The Dmitri Shostakovich Edition (CDs 16, 17 e 18 de 27)

SÉRIE IM-PER-DÍ-VEL!!!

CD 16

CD complicado de aguentar. Essas obras compostas para filmes devem significar alguma coisa para os russos, talvez sejam marcos do desenvolvimento cinematográfico do país, ou seja considerado importante o fato de Shostakovich ter sido pianista de cinema mudo, sei lá. O que sei é que não gosto.

Hamlet Suite
1. Prelude  2:18
2. The Ball at the Palace  3:41
3. The Ghost  1:20
4. In the Garden  3:03
5. Hamlet & Ophelia  3:51
6. Arrival of the Actors  2:11
7. Poisoning Scene  7:26
8. Duel and Death of Hamlet  3:57

Gadfly, Suite Op.97a
9. Overture  2:58
10. Contradance  2:27
11. Folk Feast  2:38
12. Interlude  2:49
13. Waltz “Barrel Organ”  1:54
14. Galop  1:57
15. Introduction  6:04
16. Romance  6:23
17. Intermezzo  5:32
18. Nocturne  3:52
19. Scene  3:21
20. Finale  3:07

Total:  72:11

National Symphony Orchestra of Ukraine,
Theodore Kuchar

CD 17

Tudo muda aqui. A brasileira Cristina Ortiz dá um banho em dois concertos espetaculares.

Concerto para Piano, Trompete e Cordas, Op. 35 (1933):

Shostakovich foi excelente pianista. Poderia ter feito carreira como virtuose, mas, para nossa sorte, escolheu compor. Foi o vencedor do internacional Concurso Chopin de 1927 e fazia apresentações regulares executando seus trabalhos. O pequeno número de gravações do próprio compositor como pianista talvez deva-se ao fato de ele ter perdido parcialmente os movimentos de sua mão direita ao final dos anos sessenta.

Este concerto é realmente espetacular. Era uma boa época para os concertos para piano. O de Ravel aparecera um ano antes, assim como o 5º de Prokofiev. É coincidente que os três sejam alegres, luminosos, divertidos mesmo. Com quatro movimentos, sendo o primeiro muito melodioso e gentil, os dois centrais lentos e o último capaz de provocar gargalhadas, é um grande concerto. A participação de um trompetista meio espalhafatoso é fundamental, assim como de um pianista que possa fazer rapidamente a conversão entre a música de cabaré e a música militar exigidas no último movimento. Uma vez, assistindo a uma apresentação, vi como as pessoas sorriam durante a audição deste movimento. Não há pontos baixos neste maravilhoso concerto, que ainda traz, em seu segundo movimento, um lindíssimo solo para trompete, além de uma cadenza esplêndida, de ecos beethovenianos.

Shostakovich foi o pianista de sua estréia, em 1933, na cidade de Leningrado.

Concerto Nº 2 para Piano e Orquestra, Op. 102 (1957):

Concerto dedicado ao filho pianista Maxim Shostakovich. É um autêntico presente de pai para filho. Alegre, brilhante e cheio de brincadeiras de caráter privado como a inacreditável inclusão – no terceiro movimento e totalmente inseridos na música – de exercícios que seu filho praticava quando era estudante do instrumento… E não se surpreenda, o primeiro movimento deste concerto é conhecido entre as crianças que vêem desenhos da Disney. É a música que é executada durante o episódio do Soldadinho de Chumbo em Fantasia 2000. Quando ouço esta música em casa, sempre um de meus filhos vem me dizer “olha aí a música do Soldadinho de Chumbo”. É claro que a música não tem nada a ver com a história infantil; Shostakovich fez um belo concerto para seu filho, de atmosfera delicada e afetuosa. O primeiro movimento (Allegro) começa com uma rápida introdução orquestral em seguida à qual entra o piano. De acordo com a prática habitual de Shostakovich, o tema inicial é um pouco mais poético do que o segundo, de entonação mais vigorosa e rítmica.

