Gabriel Fauré (1845-1924): Música de Câmara I (Collard / Dumay / Lodéon / Debost)

Gabriel Fauré (1845-1924): Música de Câmara I (Collard / Dumay / Lodéon / Debost)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Belíssimo, melodioso e — como sempre — discreto e elegante CD duplo de Fauré. Fauré viveu muito, chegando a conhecer Debussy e Ravel. Embora menos conhecida do que a “nova” música de seus contemporâneos, sua obra ocupa um lugar muito próprio. Sim, sua Berceuse, Op. 16 e a Siciliane, op. 78 são instantaneamente reconhecíveis, mas quantos de nós podemos reivindicar familiaridade com suas sonatas para violino, violoncelo, quartetos para piano e quarteto de cordas? Silêncio… Eu disse acima “menos conhecido” pela simples razão de que a música de Fauré é uma mistura de acessibilidade, tranquilidade e discrição. Não me entenda mal: a música de Fauré não é “tranquila”, é apenas que suas composições falam claramente à nossa alma e depois se afastam como se dissessem: “Você não entenderia o que estou tentando dizer de qualquer maneira…”. É apaixonante! Você já se sentiu da mesma forma em relação a alguém muito especial em sua vida? Sim, claro! E você amou esta pessoa! A verdade é que você nunca sabe exatamente onde está Fauré, mas uma coisa é certa: uma vez que você experimentou as ilusões musicais deste mágico francês, você retornará frequentemente ao lugar onde ele o hipnotizou. Gravadas no final dos anos 1970 — no auge da era do LP — essas versões são de longe as mais satisfatórias e convincentes que já ouvi. Todos os músicos são franceses e tocam como se suas próprias vidas dependessem de Fauré. O som é excelente, bem arejado em torno dos instrumentos. Já ouvi muitos outros conjuntos franceses tentarem interpretar as “paixões” e os “maneirismos” nessa música de uma forma que teria perturbado e entristecido profundamente o compositor, penso eu, deturpando fatalmente aquilo que eles estavam tentando enobrecer. Aqui não. Sim, essas são performances apaixonadas, com certeza, mas temperadas com e aquele importantíssimo bom gosto e afiado intelecto musical. Faça-se acompanhar de um Cabernet Sauvignon e ouça este CD magnífico.

Gabriel Fauré (1845-1924): Música de Câmara I (Collard / Dumay / Lodéon / Debost)

Sonate Pour Violon Et Piano No.1 En Le Majeur, Op.15
1-1 I Allegro 7:03
1-2 II Andante 7:36
1-3 III Allegro Vivo 3:48
1-4 IV Allegro Quasi Presto 4:57

Sonate Pour Violon Et Piano No. 2 En Ml Mineur, Op.108
1-5 I Allegro Non Troppo 9:43
1-6 II Andante 8:37
1-7 III Finale: Allegro Non Troppo 6:42

1-8 Berceuse Pour Violon Et Piano En Ré Majeur, Op.16 5:42

1-9 Romance Pour Violon Et Piano En Si Bémol Majeur, Op.28 5:42

1-10 Morceau De Lecture A Vue Pour Violon Et Piano (Concours Du Conservatoire 1903) 1:33

1-11 Sicilienne Pour Violoncelle Et Piano En Sol Mineur, Op.78 3:51

1-12 Elegie Pour Violoncelle Et Piano En Ut Mineur, Op.24 7:16
2-1 Romance Pour Violoncelle Et Piano En La Majeur, Op.69 3:42

2-2 Papillon, Pour Violoncelle Et Piano En La Majeur, Op.77 2:26

2-3 Sérénade Pour Violoncelle Et Piano En Si Mineur, Op.98 2:44

Sonate Pour Violoncelle Et Piano En No.1 En Ré Mineur, Op.109
2-4 I Allegro 5:22
2-5 II Andante 7:25
2-6 III Finale: Allegro Moderato 6:21

Sonate Pour Violoncelle Et Piano No.2 En Sol Mineur, Op.117
2-7 I Allegro 6:20
2-8 II Andante 7:25
2-9 III Allegro Vivo 4:59

2-10 Fantasie Pour Flute Et Piano En Ut Majeur, Op.79 5:11

2-11 Morceau De Concours Pour Flute Et Piano En Fa Majeur (Juillet 1998) 1:38

Trio Pour Piano, Violon Et Violoncelle En Ré Mineur, Op.120
2-12 I Allegro Ma Non Troppo 7:32
2-13 II Andantino 9:36
2-14 III Allegro Vivo 4:46

Composed By – Gabriel Fauré
Flute – Michel Debost
Piano – Jean-Philippe Collard
Violin – Augustin Dumay

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Fauré, né? Quem mais seria?

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J. S. Bach (1685-1750): As Suítes Inglesas (completas) (Hewitt)

J. S. Bach (1685-1750): As Suítes Inglesas (completas) (Hewitt)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Ouvi este álbum duplo ontem à noite. É realmente de entusiasmar, principalmente se pensar que sempre coloquei as Inglesas após as Partitas e as Suítes Francesas, obras análogas em formato. Desta vez, fiquei até com vontade de rever meus conceitos. Tudo muito elegante, fluido e musical. Hewitt veio realmente para ficar. Confiram e me digam se não é verdade.

(Todas estas postagens maravilhosas da Hewitt têm o patrocínio da extraordinária Hyperion e de FDP Bach, que as mandou num esperto pen drive para este que vos escreve).

J. S. Bach (1685-1750): As Suítes Inglesas (completas)

Disc: 1
English Suite No 1 in A major BWV806
1. Prelude
2. Allemande
3. Courante I
4. Courante II
5. Sarabande
6. Bourree I And II
7. Gigue

English Suite No 2 in A minor BWV807
8. Prelude
9. Allemande
10. Courante
11. Sarabande Et Les Agrements De La Meme Sarabande
12. Bourree I And II
13. Gigue

English Suite No 3 in G minor BWV808
14. Prelude
15. Allemande
16. Courante
17. Sarabande Et Les Agrements De La Meme Sarabande
18. Gavotte I And II
19. Gigue

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Disc: 2
English Suite No 4 in F major BWV809
1. Prelude
2. Allemande
3. Courante
4. Sarabande
5. Menuet I And II
6. Gigue

English Suite No 5 in E minor BWV810
7. Prelude
8. Allemande
9. Courante
10. Sarabande
11. Passepied I And II
12. Gigue

English Suite No 6 in D minor BWV811
13. Prelude
14. Allemande
15. Courante
16. Sarabande
17. Gavotte I And II
18. Gigue

Angela Hewitt, piano

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PQP

J. S. Bach, Arvo Pärt: Bach & Pärt (Steinbacher, Koncz, Stuttgarter Kammerorchester)

J. S. Bach, Arvo Pärt: Bach & Pärt (Steinbacher, Koncz, Stuttgarter Kammerorchester)

Arabella Steinbacher monta um interessante programa formado por obras de Bach e Pärt. Em Bach, sua interpretação não é a historicamente informada, mas é muito boa e convincente. Seus vibratos não são exagerados e a coisa vai muito bem. Arabella percebe Bach e Pärt como companheiros porque eles ‘têm uma origem espiritual comum’ e sua música a comove emocionalmente. Ela vai bem no Fratres de Pärt, introduzindo suas variações com uma hábil seção de solo inicial e transmitindo seu efeito hipnótico com segurança e arte. No entanto, embora hipnotizante, para meu gosto, sua abordagem à simples e bela Spiegel im Spiegel de Pärt acaba superaquecida pelo vibrato exagerado.

