ainda com muita criatividade e energia, Haydn colocou nessas peças toda sua experiência, humor e habilidade. São obras primas. Prova disto são as inúmeras gravações feitas deste conjunto de sinfonias por (essencialmente) todos os grandes maestros. Particularmente famosas são as gravações feitas por Eugen Jochum, Colin Davis e especialmente Antal Dorati, que gravou todas as sinfonias de Haydn. É fácil deixar de mencionar nomes importantes, mas Sir Thomas Beecham e Nikolaus Harnoncourt também contribuíram. Os maestros Claudio Abbado e George Szell não gravaram as doze, mas gravaram muitas.

Salomon

No entanto, o que temos aqui é muito especial e se eleva como um tributo a Christopher Hogwood.

Em 1973, o cravista Christopher Hogwood fundou The Academy of Ancient Music, com a crucial ajuda do produtor Peter Wadland, da Decca. Ele produzia a série Florilegium no selo L’Oiseau-Lyre.

A ideia era apresentar performances de música do período Medieval até o Romântico usando instrumentos originais ou cópias autênticas, baseando-se nas recentes pesquisas dos textos originais, com a instrumentação e o estilo de performance de cada período.

Dez anos depois esse movimento de música com instrumentos (e prática) originais estava consolidado e vários outros importantes grupos haviam se formado.

O mais importante e robusto feito deste período foi a gravação do Ciclo de Sinfonias de Mozart, pela AAM & Hogwood, entre 1978 e 1982, lançando uma luz absolutamente inovadora sobre elas. Lembremos que uma referência para as Sinfonias de Mozart costumava ser as gravações com a Filarmônica de Berlim regida por Karl Böhm.

O próximo desafio seria as Sinfonias de Haydn. Eles gravaram então os dois discos desta postagem, com quatro sinfonias, duas de cada subgrupo. As Sinfonias Nos. 104 e 100 em 1983 e as Sinfonias Nos. 96 e 94 um ano depois. Para este projeto, Hogwood formou uma orquestra com 49 músicos. Uma verdadeira audácia naqueles dias. Tocando para nós nestes dois discos maravilhosos temos músicos do calibre de John Holloway (primeiro violino), Simon Standage e Pavlo Beznosiuk.

Hogwood

O resultado do esforço deste time é a apresentação das lindas sinfonias de maneira simples e elegante, com ótimos tempos, permitindo que as qualidades inerentes à música brilhem, fazendo funcionar a magia e o melhor do som das orquestras-com-instrumentos-de-época.

A Decca nunca anunciou estes discos como parte de algum projeto Haydn. Depois disso, eles encararam o desafio Beethoven e gravaram as sinfonias e os concertos para piano.

O projeto das sinfonias de Haydn foi iniciado eventualmente e o resultado é bastante grande e interessante, mas (alas) incompleto.

Não se preocupe com completude, baixe os discos e deles você perceberá integralmente a grandeza e a genialidade tanto de Haydn quanto deste time de músicos maravilhosos, liderados pelo Hogwood, com o apoio da produção de Peter Wadland.

Esterháza

Joseph Haydn (1732-1809)

Disco 1

Sinfonia No. 104 em ré maior – “London”

  1. Adagio – Allegro
  2. Andante
  3. Menuet & Trio: Allegro
  4. Finale: Spiritoso

Sinfonia No. 100 em sol maior – “Militar”

  1. Adagio – Allegro
  2. Allegretto
  3. Menuet & Trio: Moderato
  4. Finale: Presto

Disco 2

Sinfonia No. 96 em ré maior – “Miracle”

  1. Adagio – Allegro
  2. Andante
  3. Menuetto & Trio: Allegretto
  4. Finale: Vivace

Sinfonia No. 94 em sol maior – “Surprise” (‘Mit dem Paukenschlag’)

  1. Adagio – Vivace assai
  2. Andante
  3. Menuet & Trio: Allegro molto
  4. Finale: Allegro di molto

The Academy of Ancient Music

(on authentic instruments)
directed by

Christopher Hogwood, fortepiano

Produção: Peter Wadland / Morten Winding

Disco 1

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FLAC | 222 MB

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MP3 | 320 KBPS | 116 MB

Disco 2

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FLAC | 219 MB

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MP3 | 320 KBPS | 112 MB

Joseph Hayd

Eu fui separado do mundo e assim forçado a me tornar original!

Aproveite!

René Denon

 

Castrucci, Corelli, Geminiani, Händel, A. Scarlatti, Stradella, Vivaldi: Concertos Barrocos Italianos – Orchestra of the Age of Enlightenment

Castrucci, Corelli, Geminiani, Händel, A. Scarlatti, Stradella, Vivaldi: Concertos Barrocos Italianos – Orchestra of the Age of Enlightenment

Concertos Barrocos Italianos

OAE

 

Ouvimos primariamente a música dos grandes compositores – Bach, Handel, Vivaldi, Rameau. E quase sempre suas obras nos sãos apresentadas em gravações completas: Quatro Suítes Orquestrais, Os Concerti Grossi Op. 12, La Stravaganza. Quando muito, um disco com concertos ou outras peças, sempre do mesmo compositor.

Músico Enraivecido – Pietro Castrucci, segundo William Hogarth

Essa abordagem pode limitar um pouco nossa perspectiva da riqueza cultural, da diversidade e do colorido das peças musicais do período barroco. Essa maneira de apresentar a música interessa muito às gravadoras que assim vendem seus pacotes. A Integral dos Concertos para Fagote (ou Flautim, ou Viola da Gamba) do compositor tal, a Integral da Música de Banquete do compositor qual. Creio que até para o mais treinado ouvinte, enfrentar uma sequência de 70 minutos de Concertos para Fagote pode ser um pouquinho demais. Isto sem mencionar as violas. Acho que certas peças são mais agradáveis e efetivas se apresentadas em companhia de outras, de outros compositores, com as quais tenham afinidade, mas também um certo contraste.

É claro que podemos ‘programar’ uma audição musical, tomando umas peças daqui, outras dali, mas nem sempre isso acontece.

Esta é uma das razões pelas quais eu adoro discos como este, da postagem. A produção do disco conseguiu interpolar peças barrocas, mas de períodos ligeiramente diferentes, e intercalar obras de mestres maiores com alguns menos conhecidos.

Talvez Pietro Castrucci seja o compositor menos conhecido desta coleção, mas certamente era conhecido de seus pares, como Handel, que também tem uma peça no disco.

Alessandro Stradella

Castrucci nasceu em Roma e estudou com Corelli. Mudou-se para Londres em 1715 e foi famoso como virtuose do violino e líder da Orquestra da Ópera de Handel.

Outro compositor menos conhecido desta lista é Alessandro Stradella, que certamente viveu uma vida cheia de aventuras amorosas. Tanto que morreu por isso. A peça que fecha o disco, a Sonata di viole, provavelmente é o primeiro concerto grosso e acredita-se ter servido de modelo para os Concerti Grossi Op. 6 de Corelli. Deste conjunto, o Concerto No. 1 abre o disco.

Vá lá, delicie-se também com Sinfonia do Alessandro Scarlatti, pai do Domenico, com o belíssimo concerto de Vivaldi, que brilha aqui ainda mais, e com a espetacular versão para Concerto Grosso da Sonata da Folia, de Corelli, feita pelo Geminiani. Um disco tão bem gravado e produzido custa a aparecer.

A Orchestra of the Age of Enlightenment já apareceu por aqui diversas vezes, sempre tendo a sua frente grandes regentes, como o Frans Brüggen, Gustav Leonhardt e Simon Rattle. Nesta ocasião ela é dirigida diretamente pela pessoa que está liderando os violinos. Ou seja, neste disco a estrela é a OAE!

Digam vocês se o Masterchef Erick Jacquin não é um sósia do oboísta Anthony Robson…

Italian Baroque Concertos

Arcangelo Corelli (1653-1713)

1-5. Concerto Grosso em ré maior, Op. 6, 1

Pietro Castrucci (1679-1752)

6-10. Concerto Grosso em ré maior, Op. 3, 12

Alessandro Scarlatti (1660-1725)

11-13. Sinfonia di Concerto Grosso No. 2 em dó menor

George Frideric Handel (1685-1759)

14-16. Sonata del Overtura (para Il trionfo del Tempo e del Disinganno)

Antonio Vivaldi (1678-1741)

17-19. Concerto em fá maior para duas flautas, dois oboés, violino, violoncelo e baixo

Contínuo, RV 572 (Il Proteo o sia il mondo al rovescio)

Francesco Geminiani (1687-1762)

20. Concerto Grosso No. 12 em ré menor “La Folia” (da Sonata Op. 5, 12, de Corelli)

Alessandro Stradella (1644-1682)

21-24. Sonata di viole

Orchestra of the Age of Enlightenment

Alison Bury, Margaret Fautless, Catherine Mackintosh

O disco foi gravado em uma cooperação entre a BBC Music Magazine e o selo Linn

Produção de Ben Turner

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FLAC | 292 MB

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MP3 | 320 KBPS | 140 MB

Os músicos da capa são Andrew Clark (trompa) e Anthony Robson (oboé da caccia).

Aproveite!

René Denon

 

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 9 – Berliner Philharmoniker – Günter Wand – Post 3 de 5

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 9 – Berliner Philharmoniker – Günter Wand – Post 3 de 5

Bruckner

Sinfonia No. 9

Berliner Philharmoniker

Günter Wand

De boas intensões, dizem, o inferno está cheio! Nada se aplica melhor ao que aconteceu com os amigos e apoiadores de Bruckner, quando tentaram “melhorar” suas composições, fazendo intervenções em suas partituras originais.

