Glenn Gould (1932-1982): The Composer

Gravado em 1990, esse álbum póstumo reúne seis composições de um artista que até hoje, passados mais de quarenta anos de sua morte, continua desafiando rótulos e classificações: o canadense Glenn Herbert Gould (1932-1982). Pianista, compositor, regente, escritor, documentarista e apresentador de rádio — fazia verdadeiros podcasts décadas antes de estes surgirem —, foi sobretudo ao piano que Gould inscreveu seu nome no mais sagrado panteão dos grandes artistas da história. Muitos amam e idolatram, há quem odeie, mas a verdade é que Gould era sempre, sempre, sempre, sempre interessante e desafiador. Foi alguém que viveu e pensou a música em cada poro de seu corpo, desvendando e imaginando mundos possíveis e impossíveis.

“Glenn Gould: The Composer” é um pequeno retrato da faceta compositora do artista. Reúne um madrigal para coro e piano, um quarteto de cordas, duas obras para piano (uma delas inacabada), uma sonata para fagote e piano e — a minha preferida dentre elas — uma divertidíssima fuga para oito instrumentistas, reunindo soprano, mezzo-soprano, tenor, baixo e um quarteto de cordas, chamado So You Want to Write a Fugue? É uma peça que considero irresistível, engenhosa e de fino humor.

Com a palavra, seu amigo e biógrafo, o violinista e cineasta Bruno Monsaingeon:

“(…) a gente só pode se maravilhar com a unidade conceitual e a coerência de seu trabalho como pianista, pensador, compositor e comunicador. Como os grandes artistas do Renascimento, Gould desenvolveu uma atividade multifacetada que se abre para uma produção original e fortemente pessoal, cujos ramos são interdependentes e não podem ser dissociados sem correr o risco de perder a própria essência de sua genialidade.

Glenn Gould optou muito cedo pela criação ao invés do entretenimento. Sua produção de discos após sua retirada dos palcos não foi construída a partir de objetivos de curto prazo e foi recebida por anos (a bem da verdade, não o é ainda?) com comentários sarcásticos ou chocados — não se pode fazer jogos comparativos mesquinhos com um músico tão original —, quando não solenemente ignorada. Depois de sua morte, muitos foram impactados pela avassaladora constatação de que ele foi de fato um criador e pensador importante; o próprio fato de que essa constatação ainda permanece amplamente contestada sugerem que a moda e um esnobismo passageiro nada têm a ver com isso. Mas, atenção: há muitos sinais que mostram que o que profetizamos está ocorrendo. A obra de Glenn Gould apenas começou a ser descoberta em sua profundidade e unidade. Sejamos pacientes: o tempo dele chegará.”

Será que chegou?

Gould dando um rolê em Manitoba, no norte do Canadá, em 1965

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Glenn Gould: The Composer

Lieberson Madrigal
1. I – Chorale
2. II – Recitative
3. III – Fuga
4. IV – Chorale

Clare McFaden, soprano
Marie-Thérèse Keller, mezzo-soprano
Jean-Paul Fouchécourt, tenor
Harry Van der Kamp, baixo
Emile Naoumoff, piano
Nicolas Rivenq, regente

5. String Quartet, Op. 1

Bruno Monsaingeon, violino
Gilles Apap, violino
Gérard Caussé, viola
Alain Meunier, violoncelo

Two Pieces for Piano
6. No. 1
7. No. 2

Emile Naoumoff, piano

Sonata for Bassoon and Piano
8. 1st Movement
9. 2nd Movement
10 3rd Movement

Catherine Marchese, fagote
Emile Naoumoff, piano

Piano Sonata (inacabada)
11. 1st Movement
12. 2nd Movement

Emile Naoumoff, piano

13. “So You Want to Write a Fugue?”, para quatro vozes e quarteto de cordas

Claron McFadden, soprano
Marie-Thérèse Keller, mezzo-soprano
Jean-Paul Fouchécourt, tenor
Harry Van der Kamp, baixo
Bruno Monsaingeon, violino
Gilles Apap, violino
Gérard Caussé, viola
Alain Meunier, violoncelo
Nicolas Rivenq, regente

Karlheinz

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