J. S. Bach, Arvo Pärt: Bach & Pärt (Steinbacher, Koncz, Stuttgarter Kammerorchester)

1 Fratres (Version For Violin, String Orchestra & Percussion)
Composed By – Arvo Pärt
12:34

Violin Concerto in E Major, BWV 1042
Composed By – Johann Sebastian Bach
2 I. Allegro 7:43
3 II. Adagio 6:31
4 III. Allegro Assai 2:43

Violin Concerto In A Minor, BWV 1041
Composed By – Johann Sebastian Bach
5 I. Allegro Moderato 3:36
6 II. Andante 6:08
7 III. Allegro Assai 3:45

Concerto For 2 Violins In D Minor, BWV 1043 “Double Concerto”
Composed By – Johann Sebastian Bach
8 I. Vivace 3:36
9 II. Largo, Ma Non Tanto 6:06
10 III. Allegro 4:44

11 Spiegel Im Spiegel (Version For Violin & Piano)
Composed By – Arvo Pärt
11:26

Orchestra – Stuttgarter Kammerorchester
Violin – Arabella Steinbacher
Violin [2] – Christoph Koncz

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Arabella Steinbacher brincando com uma violinista

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Antonio Vivaldi (1678-1741): Concerti Per Violino IV “L’imperatore” (Il Pomo d’Oro, Minasi)

Antonio Vivaldi (1678-1741):  Concerti Per Violino IV “L’imperatore” (Il Pomo d’Oro, Minasi)

“L’Imperatore”, o 51º título da Edição Vivaldi da gravadora francesa Naïve, ficou a cargo do excelente violinista Riccardo Minasi e da orquestra barroca Il Pomo d’Oro o. Este CD é o quarto de uma série de 12, dedicada aos concertos para violino cujos manuscritos estão guardados na Biblioteca Nacional de Turim. É um empreendimento completista, mas cada um desses álbuns tem sido pelo menos interessante.  Todos os concertos aqui presentes foram compostos rapidamente, dedicados ou executados diante de Carlos VI (1685-1740), soberano do Império Habsburgo, conhecido como patrono e apaixonado pela música. Mas não há sinal de pressa nestes notáveis e até revolucionários concertos para violino. Esta série de 7 concertos dão uma visão geral da arte completa de Vivaldi como compositor e violinista: grande invenção, expressão, energia e virtuosismo. Cada um dos movimentos lentos parece mais bizarro do que o anterior, e todos eles têm gestos expansivos, quase operísticos, que se prestam lindamente às performances de instrumentos de época do violinista Riccardo Minasi e do Il Pomo d’Oro. Minasi é um dos principais violinistas barrocos italianos e também é maestro. O resultado é quase um lançamento essencial de Vivaldi, por mais desconhecido que o repertório possa ser. Nesse CD, eu apenas conhecia o “L’amoroso”, que é realmente belíssimo.

Antonio Vivaldi (1678-1741): Concerti Per Violino IV “L’imperatore” (Il Pomo d’Oro, Minasi)

Concerto RV 331 In Sol Minore
1 Allegro 4:27
2 Largo 4:34
3 Allegro 3:55

Concerto RV 171 In Do Maggiore Per S.M.C.C.
4 Allegro 3:42
5 Largo 1:58
6 Allegro Non Molto 3:19

Concerto RV 391 In Si Minore Op. 9 n° 12 (Violino Scordato)
7 Allegro Non Molto 4:41
8 Largo 3:10
9 Allegro 3:37

Concerto RV 271 In Mi Maggiore “L’amoroso”
10 Allegro 4:02
11 Cantabile 2:47
12 Allegro 3:20

Concerto RV 327 In Sol Minore
13 Allegro Mà Non Molto 3:30
14 Largo 3:50
15 Allegro 3:31

Concerto RV 263a In Mi Maggiore
16 Allegro 4:32
17 Largo 2:47
18 Allegro Non Molto 3:04

Concerto RV 181 In Do Maggiore
19 Allegro 3:28
20 Largo 2:52
21 Allegro 3:25
22 Allegro (Versione Alternativa Dall’ Op. IX No. 1, RV 181a) 2:35

Cello – Ludovico Minasi, Marco Ceccato
Contrabass – Davide Nava
Ensemble – Il Pomo d’Oro
Harp – Margreth Köll
Harpsichord [Clavicembalo], Organ – Andrea Perugi, Giulia Nuti (2)
Viola – Enrico Parizzi, Giulio D’Alessio, Pablo De Pedro*
Violin – Alfia Bakieva, Boris Begelman, Laura Corolla, Laura Mirri, Mauro Lopes Ferreira, Valerio Losito
Violin, Directed By – Riccardo Minasi

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Segurando tudo na esquerda, Minasi dá um discurso contra Giorgia Meloni na sede da PQP Bach Corporazione da Torino.

PQP

Alfred Schnittke (1934-1998): Violin Concertos Nos. 2 & 3 / Stille Nacht / Gratulationsrondo (Kremer / Eschenbach)

Alfred Schnittke (1934-1998): Violin Concertos Nos. 2 & 3 / Stille Nacht / Gratulationsrondo (Kremer / Eschenbach)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Aqui, Gidon Kremer em sua melhor forma artística. Um verdadeiro banho de competência ao violino. E a Orquestra de Câmara da Europa e Eschenbach embarcam juntos neste grande disco da Teldec.

E aqui eu peço licença a meu amigo Al Reiffer para dizer que Alfred Schnittke é, ao lado de Ligeti, o melhor compositor da segunda metade do século XX. Talvez nem precisasse pedir licença ao Reiffer, uma vez que ele disse que Penderecki era o melhor compositor do século XXI e um dos melhores do XX, dando lugar a minha avaliação…

Olha, este é um disco extraordinário! Schnittke faz uma música enormemente extrovertida e nada esquecível. Admirador de Shostakovich e ligado ao pós-modernismo, usa o chamado poliestilismo, que é o uso de múltiplos estilos e técnicas de composição musical… misturados. Ou seja, tudo pode mudar a qualquer momento. Fiel ao mestre Shosta, Schnittke é ultra-sarcástico, como podemos ouvir neste disco. Se você duvida, vá direto à brincadeira de Stille Nacht.

Schnittke (1934-1998): Violin Concertos Nos. 2 & 3 / Stille Nacht / Gratulationsrondo

1. Concerto pour violon no. 2

2. Stille Nacht

3. Gratulationsrondo

4. Concerto pour violon no. 3, 1. Moderato
5. Concerto pour violon no. 3, 2. Agitato
6. Concerto pour violon no. 3, 3. Andante

Gidon Kremer: violino
Chamber Orchestra of Europe
Christoph Eschenbach (cond./piano)

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O grande Alfred Schnittke

PQP

W. A Mozart (1756-1791): Os 4 Concertos para Trompa (Berlin Philharmonic, Seifert, Karajan)

W. A Mozart (1756-1791): Os 4 Concertos para Trompa (Berlin Philharmonic, Seifert, Karajan)

Música leve e agradável, os quatro Concertos para Trompa de Wolfgang Amadeus Mozart foram escritos para seu amigo Joseph Leutgeb, um conhecido de infância. Leutgeb era um trompista habilidoso, pois as obras são difíceis de executar na trompa natural da época, exigindo a língua mais rápida do velho oeste. Os quatro concertos são curtos e cabem até em um LP. Abbado gravou um CD com estes Concertos e não penso que haja versão melhor (Allegrini + Abbado), mas a doçura deles espraiou-se por Karajan de tal forma que mesmo sua mão pesada conseguiu acariciar nesta gravação aceitável. Karajan parece ter tido relações sexuais satisfatórias antes de ir ao estúdio, pois chegou tomado de tranquilidade primaveril, desejando servir mais à música do que a seu ego. O Concerto N° 4 é especialmente bonito.

W. A Mozart (1756-1791): Os 4 Concertos para Trompa (Berlin Philharmonic, Seifert, Karajan)

Concerto For Horn And Orchestra No. 1 In D Major, K. 412
A1 Allegro
A2 Rondo: Allegro

Concerto For Horn And Orchestra No. 4 In E Flat Major, K. 495
A3 Allegro Moderato
A4 Romanza: Andante
A5 Rondo: Allegro Vivace

Concerto For Horn And Orchestra No. 2 In E Flat Major, K. 417
B1 Allegro Maestoso
B2 Andante
B3 Rondo

Concerto For Horn And Orchestra No. 3 In E Flat Major, K. 447
B4 Allegro
B5 Romance: Larghetto
B6 Allegro

Composed By – Wolfgang Amadeus Mozart
Composed By [Cadenzas] – Manfred Klier (tracks: A3, B4)
Conductor – Herbert Von Karajan
Horns – Gerd Seifert
Orchestra – Berliner Philharmoniker

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Seiffert, o toque aveludado que acalmou Karajan

PQP

Johann Georg Pisendel (1687-1755): Sonatas para Violino (Steck / Riegel)

Johann Georg Pisendel (1687-1755): Sonatas para Violino (Steck / Riegel)

IM-PER-DÍ-VEL!!!

Sim, nós sabemos!!! Você passou dois anos visitando nosso blog apenas à espera de obras de Pisendel! Então, alegre-se! Seu dia chegou!!! Valeu a pena aguardar!!! Agora, você poderá convidar aquela mulher a qual você aspira há anos sem sucesso da seguinte forma:

— Queres ir lá em casa tomar um vinho e ouvir meu Pisendel?
— Teu pi… O quê?
— Meu Pisendel. Sim, eu tenho um.