No entanto, seus manuscritos foram preservados na Nationalbibliothek, de Viena. Isso por desejo do próprio Bruckner, expresso em seu testamento.

R. Haas

Robert Haas foi o primeiro a estudar sistematicamente os manuscritos de Bruckner para produzir edições de suas obras que fossem fieis às intensões do autor. Sua edição das Obras Completas foi elaborada e publicada entre 1932 e 1944.

No dia 2 de abril de 1932 houve um concerto em Munique, que surpreendeu o mundo musical. A pedido de Robert Haas, que providenciou o material apropriado, Siegmung von Hausegger regeu a Nona Sinfonia de Bruckner por duas vezes seguidas. Primeiro, usando a versão que fora preparada por Ferdinand Löwe em 1903, como a sinfonia era conhecida. Em seguida, usaram a versão editada por Haas, de acordo com os originais autógrafos de Bruckner. Era o início de uma nova era de entendimento da grandiosidade e originalidade deste compositor tão pouco compreendido e apreciado em seus próprios dias.

Não preciso dizer qual versão você ouvirá nesta magnífica interpretação da magistral Berliner Philharmoniker, regida pelo venerando maestro Günter Wand.

Anton Bruckner (1824-1896)

Sinfonia No. 9 em ré menor

Originalfassung/Versão Original
  1. Feierlich, Misterioso
  2. Scherzo. Bewegt, lebhaft – Trio. Schnell
  3. Adagio. Langsam, feierlich

Berliner Philharmoniker

Günther Wand

Gravação ao vivo, setembro de 1998
Produção: Gerald Götze

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FLAC | 277 MB

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MP3 | 320 KBPS | 142 MB

Ande, baixe os arquivos, entre nesta onda bruckneriana que estamos proporcionando. As carteirinhas de sócio do clube “❤ Bruckner” serão emitidas posteriormente…

René Denon

 

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 4 – Berliner Philharmoniker – Günter Wand – Post 2 de 5

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 4 – Berliner Philharmoniker – Günter Wand – Post 2 de 5

Anton Bruckner

Sinfonia No. 4 – Romantische

Berliner Philharmoniker

Günter Wand

Esta sinfonia é possivelmente a mais conhecida das Sinfonias de Bruckner e foi a primeira que ouvi. O epíteto “Romântica” foi dado pelo próprio Anton e reflete um estado de harmonia com a natureza que nos é transmitido pela perspectiva global da sinfonia.

Há maravilhosas gravações desta Sinfonia de Bruckner, muitas das quais você encontra nas nossas postagens. No entanto, esta gravação, feita ao vivo, reflete o sentido de uma ocasião especial, na qual um reverenciado e experiente maestro dirige uma excepcional orquestra. Günter Wand tem o completo domínio da situação expondo sem esforço aparente a maravilhosa arquitetura da obra, atingindo as alturas por muitos somente almejadas. A dramaticidade dos clímaces, tão importantes em Bruckner, assim como os momentos em que a orquestra deve apenas murmurar, são apresentados com clareza e transparência. A sensação de um momento especialíssimo está realmente presente no disco.

Bruckner iniciou a composição de sua Sinfonia No. 4 em 1874 e continuou trabalhando nela até 1780, quando reescreveu o último movimento.

Obstinado e perfeccionista, Bruckner sabia exatamente o que pretendia de suas enormes sinfonias. Passou a metade de sua vida preparando-se para compô-las e constantemente trabalhou simultaneamente em novas obras e no aprimoramento das que já havia completado.

Se permitiu que seus (mesmo bem intencionados) amigos revisassem e mesmo mutilassem suas obras, era na esperança de que fossem executadas. No entanto, foi cuidadoso para preservar suas reais intenções, deixando os originais livres destas espúrias intervenções com a designação gültig (=válida). Esses manuscritos foram arquivados na coleção de manuscritos da Biblioteca da Corte Imperial, hoje Biblioteca Nacional de Viena, por seu desejo expresso.

Assim, a versão que podemos ouvir nesta gravação representa o que Bruckner esperava que ouvíssemos.

Anton Bruckner (1824-1896)

Sinfonia No. 4 em mi bemol maior – Romântica

Versão original (1878/1880)
  1. Bewegt, nicht zu schnell
  2. Andante quasi Allegretto
  3. Scherzo. Bewegt – Trio. Nicht zu schnell, keinesfalls schleppend
  4. Finale. Bewegt, doch nicht zu schnell

Berliner Philharmoniker

Günter Wand

Gravação feita ao vivo em 1998
Produção: Gerald Götze

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FLAC | 298 MB

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MP3 | 320 KBPS | 173 MB

Ande, baixe os arquivos, entre nesta onda bruckneriana que estamos proporcionando. As camisetas com os dizeres “Eu ouço Bruckner” serão ofertadas posteriormente…

René Denon

Franz Schubert (1797-1828): Últimas Sonatas para Piano – Maurizio Pollini

Franz Schubert (1797-1828): Últimas Sonatas para Piano – Maurizio Pollini

Sonatas para Piano D 958 ∙ 959 ∙ 960

3 Peças para Piano D 946

Allegretto D 915

Em 1 de julho de 2008 PQP Bach fez a postagem das três últimas sonatas para piano de Franz Schubert, interpretadas por Maurizio Pollini. Os arquivos da postagem estão agora na poeira internética. O post recebeu 26 comentários!! O texto é um pouco mais longo do que costumamos ver em suas atuais postagens e é uma delícia de ler. Nada de ilustrações. Eu diria, um clássico PQP.

Meu eterno interesse por estas peças de Schubert e minha admiração por essas gravações de Pollini fizeram com que eu preparasse tudo para relançar o post. Começamos assim uma nova série:

PQP Originals!

Aqui está o texto do PQP:

Sei que não somente “aqueles comentaristas habituais” hostilizarão esta gravação colocada entre as melhores da DG (obrigado pela lembrança dos Originals, Lais; minha gravação é pré-Originals), como nossa comparsa Clara Schumann deverá apresentar chiliques em defesa de seu amado Alfred Brendel que, segundo ela, acarinha melhor o compositor que ela mais ama.

(Nunca entendi esta senhora que casa com um, tem Brahms por amante, mas gosta mesmo é de Schubert. A mente masculina é mais simples e burra, graças a Deus, e interessa-se por todas, prova de seu amor à humanidade.)

Schubert é o compositor que mais lamento. Apenas 31 anos! Onde ele chegaria se tivesse vivido, por exemplo, os 57 anos de Beethoven? É difícil de responder, ainda mais ouvindo suas últimas obras, amadurecidas a fórceps pelo sofrimento causado pela doença. Este criador de melodias irresistíveis trabalhava (muito) pela manhã, caminhava à tarde e bebia à noite. O bafômetro o pegaria na volta, certamente. Seria um recordista de multas. Não morreu da sífilis e sim de tifo, após ingerir um vulgar peixe contaminado. Ou seja, uma droga de um peixe podre nos tirou anos de muitas obras, certamente. Espero que, se o inferno existir, este peixe esteja lá queimando. Desgraçado, bicho ruim!

A interpretação de Pollini é completamente despida de exageros ou de virtuosismo. Ele respeita inteiramente Schubert, compositor melodista e destituído de virtuosismo pessoal ao piano, pero… nada de sentimentalismos, meus amigos. Pollini é um realista. E, com efeito, as sonatas finais desfazem o mito do Schubert fofinho, mundano e feliz. Era um indivíduo profundo e o trágico não lhe era estranho.

Minha sonata preferida é a D. 960, com seu imenso e emocionante primeiro movimento. Quando o ouço de surpresa, penso que virão o que não me vêm há anos: lágrimas. O que segue é-lhe digno, com destaque especial para o zombeteiro movimento final. O D. 959 também é extraordinário, principalmente o lindíssimo e nobre Andantino e o lied do Rondó. Também tenho indesmentível amor pela contrastante primeira peça das Drei Klavierstucke.

A Fundação Maurizio Pollini, desta vez patrocinada por PQP Bach, agradece todos os apoios recebidos e declara-se ofendida pela nefasta ironia perpetrada pelo provocador Kaissor (ou foi o Exigente?) ao querer estigmatizar nosso ídalo por ser mais divulgado em razão do perfil marcadamente “comercial” de sua gravadora. Com todo o respeito, respondemos a ele que Pollini é a Verdade e o Absoluto. Dou a Schnabel um lugar no pódio e ele que fique quieto. “O homem que inventou Beethoven”??? Arrã. Acho que foi reinventado… :¬)))

Caso você queira ler também os comentários da época, clique aqui. 

Atrevo-me apenas acrescentar que o tema do quarto movimento da Sonata em lá maior, D. 959, foi tomado emprestado do Allegretto quasi andantino da Sonata em lá menor, D. 537, de alguns anos antes, e é memorável. Para uma comparação, vá a 7’30 do vídeo aqui. Ou então ouça toda a sonata interpretada  por Wilhelm Kempff, um mago das gravações, em particular, das obras de Schubert.

