Philippe Jaroussky canta Antonio Caldara (1670-1736) – Caldara in Vienna [link atualizado 2017]

ES-TU-PEN-DO !!!

Não é muito comum aparecer por aqui um CD somente de árias para contratenor. Para muitos pode parecer um tanto estranho um cara cantando fininho (a não ser para os fãs de rock melódico, cujos vocalistas fazem questão de dar longos e tremendos agudos) e confesso que não me agrada ver qualquer marmanjo empinando notas agudas.
Acontece que Philippe Jaroussky não é, de forma nenhuma, qualquer um. É preciso muita técnica para cantar as árias do período barroco. Os vibratos, trinados, trêmolos e, especialmente o seguimento da partitura sempre duro, com marcatos muito expressivos, faz com que poucos consigam uma execução fiel das músicas vocais do seiscentos/setecentos. E sua técnica é surpreendente, a ponto de convencer até os céticos (como eu)!
O cantor francês tem se dedicado a recuperar as melodias para contratenores e castrati dos compositores barrocos, período áureo para esse tipo de voz incomum. Já gravou divinamente, entre outros, Bach e Vivaldi e aqui, neste álbum, canta as obras de Antonio Caldara com uma perfeição nos agudos de deixar muitas mezzo-sopranos morrendo de inveja (claro que não é o caso de Cecilia Bartoli, que reina absoluta). Jaroussky alterna momentos vibrantes e plácidos com uma facilidade incrível, sem escorregar um fio na fidelidade da execução e no peso da interpretação. Uma joia!

Muitos dizem que ele tem a voz de um anjo. Estou inclinado a concordar…
Ouça-o! O rapaz é foda!

Philippe Jaroussky
Antonio Caldara (1670-1736)
Caldara in Vienna – Forgotten Castrato Arias

01. L’Olimpiade – Aria- Lo seguitai felice
02. Demofoonte – Aria- Misero pargoletto
03. La clemenza di Tito – Recitativo- Numi assistenza
04. La clemenza di Tito – Aria- Opprimete i contumaci
05. L’Olimpiade – Aria- Mentre dormi amor fomenti (Licida)
06. Temistocle – Aria- Non tremar vassallo indegno
07. La clemenza di Tito – Aria- Se mai senti spirarti sul volto
08. Scipione nelle Spagne – Aria- Se mai senti spirarti sul volto
09. Ifigenia in Aulide – Aria- Tutto fa nocchiero
10. Adriano in Siria – Aria- Tutti nemici e rei
11. Lucio Papirio dittatore – Recitativo- Son io Fabio
12. Lucio Papirio dittatore – Aria- Troppo è insoffribile fiero martir
13. Temistocle – Aria- Contrasto assai più degno
14. Enone – Aria- Vado, o sposa
15. Achille in Sciro – Se un core annodi

Philippe Jaroussky, contratenor
Concerto Köln
Emmanuelle Haïm, cravo e regência

Palhinha: Jaroussky canta a faixa 06 aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=y_HPPakFCeM

Palhinha: Aqui ele está mais descontraído, até canta descalço na gravação da faixa 01

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (140Mb)
Ouça! Deleite-se! … Mas, antes ou depois disso, deixe um comentário…

Bisnaga

26 comments / Add your comment below

  1. Gravação com excelente sonoridade + alto domínio e sensibilidade vocal + repertório apropriado = Excelente postagem.
    Congratulações do Dirceu.

  2. É… ele é bom mesmo. Gostei muito da sua iniciativa, Bisnaga. Optar por um timbre de voz como esse, é muito raro. Só gostaria de deixar claro pra quem acha esquisito um homem cantando com uma voz fina assim que isso existe e faz parte da arte, e que, pelo menos no passado, cantores com vozes femininas eram muito valorizados. Um homem que canta com voz de mulher é chamado sopranista, e no passado eles atuavam em óperas, nos papéis femininos, travestidos. Ouvi dizer que suspeita-se que o Rei Davi (sim, o da Bíblia mesmo) deveria ter esse tipo de voz, não sei por quê. Agora, Bisnaga, faltou você postar umas gravações das vozes mais graves masculinas, baixo profundo e superprofundo… rsrs

    1. Oh, Vanderson, o insaciável… rs.
      Duas correções, só: não se utiliza o termo sopranista/sopranino hoje em dia: contratenor é mais correto e, sim, claro, esse timbre faz parte da arte, até mesmo do presente: Freddie Mercury (mais no início da carreira) e Ney Matogrosso são exemplos bem contemporâneos de grande sucesso.
      Mas deixemos para o futuro os baixos profundos. Qualquer coisa, veja as músicas do Arvo Pärt e de compositores russos: quando usam baixos, são muito baixos.

      1. Ô Bisnaga, pensei que você ia falar da vírgula errada que saiu em “Optar por um timbre de voz como esse, é muito raro”. Repare bem, não é optar por esse timbre que é raro, o timbre de voz é que é raro… É, só fui prestar atenção nesse detalhe depois. Deveria ter usado ponto-e-vírgula (se é que hoje ainda tem os hífens).
        Bom, mas fora isso, poste o que tiver, mas sobre o termo sopranista, acho que você está se equivocando um pouco:
        http://pt.wikipedia.org/wiki/Sopranista

        1. Verdade, Vanderson, mas pra dar o sentido que você quis a frase não deveria ter vírgula alguma… Sobre o sopranista, tudo bem, mas sempre fico com um pé atrás com informação do Wikipedia… rs.
          Lembrando, Jaroussky é contratenor, como o próprio encarte diz.

  3. Já sou fã dele ha algum tempo. Esse cd é excelente. Recomento também um cd com ele e Marie Nicole Lemieux (contralto divina) cantando Vivaldi.

  4. Philippe Jaroussky e Christina Pluhar com a sua L’Arpegiatta. Encontro de gênios. Só poderia dar em algo surpreendente… que tal uma ária barroca, que, de repente, no improviso, eles começam a tocar em rítmo de Jazz, com um sujeito mostrando que a dulciana é a bisavó do saxofone?
    Aparentemente, o próprio Jaroussky não contava com essa, mas não deixa a peteca cair e dá um show. Tudo ao vivo, em pleno concerto. Confiram em:
    http://www.youtube.com/watch?v=cKvI9GeSbb8&feature=g-vrec

  5. I don’t even know how I ended up here, but I believed this post used to be good. I don’t recognise
    who you are however definitely you are going to a well-known blogger in the event you are
    not already. Cheers!

  6. INCRÍVEL!
    Muitíssimo grato por disponibilizar esse disco. Fico feliz de ver que o blog está caminhando por outras searas – claro, sem perder o ardor pelas postagens que sempre o caracterizaram, ou seja, a música orquestral – então melhor seria dizer ampliar os horizontes. Tenho visto com mais frequência postagens de ópera, e fico muito contente. De fato, só me lembro de, nesses anos todos, ter feito um download com obras do gênero contralto: o do nosso Edson Cordeiro, que a despeito da fama cafona que o acometeu, gravou um excelente disco com árias barrocas. Engraçado como o conceito de arte muda para o grande público, e hoje há quem ria de um homem cantando agudo. Mas é simplesmente incrível. Obrigado pela divulgação!

Deixe um comentário para Douglas dos Santos Marques Cancelar resposta