Não perca esta oportunidade única. E, se não for bem sucedido, console-se com a bela sonata para violino solo que vai da faixa 4 a 6 deste CD da CPO. Grande Pisendel! Pisendel foi amigo de meu pai — alguns diriam que é amigo de todos –, que o introduziu a Telemann. Foi durante anos o primeiro violinista do Collegium musicum de Telemann. Grande Pisendel!

EXCELENTE CD!!! 

O violinista Anton Steck leva seu Pisendel pelo mundo afora

Pisendel: Sonatas para Violino

Sonata for violin & continuo in D major
1. Allegro
2. Larghetto
3. Allegro

Sonata for Violin Solo in A minor
4. without indication
5. Allegro
6. Giga – Variationen

Sonata for violin & continuo in E minor
7. Largo
8. Moderato
9. Arioso
10. Scherzando

Violin Sonata in C minor
11. Adagio
12. Presto
13. Affetuoso
14. Vivace

Violin Sonata in G minor
15. Larghetto
16. Allegro
17. Largo
18. Allegro

Anton Steck, violino
Christian Rieger, cravo

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O meu, o teu, o nosso Pisendel

PQP

.: interlúdio :. Kenny Wheeler – Gnu High

.: interlúdio :. Kenny Wheeler – Gnu High

Um bom disco. Quando Kenny Wheeler (1930-2014) mudou-se de seu Canadá natal para a Inglaterra, não foi manchete. Mas com o lançamento de Gnu High, ele se tornou uma figura admirada do jazz contemporâneo. Claro que o time de craques ajudou: o pianista Keith Jarrett, o baixista Dave Holland e o baterista Jack DeJohnette são geniais. Heyoke é uma peça de quase 22 minutos. Esta valsa cadenciada é ao mesmo tempo atmosférica e comovente, um estilo bastante inventivo que se torna mais dramático perto do final. Tudo é alimentado pelo swing de DeJohnette. O gemido vocal de Jarrett é controlado, enquanto seu belo piano sustenta os solos de Wheeler. Certamente este foi um ponto de partida auspicioso para um artista cujo som e inteligência capturaram a imaginação de tantos colegas músicos e ouvintes daquele ponto em diante.

Kenny Wheeler – Gnu High

01. Heyoke 21:49
02. Smatter 5:58
03. Gnu Suite 12:49

musicians
Kenny Wheeler – fluegelhorn
Keith Jarrett – piano
Dave Holland – double-bass
Jack DeJohnette – drums

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Kenny Wheeler

PQP

G. F. Handel (1685-1759): Water Music (Akademie für Alte Musik Berlin)

G. F.  Handel (1685-1759): Water Music (Akademie für Alte Musik Berlin)

Tantas vezes postamos a Música Aquática que desta vez vamos apenas aos detalhes históricos e um pouco de opinião depois. Música Aquática (em inglês: Water Music) é uma coleção de movimentos orquestrais, frequentemente divididos em três suítes — but not here –, compostas por Handel. Sua estreia se deu em 17 de julho de 1717, após o rei Jorge I encomendar um concerto para ser executado sobre o rio Tâmisa. O concerto foi executado originalmente por cerca de 50 músicos, situados sobre uma barca nas proximidades da barca real, a partir da qual o monarca escutava a peça com seus amigos mais próximos, incluindo Anne Vaughan, Duquesa de Bolton, a Duquesa de Newcastle, a Condessa de Darlington, Condessa de Godolphin, Madame Kilmarnock, e o Earl das Órcades. As barcas dirigiam-se a Chelsea ou Lambeth. O rei Jorge teria gostando tanto das suítes que pediu a seus músicos, já esgotados, que tocassem-na por três vezes durante o tempo do percurso.

A Akademie für Alte Musik Berlin dá esplêndida interpretação às obras. Os caras parecem ter certa predileção por suítes, pois já fizeram misérias em obras análogas de Telemann.

G. F. Handel (1685-1759): Water Music

Suite No. 1 In F Major (26:40)
1 I. Overture : Largo – Allegro 3:12
2 II. Adagio E Staccato 2:08
3 III. [Allegro 2:08
4 IV. Andante – III. [Allegro] Da Capo 4:30
5 V. Allegro 2:47
6 VI. Air 3:11
7 VII. Minuet 2:23
8 VIII. Bourrée 1:10
9 IX. Hornpipe 1:30
10 X. [Allegro Moderato] 3:41

Suite No. 2 In D Major (11:07)
11 XI. [Allegro] 2:00
12 XII. [Alla Hornpipe] 3:43
13 XIII. [Minuet] 2:49
14 XIV. [Rigaudon 1] 1:07
15 XV. [Rigaudon 2] – XIV. [Rigaudon 1] 1:28

Suite No. 3 In G Major (10:35)
16 XVI. Lentement 1:59
17 XVII. [Bourrée] 1:14
18 XVIII. Menuet [1] 0:56
19 XIX. [Menuet 2] 1:36
20 XX. [Gigue 1] – XXI. [Gigue 2] Da Capo 2:11
21 XXII. Menuet (Coro) 2:39

Akademie für Alte Musik Berlin

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Ponte de Westminster no dia da Música Aquática, de Canaletto, 1746 (detalhe)
Ponte de Westminster no dia da Música Aquática, de Canaletto, 1746 (detalhe)

PQP

Bedřich Smetana (1824-1884): Minha Pátria (completa) (Má Vlast) – Malaysian Philharmonic Orchestra, Claus Peter Flor

Bedřich Smetana (1824-1884): Minha Pátria (completa) (Má Vlast) – Malaysian Philharmonic Orchestra, Claus Peter Flor

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Excelente interpretação de um importante clássico romântico do qual normalmente conhecemos apenas o famoso segundo movimento O Moldava. Porém este é somente um trecho de uma obra muito maior, um trecho do ciclo orquestral Má Vlast (Minha Pátria), que contém seis poemas sinfônicos sobre diferentes aspectos tchecos. Smetana compôs essas obras épicas à maneira de Franz Liszt, evocando imagens dramáticas através de uma orquestração colorida, pintando cenas naturais e históricas através de temas e harmonias de boêmias. Pode-se supor que apenas uma orquestra tcheca poderia tocar essa música com a intensidade adequada, mas a Orquestra Filarmônica da Malásia, sob o comando do alemão Claus Peter Flor, dá um relato emocionante que pode rivalizar com qualquer outro em energia, paixão e atmosfera. De fato, se a música de Smetana se comunica de forma tão convincente que uma orquestra asiática pode interpretá-la fiel e entusiasticamente, pode-se também dizer que a obra toca emoções universais de orgulho e patriotismo. A orquestra oferece todas as mudanças sutis de ênfase nos ritmos de dança que lhe dão tanto interesse. Os ouvintes que amam O Moldava podem definitivamente se familiarizar com o Má Vlast completo, e esta gravação excepcional fornece uma versão que satisfará tanto os recém-chegados quanto os fãs de Smetana.

Bedřich Smetana (1824-1884): Minha Pátria (completa) (Má Vlast) – Malaysian Philharmonic Orchestra, Claus Peter Flor

1 Vyšehrad 14:38
2 Vltava (The Moldau) 12:14
3 Šárka 9:42
4 Z českých Luhů A Hájů (From Bohemia’s Woods And Fields) 12:31
5 Tábor 13:09
6 Blaník 13:10

Conductor – Claus Peter Flor
Orchestra – Malaysian Philharmonic Orchestra

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Com carinho, um Flor para vocês

PQP

Modest Mussorgsky (1839-1881): Quadros de uma Exposição (ao piano e em versão orquestral, Ashkenazy em ambas)

Modest Mussorgsky (1839-1881): Quadros de uma Exposição (ao piano e em versão orquestral, Ashkenazy em ambas)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Eu acho este CD extraordinário. Primeiro, Ashkenazy dá sua interpretação aos Quadros no piano, onde dá um show; depois rege a Philharmonia Orchestra numa versão orquestral que não é a de Ravel, é sua. Não tenho a versão de Ravel em meus ouvidos para poder fazer comparações, porém digo que a versão de Ashkenazy é muito boa. Certamente sua versão fica mais próxima ao estilo de Mussorgsky — vide a ópera Boris Godunov cuja sonoridade voltei a ouvir neste Quadros — do que a orquestração também brilhante, mas muito mais limpa e ocidental, de Ravel.