Franz Schubert (1797-1828)

Disco 1

Sonata para Piano em dó menor, D. 958

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro – Trio
  4. Allegro

Sonata para Piano em lá maior, D. 959*

  1. Allegro
  2. Andantino
  3. Allegro vivace – Trio. Um poco più lento
  4. Allegretto

Maurizio Pollini, piano

Produção: Rainer Brock

*Maurizio Pollini dedica a gravação da Sonata em lá maior à memória de seu caro amigo Rainer Brock

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FLAC | 200 MB

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MP3 | 320 KBPS | 162 MB

Disco 2

Sonata para Piano em si bemol maior, D. 960

  1. Molto moderato
  2. Andante sostenuto
  3. Allegro vivace com delicadeza – Trio
  4. Allegro ma non tropo

Allegretto em dó menor, D. 946

  1. Allegretto

Três Peças para Piano, D. 946

  1. Allegro assai – Andante – Tempo I
  2. Allegretto
  3. Allegro

Maurizio Pollini, piano

Produção: Rainer Brock (D 915 ∙ 946); Christopher Alder (D 960)

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FLAC | 185 MB

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MP3 | 320 KBPS | 162 MB

Se você não chorar com o primeiro movimento da Sonata em si bemol maior, D. 960, então chorará com o segundo, o Andante sostenuto. Schubert sabia tudo sobre superação das dores naquela altura da vida.

René Denon

 

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 5 – Berliner Philharmoniker – Günter Wand – Post 1 de 5

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 5 – Berliner Philharmoniker – Günter Wand – Post 1 de 5

Bruckner

Sinfonia No. 5

Berliner Philharmoniker

Günter Wand

 

As primeiras gravações de Günter Wand que ouvi foram de Sinfonias de Beethoven. As que mais me marcaram na época foram a Sexta e a Nona.

Depois vieram as gravações das Sinfonias de Bruckner. Ele gravou o ciclo completo em estúdio com a Orquestra Sinfônica da Rádio de Colônia. Estas gravações você pode encontrar aqui, aqui e aqui.

Günter Wand também gravou as Sinfonias de Nos. 3 até 9 com a NDR-Sinfonieorchester, sempre ao vivo, algumas sinfonias mais do que uma vez. Esta orquestra é baseada em Hamburgo e foi renomeada de NDR Elbphilharmonie Orchester.

A postagem de hoje inicia uma série de cinco e suas gravações vão um pouco além das já mencionadas. Elas foram feitas ao vivo, com a Orquestra Filarmônica de Berlim. Sem desfazer das outras orquestras ou das outras gravações, estamos aqui diante de algo MUITO especial.

Para os amantes das Sinfonias de Bruckner e frequentadores deste blog, Günter Wand é nome bem conhecido. De qualquer forma, devo dizer que estamos diante de um fenômeno. Ele nasceu em 1912 e iniciou sua carreira de músico e regente reconstruindo o cenário musical no pós-guerra, na cidade de Colônia. Isso nos idos 1939. Ficou neste posto até sua mudança para Hamburgo, onde passou a trabalhar com a NDR-Sinfonieorchester, em 1982.

Avesso a estrelismos, Günter Wand foi convidado a reger várias importantes orquestras, como a Sinfônica de Chicago e a Orquestra Filarmônica de Berlim. Excursionou também pelo Japão e Inglaterra.

Começaremos com a Sinfonia No. 5 por duas razões. Esta foi a primeira Sinfonia de Bruckner que Wand gravou, com a Orquestra da Rádio de Colônia. Apesar de sua justa fama como regente das Sinfonias de Bruckner, ele só chegou a esse compositor relativamente tarde, apesar da insistência de seu amigo e compositor Bernd Alois Zimmermann. Após uma apresentação em Berna, ele finalmente gravou esta sinfonia com a Orquestra da Rádio de Colônia em 1974. Esta gravação encorajou a gravação de todo o ciclo que acabou ganhando o prêmio Deutsche Schallplattenkritik.

Na série de gravações que postaremos, nos concertos que fez com a orquestra de Berlim, a Sinfonia No. 5 também foi a primeira. As postagens que se seguirão constarão das Sinfonias Nos. 4, 9, 7 e 8, seguindo a ordem em que foram gravadas.

Você poderá encontrar uma lista da discografia de G. Wand aqui.

Anton Bruckner (1824-1896)

Sinfonia No. 5 em si bemol maior (Versão 1875-1878)

  1. Introduktion (Adagio) – Allegro
  2. Adagio (Sehr langsam)
  3. Molto Vivace (Schnell)
  4. Adagio – Allegro moderato

Berliner Philharmoniker

Günther Wand

Gravação ao vivo, 12, 13 & 14 de janeiro de 1996

Produção: Gerald Götze

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Até Günter Wand foi jovem!

Parece impossível alguém passar 77 minutos ouvindo uma sinfonia. Encare esse desafio! Seja diferente!

René Denon

J. S. Bach (1685-1750): Peças para Teclado – Víkingur Ólafsson

J. S. Bach (1685-1750): Peças para Teclado – Víkingur Ólafsson

Bach

 

Música para Teclado

 

É possível tocar assim? É possível, humanamente, tocar assim? Não será alguma tecnologia, uma dessas modernas bruxarias? O que é isso? Um pianista ou um pássaro?

Senhores, com vocês, um pianista que veio do frio, da Islândia: Víkingur Ólafsson!

E ele nos brinda com um recital de peças de Bach, maravilhosas!

Em 2007, Norman Lebrecht escreveu um livro que já citei aqui – Maestros, Obras-Primas & Loucura; A Vida Secreta e a Morte da Indústria da Música Clássica. Lebrecht é crítico de música e sabe muito bem do que fala. Mas isso foi em 2007. Agora vem Ólafsson e diz: Nós estamos em uma Época de Ouro para a Música Clássica!

Contradições? Bem, Lebrecht fala da Indústria da Música Clássica e a afirmação de Ólafsson é mais geral. Pois é, este pianista de 35 anos é um arauto dos novos tempos e nos ensina uma nova maneira de gostar de música, que reflete os costumes atuais, mas que também remete ao passado.

Como tem sido usado pelas gravadoras e distribuidoras de música, seu álbum de Bach tem capa com dizeres mínimos: Johann Sebastian Bach – Víkingur Ólafsson.

Ele explica (numa entrevista que pode ser lida na íntegra aqui) que passou anos na elaboração do álbum, que tem 35 faixas. A mais longa tem pouco mais do que cinco minutos. Diversas delas são transcrições de peças de Bach feitas por August Stradl, Wilhelm Kempff, Ferruccio Busoni, Serge Rachmaninov e por ele mesmo.

Ólafsson conta que após seis anos estudando na Juilliard, em Nova Iorque, mudou-se para Oxford, por três anos, enquanto sua mulher estudava. Em suas próprias palavras:

Estes três anos foram um tempo para encontrar a minha própria voz e vir a ser o meu próprio professor. Foi então que eu realmente comecei a tocar e a ouvir e a pensar sobre Bach. Bach tornou-se meu professor.

Eu queria fugir da tendência de pensar em Bach em termos colossais, cujas obras épicas são essas imensas catedrais sonoras. Esta abordagem globalista – apresentar os 48 Prelúdios e Fugas ou todas as Invenções e Sinfonias juntas como uma única peça – é um fetiche do século 20. Eu não creio que Bach tenha composto estas obras para serem interpretadas como um conjunto. Hoje, é ridículo, quase como se você tivesse que tocá-las como um conjunto, caso contrário você não seria um músico ‘sério’.

Eu não gosto de ouvir música desta forma. Quando você ouve as Sinfonias, digamos, por elas mesmas, elas se tornam peças diferentes. Contos em vez de partes de um romance épico.

Neste período ele mergulhou nos grandes intérpretes de Bach do passado e do presente – entre muitos nomes cujas diferentes abordagens lhe serviram de inspiração e esclarecimento temos Edwin Fischer, Glenn Gould, Dinu Lipatti, Martha Argerich, Jacques Loussier e Murray Perahia. E ele encontrou a poesia, as provocações e a espontaneidade da música de Bach.

Assim, temos uma proposta um pouco diferente para ouvirmos a música de Bach. Talvez isso nos ajude a chegar mais próximos de Bach ou apenas nos proporcione prazer com a música de um dos maiores gênios musicais de que se tem notícia.

Johann Sebastian Bach (1685-1750)

1. Prelúdio e Fughetta em sol maior, BWV 902 – Prelúdio
2. Prelúdio Coral Nun freut euch, lieben Christen g’mein, BWV 734 (Transcrição de Wilhelm Kempff)
3 – 4. Prelúdio e Fuga em mi menor (Cravo Bem Temperado, Livro I, No. 10) BWV 855
5. Andante da Sonata para Órgão No. 4 BWV 528 (Transcrição de August Stradal)
6 – 7. Prelúdio e Fuga em ré maior (Cravo Bem Temperado, Livro I, No. 5) BWV 850
8. Prelúdio Coral Nun komm der Heiden Heiland, BWV 659 (Transcrição de Ferruccio Busoni)
9 – 10. Prelúdio e Fuga em dó menor (Cravo Bem Temperado, Livro I, No. 2) BWV 847
11. Widerstehe doch der Sünde, BWV 54 (Transcrição de Víkingur Ólafsson)
12-23. Aria variata (alla maniera italiana) em lá menor, BWV 989
24. Invenção No. 12 em lá maior, BWV 783
25. Sinfonia No. 12 em lá maior, BWV 798
26. Gavotte da Partita No. 3 em mi maior para violino solo, BWV 1006 (Transcrição de Serge Rachmaninov)
27. Prelúdio em mi menor, BWV 855 (Arranjo para Piano em si menor por Alexander Siloti)
28. Sinfonia No. 15 em si menor, BWV 801
29. Invenção No. 15 em si menor, BWV 786
30-32. Concerto em ré menor, BWV 974
33. Prelúdio Coral Ich ruf zu dir Herr Jesu Christ, BWV 639 (Transcrição de Ferruccio Busoni)
34-35. Fantasia e Fuga em lá menor, BWV 904

Víkingur Ólafsson, piano

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Nas palavras de Ólafsson: Todo mundo sabe ouvir música, assim como sabemos beber água. Você apenas ouve e você gosta ou não gosta.

