Uma joia, uma maravilha esse CD. Música moderna do melhor nível. Fiquei entusiasmado com a qualidade do que ouvi e dos reconhecimentos que fiz. Ouvi My favorite things distorcida em meio às belas invenções desse Hartke. Não sabia nada acerca do autor e fui ver se havia alguma notícia biográfica ou entrevista do sujeito. Encontrei e a qualidade do ser humano não nega sua música. Um postura impecável frente à religião e… Bem, copio abaixo a entrevista e peço para vocês prestarem atenção a sua resposta para a pergunta de número 12.
Hartke is one of the most exciting contemporary composers, writing orchestral and chamber music that blends the most experimental aspects of concert music with simpler elements of folk songs, and the comprehensible structures of song forms. Listen to his piece “The King of the Sun.”
1. What’s the first piece of music you listened to today?
The sound of finches dive-bombing the windows of my house to pick off the moths that had taken refuge on the glass during the night. I know this sounds rather like a John Cage sort of answer, and, to be honest, I don’t have much use for John Cage. The fact is, I don’t listen to recorded music every day. I rather think we hear too much music nowadays, and it ceases to be special. When I was younger, I certainly did listen to recordings a lot, and attended far more concerts, but now I’m more inclined to sit quietly and remember pieces or to flip through a score or play something. Later this morning, after the finch attack was over, I played through a couple of the Bach English Suites and a few Scarlatti sonatas.
2. What are your vices?
My musical vices include a fondness for unison orchestral doublings of flutes, oboes and clarinets. Some folks think I am overfond of natural harmonics in the strings, but there’s no twelve-step program for that (most string instruments can’t get past the eighth step partial anyway). I also take perverse and anachronistic delight in the vibraphone with the motor on.
3. What is one of your prejudices?
I heartily dislike popular culture, especially rock and roll.
4. In what way do you think music has the ability to change the way people live their lives?
This question suggests that you think that such an ability might be a good thing. I’m not so sure. Music makes life worth living, but I don’t know if it is because it might have a power to change someone’s life. Certainly most music written with a political purpose does not achieve its aim. The Three-Penny Opera was intended as a work of musique-engagee and was tremendously successful as a work of musical theater, but it did nothing to alter the course of German political or social life, more’s the pity.
5. At what age did you first feel distrust?
At the age of 54 when I was first posed this question by you.
6. What is the best piece of music you’ve ever created, in your opinion?
My favorites shift according to my mood and my ever-evolving perspective as I write more. However, at the moment I’m inclined to say “Cathedral in the thrashing rain.”
7. Right now, how are you trying to change yourself?
By relaxing.
8. If you had the time, what else would you do?
Learn a few more languages.
9. What social cause do you feel the most strongly about (negative or positive)?
Bringing an end to all superstition and releasing mankind from the thralldom imposed by religion.
10. What are your fears?
That religionists will hasten the demise of life on this planet through their vainglorious belief that the world was created for them by some sort of uber-parent.
11. What is your favorite joke (tasteful or tasteless)?
A nice old lady meets a 9-year old child and starts an innocent little chat. “What do you want to be when you grow up?” she asks. The kid replies: “A dry-cleaner.”
12. Who is your favorite author?
Joaquim Machado de Assis
13. What is your favorite movie?
Fellini’s Eight and a Half
14. Favorite album(s) from the last few years?
The Complete Sacred Music of Henry Purcell (Hyperion)
15. What would you like to know more about?
Just about everything.
16. What is one thing you would like to do/see/accomplish before you die?
I’d like to visit Japan.
.oOo.