Quadros de uma Exposição foi moda nos anos 70. Foram feitas dezenas de gravações — na versão original e na de Ravel — a partir de um surpreendente trabalho realizado por Emerson, Lake & Palmer. Voltei ao CD do ELP ontem. Tem momentos bastante divertidos.

Modest Mussorgsky (1839-1881): Quadros de uma Exposição (ao piano e em versão orquestral, Ashkenazy em ambas)

1. Pictures at an Exhibition – for Piano – Promenade – Gnomus 4:06
2. Pictures at an Exhibition – for Piano – Promenade – The Old Castle 5:10
3. Pictures at an Exhibition – for Piano – Promenade – The Tuileries – Bydlo 3:48
4. Pictures at an Exhibition – for Piano – Promenade – Ballet of Unhatched chicks – 2 Polish Jews 4:11
5. Pictures at an Exhibition – for Piano – The Market Place at Limoges – The Catacombs 6:36
6. Pictures at an Exhibition – for Piano – The Hut on Fowls Legs – The Great Gate of Kiev 8:28

Vladimir Ashkenazy, piano

7. Pictures at an Exhibition – Orchestrated by Vladimir Ashkenazy – Promenade – Gnomus 4:02
8. Pictures at an Exhibition – Orchestrated by Vladimir Ashkenazy – Promenade – The old castle 5:24
9. Pictures at an Exhibition – Orchestrated by Vladimir Ashkenazy – Promenade – Tuileries – Bydlo 3:54
10. Pictures at an Exhibition – Orchestrated by Vladimir Ashkenazy – Promenade – Ballet of the unhatched chicks – 2 Polish Jews 4:33
11. Pictures at an Exhibition – Orchestrated by Vladimir Ashkenazy – Promenade – The Market Place at Limoges 7:03
12. Pictures at an Exhibition – Orchestrated by Vladimir Ashkenazy – The Hut on Fowls Legs – The Great Gate of Kiev 9:09

Philharmonia Orchestra
Vladimir Ashkenazy, regente

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Vladi no piano e na regência
Vladi no piano, na regência e vestindo Sibelius na camiseta

PQP

.: interlúdio :. Gotan Project: La Revancha Del Tango

.: interlúdio :. Gotan Project: La Revancha Del Tango

IM-PER-Dí-VEL !!!

Originalidade é uma mercadoria escassa no mundo da música hoje em dia, então a própria existência de um grupo como o Gotan Project é motivo de comemoração. Quando eles apareceram pela primeira vez em 2000 com os singles El Capitalismo Foráneo e Triptico, o Gotan Project, que, como o PQP Bach, tem sede em Paris, se destacou misturando house, jazz e sons latinos baseados nos ritmos e na instrumentação do tango. Embora isso não pareça um conceito particularmente radical, o fato é que ninguém jamais havia feito isso antes, e o Gotan o fez com tanta perfeição, especialmente no deslumbrante Triptico, que ninguém mais poderá seguir seus passos. O som deles é tão particular que está quase além da imitação. Começando com os acordes de abertura de Queremos Paz, o Gotan Project construiu um conjunto de 10 canções de melodias jazzísticas e soltas costuradas por batidas sólidas de rock que parecem pairar em algum lugar entre os tangos argentinos tradicionais e os breakbeats modernos, com talvez apenas um toque de jazz da era bebop para manter a vibração. Os membros oficiais do Gotan são os tecladistas/programadores de beat Philippe Cohen Solal e Christoph H. Müller e o guitarrista Eduardo Makaroff (uma verdadeira coleção internacional de nomes), mas o músico que realmente define o som do grupo é provavelmente Nini Flores. Flores toca bandoneón. Em cada faixa de La Revancha, ele dá um banho. Sua forma de tocar é maravilhosa, nunca excessivamente chamativa, mas transbordando com uma paixão discretamente contida. Basta ouvir as notas altas assustadoras que abrem suas frases flexíveis em El Capitalismo Foráneo, ou a maneira como ele corta a paisagem sonora na sombria Chunga’s Revenge, que é um Frank Zappa platino… Por melhor que Flores seja, os outros músicos convidados de La Revancha combinam com ele sensualmente nota por nota sensual. O violino de Line Kruse e o piano de Gustavo Beytelmann estão em ótima forma, especialmente em Triptico, que como o próprio título sugere é basicamente uma vitrine para cada um dos três solistas. Alguns puristas irão, sem dúvida, protestar contra a apropriação do Gotan Project do estilo musical semioficial da Argentina, mas acho que a maioria dos fãs de tango ficará tão entusiasmada quanto eu com a maneira como eles dão nova vida à forma. Graças ao nível de talento envolvido para reconstruir um ritmo sem deixar que ele ofusque seus músicos principais, La Revancha del Tango é um triunfo geral para a dance music moderna de base latina.

.: interlúdio :. Gotan Project: La Revancha Del Tango

1 Queremos Paz 5:15
2 Época 4:27
3 Chunga’s Revenge 5:01
Written-By – Frank Zappa
4 Tríptico 8:26
5 Santa María (Del Buen Ayre) 5:57
6 Una Música Brutal 4:11
7 El Capitalismo Foráneo 6:12
Written-By – Avelino Flores
8 Last Tango In Paris 5:50
Written-By – Gato Barbieri
9 La Del Ruso 6:22
10 Vuelvo Al Sur 6:59
Written-By – Astor Piazzolla, Fernando E. Solanas

Acoustic Guitar – Eduardo Makaroff
Bandoneon – Nini Flores
Double Bass – Fabrizio Fenoglietto
Drum Programming [Beat Programming], Bass, Keyboards – Christoph H. Müller
Keyboards, Bass, Sounds, Effects [Dub Fx] – Philippe Cohen Solal*
MC – Willy Crook
Percussion – Edi Tomassi*
Piano – Gustavo Beytelmann
Violin – Line Kruse
Vocals – Cristina Vilallonga
Written-By – Christoph H. Müller (tracks: 1, 2, 4 to 7, 9), Eduardo Makaroff (tracks: 1, 2, 4 to 6, 9), Philippe Cohen Solal* (tracks: 1, 2, 4 to 7, 9)

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O pessoal do Gotan Project é todo estiloso.

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Maurice Ravel (1875-1937) / Claude Debussy (1862-1918): Piano Concertos / Fantaisie for Piano & Orchestra (Kocsis / Fischer)

Maurice Ravel (1875-1937) / Claude Debussy (1862-1918): Piano Concertos / Fantaisie for Piano & Orchestra (Kocsis / Fischer)

Vou ser claro: eu não gosto de Debussy. Claro que ouço com prazer a Suíte Bergamasque e as peças orquestrais La Mer e Nocturnes, mas aqueles prelúdios e coisinhas para piano… Aquelas brumas diáfanas… Olha, às vezes me parece que Debussy inventou a New Age, o gênero de música que serve para não ser ouvido; aquele que, quando termina, você nem se dá conta, pois não estava prestando nenhuma atenção mesmo!

Juntá-lo com Ravel parece óbvio para os fazedores de CDs, mas não para mim. Seus dois Concertos para Piano são notáveis. O Adagio Assai do primeiro é de morrer por ele! Eu amo Ravel! Então digo que — juro! — ouvi atentamente os dois concertos maravilhosamente interpretados pelo grande Zoltán Kocsis (1952–2016) e seu amigo Iván Fischer e não lembro nada, mas nada mesmo, da tal Fantasia. Vale (muito) pelo Ravel!

Ravel: Concertos para piano / Debussy: Fantasia para piano e orquestra

Piano Concerto in G Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 19:48
1. Allegramente Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 7:50
2. Adagio assai Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 8:14
3.Presto Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 3:44

Piano Concerto for the left hand in D Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 17:38
4. Lento Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 7:45
5. Allegro Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 4:56
6. Tempo I Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 4:56

Fantasy for piano and orchestra Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 19:51
7. Andante ma non troppo-Allegro giusto Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 6:28
8. Lento e molto espressivo Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 7:06
9. Allegro molto Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 6:16

Zoltán Kocsis, piano
Budapest Festival Orchestra
Iván Fischer

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Kocsis, uma amiga e o húngaro

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Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 5 (Maazel, Filarmônica de Viena)

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 5 (Maazel, Filarmônica de Viena)

Esta não é uma grande versão da quinta de Mahler. Ou melhor, a gravação é boa, mas não é candidata ao Olimpo das Gravações. Tornei-me muito exigente em relação a esta obra após ver Daniele Gatti regê-la em Roma. É da vida. A gente vê um cara que realmente é íntimo da obra e ele estraga as outras versões. O alcance emocional da obra pode ser enorme e me parece que Maazel fica aquém dele. O drama é reflexo dos problemas pelos quais o compositor passava. A Sinfonia Nº 5 começou a ser escrita em 1901, após uma grave doença. Na noite entre 24 e 25 de fevereiro, Mahler quase morreu em razão de uma hemorragia intestinal. Durante a convalescença, ele fez o esboço dos primeiros movimentos. No verão seguinte, ele começava uma nova vida acompanhado de sua esposa Alma. Ela também ajudou o marido, sendo a responsável por copiar a partitura da nova sinfonia. Naquele verão, com Alma, ele compôs o famoso Adagietto e o movimento final. Em 24 de agosto de 1901, ele terminaria a partitura, tocando-a ao piano para Alma.