Eu sei que já ouvi o álbum muitas vezes e de diferentes maneiras. Agora, você poderá experimentar por si próprio!

René Denon

PS: Esta postagem não teria sido possível sem a colaboração do amigo HMarcelo. Valeu, HM!

Debussy / Ravel / Fauré: Quartetos de Cordas // Quartetos Ébène & Budapest

Debussy / Ravel / Fauré: Quartetos de Cordas // Quartetos Ébène & Budapest

Quartetos de Cordas

Debussy – Fauré – Ravel

Quarteto Ébene

&

Quarteto Budapest

Antes de conhecer a música, conheci a história. Era uma vez um tempo em que os livros eram mais acessíveis do que as gravações. Foi então que eu li a história de uma pessoa que achou um disco, sem capa, com o selo ilegível. Após um mínimo de limpeza, coloca o disco na vitrola e ouve uma frase tocada por um instrumento de cordas, num registro bem baixo. A frase é prolongada e pontuada pelo pizzicato de quatro notas ascendentes. A frase é então repetida por um terceiro instrumento de cordas e aí tudo mergulha numa sequência maravilhosa, um andantino, doucement expressif. Um quarteto de cordas, música como ele nunca houvera experimentado. Como eu desejei essa música.

O contador dessa história é Érico Veríssimo, um dos nomes mais importantes da (nossa e dos outros também) literatura. Aqui está o trecho das memórias de Erico, na íntegra: “Por aquele tempo eu havia descoberto – não me recordo em que velha gaveta, baú ou porão – um disco fonográfico quebrado, do qual restava apenas uma pequena superfície intacta, perto do rótulo azul, cujos dizeres estavam completamente ilegíveis, como se alguém os tivesse obliterado com a ponta dum prego. Por curiosidade coloquei o disco mutilado na minha vitrola, e pouco depois o que saiu de seu alto-falante, em meio de estalidos e crepitações, foi uma frase musical duma esquisita e inesperada beleza, que me enfeitiçou: a viola desenhava a linha melódica dum andante, cuja melodia me ficou gravada na memória. Que era tocada por um quarteto de cordas, não havia a menor dúvida. Também eu estava certo de que não ouvia a voz de Mozart nem a de Beethoven. Brahms, quem sabe? Não. A música me falava francês e não alemão, italiano ou qualquer outra língua. A frase do quarteto me perseguiu obsessivamente durante todo aquele fim de 1930. Parecia descrever musicalmente o meu estado de espírito naquela época de minha vida: doce e preguiçosa melancolia e ao mesmo tempo um hesitante desejo de fuga ou, melhor, de ascensão…

Só quatorze anos mais tarde, quando já liberto da ópera — para ser preciso em 1944, em San Francisco da Califórnia — é que vim a saber que a frase mágica era o andantino doucement expressif do Quarteto de cordas em sol menor, de Claude Debussy”.

O cara é um bamba, não é mesmo? Dá vontade de ler mais. Então vá, aproveite o embalo, leia o livro todo ao som desta postagem.

A busca pelo Quarteto de Debussy me levou à música de câmera francesa, que é fonte de muito prazer. É música de muita sofisticação e charme e vale profunda investigação. Lembro a postagem que fiz das Sonatas para Violino de Fauré, cujo Quarteto de Cordas, com o Quarteto de Ravel, completa um dos discos desta postagem. Este disco é interpretado pelo Quarteto Ébène e ganhou muitos prêmios na ocasião de seu lançamento. O disco merece todos os prêmios e certamente é uma referência atualíssima para esse rico repertório.

O local de gravação do disco do Quarteto Ébène é estonteante. La Ferme de Villefavard fica na região de Limousin (no Brasil, seria Limãozinho). É uma antiga granja originalmente construída no início do século passado e cuja renovação ficou ao cargo de Albert Yaying Xu, especialista em acústica de renome internacional.

Claude Debussy (1862-1918)

Quarteto de Cordas em sol menor, Op. 10

  1. Animé et très décidé
  2. Assesz vif et bien rythmé
  3. Anadantino, doucement expressif
  4. Très modéré – Très mouvementé

Gabriel Fauré (1845-1924)

Quarteto de Cordas em mi menor, Op. 121

  1. Allegro moderato
  2. Andante
  3. Allegro

Maurice Ravel (1875-1937)

Quarteto de Cordas em fá maior

  1. Allegro moderato – Très doux
  2. Assez vif – Très rythmé
  3. Très lent
  4. Vif et agite

Quatuor Ebène

Pierre Colombet, violino

Gabriel Le Magadure, violino

Mathieu Herzog, viola

Raphaël Merlin, violoncelo

Gravação: Ferme de Villefavard, Limousin, França, 2008
Produção: Etienne Collard

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Este não é o Q Ébène, mas mostra o local da gravação com um quarteto de cordas.

No entanto, decidi também fazer uma homenagem aos antigos LPs e escolher um deles para ser postado ao lado da gravação mais recente. Após muitas horas de (prazerosa) procura, ouvindo várias gravações, este, aquele e aquele outro, fiquei entre duas opções: Quarteto Italiano e Quarteto Budapest. Vejam, nos dias dos LPs, os quartetos de Ravel e Debussy eram assim, irmãos gêmeos, assim como os concertos para piano de Schumann e de Grieg.

Veja como é linda a capa do LP

A interpretação do Quarteto Italiano é justamente famosa e o disco impressiona pela espetacular beleza sonora. No entanto, a capa do LP original, mais o grão de rusticidade que percebo na versão do Budapest Quartet, me fizeram pender para ele. Creio que o contraste com a gravação do QE será mais impactante. Ganha um doce quem descobrir na foto da capa do CD quais são os irmãos Schneider.

Claude Debussy (1862-1918)

Quarteto de Cordas em sol menor, Op. 10

  1. Animé et très décidé
  2. Assesz vif et bien rythmé
  3. Anadantino, doucement expressif
  4. Très modéré – Très mouvementé

Maurice Ravel (1875-1937)

Quarteto de Cordas em fá maior

  1. Allegro moderato – Très doux
  2. Assez vif – Très rythmé
  3. Très lent
  4. Vif et agite

The Budapest String Quartet

Joseph Roisman, violino

Alexander Schneider, violino

Boris Kroyt, viola

Misha Schneider, violoncelo

Gravação: 1958

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La Ferme de Villefavard antes de encontrar a fada madrinha…

Vá, baixe os discos, ouça música e mergulhe nessa transversal de cultura. Leia os livros do Veríssimo, pai. Tudo bem, leia o filho que também é muito bom.

Os rapazes de Budapest!

René Denon

 

 

J.S.Bach (1685-1750): Concertos para Violino – Freiburger Barockorchester // PQP – Originals – Julia Fischer & ASMF

J.S.Bach (1685-1750): Concertos para Violino – Freiburger Barockorchester // PQP – Originals – Julia Fischer & ASMF

J. S. Bach

Concertos para Violino

Freiburger Barockorchester

No fundo de minha memória literária havia uma lembrança de que Carlos Drummond de Andrade gostava demais dos Concertos para Violino de Bach. Lembro-me também que minha gravação preferida era a do Grumiaux, que era esnobada solenemente pelo meu amigo PM, fã incondicional do Eduard Melkus.

Eram dias em que tínhamos apenas duas ou três versões entre as quais escolher. Pois é, havia também Bach com o sotaque russo de Oistrakh.

Mas, voltando ao Carlos Drummond de Andrade, quanto mais eu imaginava o poeta gostando dos Concertos de Bach, mais eu gostava dos Concertos e mais eu gostava do poeta.

Só faltava encontrar a prova de que o poeta, ao chegar em casa, cansado de mais um dia exaustivo na repartição, ia logo tirando os sapatos e ligando a vitrola. Qual gravação ele ouviria?

Bom, após uma busca cuidadosa, se não cheguei a uma prova do fato mencionado, cheguei a uma forte evidência na figura da deliciosa crônica que não resisto e transcrevo a seguir. Se você chegou até aqui, leia a crônica. Vale a pena!

No aeroporto, uma crônica de Carlos Drummond de Andrade

Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a bem dizer, não se digne de pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.

Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e oriental, e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.

Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho; tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores.

Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou importuno. Suas horas de sono – e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia – eram respeitadas como ritos sagrados, a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém nós mesmos é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos.

Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da tevê. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.

Objetos que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis — porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada, sobre a razão íntima de seus atos.

Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade — e, até, que a nossa amizade lhe conferia caráter necessário de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.

Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.

Gostaria muito de saber como o poeta reagiria a esta gravação dos Concertos para Violino de Bach que vos trago aqui. Bach com sotaque alemão! Ach so!

A Freiburger Orchester adota a prática de performance historicamente informada. Assim, temos um som translúcido, com cordas um pouco adstringentes, mas ainda lindamente agradáveis. Isso sem contar que a produção do disco é excelente, muito bem gravado. Para completar o programa, um Concerto para três Violinos, transcrição do Concerto para três Cravos. Tudo indica, o Concerto para três Cravos é uma transcrição de um Concerto para três Violinos, agora perdido. Um pouco confuso, mas acho que você entendeu. Caso contrário, apenas escute o álbum.

