Beethoven (1770 – 1827): Sonata para Piano No. 29 “Hammerklavier” – An die ferne Geliebte – Nobuyuki Tsujii (piano) ֎

Touching the sound

O segundo B no panteão pqpbachiano…

Este é o disco de estreia do artista para o selo amarelo e traz um repertório impactante – a Hammerklavier – acompanhada do ciclo de canções An die ferne Geliebte, transcrito para piano. Beethoven e o selo amarelo vão de mãos dadas, mas o pianista chama a atenção, mesmo não sendo mais uma surpresa, pois que o sorridente rapaz da foto da capa já está no circuito musical há um bom tempo.

Nobuyuki Tsujii, Nobu, como é chamado, nasceu cego e foi encontrado pela música bem cedo. Seu feito mais notável foi ter arrebatado o Concurso Van Cliburn em 2009, assim como os corações da audiência e dos jurados, como foi o caso de Menahen Pressler.

Há grandes músicos que nasceram cegos o que ficaram cegos ao longo da vida, mas quando pensamos no dia-a-dia deles não deixamos de nos perguntar como conseguem suplantar tal obstáculo. Cada caso tem suas próprias peculiaridades e a mente humana pode ter muitos outros caminhos além dos habituais para chegar onde realmente quer.

No caso de Nobu, ele aprendia as partituras das músicas escritas em Braile, mas era um processo lento. Seu professor passou a gravar em tape cada parte da música – mão esquerda, mão direita – num processo bem técnico. Isso encurtou o tempo para que ele ‘aprendesse’ a música que passava a interpretar, com seus dons e sua própria sensibilidade.

Para o caso de música com orquestra, ele explica de maneira natural, que se deixa levar pela atmosfera que o cerca e que até os sons da respiração do maestro lhe serve de guia.

Se você tiver tempo e interesse, há muita informação sobre Nobuyuki na internet, mas o documentário ‘Touching the Sound’, da PBS, é particularmente revelador. [aqui]

Eu confesso não ter grande afinidade com a música de Franz Liszt, mas alguém que tem amor pelas canções (Lieder) assim como é o meu caso, merece grande consideração. Essa transcrição do ciclo de canções do grande Ludovico, na interpretação do Nobuyuki ficou supimpa. E a Hammerklavier está ótima. O grande movimento lento não está tão lento assim como em certas famosas interpretações, mas tem a concentração e o afeto que a coloca lá bem no alto.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

An die ferne Geliebte, Op. 98
Arr. Liszt for Solo Piano as S. 469
  1. Auf dem Hügel sitz ich, spähend (2:27)
  2. Wo die Berge so blau (1:58)
  3. Leichte Segler in den Höhen (1:38)
  4. Diese Wolken in den Höhen (1:04)
  5. Es kehret der Maien, es blühet die Au (2:20)
  6. Nimm sie hin denn, diese Lieder (4:10)
Piano Sonata No. 29 in B-Flat Major, Op. 106 “Hammerklavier”
  1. Allegro (11:33)
  2. Scherzo. Assai vivace – Presto (2:45)
  3. Adagio sostenuto, appassionato e con molto sentimento (17:34)
  4. Largo – Allegro – Allegro risoluto (11:46)

Nobuyuki Tsujii, piano

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MP3 | 320 KBPS | 132 MB

Nobuyuki, que decora cada partitura por conta de sua cegueira, comentou sobre a natureza assustadora do Hammerklavier: “É um trabalho tão longo que é muito difícil manter a concentração. Passei muito tempo me preparando para a gravação… tornando a música minha. … Quanto mais você toca, mais profundamente você a sente. Há aspectos da experiência de Beethoven que se sobrepõem à minha — ele perdeu a audição, mas ainda assim escreveu peças maravilhosas e muito difíceis como esta sonata. Então trabalhei nela com grande respeito.”

Tsujii é reverenciado tanto pela pureza e beleza de suas notas quanto por sua excelente técnica de execução, mas em vez de permitir que sua própria personalidade musical domine, ele busca fielmente expressar as profundezas e complexidades atraentes de qualquer obra-prima que esteja tocando. Mais do que tudo, ele encontra alegria em compartilhar a música com seu público, e isso realmente transparece em suas performances. Essa franqueza o torna tão amado por públicos de todas as nações. “Eu amava me apresentar para as pessoas quando era muito jovem, e essa paixão nunca vacilou. Sempre que toco, tento o meu melhor para ser um com o público.”

Aproveite!

René Denon

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