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 5 (Maazel)

Part I , Movement I: Trauermarsch
1 In Gemessenem Schritt. Streng. Wie Ein Kondukt. 5:50
2 Prötzig Schneller. Leidenschaftlich. Wild. 2:13
3 Tempo I. 5:56

Part I, Movement II
4 Stürmisch Bewegt. Mit Grösster Vehemenz. 4:30
5 Langsam Aber Immer. 5:48
6 Nicht Eilen. 4:41

Part II, Movement III: Scherzo
7 Kräftig, Nicht Zu Schnell. 2:30
8 Etwas Ruhiger. 4:23
9 Molto Moderato. 4:02
10 A Tempo I. 4:10
11 Tempo I. (Subito)
French Horn – Wolfgang Tomböck Jr.*
2:31

Part III, Movement IV: Adagietto
12 Sehr Langsam. 10:33

Part III, Movement V: Rondo-Finale
13 Allegro. 8:15
14 Nicht Eilen. A Tempo. 3:42
15 Grazioso. 3:20

Conductor – Lorin Maazel
Orchestra – Wiener Philharmoniker

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Mahler no comando

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.: interlúdio :. Miroslav Vitous: Universal Syncopations (Vitous, Garbarek, Corea, McLaughlin, DeJohnette)

.: interlúdio :. Miroslav Vitous: Universal Syncopations (Vitous, Garbarek, Corea, McLaughlin, DeJohnette)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Algumas obviedades são muito verdadeiras. Quando você Universal Syncopations, entenderá que música é sobre ouvir. Syncopations é um encontro único de grandes músicos que, além de tocarem com verdadeira maestria, parecem ouvir uns aos outros com atenção e respeito. É uma espécie de democracia auditiva: todo mundo tem a chance de dizer o que quer e, ao mesmo tempo, cada um deixa o outro falar. No entanto, Vitous representa a espinha dorsal dessa conversa democrática. Ele está sempre sugerindo o assunto. Ele não impõe, ele propõe. É inútil dizer que Vitous é um mestre orador. Seu discurso não é alto, mas suave e claro e, acima de tudo, imaginativo e habilidoso. Vitous constrói um equilíbrio perfeito entre as virtudes harmônicas e melódicas do baixo. E DeJohnette é um monstro a auxiliá-lo a manter o ritmo. A banda é um bando de veteranos astutos — hoje alguns já morreram — que conversam e colaboram com declarações curtas, mas incisivas e graciosas. A cota de Jan Garbarek talvez seja maior. A incursão inusitada de seu sax é um dos destaques de Universal Syncopations. Já Chick Corea, por sua vez, permanece bastante discreto. Ele diz isso ou aquilo e depois volta ao silêncio. O mesmo acontece com o guitarrista John McLaughin, que parece dizer “olha, eu acho que…” e então se cala. Mas o início de seu pensamento vale a pena ser ouvido com atenção… Por outro lado, o repertório se tece como uma suíte, orgulhosa representante da estética ECM. É mais uma atmosfera audível do que apenas uma sessão de gravação de um grupo de velhos amigos. A foto da capa do disco mostra um misterioso céu noturno adornado com nuvens brancas tracejadas. Se tal imagem pudesse fazer som, as Universal Syncopations de Vitous chegariam direto aos nossos ouvidos, conversando e nos deixando saber porque a música é, apenas, uma questão de ouvir.

Miroslav Vitous: Universal Syncopations (Vitous, Garbarek, Corea, McLaughlin, DeJohnette)

1 Bamboo Forest 4:35
2 Univoyage 10:48
3 Tramp Blues 5:15
4 Faith Run 4:50
5 Sun Flower 7:16
6 Miro Bop 3:59
7 Beethoven 7:13
8 Medium 5:06
9 Brazil Waves 4:26

Double Bass, Written-By – Miroslav Vitous
Drums – Jack DeJohnette
Guitar – John McLaughlin
Piano – Chick Corea
Soprano Saxophone, Tenor Saxophone – Jan Garbarek
Trombone – Isaac Smith (faixas: 2 to 4)
Trumpet – Wayne Bergeron (faixas: 2 to 4)
Trumpet, Flugelhorn – Valerie Ponomarev* (faixas: 2 to 4)
Written-By – Jack DeJohnette (faixas: 8), Jan Garbarek (faixas: 7, 9)

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Miroslav Vitous serrando um contrabaixo

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J. S. Bach (1685-1750): Solo & Double Violin Concertos (Podger / Manze)

J. S. Bach (1685-1750): Solo & Double Violin Concertos (Podger / Manze)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Andrew Manze e Rachel Podger que retomam peças fundamentais do barroco alemão: os Concertos para Violino de Johann Sebastian Bach. O CD merece todo meu respeito. O estilo de Manze é altamente individual. Alguns de seus acordes soam notavelmente rústicos. Ele usa o vibrato mínimo, que é o correto. Além disso, ele não tem medo de ornamentar os concertos solo — uma prática que pode irritar quanto satisfazer os ouvintes. Ele geralmente reserva essas alterações nas recapitulações e defende seus embelezamentos com base na própria prática de Bach. Essas novidades vão desde as notas no final do Allegro de abertura do BWV1043 até as intervenções mais extensas no primeiro Allegro de BWV1042. Ouvintes conservadores podem sair correndo… A Academia de Música Antiga oferece um papel coadjuvante competente. Mas vale sempre a pena ouvir Manze em palavras e ações. E aqui ele está acompanhado de uma futura estrela, a jovem, na época, Rachel Podger. Um fato curioso é que ninguém pode ter certeza de quantos concertos para violino Bach escreveu. Sua produção de concerto consiste em várias obras escritas para determinados instrumentos, depois reorganizadas para outros. O cânone estabelecido de seus concertos para violino é limitado ao BWV 1043, 1041 e 1042. O resto não se sabe.

Johann Sebastian Bach (1685-1770) – Solo & Double Violin Concertos

Concerto in D Minor for Two Violins BWV 1043
01. Vivace
02. Largo ma non tanto
03. Allegro

Concerto in A Minor for Violin BWV 1041
04. Allegro
05. Andante
06. Allegro Assai

Concerto in E Major for Violin BWV 1042
07. Allegro
08. Adagio
09. Allegro assai

Concerto in D Minor for Two Violins BWV 1060
10. Allegro
11. Adagio
12. Allegro

Andrew Manze & Rachel Podger, violinos
The Academy of Ancient Music
Andrew Manze, regente

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O violinista e regente Andrew Manze
O violinista e regente Andrew Manze

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Gyorgy Ligeti (1923-2006) – Études – Musica Ricercata (Ligeti Edition 3)

OK, já sabem que eu adoro Ligeti, não? Pouca gente deu-se conta de que Kubrick voltou a utilizar a música de Ligeti em seu último filme De Olhos Bem Fechados (Eyes Wide Shut). Tratava-se da bartokiana Musica Ricercata Nº 2. A música pontuava muito bem a hesitação do personagem de Tom Cruise ao não saber — creio eu! — bem como manejar a sexualidade de sua mulher… Claro que nenhum de nós passa ou passou por este gênero de problema… Adiante!

Kubrick tinha bastante amor aos compositores húngaros. isto comprova seu bom gosto. Em O Iluminado usou e abusou da Música para Cordas, Percussão e Celesta de Béla Bartók, lembram?