Você poderá ler uma crítica equilibrada aqui.

Johann Sebastian Bach (1685-1750)

Concerto para dois violinos em ré menor, BWV 1043

  1. Vivace
  2. Largo ma non tanto
  3. Allegro

Concerto para violino em mi maior, BWV 1042

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro assai

Concerto para violino em lá menor, BWV 1041

  1. Sem indicação de tempo
  2. Andante
  3. Allegro assai

Concerto para três violinos em ré maior, BWV 1064R

  1. Sem indicação de tempo
  2. Adagio
  3. Allegro
Gottfried Von Der Goltz, violino (BWV 1043, 1042, 1064R)
Petra Müllejans, Violino (1042, 1041, 1064R)
Anne Katharina Schreiber, violino (1064R)

Freiburger Barockorchester

Gravação: Paulussaal, Freiburg

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Esta postagem foi possível graças à colaboração do amigo HM! Valeu, Marcelo!


Para dar uma oportunidade aos nossos seguidores de comparar a grandiosidade da música de Bach, que admite diferentes abordagens com igual efeito apaixonante, reapresento um post da autoria de CARLINUS . Como o post teve seus arquivos (rapidamente) mandados para o espaço cibernético, entra em ação nosso selo PQP-Originals para restaurá-los. O post foi feito em 5 de agosto de 2010 e recebeu 8 comentários que você poderá ler aqui.

J. S. Bach

Concertos para Violino

Academy of St. Martin-in-the-Fields

Julia Fischer

Não faz mal que eu e PQP esbarremos na mesma intenção: postar Bach.  O grande diferencial é que ele é filho do homem; e, eu, um reles mortal apócrifo. Ele se muniu de uma japonesa com ares lascivos; e, eu, de uma alemã com os ares frescos da mocidade, Julia Fischer. Eu não tencionava postar este CD no dia de hoje. Tinha outros planos. Mas resolvi disponibilizar este registro, que já estava comigo há algum tempo.  Julinha Fischer com suas habilidades de violinista jovem, conseguiu me cativar. Estes concertos para violino me deixaram com uma impressão que somente a arte é capaz de remir o mundo de suas feiúras. Ontem à noite eu vi mais uma vez ao filme Dias de Nietzsche em Turim, do brasileiro Júlio Bressane. O diretor conseguiu fazer um extraordinário trabalho sobre a estadia de Nietzsche naquela cidade, antes do colapso que o paralisaria até o ano de sua morte, 1900. O filósofo passeia pela cidade e encanta-se com o clima, com a arquitetura sóbria e despretenciosa, com a lascividade das esculturas clássicas, que em tudo o convida à contemplação. A certa altura ele diz: “Se não fosse a arte, a vida seria um erro”. Que frase fantástica! Somente a arte nos torna mais humanos. Afasta-nos da mediocridade e nos faz sonhar com um mundo cheio de razões reais. A arte de Bach é habitada por verdades delicadas. E isso me faz muito bem nesta noite de brisa suave aqui no Planalto Central. Não deixe ouvir este ótimo registro de Johann Sebastian Bach. Agora é só comparar o Bach de minha alemã (Julia Fischer) com o Bach da japonesa (Akiko Suwanai) de PQP. Boa apreciação!

Julia Fischer

Johann Sebastian Bach (1685-1750)

Concerto para dois violinos em ré menor, BWV 1043

  1. Vivace
  2. Largo ma non tanto
  3. Allegro

Concerto para violino em lá menor, BWV 1041

  1. Sem indicação de tempo
  2. Andante
  3. Allegro assai

Concerto para violino em mi maior, BWV 1042

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro assai

Concerto para violino e oboé em ré menor, BWV 1060

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Alegro

Julia Fischer, violino

Alexander Sitkovetsky, violino

Andrey Rubtsov, oboé

Academy of St Martin in the Fields

Produção: Sebastian Stein

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Aproveite!

René Denon

PS: PQP-Originals tentará restaurar a postagem do PQP mencionada por Carlinus.

Brahms & Schubert: Sinfonias // Liszt: Les Preludes – Philharmonia Orchestra & Karajan

Brahms & Schubert: Sinfonias // Liszt: Les Preludes – Philharmonia Orchestra & Karajan

Ah, os clássicos! Sempre é possível aprender com eles. Há um filme espetacular chamado The trouble with Harry.O filme é um clássico de Hitchcock e vale a pena futura investigação. Mas, hoje, do filme, emprestamos apenas o nome.

O Herbert aqui é o von Karajan, personalidade que desperta (mesmo depois de mais de trinta anos de sua morte) sentimentos extremos nas pessoas.

Karajan ocupou lugar de destaque absoluto no mundo da (chamada) música clássica por muitas décadas e, para muitos, até hoje, é sinônimo de perfeição e garantia de alta qualidade nas gravações. No caso dele, foram muitas.

O problema com Karajan é que ele nos coloca diante de dilemas que (lamentavelmente) insistem em nos afrontar. Essas questões podem ser abordadas de maneira aristotélica, como o fez Alexandre diante do Nó de Górgio, assumindo algum dos polos do ame ou odeie. Aqui vamos tentar uma abordagem diferente, que resumidamente consiste em evitar absolutamente coisas como

mas não deixar de desfrutar coisas como

É inevitável falar da indústria fonográfica sem mencionar o dia 19 de janeiro de 1946, no qual Walter Legge encontrou-se em Viena com Herbert von Karajan. Os detalhes deste encontro podem ser lidos no livro On and Off the Record, organizado a partir de anotações de Legge pela sua mulher, Elisabeth Schwarzkopf. Outra perspectiva destes controversos personagens pode ser lida no Maestros, Obras-Primas & Loucura, de Norman Lebrecht. Sempre que possível, ouça diferentes lados da mesma história!

Walter Legge foi um precursor da figura do produtor de discos e, se não inventou essa profissão, a moldou em sua forma atual, levando-a a níveis altíssimos de profissionalismo.

No final da Segunda Grande Guerra, Legge, que falava fluentemente alemão e sabia tudo sobre música, orquestras e gravações, sem ser músico profissional, percorria a Alemanha e a Áustria em busca de talentos para seus projetos. Especificamente buscava um regente para a sua Orquestra Philharmonia, recém formada por músicos escolhidos criteriosamente.

Herbert, mais uma vez, estava no lugar certo, na hora (quase) certa. E tinha tudo e mais um pouco com o que Walter sempre sonhara. Mas havia uma pegadinha, um embaraço monumental. Karajan estava passando por um processo de des-nazificação. Estava proibido de atuar em público, por exemplo. Veja, se você não sabia destes fatos, deve perceber que se tratando deste período histórico, as coisas nunca são exatamente simples.

No dia do encontro, Karajan deveria se apresentar com a Orquestra Filarmônica de Viena e, apesar dos ensaios, o concerto foi cancelado pelas autoridades russas apenas algumas horas antes. Para Legge, a questão da des-nazificação era apenas técnica. Ele próprio acabou se casando com a Schwarzkopf, que também passou por processo semelhante.

Como Karajan se tornou membro do partido é relativamente fácil de entender. Veja um trecho dos muitos artigos que andei lendo: Ruthlessly ambitious as a young man and grimly autocratic in his later years, his life story is marked by bitter rivalries, feuds and, most notoriusly, membership of the Nazy Party. Ou seja, implacavelmente ambicioso quando jovem e incansavelmente autocrático nos seus últimos anos, a história de sua vida é marcada por amargas rivalidades, disputas e, mais notoriamente, ter sido membro do Partido Nazista.

Karajan iniciara como regente em Ulm em 1929, num dos primeiros degraus de uma escada longuíssima de ascensão na carreira de regente nos países de língua alemã. Suas apresentações no Festival de Salzburg e outros concertos, inclusive com a Filarmônica de Viena, despertaram a atenção no cenário musical. Cenário este que com a ascensão do Nazismo ficava mais e mais despovoado de muitos nomes.

Apesar destes sucessos iniciais, ficou desempregado e teria entrado para o partido para conseguir a posição de regente em Aachen, onde as condições de trabalho eram boas.

Suas relações com o establishment, no entanto, não eram boas. Seu sucesso e sua juventude foram usados para afrontar Wilhelm Furtwängler, que era doentiamente inseguro. A rivalidade entre eles foi imensa. Furtwängler não pronunciava o nome Karajan e referia-se a ele simplesmente por K.

Karajan, que regia de memória, dirigiu uma apresentação desastrosa de Die Meistersinger, devido a um barítono embriagado. Com isso, caiu em absoluta desgraça com Adolf Hitler.

Além disso, casou-se com Anita Güterman, de avô judeu, o que certamente não contribuiu para amainar as coisas.

A despeito disso, Karajan fez sucesso. Ele trazia um sopro de novidade num cenário empobrecido pelas restrições impostas pela situação. Em seus concertos havia música que na época era nova. Vamos lembrar que Richard Strauss e Paul Hindemith, por exemplo, eram vivos e ativos. Karajan também apresentava uma perspectiva diferente da preconizada pelos concertos de Furtwängler. Arturo Toscanini sempre fora uma grande influência para Karajan, que ouvia as gravações de outros regentes, como Stokowski e Mengelberg, com suas grandes sonoridades. O interesse pelas novas tecnologias sempre esteve presente em sua vida.