Stephen Hartke (1952):
The Horse with the Lavender Eye – Piano and Chamber Music
The Horse with the Lavender Eye (1997)
Episodes for Violin, Clarinet and Piano
1 I Music of the Left. Left-handed
2 II The Servant of Two Masters. Quite manic
3 III Waltzing at the Abyss. Gingerly, but always moving along
4 IV Cancel My Rumba Lesson. Two Left Feet
Selections from ‘Post-modern Homages’ (1984-92)
for Piano
5 Sonatina-Fantasia (1987). Giubilante
6 Gymnopédie No. 4 (1984). Suave
7 Template (1985). Presto
8 Estudo-Scherzo (1992). Presto-leggiero
9 Sonatina DCXL (1991). Boppin’ along
Sonata (1997-98)
for Piano
10 I Prelude. Massive
11 II Scherzo. Epicycles, Tap-dancing, and a Soft Shoe. Deft and lively
12 III Postlude. Floating
The King of the Sun (1988)
Tableaux for Violin, Viola, Cello and Piano
13 I Personage in the night guided by the phosphorescent tracks of snails. Stealthily
14 II Dutch interior. Phantasmagorical
15 III Dancer listening to the organ in a Gothic cathedral. Granitic
16 Interlude. Tempo of Movement I
17 IV The flames of the sun make the desert flower hysterical. Fiery
18 V Personages and birds rejoicing at the arrival of night. Quietly energetic, with an air of innocence
Richard Faria: clarinet
Xak Bjerken: piano
Ellen Jewett: violin
Los Angeles Piano Quartet
PQP
Conheci seu site somente hoje e fiquei deliciado.
Parabens pelo conteúdo e mais ainda pelo seu
espirito de compartilhar conhecimentos.
Muito obrigado e continue assim.
Parece bom! Adoro música moderna… vou baixar!
Também conheci há pouco tempo (uns 2 meses) o seu site e passo por aqui om frequência. E um gringo, ateu e amante de Machado de Assis, porra, tive que baixar o som dele. Parabéns novamente!
Vou na sua dica, tive boa impressão do cara. Agora só falta ouvi-lo.
Muito interessante a entrevista, vou baixar o álbum.
Adoro ficar passeando pelo site!
Até mais.
Gostei que o moço gosta do Machado XD!
Vou ouvi-lo, sim!
Não ouço muito música contemporânea, mas depois da resposta número 12 me sinto obrigado à baixar esse CD.
Conheci o Stephen Hartke na década de 80. Ele morou em São Paulo e foi professor visitante da USP. Ele fala protuguês fluentemente. Infelizmente, não compactuamos das mesmas visões estéticas, mas o considero um compositor notável. Na época, ele esteve em BH fazendo um seminário sobre composição na Fundação de Educação Artística, o qual acompanhei como aluno. Ele chegou lá detonando a música de vangurada européia. Chegou dizendo que ele e outros compositores é que tinham composto a Sinfonia, do Luciano Berio, e que o Berio nem sabia música muito bem…Naturalmente, foi odiado por todos. Ninguém quis saber de sua música por lá. Mesmo em SP, ele não conseguiu muitos adeptos às suas idéias neo-românticas. Muitos anos depois, ele ganhou um concurso de composição da BBC e se tornou bem conhecido na cena internacional. Essas obras postadas são bem mais interessantes que as que ele mostrou lá na década de 80.
Nossa. Quanta ingenuidade e ignorância em uma só entrevista. Ninguém é obrigado a seguir uma religião nos estados democráticos ocidentais modernos, mas os idealistas revolucionários ainda querem abolir as religiões? Numa democracia? O Cristianismo é certamente uma praga civilizatória e cultural, não? Ainda bem que possuímos as elites ilustradas da pequena burguesia para livrar os trabalhadores ignorantes deste ópio! Façam-me o favor. Hipocrisia tem limites.
Outras ingenuidades: há arte que não seja engajada? Há alguma relação entre ética e arte?
Entendi! Como seu escritor favorito é Machado de Assis, toda a entrevista não passa de uma grande peça de ironia — ao modo das finíssimas ironias dos contos do mestre — com que os totalitários docemente se identificam. Ufa! 🙂