Pois bem, este é mais um esplêndido CD da coleção da Sony que traz gravações realizadas sob supervisão de Ligeti. O pianista Pierre-Laurent Aimard deve saber a sorte que teve e aproveitou para realizar um trabalho de mestre. Ele pegou o espírito do compositor, sem dúvida, e suas versões estão fadadas a serem referências obrigatórias. Um bem-aventurado, né? Os comentaristas que li dão total precedência ao fato de que os Estudos são uma das mais importantes obras do século XX, dando pouca atenção ao restante do disco (M. Ricercata). Estranho. Não tenho absolutamente nada contra os Estudos, mas a Musica Ricercata é muito bonita. A Wikipedia reforça sua importância histórica:

As primeiras obras de Ligeti são uma extensão da linguagem musical de seu compatriota Béla Bartók. Por exemplo, suas peças para piano Musica Ricercata (1951 – 53), foram comparadas com as do Mikrokosmos de Bartók. A coleção de Ligeti tem onze peças ao todo, A primeira usa somente uma nota “lá” executada em diversas oitavas. Só no fim da peça é possível escutar a segunda nota – “ré”. A segunda peça emprega três notas diferentes, a terceira emprega quatro, e assim até o fim, de tal forma que a décima-primeira peça usa todas as doze notas da escala cromática.

Nessa primeira parte de sua carreira, Ligeti foi afetado pelo regime comunista da Hungria daquele tempo, que impunha a estética do realismo socialista. A décima peça da Musica Ricercata foi proibida pelas autoridades por considerarem-na “decadente”. Isto se deveu provavelmente ao uso muito livre dos intervalos de segunda menor. Devido à ousadia de suas intenções musicais, é fácil de supor a razão por ter decidido deixar a Hungria.

Com vocês…

Ligeti – Études – Musica Ricercata

01 – Etude 1 [Book 1] – Desordre
02 – Etude 2 [Book 1] – Cordes A Vide
03 – Etude 3 [Book 1] – Touches Bloquees
04 – Etude 4 [Book 1] – Fanfares
05 – Etude 5 [Book 1] – Arc-En-Ciel
06 – Etude 6 [Book 1] – Automne A Varsovie
07 – Etude 7 [Book 2] – Galamb Borong [1988]

08 – Etude 8 [Book 2] – Fem [1989]
09 – Etude 9 [Book 2] – Vertige [1990]
10 – Etude 10 [Book 2] – Der Zauberlehrling [1994]
11 – Etude 11 [Book 2] – En Suspens [1994]
12 – Etude 12 [Book 2] – Entrelacs [1993]
13 – Etude 13 [Book 2] – Lescalier Du Diable [1993]
14 – Etude 14 [Book 2] – Coloana Infinita [1993]

15 – Musica Ricercata [1]
16 – Musica Ricercata [2]
17 – Musica Ricercata [3]
18 – Musica Ricercata [4]
19 – Musica Ricercata [5]
20 – Musica Ricercata [6]
21 – Musica Ricercata [7]
22 – Musica Ricercata [8]
23 – Musica Ricercata [9]
24 – Musica Ricercata [10]
25 – Musica Ricercata [11]

26 – Etude 15 [Book 3] – White On White [1995]

Pierre-Laurent Aimard, piano

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LINK ALTERNATIVO

PQP (2008) – link atualizado por Pleyel em maio de 2023

György Ligeti (1923-2006): Six Bagatelles / Kammerkonzert / Dix Pièces Pour Quintette À Vent (Les Siècles, Roth) — 100 anos de Ligeti!

György Ligeti (1923-2006): Six Bagatelles / Kammerkonzert / Dix Pièces Pour Quintette À Vent (Les Siècles, Roth) — 100 anos de Ligeti!

Pensaram que as homenagens pelos 100 anos de Ligeti tinham acabado? Pois é, eu também pensei, pensei até o momento em que este CD caiu no meu colo. E ele é muito bom! As Seis Bagatelas são de 1953, o Concerto de Câmara é de 1970 e as 10 Peças são mais ou menos da mesma época, de 1968. É curioso observar o Ligeti inicial e compará-lo com  aquele mais próximo da composição de Lux Aeterna. O segundo é muito melhor, apesar de terem quase a mesma linguagem. Como escreveu Arthur Nestrovski, alegria e humor não são exatamente as primeiras palavras que vêm à cabeça quando se pensa em música contemporânea. Mas numa época de indefinição e falta de rumo para a composição, a música alegre do húngaro Gyõrgy Ligeti é uma das poucas unanimidades entre crítica e público. A tradição do humor húngaro — entre o absurdo e o francamente  cômico, de uma alegria também desesperada — encontra em Ligeti o seu maior e inesperado expoente. Confiram!

György Ligeti (1923-2006): Six Bagatelles / Kammerkonzert / Dix Pièces Pour Quintette À Vent (Les Siècles, Roth) — 100 anos de Ligeti!

Six Bagatelles
Bassoon [Basson] – Michael Rolland
Clarinet [Clarinette] – Christian Laborie
Flute – Marion Ralincourt
Horn [Cor] – Pierre Rougerie (2)
Oboe [Hautbois] – Hélène Mourot
1 Allegro Con Spirito 22:21
2 Rubato. Lamentoso
3 Allegro Grazioso
4 Presto Ruvido
5 Adagio. Mesto (Béla Bartók In Memoriam)
6 Molto Vivace. Capriccioso

Kammerkonzert
Conductor [Direction] – François-Xavier Roth
Ensemble – Les Siècles
7 Corrente: Fließend
8 Calmo Sostenuto
9 Movimento Preciso E Meccanico
10 Presto

Dix Pieces Pour Quintette A Vent
Bassoon [Basson] – Michael Rolland
Clarinet [Clarinette] – Christian Laborie
Flute – Marion Ralincourt
Horn [Cor] – Pierre Rougerie (2)
Oboe [Hautbois] – Hélène Mourot
11 Molto Sostenuto E Calmo
12 Prestissimo Minaccioso E Burlesco
13 Lento
14 Prestissimo Leggiero E Virtuoso
15 Presto Staccatissimo E Leggiero
16 Lo Stesso: Presto Staccatissimo E Leggiero
17 Vivo, Energico
18 Allegro Con Dleicatezza
19 Sostenuto, Stridente
20 Presto Bizzarro

Les Siècles
François-Xavier Roth

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Surpreendentemente, aqui não ocorreu nenhuma ideia a Ligeti.

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Franz Schubert (1797-1828): As Últimas Sonatas para Piano, D. 958, 959 e 960 (Perahia)

Franz Schubert (1797-1828): As Últimas Sonatas para Piano, D. 958, 959 e 960 (Perahia)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Deus gravou este mesmo repertório melhor do que Perahia. Deus é Pollini, óbvio. Mas a gravação do pianista e maestro nova-iorquino também é sensacional. Ele é enormemente elegante nos movimentos lentos. Seu problema é a comparação com os movimentos rápidos de Pollini, onde este é diabolicamente decidido e exato. Mas, se fosse você, eu baixaria estes CDs sem medo. É um grande repertório que os pianistas costumam não tocar juntos em concertos em função dos tamanhos de cada uma das 3 últimas sonatas. Ou seja, Perahia enfrenta uma forte concorrência de nomes como Brendel, Pollini e Arrau, bem como de veteranos como Schnabel. Mesmo em tal companhia ele se sai bem, tocando com uma sonoridade enxuta que marca claramente as belas linhas melódicas de Schubert. Sua abordagem mantém a visão geralmente clássica das obras, sem transformá-las em extravagâncias românticas. Argh! Perahia é uma adição digna à discografia de Schubert.

Franz Schubert (1797-1828): As Últimas Sonatas para Piano, D. 958, 959 e 960

CD1:
1. Sonata in C minor for Piano, D. 958/I. Allegro 10:50
2. Sonata in C minor for Piano, D. 958/II. Adagio 8:27
3. Sonata in C minor for Piano, D. 958/III. Menuetto. Allegro – Trio 3:08
4. Sonata in C minor for Piano, D. 958/IV. Allegro 9:09

5. Sonata in A Major for Piano, D. 959/I. Allegro 15:20
6. Sonata in A Major for Piano, D. 959/II. Andantino 8:03
7. Sonata in A Major for Piano, D. 959/III. Scherzo. Allegro vivace – Trio. Un poco più lento 4:45
8. Sonata in A Major for Piano, D. 959/IV. Rondo. Allegretto 11:41

CD2:
1. Sonata in B-flat Major for Piano, D. 960/I. Molto moderato 19:04
2. Sonata in B-flat Major for Piano, D. 960/II. Andante sostenuto 9:34
3. Sonata in B-flat Major for Piano, D. 960/III. Scherzo. Allegro vivace con delicatezza 3:48
4. Sonata in B-flat Major for Piano, D. 960/IV. Allegro ma non troppo 7:57

Murray Perahia, piano

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OK, Murray eu sei dizer, mas e Perahia?

