Envolvido com outras questões, como os 200 anos de nascimento de Wagner, e, principalmente, com os problemas que estou tendo com minha operadora de telefonia, esqueci que um dos compositores favoritos do blog, Johannes Brahms, completaria hoje 180 anos de idade. Sim, o bom e velho Johannes está de aniversário.
O filósofo alemão Ernst Bloch, em sua obra “O Espírito da Utopia” faz a seguinte observação sobre a música de Brahms:
“Ele tem colorido: seu som orquestral tem sido comparado, não desfavoravelmente, á terra das urzes do norte da Alemanha, que de longe aparece como uma larga,monótona extensão, mas cujas cinzas, quando penetramos, subitamente se dissolvem numa miríade de pequeninas flores e partículas de cor”.
Malcolm McDonald, em sua excelente biografia de Brahms, de onde também tirei esta citação de Bloch, obrigatória para os apaixonados pela obra do compositor, assim inicia o prefácio dessa biografia:
“Brahms tinha uma forte consciência da importância de sua música, mas era menos seguro quanto a vir esta a ser entendida pela posteridade. Nos seus momentos de mais melancolia predisse que se tornaria um “mestre desprezado” e suas obras apenas um privilégio de especialistas, com as de Cherubini, que tanto admirava. Ficaria surpreso, e até um tanto constrangido, ao saber que desde sua morte nada chegou de fato a prejudicar o seu prestígio popular como um dos mestres supremos da música européia. Algumas obras podem ser menos ou mais queridas, mas de um modo geral em suas composições se mantém comodamente na principal vertente dos gêneros que ele mais enriqueceu: orquestral, de câmara, para piano, canções. (…).”
Em diversos momentos aqui no PQPBach demonstramos nossa afeição por esse gênio da música ocidental. A homenagem que ora faço, mesmo modesta, é de coração.Todos os que acompanham o blog há algum tempo sabem a admiração que tenho pelos concertos para piano do compositor, considero inclusive o segundo como o principal e melhor concerto já composto para o instrumento. E para prestar esta homenagem, resolvi trazer uma das melhores gravações que possuo, a que Emil Gilels realizou para a Deutsche Grammophon, acompanhado por Eugen Jochum, que rege a Filarmônica de Berlim. Definitivamente, trata-se de uma batalha de gigantes, onde não existem vencedores ou vencidos, apenas nós, meros e mortais ouvintes, que ficamos embevecidos com tamanha precisão, concisão e genialidade demonstradas por todas as partes envolvidas.
Sugiro também a leitura do blog de Milton Ribeiro, que ainda agora pouco, postou um belo texto em homenagem à data: http://miltonribeiro.sul21.com.br/2013/05/07/e-johannes-brahms-faz-180-anos.
Uma boa audição.
CD 1
01 Piano Concerto No. 1 in D minor, Op. 15- Maestoso
02 Piano Concerto No. 1 in D minor, Op. 15- Adagio
03 Piano Concerto No. 1 in D minor, Op. 15- Rondo
CD 2
01 Piano Concerto No. 2 in B flat major, Op. 83- Allegro non troppo
02 Piano Concerto No. 2 in B flat major, Op. 83- Allegro appassionato
03 Piano Concerto No. 2 in B flat major, Op. 83- Andante
04 Piano Concerto No. 2 in B flat major, Op. 83- Allegretto grazioso
05 Fantasias (7) for piano, Op. 116- No. 1 ‘Capricio’ in A minor
06 Fantasias (7) for piano, Op. 116- No. 2 ‘Intermezzo’ in A minor
07 Fantasias (7) for piano, Op. 116- No. 3 ‘Capriccio’ in G minor
08 Fantasias (7) for piano, Op. 116- No. 4 ‘Intermezzo’ in E major
09 Fantasias (7) for piano, Op. 116- No. 5 ‘Intermezzo’ in E minor
10 Fantasias (7) for piano, Op. 116- No. 6 ‘Intermezzo’ in E major
11 Fantasias (7) for piano, Op. 116- No. 7 ‘Capriccio’ in D minor
Emil Gilels – Piano
Berliner Philharmoniker
Eugen Jochum – Conductor
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
FDPBach
Parabéns pelos textos e obrigado pela magnífica postagem. Ouço essas peças desde adolescente. Sou fã de Gilels e cada vez mais de Jochum cujas gravações de Bruckner (DGG) me alucinam. Admiro as interpretações de Nelson Freire e Leon Fleischer, mas sou devoto da leitura de Rubinstein. Agora é conferir se Paul Lewis (que veremos em junho com a OSESP) entra nesse time de craques. Obrigado outra vez.
