Para um brasileiro, é complicado caracterizar o Madredeus. O grupo está posicionado entre o erudito e o popular, mas jamais na posição e breguice que tantas vezes assola o prog rock. Aliás, está muito longe do prog rock porque é 100% acústico, explora canções relativamente curtas e é tudo tranquilo e sem bateria. New age? De jeito nenhum. Para mim, está quase dentro do fado, mas também com um pé fora. É folclórico? Sim, sem dúvida. O nome do grupo assusta um ateu como eu, mas há razões para o nome; as canções parecem antigas, mas são inovadoras; as letras são antiquadas; a cantora (fantástica) é quase uma cantora lírica, das que hoje cantam música barroca. Adorei ouvir este CD quando de seu lançamento e, ao voltar a ouvi-lo, noto que ele não perdeu seu encanto. O grupo formado em 1985 acabou em 2010 e é famoso no mundo inteiro. Seus fundadores foram Pedro Ayres Magalhães (guitarra clássica), Rodrigo Leão (teclados), Francisco Ribeiro (violoncelo) falecido em Setembro de 2010, Gabriel Gomes (acordeão) e Teresa Salgueiro (voz). Magalhães e Leão formaram o grupo em 1985, Ribeiro e Gomes juntaram-se a eles em 1986. Na sua busca por uma vocalista, descobriram Teresa Salgueiro numa casa noturna de Lisboa, quando cantava alguns fados numa reunião informal de amigos. Teresa foi convidada para uma audição e aí surgia o grupo, o qual ainda não tinha um nome. A proposta inicial era a de uma oficina criativa, à qual todos os músicos levariam suas ideias e comporiam em conjunto os temas e arranjos. Em 1987, o local de trabalho do grupo, o Teatro Ibérico (antiga igreja do Convento das Xabregas, num bairro de Lisboa chamado Madredeus) serviu de estúdio de gravação para mais de quinze temas reunidos à época em um LP duplo, depois convertido para o formato de CD. Chamaram-no de Os Dias da MadreDeus e daí viria o nome do grupo. O caráter inovador do álbum fez com que os Madredeus se tornasse um fenômeno instantâneo de popularidade em Portugal na época. Wim Wenders, impressionado com a música do grupo, tinha-os convidado para musicarem um filme sobre Lisboa, chamado Lisbon Story (no Brasil, O Céu de Lisboa), do qual o grupo participou também como personagens. A trilha sonora deu ao grupo ainda maior projeção internacional. Este CD, O Paraíso (1997) é mais ou menos desta época e traz canções lindas como Haja o que houver, Não muito distante e outras. Vale muito a pena ouvir.
Madredeus: O Paraíso
1 Haja O Que Houver 4:30
2 Os Dias São À Noite 4:31
3 A Tempestade 5:14
4 A Andorinha Da Primavera 3:04
5 Claridade 5:25
6 A Praia Do Mar 3:25
7 O Fim Da Estrada 3:53
8 Agora (Canção Aos Novos) 9:23
9 À Margem 4:43
10 Carta Para Ti 3:49
11 Coisas Pequenas 5:25
12 Não Muito Distante 4:10
13 O Sonho 5:07
14 O Paraíso 6:49
Acoustic Bass – Fernando Júdice
Classical Guitar – José Peixoto, Pedro Ayres Magalhães
Lyrics By, Music By – Pedro Ayres Magalhães (faixas: 1, 2, 8, 9, 11 to 14)
Synthesizer – Carlos Maria Trindade
Vocals – Teresa Salgueiro

PQP