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Franz Schubert (1797-1828): Quinteto "A Truta", D. 677 / Movimento para Quarteto de Cordas D. 703 (Gilels / Amadeus)

Franz Schubert (1797-1828): Quinteto "A Truta", D. 677 / Movimento para Quarteto de Cordas D. 703 (Gilels / Amadeus)

Sim, o fantástico Quinteto para Piano “A Truta” de Schubert!

Como estou meio ocupado, transcrevo um excelente texto explicativo encontrado neste blog:

Esta peça em Lá Maior foi composta quando Schubert tinha apenas 22 anos embora tenha sido publicada em 1829 – um ano após a sua morte.

A peça é composta à volta de um conjunto de variações de um Lied anterior de Schubert Op.32 (D.550) e é formada por cinco andamentos. Tal como em muitas das obras de Schubert podemos criticar uma composição pouco perfeita , como uma espécie de esquisso. A esta obra em particular é frequentemente apontado o facto de existir uma fraca coesão entre andamentos e de serem frequentes longas repetições de material temático com pouca ou nenhuma transformação. A composição do quinteto é pouco usual pela presença do contrabaixo tendo permitido a Schubert a exploração de outras sonoridades.

1º Andamento (Allegro vivace) : Este andamento está escrito na forma de sonata. A explicação sobre o significado deste termo está prometida para um destes dias.

2º Andamento (Andante) : Este andamento está construído com base em diálogos entre instrumentos que por várias vezes parecem estar a terminar mas que depois recomeçam transmitindo algum humor (pela repetição do fim anunciado … )

3º Andamento (Scherzo – Presto) : Este andamento é rápido como o nome indica transmitindo um grande vigor a que se junta um melancólico trio para balancear o andamento.

4º Andamento (Andantino – Allegretto) : Este andamento é baseado em variações sobre a canção de que falámos no início deste post. Cada um dos instrumentos toca a melodia a seu tempo.

5º Andamento (Allegro giusto) : Semelhante na construção ao segundo andamento mas por vezes considerado excessivamente repetitivo (em alguns casos os interpretes optam mesmo por não fazer as repetições marcadas pelo compositor).

Franz Schubert (1797-1828): Quinteto “A Truta”, D. 677, e Movimento para Quarteto de Cordas D. 703

Quintet for Piano, Violin, Viola, Cello and Double-bass in A major, D 667 “The Trout”

1. 1. Allegro vivace – 1. Allegro vivace 13:41
2. 2. Andante – 2. Andante 7:17
3. 3. Scherzo (Presto) – 3. Scherzo (Presto) 4:02
4. 4. Thema – Andantino – Variazioni I-V – Allegretto – 4. Thema – Andantino – Variazioni I-V – Allegretto 8:00
5. 5. Finale (Allegro giusto) – 5. Finale (Allegro giusto) 6:20

6. Quartet Movement in C minor, D 703

Emil Gilels
Amadeus Quartett

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O Quarteto Amadeus espera que a Truta seja imediatamente servida

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W. A. Mozart (1756-1791): Serenatas K. 361 e 375 (de Waart)

W. A. Mozart (1756-1791): Serenatas K. 361 e 375 (de Waart)

Estou bem longe de ser um nostálgico, mas esta gravação de 1968, feita em Amsterdam, ainda mora em meu coração. Toda vez que a ouço, me encanto, e olha que há outras, mais recentes deste repertório, que são igualmente espetaculares. Eu sempre sonho com o contrabaixista que toca aqui… E dos sopros nem vou falar.

Ademais lembram disso?

Na página não parecia nada! O princípio simples, quase cômico. Só uma pulsação. Trompas, fagotes… Como uma sanfona enferrujada. E depois, subitamente… Lá bem no alto… Um oboé. Uma única nota, ali pendurada, decidida. Até que um clarinete a substitui, adoçando-a numa frase de tal voluptuosidade… Isto não era uma composição de um macaco amestrado. Era música como eu nunca tinha ouvido. Cheia de uma saudade, de uma saudade não realizada. Parecia-me que estava a ouvir a voz de Deus.

Pois é, Ouçam o Adágio da Gran Partita, K. 361. E mais não digo.

W. A. Mozart (1756-1791): Serenatas K. 361 e 375 (de Waart)

Serenade In B Flat, KV 361 “Gran Partita” B-dur En Si Bémol
1 Largo-Allegro Molto 9:45
2 Menuetto – Trio I-II 9:17
3 Adágio 5:41
4 Menuetto (Allegretto) – Trio I-II 5:23
5 Romanze (Adagio – Allegretto – Adagio) 5:49
6 Thema Mit 6 Variationen (Andante) 9:46
7 Finale (Molto Allegro) 3:20

Serenata Em Mi Bemol, KV 375 Es-dur. En Mi Bemol
8 Allegro Maestoso 7:53
9 Menuetto 4:10
10 adágio 5:48
11 Menuetto 3:19
12 Alegro 3:35

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Foto de uma execução da “Gran Partita” em Si bemol maior, KV 361, Serenata nº 10 para doze instrumentos de sopro e contrabaixo de Mozart

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.: intermezzo :. Eric Dolphy: Out There (1960) e Out to Lunch (1964)

.: intermezzo :. Eric Dolphy: Out There (1960) e Out to Lunch (1964)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

É claro que não deveria nunca escrever sobre jazz. Adoro jazz, mas sou muito boêmio. Diferentemente dos eruditos, só ouço os caras de que gosto. Então, meu deus jazzístico é Charlie Mingus — que, dizem, era um compositor erudito que gostava de jazz — , secundado por Ellington, Miles e Dolphy. Os outros, including Coltrane, Parker, Evans e Jarrett, ficam fora de meu Olimpo. É bóbvio que não devo posar de conhecedor. Não pouso, mas indico Dolphy como um grande compositor, improvisador anárquico e originalíssimo que morreu da forma mais estúpida possível a um ser humano.

Sim, ele era diabético. Deu entrada no hospital em coma diabético. Porém, como era músico, os médicos acharam que ele estava drogado e logo voltaria a si. Morreu. Aos 36 anos.

Eric Dolphy tocava saxofone alto, flauta e clarone. Na verdade, foi o primeiro claronista importante como solista no jazz, além de ser dos maiores flautistas do estilo. Em todos esses instrumentos era um improvisador impecável. Nas primeiras gravações, ele tocava ocasionalmente um clarinete soprano tradicional em Si bemol. Seu estilo de improvisação era característico por uma torrente de ideias, utilizando amplos saltos intervalares e abusando das doze notas da escala. Embora o trabalho de Dolphy seja às vezes classificado como free jazz, suas composições e solos possuem uma lógica diferente da dos músicos de free jazz.

.: intermezzo :. Eric Dolphy: Out There (1960) e Out to Lunch (1964)

Out There
1. Out There 6:52
2. Serene 6:58
3. The Baron 2:54
4. Eclipse 2:43
5. 17 West 4:48
6. Sketch Of Melba 4:36
7. Feathers 5:00

Out to Lunch
1. Hat And Beard 8:24
2. Something Sweet, Something Tender 6:03
3. Gazzellioni 7:23
4. Out To Lunch 12:09
5. Straight Up And Down 8:19

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(Os dois discos estão juntinhos por causa do inverno)

Apoie os bons artistas, compre suas músicas.
Apesar de raramente respondidos, os comentários dos leitores e ouvintes são apreciadíssimos. São nosso combustível.
Comente a postagem!

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Antonín Dvořák (1841-1904): Quinteto para piano em lá maior, Op.81 (Bernáthova, Quarteto Janácek)

Antonín Dvořák (1841-1904): Quinteto para piano em lá maior, Op.81 (Bernáthova, Quarteto Janácek)

Um velho (1957) e belo LP da DG com o Quinteto para piano em lá maior, Op.81, de Dvorák, com a pianista tcheca Eva Bernáthová e o Quarteto de Cordas Janácek. O Quarteto Janáček foi fundado em 1947 por Jiří Trávníček, Adolf Sýkora, Jiří Kratochvíl e Karel Krafka, então estudantes do Conservatório de Brno. Neste período se dedicavam à obra do compositor Leoš Janáček, mas mais tarde ampliaram seu repertório. A partir de 1955 iniciaram uma agenda de recitais que os levou a diversos palcos do mundo. Gravaram muitos discos com obras de Janáček, Debussy, Mozart, Haydn, Dvorak e outros, recebendo vários prêmios por suas interpretações, incluindo o Grand Prix du Disque da Academia Charles Cros e o Preis der deutschen Schallplattenkritik. O quarteto nunca foi extinto e ainda está ativo com novos integrantes, claro.