O crítico Klaus Geitel lembra o ‘glittering, exciting’ thrill of pre-war Berlin concerts with their new repertoire: concerts with Furtwängler ‘were like going into a cathedral’; with Karajan, it was ‘like going to the Venusberg, like entering a bacchanal. ’  – ‘o entusiasmo brilhante e a excitação dos concertos em Berlim antes da guerra com seus novos repertórios: concertos com Furtwängler ‘eram como ir a uma catedral’; com Karajan, era ‘como ir ao Venusberg, como entrar em um bacanal. ’ Assanhado, não? Mas certamente realça as diferenças.

Produtor inglês Walter Legge (1906 – 1979) com o regente austríaco Herbert von Karajan (1908 – 1989), em 17 de janeiro de 1958

Com o fim do processo de des-nazificação, Karajan iniciou sua ascensão no mundo musical. Gravações para a EMI com a Philharmonia, para a London com a Filarmônica de Viena, apresentações no Festival de Salzburg e no Bayreuth Festspielhaus. O passo mais importante foi dado em 1955, com a morte de Furtwängler. Karajan torna-se diretor vitalício da Filarmônica de Berlim. O resto é história.

O Kaiser do Legato, a busca constante pela beleza de som. Esses ideais buscados incansável e germanicamente por Karajan foram, a um tempo, a sua glória e a sua maldição. Enquanto havia resistência, essa busca deixava margem a percepção da presença humana em seus resultados. A medida que os avanços tecnológicos e a reunião de poderes absolutos em suas mãos foram se consolidando, os resultados tornaram-se caricaturas. Sinfonias envernizadas e brilhantes, mas sem vida interior.

Além disso, sua personalidade gera um antagonismo que não se percebe contra figuras que viveram situações parecidas, algumas até com agravantes, como Richard Strauss, Karl Böhm e Carl Orff, por exemplo.

Talvez, o problema com Herbert seja que ele nos faz encarar o que pode haver de melhor, mas também o que pode haver de pior nos seres humanos. E isso, reflete-se em nós mesmos. Mas, chega de vãs filosofias e vamos a música da postagem.

Ouça as gravações de duas lindas sinfonias de Brahms, a Sinfonia Inacabada de Schubert e o poema sinfônico Les Preludes, de Liszt. Essas gravações são resultados de um encontro que marcou época e estabeleceu padrões altíssimos. Aqui temos a Orquestra Philharmonia, a produção de Walter Legge e o maestro que queria tomar o mundo da música, prestes a fazer exatamente isso.

Disco 1

Johannes Brahms (1833-1897)

Sinfonia No. 2 em ré maior, Op. 73

  1. Allegro non troppo
  2. Adagio non troppo
  3. Allegretto grazioso
  4. Allegro com spirito

Franz Schubert (1797-1828)

Sinfonia No. 8 em si menor, D. 759 – Inacabada

  1. Allegro moderato
  2. Anadante com moto

Disco 2

Johannes Brahms (1833-1897)

Sinfonia No. 4 em mi menor, Op. 98

  1. Allegro non troppo
  2. Andante moderato
  3. Allegro giocoso
  4. Allegro enérgico e passionato

Franz Liszt (1811-1886)

  1. Les Preludes

Philharmonia Orchestra

Herbert von Karajan

Produção: Walter Legge

Gravações: Brahms & Schubert – 1955; Liszt – 1958

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MP3 | 320 KBPS | 273 MB

Richard Osborne escreveu uma biografia de Herbert von Karajan. Em suas palavras:

Even the greatest talent, pushed a hair’s breadth in the wrong direction, can end up seeming like a parody of itself: the maniacal Toscanini, the blockish Klemperer, Gielgud crooning, Olivier ranting. Karajan’s Achilles’ heel would be a tendency to over-refinement and an excess of smoothness, the downside of his highly cultivated art.

O calcanhar de Aquiles de Karajan foi sua tendência para o super refinamento e um excesso de suavidade, o lado negativo de sua altamente cultivada arte.

René Denon

PS: Já ia esquecendo! Absolutamente

Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano– Mikhail Pletnev

Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano– Mikhail Pletnev

Beethoven

Ao Luar – Waldstein – Appassionata

Mikhail Pletnev

Mais um disco com sonatas para piano de Beethoven, mas que disco de sonatas para piano de Beethoven!

Para começar, o repertório. Três sonatas nomeadas: Ao Luar, Waldstein e Appassionata. As três são sucesso de público e de crítica desde que deixaram os manuscritos do mestre e ganharam os salões e salas de concerto deste mundo. Note que nenhum destes apelidos foram dados pelo compositor, mas certamente contribuíram para a fama e a glória das peças.

A condessa…

A Sonata em dó sustenido menor (era assim que Beethoven se referia à Sonata Ao Luar) foi dedicada à Condessa Giulietta Guicciardi, cuja beleza incendiou Viena, uma candidatíssima à Amada Imortal. Foi desbancada deste papel pela Josephine Brunsvik, segundo sua irmã, Therese Brunsvik. Ah, as mulheres!

A sonata recebe a menção quasi una fantasia, indicando que a peça não seguirá exatamente os padrões de uma sonata estabelecidos na época. Veja que a peça começa pelo meio. Ao apresentar primeiro o movimento lento, Adagio sostenuto, Beethoven consegue construir um crescendo de energia, que se intensifica de um movimento para outro, terminando com o Presto agitato. A natureza romântica do primeiro movimento é um convite a interpretações melosas e açucaradas. Aqui, nas mãos do pianista russo Mikhail Pletnev, passamos incólumes por essas armadilhas, mas ainda assim desfrutamos do reflexivo Adagio sostenuto! (Para outra linda interpretação desta sonata, clique aqui.)

A última sonata do disco, a Appassionata, é outra com um movimento que abre espaço para o romantismo, o seu Andante con moto. Mas também tem lugar para o aberto virtuosismo do movimento final, Allegro ma non tropo – Presto!

A peça que me trouxe a este disco é a Sonata em dó maior, op. 53, dedicada ao amigo e mecenas Conde Ferdinand Ernst Gabriel von Waldstein. Composta apenas alguns anos depois da Ao Luar, esta sonata é obra do período heroico de Beethoven, que já vivenciara os tormentos da surdez e tratara de agarrar o destino pela garganta.

A música de Beethoven permite diferentes e válidas interpretações. Nesta obra podemos ter a perspectiva que favorece a beleza do som em interpretações mais pausadas, como as de Claudio Arrau e Christoph Eschenbach. Há também interpretações que enfatizam o lado heroico, como nas gravações do Maurizio Pollini, Stephen Kovacevich (Philips e EMI) e Richard Goode.

Mikhail Vasilievich Pletnev

Esta sonata também é uma prova de que o teimoso Ludovico, às vezes, mudava de ideia. Numa primeira audição, os amigos gostaram da sonata, mas acharam o movimento lento um pouco longo. Beethoven resmungou, disse que de música quem entendia era ele, mas depois cedeu. O lindo Andante favori, WoO 57, é o movimento descartado da primeira versão, ganhou vida própria e foi substituído pelo atual Introduzione: Adagio molto, bem mais efetivo. Aqui está uma versão do Andante favori e aqui outra, para vocês entenderem minhas observações sobre as diferentes interpretações das obras de Beethoven.

O intérprete destas maravilhas é Mikhail Pletnev, músico completo. Pianista, ganhou em 1987 a Medalha de Ouro e Primeiro Prêmio do Tchaikovsky International Piano Competition. Também é maestro. Fundou em 1990 a Russian National Orchestra, a primeira orquestra russa sem suporte estatal desde 1917, com a qual fez uma gravação espetacular da Sexta Sinfonia de Tchaikovsky. Pletnev também compõe e há gravações memoráveis de algumas de suas transcrições para piano de obras de grandes compositores.

Para completar, o disco tem produção esmeradíssima, aos cuidados de Andrew Keener.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonatas para Piano

Sonata No. 14 em dó sustenido menor, quasi una fantasia, Op. 27, 2 –  Ao Luar
  1. Adagio sostenuto
  2. Allegretto
  3. Presto agitato
Sonata No. 21 em dó maior, Op. 53 – Waldstein
  1. Allegro com brio
  2. Introduzione: Adagio molto
  3. Rondo: Allegretto moderato – Prestissimo
Sonata No. 23 em fá menor, Op. 57 – Appassionata
  1. Allegro assai
  2. Andante con moto
  3. Allegro ma non troppo – Presto

Mikhail Pletnev, piano

Produção: Andrew Keener

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Contracapa do livreto. Não entendi nada, mas adorei!

Prepare-se pois para ficar piano-dependente após as audições deste maravilhoso disco!

René Denon

W. A. Mozart (1756-1791): Sonatas para Piano – Murray Perahia

W. A. Mozart (1756-1791): Sonatas para Piano – Murray Perahia

Mozart

Sonatas para Piano 

K. 310 – K. 331 – K. 533/494

Murray Perahia

Para quem gosta de piano, um disco com sonatas é uma festa. Se o compositor é Mozart, a festa será ainda mais animada! Neste caso, temos como intérprete Murray Perahia, cujas credenciais como intérprete de Mozart são impecáveis. Portanto, pode preparar-se para um grande recital. Mas, aviso aos navegantes, não vão ficar esperando arroubos românticos e dramas psicológicos. As sonatas de Mozart pertencem ao mundo clássico, foram compostas para o fortepiano vienense e são sutis, espirituosas, elegantes, divertidas.

Mozart compôs dezoito sonatas e neste disco temos três, que são muito diferentes, umas das outras.