WOW! Essa gravação dos concertos com o Gilels e Jochum são um espetáculo. Minha gravação preferida dessas obras.
Até que enfim encontrei alguém que também considera o concerto n°2 para piano de Brahms como o melhor de toda a literatura musical. Para mim, isso é indiscutível, mas quase sempre ficam com os de Beethoven, o Imperador, particularmente. De fato, essa execução aqui é uma das melhores. Bem, também fiz, na forma de poesia, minha homenagem a Brahms, meu compositor favorito, Se interessar, aqui: http://artedofim.blogspot.com.br/2013/05/johannes-brahms-180-anos.html
Já eu prefiro o primeiro de Tchaikovsky, pra mim é o mais belo de todos. Mas acho que não é indiscutível, não; gosto e opiniões sempre em geral geram discussões ou debates. Mas é claro que não podemos menosprezar a genialidade desse grande mestre que Brahms foi.
Embora as artes sejam infensas a “rankings”, costumo dizer que, pela grandiosidade da obra (enorme parte da qual perdida), JS Bach certamente foi o maior de todos os compositores e forte candidato ao título de maior artista. Mas o compositor mais próximo ao meu coração é, justamente, Brahms, pela presença, nele a na obra, de uma seriedade artística, de uma busca pela perfeição arquitetônica, que deita fora a prioridade conferida, sobretudo no Brasil, ao epíteto de “gênio”, que se aplica a quem se sobressaia um pouquinho nas artes. Brahms não foi esse gênio “fácil”, “espontâneo”. Não é possível se discordar de quem aponte esta ou aquela das suas obras como as melhores. Faço, então, uma mera lembrança: a do ‘Trio para piano, clarineta e violoncelo, opus 115’, um típico Brahms, simplesmente sensacional.
Desculpem-me, por favor. O “Trio” a que me referi, no meu comentário, é Opus 114. O Opus 115 é o divino “Quinteto para clarineta e cordas’, do qual aquele “Trio” parece ser um prefácio. Mas, que prefácio!
Desculpem-me, novamente, mas é aquela história: em tema de Brahms, a gente começa e não para mais. Lembro, aqui, uma gravação genial do 2º Concerto para piano. A de Sviatoslav Richter com a Sinfônica de Chicago, regida por Erich Leinsdorff. O ‘tempo” talvez tenha sido um pouco mais rápido do que o de outras versões (o que era mais comum na época), mas foi uma combinação muito feliz de intérpretes, pois Richter veio da então URSS especialmente para fazer essa gravação (a sua primeira no Ocidente) e Leinsdorff teve, de repente, que substituir o titular, Fritz Reiner, que havia adoecido.
Gosto muito do 1º concerto para piano do Brahms, é na minha opinião um dos melhores atrás apenas do 2º do Rachmaninov e na frente do 1º do Tchaikovsky.
Já ouvi a interpretação de Gilels do 1º concerto de Brahms, achei fantástica, mas como a primeira impressão é sempre a que fica, sou apaixonado pela interpretação da Helene Grimaud.
De qualquer forma quero ouvir a interpretação do 2º concerto, obrigado pela postagem.
Tudo que Brahms compôs eu gosto. Tudo que Jochum regeu eu gosto. Tudo que Gilels executa eu gosto.
Logo, impossível não gostar da postagem!
Pessoal, deem uma olhada em uma transcrição para piano e orquestra do Concerto em D para violino. Está incmpleto. O pqpbach poderia nos ceder o file completo?
http://www.youtube.com/watch?v=dFsGPLScYM4&lc=XAqbjKEVQBAA1PwEZkZ-I3sBQvn9vaR0riq2NQ_d-Ls