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Dvorák compôs seu Quinteto Para Piano e Cordas nº 2, Op. 81 em 1887 na sua casa de campo, em Vysoka. O Quinteto obteve grande sucesso, sendo hoje reconhecido como uma das obras-primas do gênero.

A abertura é tranquila: o violoncelo desliza sobre o acompanhamento do piano, uma barcarola. Mas esta tranquilidade dá lugar a passagens vigorosas das cordas, às quais se sucedem trechos de grande lirismo. São nessas mudanças de humor que residem os encantos do movimento.

No segundo movimento, intitulado Dumka, também se alternam passagens lentas e rápidas. Essa é uma das formas favoritas do compositor, que também a utilizou em seu famoso Trio para Piano Dumky. O movimento tem a forma de um rondó, A-B-A-C-A-B-A, onde “A” é o refrão elegíaco ao qual se alternam trechos rápidos. Dvorák vai enriquecendo a textura do “A” a cada vez que ele retorna. Os episódios intermediários vão ganhando um crescente contraste com o início e caminhando para o vibrante clímax, uma dumka, a “dança selvagem” como a chamava Dvorák.

O brilhante Scherzo Furiant tem características de uma valsa rápida e de um Furiant, uma dança rápida do folclore da Boêmia. Dvorák usou Furiants em muitos de seus Scherzos escritos nessa época (década de 1880). Aqui, o violoncelo e a viola se alternam em pizzicatos, sob o violino, que toca o tema principal. O trio, mais lento, é uma genial transformação da melodia da abertura do primeiro movimento.

O Finale é espirituoso, alto astral. O segundo violino leva o tema a uma fuga, no desenvolvimento. Dvorák anota tranquillo para a seção central, que tem a forma de um coral. Depois dessa pausa momentânea, a peça gradualmente ganha velocidade e termina, no dizer de um comentarista, “com brilhantes floreios pentatônicos, proféticos do estilo americano de Dvorák”.

Fonte: Clássicos dos Clássicos

Antonín Dvořák (1841-1904): Quinteto para piano em lá maior, Op.81 (Bernáthova, Quarteto Janácek)

I- Allegro, ma non tanto 10min
II- Dumka: Andante con moto 10min53
III- Scherzo (Furiant): molto vivace 4min25
IV- Finale: Allegro 7min

Eva Bernáthová, piano
Quarteto de Cordas Janácek:
Jirí Trávnícek, 1º violino
Adolf Síkora, 2º violino
Jiri Kratochvil, viola
Karel Krafka, violoncelo

DGG LPM 18 379
Gravação 12-02-1957 em Beethoven-Saal, Hannover
Tempo total: 32:18

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F. Schubert (1797-1828): Octeto D. 803 (Academy Of Ancient Music Chamber Ensemble)

F. Schubert (1797-1828): Octeto D. 803 (Academy Of Ancient Music Chamber Ensemble)

Postagem dedicada àquela que foi
a mulher de Schumann,
possivelmente a amante de Brahms,
mas que gosta mesmo é de Schubert.

 

(Notem que o “gosta” da dedicatória está no presente. Quem de vocês conseguirá entender esta dedicatória?)

Concebido como o esboço de uma grande sinfonia, o extraordinário Octeto D. 803 foi escrito durante a primavera de 1824. E realmente o Octeto, com seus inúmeros tutti, tem uma feição um pouco sinfônica, apesar de possuir muitos episódios puramente camarísticos. Mas é uma tremenda música, uma obra que cresce muito, principalmente após o Allegro Vivace.

Poderia postar um septeto agora, né? Talvez o de Beethoven. Ou o de Berwald.

Octeto D. 803 para clarinete, trompa, fagote, quarteto de cordas e contrabaixo

1. Schubert: Octet In F, D 803 – 1. Adagio, Allegro
2. Schubert: Octet In F, D 803 – 2. Adagio
3. Schubert: Octet In F, D 803 – 3. Allegro Vivace
4. Schubert: Octet In F, D 803 – 4. Andante con Variazioni
5. Schubert: Octet In F, D 803 – 5. Menuetto
6. Schubert: Octet In F, D 803 – 6. Andante Molto, Allegro

Academy Of Ancient Music Chamber Ensemble

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Schubert bebendo vinho com amigos. Gravura de Ralph Bruce.

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Augustine Bassano / Jeronimo Bassano / Coprario / Ferrabosco I, Harden / Henry VIII / Holborne / Lassus / Lloyd Marenzio / Vecchi: Viva l’amore – Música dos Séculos XVI e XVII

Augustine Bassano / Jeronimo Bassano / Coprario / Ferrabosco I, Harden / Henry VIII / Holborne / Lassus / Lloyd Marenzio / Vecchi: Viva l’amore – Música dos Séculos XVI e XVII

Mais um belo CD da Opus 111, desta vez focalizado na música inglesa. Confesso que não entendi bem o nome do CD que é inteira e autenticamente inglês. OK, aí tem muito compositor inglês nascido na Itália, mas mesmo assim tudo foi escrito na Inglaterra. É um bonito disco, com os delicados temas sendo levados pelos extraordinários Flanders Recorder Quartet e Toyohiko Satoh (alaúde). É um recomeço delicado de um P.Q.P. Bach pós-férias. Ainda preguiçoso, ele vem com uma música que pensa ser matinal, sem explicar por quê. Enjoy!

Augustine Bassano / Jeronimo Bassano / Coprario / Ferrabosco I, Harden / Henry VIII / Holborne / Lassus / Lloyd Marenzio / Vecchi: Viva l’amore – Música dos Séculos XVI e XVII

1 Pasttime With Good Company
Composed By – Henry VIII
2:01
2 Helas, Madam
Composed By – Henry VIII
3:06
3 Fantasia A5, No.3
Composed By – Jerome Bassano
3:00
4 Let Not Us That Young Men Be
Composed By – Anonymous
1:47
5 Pavan
Composed By – Lodovico Bassano
4:28
6 Madame D’Amours
Composed By – Anonymous
4:58
7 Galliard Passion
Composed By – Anthony Holborne
1:55
8 Pavana Ploravit
Composed By – Anthony Holborne
4:50
9 Galliard Sic Semper Soleo
Composed By – Anthony Holborne
1:18
10 Almaine The Choyse
Composed By – Anthony Holborne
1:33
11 Almaine The Honie-suckle
Composed By – Anthony Holborne
1:32
12 Galliard The Fairie-round
Composed By – Anthony Holborne
1:20
13 Pavin
Composed By – Alfonso Ferrabosco
3:40
14 Di Sei Bassi
Composed By – Alfonso Ferrabosco
3:55
15 Interdette Speranze
Composed By – Alfonso Ferrabosco
3:14
16 Bassano: Pavane 16 A 6
Composed By – Augustine Bassano
2:18
17 Bassano II: Almande 15 A 6
Composed By – Jerome Bassano
1:03
18 Coperario Almande 22 A 6
Composed By – Giovanni Coperario*
1:12
19 Lassus: Mon Coeur Se Recommande A Vous
Composed By – Roland de Lassus
2:02
20 Puzzle-Canon I
Composed By – John Lloyd (10)
2:06
21 Lloyd: Puzzle-Canon II
Composed By – John Lloyd (10)
1:58
22 Nel Piu Fiorito Aprile
Composed By – Luca Marenzio
1:22
23 Phancy
Composed By – Edward Blanks*
2:32
24 Saltavan Ninfe, Satiri E Pastori
Composed By – Orazio Vecchi
1:31
25 Harden: A Fancy I
Composed By – James Harding (3)
3:36
26 Harden: A Fancy II
Composed By – James Harding (3)
3:21

Flanders Recorder Quartet
Bart Spanhove
Paul Van Loey
Joris Van Goethem
Fumihari Yoshimine
and with
Peter van Heyhen,
Geert van Gele,
Katherine Rooman

Capilla Flamenca
Katelijne Van Laethem – Soprano
Marnix De Cat – Countertenor
Jan Caals – Tenor
Jan Van Elsacker – tenor
Lieven Termont – Baritone
Dirk Snellings – Bass
Toyohiko Satoh – Lute
Philippe Malfeyt – Lute

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Os meninos do Flanders Recorder Quartet

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