A Sonata em lá menor, K. 310 é uma de apenas duas em tonalidade menor, todas as outras em tonalidade maior. Por isso, há que esperar um pouco mais de drama desta que abre o recital. De fato, o Andante cantabile con espressione, o movimento lento da sonata, é quase tão longo quanto os outros dois movimentos juntos. Tudo indica que esta sonata foi composta, assim como as Sonatas K. 309 e K. 311, entre 1777 e 1778, durante uma visita de Mozart a Paris. Ele nunca mencionou essa peça em suas cartas e é bem possível que ela não tenha sido concebida visando alguma apresentação pública. O seu tom mais dramático pode refletir o difícil período enfrentado por Mozart, em função da morte de sua mãe, que o acompanhava na estada em Paris.

A próxima sonata é definitivamente a mais conhecida das sonatas de Mozart. A Sonata em lá maior, K. 331 inicia com um tema e variações, que certamente não passaria desapercebido pelo jovem Beethoven. No lugar de um movimento lento, temos um Menuetto e Trio, que são seguidos imediatamente pelo (justamente famoso) Rondo alla Turca. A primeira vez que ouvi este movimento, que também aparece em recitais de grandes pianistas como um encore, foi em um LP do Wilhelm Kempff. Quase furei o pobre disco. Mas quem não faria a mesma coisa?

A última sonata nasceu inicialmente como apenas um Rondo, K. 494, para algum aluno, mas que foi logo depois estendido a uma sonata, completado pelos outros movimentos, Allegro e Andante, K. 533.

Enfim, temos aqui um disco onde não falta elegância e requinte, algum elemento de drama e muito boa música.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)

Sonata para Piano em lá menor, K. 310

  1. Allegro maestoso
  2. Andante cantabile con espressione
  3. Presto

Sonata para Piano em lá maior, K. 331

  1. Andante grazioso e variazioni
  2. Menuetto – Trio
  3. [Rondo] Alla Turca. Allegretto

Sonata para Piano em fá maior, K. 533/494

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegretto

Murray Perahia, piano

Gravação na Sofiensaal, Viena, 1991
Produção: Andreas Neubronner

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As sonatas de Mozart são únicas, disse o famoso pianista Artur Schnabel. Elas são muito fáceis para as crianças e muito difíceis para os artistas. Por isso, não é fácil elaborar um ótimo disco de sonatas para piano de Mozart. Este chega muito alto. Aproveite bastante!

René Denon

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 3 (Versão 1889) – CBSO – Andris Nelsons

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 3 (Versão 1889) – CBSO – Andris Nelsons

Bruckner

Sinfonia No. 3

City of Birmingham Orchestra

Andris Nelsons

Deve ser o inverno, com o elevado consumo de tangerinas, que me causa isto. Acordo com muita vontade de ouvir Bruckner. Meus vizinhos anseiam pela primavera, para sons mais barrocos…

Na verdade, Bruckner não é o primeiro nome que ouvimos nas rodinhas de festas de aniversário quando o papo descamba para música. Mas, se o assunto é sinfonias, a presença é garantida.

A primeira das Sinfonias de Bruckner que ouvi foi a Romântica, a Quarta Sinfonia. Lembram das coleções sobre música clássica que eram vendidas nas bancas? Em todas elas, Bruckner 4.

Meu mapa de Sinfonias de Bruckner hoje está bastante expandido, além da óbvia No. 4, ouço com frequência as três últimas, 7, 8 e 9. A Oitava é proporcionalmente mais majestosa, mas suas irmãs próximas são também grandiosas.

Michael Gielen recentemente colocou, definitivamente, a Sexta no meu mapa e espero que Bernard Haitink, regendo a Orquestra da Rádio Bávara, faça alguma coisa pela Quinta. As primeiras Sinfonias, de números 2, 1, 0 e, pasmem, 00 (duplo 0), ainda estão em terra ignota.

Anton Bruckner

Mas a Terceira Sinfonia, assunto desta postagem, a sinfonia que Anton dedicou a Wagner, me foi apresentada pelo jurássico George Szell regendo (mercilessly) a Orquestra de Cleveland. Desde então tenho uma simpatia por esta Sinfonia.

Mas, tratando-se de Bruckner, a coisa sempre pode complicar. Há várias versões desta sinfonia. Alvo de selvagem recomposição, desconstrução e revisões, restaram pelo menos três versões entre as quais os maestros podem escolher. Sobre este assunto, você pode encontrar mais informações aqui.

Estão presentes nesta peça as características que admiramos na obra de Bruckner. A sólida construção dos tutti – apresentados aqui superlativamente. Som enorme, grupos de metais (trompas, muitas trompas) se opondo e se unindo às cordas. Temas belíssimos em suas simplicidades. Adagio, que sempre é tão importante em Bruckner, iniciando nas cordas e prosseguindo com as adições de metais e madeiras. Sei que é lugar comum, tratando-se de Bruckner, tudo combina com enormes paisagens. Eu diria, paisagens alpinas. Depois, rock solid scherzo, com ritmo pulsante! Até as pedras dançam. O final, resumo de tudo, com seus lindos temas de dança. Não é por pouco que o pessoal aplaude freneticamente.

A gravação desta postagem foi feita em 25 de novembro de 2009 com a City of Birmingham Symphony Orchestra (a orquestra do Simon Rattle, antes de sua transferência para a Berliner Philharmoniker) regida pelo então jovem Andris Nelsons. Na ocasião, Nelsons era o regente principal da CBSO. Hoje ele está gravando o Ciclo das Sinfonias de Bruckner para o big yellow label – a Deutsche Grammophon, com a Gewandhaus Orchester, Leipzig. Essas gravações têm sido postadas aqui no PQP pelo PQP. Veja, em particular, esta postagem aqui.

Anton Bruckner (1824-1896)

Sinfonia No. 3 em ré menor (Versão 1889)

  1. Mehr langsam, Misterioso
  2. Adagio, bewegt, quasi Andante
  3. Ziemlich schnell
  4. Allegro

City of Birmingham Symphony Orchestra

Andris Nelsons

Gravação feita em 25 de novembro de 2009 no Symphony Hall, Birmingham
Produção: Rebecca Bean (para a Radio BBC 3)

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City of Birmingham Symphony Hall

Temos então uma oportunidade de comparar duas perspectivas desta peça de Bruckner, distantes uma da outra de perto de dez anos, do jovem maestro.  É claro, as circunstâncias são diferentes, duas orquestras com tradições muito diversas e também as diferenças das condições das duas gravações. Você poderá ler uma crítica comparativa das duas gravações aqui.

No entanto, como deve ser em música, as conclusões finais devem ser as suas.

René Denon

PS: A partitura desta versão da Sinfonia está disponível aqui.

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para Piano K. 107 / J. S. Schröter (1752-1788): Concerto para Piano Op 3, 3

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para Piano K. 107  / J. S. Schröter (1752-1788): Concerto para Piano Op 3, 3

Mozart

Piano Concertos K. 107

Schröter

Piano Concerto Op. 3, 3

Este disco foi lançado originalmente na era dos LPs com o código MK 39222. Sorri com meus botões ao lembrar-me de Miles Kendig e pensei nos dizeres do arguto psicólogo: coincidências não existem. Com esta postagem, realmente completamos a saga dos Concertos para Piano de Mozart. Para deveras completá-la, pedimos ajuda a outro exímio pianista, especialista em Mozart: Murray Perahia. Este disco foi lançado quando Perahia era bem jovem e o selo ainda chamava-se CBS Masterworks. Na era dos CDs foi lançado, e de novo, algumas vezes. A última vez na série Sony Classical – Great Performances.

Selim Gidnek, ou melhor, Miles Kendig

Assim como os Concertos Nos. 1 a 4, esses três concertos são arranjos de peças de outros compositores, neste caso, de Johann Christian Bach. Os arranjos aqui são para piano (poderia ser cravo), dois violinos e baixo contínuo. São peças que revelam a impressionante capacidade musical de Mozart, que era ainda criança, assim como ilustram o desenvolvimento e a estruturação do concerto para piano como gênero musical.

Para completar o disco, um lindo Concerto para Piano em dó maior, de Johann Samuel Schröter. Nascido na Polônia, Schröter era um pouco mais velho do que Mozart e dominou a cena musical em Londres, vindo a ocupar o lugar de Johann Christian. Era ótimo compositor e exímio pianista, como confirma este lindo concerto. No entanto, para casar-se com uma mulher de família rica, concordou em aceitar uma grande anuidade do sogro em troca de abandonar a carreira musical. Uma pena…

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)

Concerto para piano em ré maior, K. 107, 1

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Tempo di Minuetto

Concerto para piano em sol maior, K. 107, 2

  1. Allegro
  2. Allegretto

Concerto em mi bemol maior, K. 107, 3

  1. Allegro
  2. Allegretto (Rondeaux)

Johann Samuel Schröter (1752-1788)

Concerto para piano em dó maior, Op. 3, 3

  1. Allegro
  2. Larghetto
  3. Allegro

Murray Perahia, piano e regente

English Chamber Orchestra

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Pode clicar na imagem…

Mozart gostava da música de Schröter e disse dos seus Concertos Op. 3: Eles são lindos! Quem poderia discordar do Wolfie?

René Denon

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 6 – Michel Gielen

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 6 – Michel Gielen
hänssler, ótima gravadora, mas as capas…

Bruckner 

Sinfonia No. 6

Bach/Schoenberg

Prelúdio e Fuga BWV 552

Anton Bruckner nunca ouviu a sua Sexta Sinfonia em sua totalidade. Ela foi composta entre setembro de 1879 e setembro de 1881, com algumas revisões feitas em 1882. Anton era obcecado por revisões. O segundo e o terceiro movimento da Sexta foram estreados em 11 de fevereiro de 1883 pela Filarmônica de Viena, regida por Wilhelm Jahn. A estreia de toda a sinfonia ocorreu em 26 de fevereiro de 1899, também pela Filarmônica de Viena, agora regida por Gustav Mahler.

