Qual é o tamanho de um disco?
Esta é a primeira postagem que faço neste Blog, que já faz parte do meu dia-a-dia há muito tempo! Passar a fazer postagens é um grande passo para mim. A possibilidade de compartilhar o amor pela música desta maneira, me dá muitas alegrias! Agradeço a forma fraterna e encorajadora que fui aqui recebido! Bem, aqui vamos nós…
O disco desta postagem fere dois princípios gerais da indústria fonográfica. O Princípio da Integralidade – integral das sinfonias de Mahler, integral das sonatas para piano de Beethoven, integral dos quartetos de Schubert…
Aqui temos um disco com a Sinfonia No. 4, em si bemol maior, Op. 60, de Beethoven. Só isto. Tudo isto! O disco não faz parte de algum ciclo gravado pela orquestra tal sob a batuta do regente fulano de tal.
O segundo princípio que o disco agride é o Princípio do Contrapeso. Como os CDs foram idealizados para uma “nona sinfonia”, para que ele seja economicamente atraente, deve conter uns setenta ou mais minutos de música gravada. É por isso que vemos tantos CDs com um contrapeso além da peça principal. Uma espécie de lado B virtual, uma vez que o CD tem apenas um lado.
Nada disso aqui. Nada de appetizer ou sobremesa, apenas o main course – o prato principal!
O livreto (apenas um folderzinho) com duas folhas nos conta que a gravação foi feita ao vivo, no dia 3 de maio (Im wunderschönen Monat Mai) de 1982. Lembremos que no hemisfério norte, maio é o mês da primavera (Früling, já du bist’s!).
Vejam, Quarta Sinfonia, não uma de número ímpar, Eróica ou Sétima. Para agravar ainda mais, nada de repetição no primeiro movimento. Mas, amigos, que disco destamanho! Baita disco! Carlos Kleiber é lenda, dispensa apresentações – mas vale a pena lembrar, nada afeito a gravações. Dizem as más línguas, o homem só entrava no estúdio quando a geladeira estava vazia.
Por que um disco de pouco mais de trinta minutos é tão imenso? Veja a explicação nas palavras do próprio maestro, expressas no livreto:
“Para mim, autorizar uma gravação é normalmente um horror. Mas, a performance da Bayerisches Staatsorchester tornou a aprovação desta gravação ao vivo, um prazer pessoal. Não poderíamos e não queríamos usar qualquer truque de embelezamento ou mínima correção neste retrato aural (snapshot) de uma performance. (…) Para aqueles que têm um ouvido para a vitalidade, há coisas aqui que nenhuma orquestra pode tocar tão fervorosamente e com tanto prazer ou tão inspirada e deliciosamente como esta orquestra naquele dia.
Vielen Dank!”
C Kleiber.
Eu diria que a orquestra tocou febrilmente naquele dia de primavera! Portanto, aperte o cinto na cadeira ou no sofá, aumente o volume, delicie-se e redescubra esta inesquecível quarta. Se achar o disco curto, toque de novo, sem problemas!
Sinfonia No. 4, em si bemol maior, Op. 60
- Adagio – Allegro vivace
- Adagio
- Menuetto. Allegro vivace
- Allegro ma non tanto
Bayerisches Staatsorchester – Carlos Kleiber
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FLAC | 146 MB
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MP3 | 74,7 MB
Até a próxima!
René Denon