Dois movimentos vivos e felizes cercam um melancólico, tocante e melodioso segundo movimento. A inspiração óbvia para este concerto foi o Concerto em Sol Maior (1931) de Ravel. Leonard Bernstein deu-se conta disto e gravou um de seus melhores discos em 1978, acumulando as funções de pianista e regente nos dois concertos. Se este concerto não arrancar algum sorriso do ouvinte, este necessita de urgentemente de anti-depressivos.

Piano Concerto No. 1 in C minor for piano, trumpet & strings Op. 35
1. Allegro-moderato-allegro-vivace-moderato  6:05
2. Lento  7:13
3. Moderato  1:58
4. Allegro con brio  6:42

Piano Concerto No. 2 in F major Op. 102
5. Allegro  7:27
6. Andante  6:48
7. Allegro  5:39

Three Fantastic Dances Op. 5
8. Allegretto  1:09
9. Andantino  1:25
10. Allegretto  0:52

Total:  45:18

Cristina Ortiz, piano
Bournemouth Symphony Orchestra,
Paavo Berglund

CD 18

Não preciso apresentar David Oistrakh, certo?

Concerto para Violino Nº 1, Op. 99 (1947-48):

Outra obra-prima. É incrível que este concerto tenha recebido tão poucas gravações. Quando Maxim Vengerov e Mstislav Rostropovich o gravaram em 1994 para a Teldec, o resultado foi que o CD acabou sendo considerado o melhor do ano pela revista inglesa Gramophone e também, se não me engano, pela francesa Diapason. Dedicado a David Oistrakh, teve sua estréia realizada apenas em 1955, em razão dos problemas que o compositor arranjou com Stalin e com o Relatório Jdanov, já discutidos na primeira parte desta série.

Shostakovich o considerava uma sinfonia para violino solo e orquestra. A comparação é apropriada. Não apenas a estrutura em quatro movimentos, mas também sua longa duração (40 minutos), são exageradas para o comum dos concertos. Apesar de termos aqui a primeira e significativa aparição de melodias baseadas no motivo DSCH – o que será melhor explicado no comentário da Sinfonia Nº 10 -, apesar de tal tema aparecer no segundo movimento, esta obra tem seu coração no terceiro movimento Passacaglia – Andante. São nove variações sobre o mesmo tema em que somos lentamente levados do clímax para a calma e não ao contrário, o que é mais comum. A orquestra vai pouco a pouco deixando a voz individual do violino levar a música até uma longa cadenza, que alguns consideram um movimento a parte que se liga organicamente ao movimento final. Um espanto!

Concerto para Violino e Orquestra Nº 2, Op. 129 (1967):

Um dia, Shostakovich resolveu escrever algo bem complicado e difícil para que Oistrakh passasse o maior trabalho. E fez este Concerto Nº 2. É complicado até de ouvir, não obstante a curiosidade dos “intensos diálogos” e repetições que o violino faz com insrumentos da orquestra. Não é um mau concerto, mas, bá, é complicadíssimo!

Violin Concerto No.1 in A minor Op.99
1. Nocturne  11:52
2. Scherzo  6:18
3. Passacaglia, andante, cadenza- Burlesque, allegro con brio  18:19

Violin Concerto No.2 in C sharp minor Op.129
4. Moderato  11:56
5. Adagio, adagio- allegro  16:17

Total:  64:46

David Oistrakh, violin
Leningrad Philharmonic Orchestra,
Yevgeny Mravinsky (Concerto l)
Moscow Philharmonic Orchestra, Gennady
Rozhdestvensky (Concerto 2)

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Shosta foi bombeiro durante a Segunda Guerra Mundial
Shosta foi bombeiro durante a Segunda Guerra Mundial

PQP

2 comments / Add your comment below

  1. Ótimo post, PQP. Não sou grande fã da música rasteira de Shostakovich, apesar de achar divertidíssimo quando ele utiliza, propositadamente, temas grotescos em algumas de suas obras sérias.

    Esse contraste, muito bem descrito por você, entre os dois concertos para violino também é semelhante aos dois concertos para violoncelo. A popularidade do segundo inexiste. São dois concertos que atingem mais o cérebro que o coração.

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