Falando em uma entrevista sobre as escolhas das versões das Sinfonias de Bruckner para as suas gravações, Michael Gielen diz que “felizmente, há apenas uma versão da Sexta, assim como da Quinta, portanto não havia escolha a ser feita”.

Bruckner gastou tanto tempo revendo as primeiras sinfonias e compondo as últimas que não teve tempo para revisar estas duas nem para terminar a Nona. Sobre este tema, você poderá ler um pouco mais aqui.

Ainda sobre a Sexta Sinfonia, Gielen afirma: “Eu amo esta peça. (…) Acho simplesmente incrível a maneira como este ritmo dançante no início contrasta com o tema principal, que tem mais um caráter de tipo canção, fazendo a sinfonia começar subitamente com duas ideias”.

Em uma crítica sobre este disco, Victor Carr Jr menciona a meticulosa atenção dada por Gielen à estrutura rítmica e aos detalhes contrapontísticos, resultando em uma performance vibrante, com uma textura excepcionalmente clara. Gielen encurta os românticos ritardandos no fim do primeiro e último movimento, permitindo que os maravilhosos finais abruptos de Bruckner tenha seus devidos impactos. Você poderá ler a crítica completa aqui.

Arnold, achando tudo um grande barato…

Para completar o disco, a transcrição para orquestra do Prelúdio e Fuga em mi bemol maior, BWV 552, de Johann Sebastian Bach, feita por ninguém mais do que Arnold Schoenberg. O cara entendia de orquestração! Realmente, esta parte do disco merece atenção e é mais do que apenas um complemento. O contraste da Sinfonia para esta peça é maravilhoso, assim como ouvir a peça de Bach vestida de modernidade nos lembra da sua atemporalidade.

E a orquestra, hein? Maravilhosa, assim como a gravação.

 

 

Anton Bruckner (1824-1896)

Sinfonia No. 6 em lá maior

  1. Maestoso
  2. Sehr feierlich
  3. Nicht schnell – Trio. Langsam
  4. Bewegt, doch nicht zu schnell

Johann Sebastian Bach (1685-1750)/Arnold Schoenberg (1874-1951)

Prelúdio e Fuga para órgão em mi bemol maior, BWV 552

  1. Prelúdio
  2. Fuga

SWR Sinfonieorchester Baden-Baden und Freiburg

Michael Gielen

Direção artística: Helmut Hanusch

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Aproveite!

René Denon

S. Prokofiev (1891-1953): Romeu e Julieta – Sonata para Piano No. 2 – Elena Kuschnerova, piano

S. Prokofiev (1891-1953): Romeu e Julieta – Sonata para Piano No. 2 – Elena Kuschnerova, piano

Um disco quase todo russo!

 

Eu tenho uma enorme predileção por música ao piano. Adoro CDs com piano solo. Quando ouvi rumores de uma pianista russa que migrara para a Alemanha e era tudo menos convencional, saí logo à caça.

O primeiro CD dela que ouvi foi de música de Bach. Disco excepcional, já está escalado para futura postagem. Mas, olhando o rol de minhas postagens, achei que estava faltando um certo tempero russo, algo assim ovas de esturjão e vodcas. Como o pessoal do blog vetou o disco da orquestra de balalaicas, escalei o disco de Prokofiev, música para piano, interpretada pela Elena Kuschnerova. Sergei Prokofiev compôs um dos melhores concertos para piano do Século XX e é um bamba do teclado. Ainda tenho que explorar parte de sua obra, mas adoro três de seus cinco concertos para piano e a tal cantata com música do filme do Eisenstein. A Sinfonia Clássica nem conta, todo mundo gosta. Veja mais informações sobre ele neste site.

Prokofiev

Este disco traz dez peças que Prokofiev transcreveu para piano a partir de movimentos do seu justamente famoso balé Romeu e Julieta.

Este balé, assim como a música para o filme Alexander Nevsky, foram compostos em 1935 e 1938, respectivamente quando a política em vigor na Rússia exigia maior comunicação dos artistas com o público. Prokofiev agiu com atenção a esta orientação sem, no entanto, deixar de produzir obras primas.

Estas dez faixas, na minha opinião, valem o disco. Recriar ao piano o universo sonoro de tão sofisticada orquestra é para poucos. Mas, esqueça a orquestra, mergulhe neste ambiente sonoro de piano e aproveite uma delícia após a outra.

Prokofiev compôs nove sonatas para piano e aqui temos a segunda delas, composta em 1912, antes da Revolução, quando Prokofiev ainda era um talentoso jovem de 21 anos. A sonata tem quatro movimentos, apesar de bastante compacta. Nestes movimentos já se apresentam algumas das linhas básicas criação artística do compositor e são muito contrastantes. Por exemplo, o segundo movimento lembra uma tocata e segue a linha chamada cinética. Para maiores detalhes sobre os demais movimentos da sonata, você pode consultar aqui.

A última faixa do disco funciona assim como um bis, um encore. É uma marcha com menos de dois minutos que originalmente pertence à ópera O Amor das Três Laranjas, composta em 1921 e apresentada pela primeira vez em Chicago, sob a direção do próprio Prokofiev.

Elena Kuschnerova

Sergei Prokofiev (1891 – 1953)

Romeu e Julieta – Dez Peças para Piano, Op. 75 (1937)

  1. Dança folclórica. Allegro giocoso
  2. Allegretto
  3. Assai moderato
  4. A jovem Julieta. Vivace
  5. Máscaras. Andante marciale
  6. Os Montecchios e os Capuletos. Allegro pesante
  7. Frei Lourenço. Andante expressivo
  8. Allegro giocoso
  9. Dança das jovens com lírios. Andante com eleganza
  10. Romeu e Julieta, antes da partida. Lento

Sonata para Piano No. 2 em ré menor, Op. 14 (1912)

  1. Allegro, ma non tropo
  2. Allegro marcato
  3. Andante
  4. Vivace

Da Ópera O Amor das Três Laranjas, Op. 33 (1919)

  1. Marcha (transcrição para piano) (1922)

Elena Kuschnerova, piano

Gravação de 1966

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Elena

Sobre a pianista Elena Kuschnerova, o crítico de música para o The New York Times, Harold Schonberg disse: A pianist who grabs the imagination.

Ouçam o disco e me digam depois!

René Denon

.: interlúdio :. Oscar Peterson Plays Cole Porter

.: interlúdio :. Oscar Peterson Plays Cole Porter

 

 

Oscar Peterson plays The Cole Porter Song Book

Este disco é um clássico! Oscar Peterson foi um dos maiores pianistas de todos os tempos. Com uma carreira que perdurou por mais de sessenta anos e decolou quando começou a trabalhar com o produtor Norman Granz. Granz havia formado o selo Verve para gravar Ella Fitzgerald e acabou reunindo uma constelação de grandes artistas, entre eles Oscar Peterson. Nesta época, Oscar Peterson era acompanhado por Ray Brown (contrabaixo) e Ed Thigpen (bateria). Essa formação jazzística, um trio, gravou excelentes discos para o selo Verve.

O Oscar Peterson palys the Cole Porter Song Book é um álbum que faz parte de uma série dedicada a grandes nomes da música americana, como George Gershwin e Duke Ellington. As canções, originalmente com letras, escritas para musicais, são apresentadas nesta roupagem jazzística, pelo Oscar Peterson Trio.

Linda e Cole Porter

Cole Porter foi um playboy, no sentido exato da palavra, mas foi também muitas outras coisas. Teve uma vida intensa, mas com muitas, muitas dificuldades também. Nascido em Peru, Indiana, no coração do Midwest (Meio-Oeste americano), não poderia ter vindo de um lugar mais conservador. Logo ele que era, em tudo, diferente. Vale a pena descobrir um pouco mais sobre a vida deste fascinante compositor. Como a literatura acessível é vasta, deixo isso com você. O que importa é que ele foi um compositor como poucos. Criou canções maravilhosas, daquelas que grudam na nossa pele, não saem da nossa cabeça. Suas letras são sobre temas urbanos e são sofisticadas. Mas principalmente, verdadeiros hits!

Oscar e seus parceiros tomam doze delas e as trazem para você. O som do piano, acompanhado pelo baixo, com o ritmo marcado pelos drums, é irresistível. Gosto de todas, mas se me torcerem o braço, digo que Night and Day, I’ve Got You Under My Skin e I Love Paris são as minhas mais queridas.

Oscar, de boas

Oscar Peterson Plays The Cole Porter Song Book

  1. In the Still of The Night
  2. It’s All Right With Me
  3. Love for Sale
  4. Just One of Those Things
  5. I’ve Got You Under My Skin
  6. Every Time We Say Goodbye
  7. Night and Day
  8. Easy to Love
  9. Why Can’t You Behave
  10. I Love Paris
  11. I Concentrate on You
  12. It’s De-Lovely

Oscar Peterson, piano

Ray Brown, contrabaixo

Ed Thigpen, bateria

Produção: Norman Granz

Gravado em 1959

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Play it again, OP…

A capa deste disco é uma coisa maravilhosa. As capas desta série poderiam ser emolduradas e irem direto para a parede da minha sala. São de Merle Shore e eu não consegui descobrir nada sobre essa pessoa. Se você sabe algo, por favor, diga-me!

René Denon