Pois bem, mais um Strauss, desta vez sua “Symphonia Domestica”, e sempre com a regência de Neeme Järvi frente à Scottish National Orchestra. Além dessa obra, o cd também traz “Till Eulenspiegels lustige Streiche”, além de duas canções, sempre interpretadas por Felicity Lott.
Assim a Wikipedia descreve a “Symphonia Domestica”:
“The program of the work reflects the simplicity of the subject-matter. After the whole extended family (including the aunts and uncles) has been introduced, the parents are heard alone with their child (indeed, originally this section was labelled “parents’ happiness”, “child’s games”, “cradle song” and “the clock strikes 7pm”). The third section is a three-part adagio which begins with the husband’s activities. This is followed by “a love scene” which segues into “dreams and worries” for the child. The clock striking 7am launches the finale. This sees itself through to an “awakening” passage, followed by “a lively row” which ends with “making up” and “happy conclusion of the stormy family scene”.”
Para o “Till Eulenspiegel” eis a análise da mesma Wikipedia:
“The work opens with a ‘Once upon a time’ theme, with solo horn bursting in with two repetitions of the first Till theme. The theme is taken by the rest of the orchestra in a rondo form (which Strauss spelled in its original form, rondeau), and this beginning section concludes with the tutti orchestra repeating two notes, along the lines of a child’s “ta da!”. The clarinet theme is heard next, suggesting Till’s laughter as he plots his next prank. The music follows Till throughout the countryside, as he rides a horse through a market, upsetting the goods and wares, pokes fun at the strict Teutonic clergy, flirts and chases girls (the love theme is given to soli first violin), and mocks the serious academics.
The music suggesting a horse ride returns again, with the first theme restated all over the orchestra, when the climax abruptly changes to a funeral march. Till has been captured by the authorities, and is sentenced to beheading for blasphemy. The funeral march of the headsman begins a dialogue with the desperate Till, who tries to wheedle and joke his way out of this predicament. Unfortunately, he has no effect on the stony executioner, who lets fall the ax. The D clarinet wails in a distortion of the first theme, signifying his death scream, and a pizzicato by the strings represents the actual execution. After a moment of silence, the ‘once upon a time’ theme heard at the beginning returns, suggesting that someone like Till can never be destroyed, and the work ends with one last quotation of the musical joke.”
Richard Strauss (1864-1949) – Symphonia Domestica, Till Eulenspiegel, Two Songs
01 – Symphonia Domestica. I – Introduction
02 – Symphonia Domestica. II – Scherzo
03 – Symphonia Domestica. III – Adagio
04 – Symphonia Domestica. IV – Finale
05 – Symphonia Domestica. V – Epilogue
06 – Till Eulenspiegels lustige Streiche
07 – Zueignung
08 – Die heiligen drei Könige aus Morgenland
Felicity Lott – Soprano
Scottish National Orchestra
Neeme Järvi – Conductor
FDP Bach
Como posso mandar um cd pra ser postado?
Abraço
Parabéns!
Excelente postagem.
Strauss é simplesmente magnífico.
Abraços.
Rafaela, pode mandar para o email pqpbach@gmail, mas vou lhe avisando que não damos garantias de que vá ser postado. COmo bem sabe, nosso SAC é muito ruim…
gosto muitíssimo de Richard Strauss. Ele consegue transmutar grandiosidade e reverências das situações humanas mais banais.Por isso é que peço em grnde estilo a postagens de duas maiores grandezas: Dom Quixote e Assim Falou Zaratustra,pois em nenhum outro lugar eu encontro e só nesse blog formidável poe ocorrer esses milagres… valeu!!!
Bruno, o Zaratustra e o Don Juan virão logo, logo. Basta aguardar.
Quando ouvimos Beethoven, Mozart, Mahler etc., sabemos que se trata de uma música universal; há elementos comuns entre esses compositores, isto é óbvio. Mas, certamente, há qualidades individuais inegáveis, coisas íntimas que levam o ouvinte a criar empatia por esses compositores. O que quero dizer é que são as particularidades “íntimas” de uma música que nos faz gostar de uma em detrimento à outra. Quando ouço Strauss vejo sim uma música universal, estilisticamente consciente, sensata… e só isso. Não vejo um compositor ali, não acho onde é que está a marca registrada (se me permitem) do autor. É uma música grandiosa, uma orquestração invejável, uma idéia inteligente, mas, parece-me, um continuísmo pobre de seus antecessores e contemporâneos. O sentimento que tenho ao ouvir o Sr. Strauss é de que em seguida à audição é preciso compensar os minutos de ensaio com algo pronto. Aí logo aparece um bartok ou até um shostakovich. Ah, Freud!
Dostoievsky, escrevi certo? Bem, você conseguiu captar nas criações da Strausss ,algo que eu sinto também. Sua música revela o “cansaço” das tradições e uma repugnância em aceitar o novo.Percebe-se usso nos poema sinfônico “Metarmofoses”. A coisa “íntima” que você percebe parace essa tradição que nas composições captamos um certo tédio, desgaste,algo que quer ganhar vida mas logo desfragmenta-se… em comfronto com o “novo”.
Puxa, Dostoievsky. Você pode acusar Strauss de tudo, menos de falta de estilo, de “marca registrada”. Escutar um ou dois compassos de peças como “Till Eulenspiegel” ou “Don Juan” (aliás, duas obras-primas!) já é o suficiente para reconhecer o compositor.
Dois causos para contar. Certa vez, ouvia rádio no banho. Quem tentou já sabe – no chuveiro é difícil ouvir música. Começou a tocar um concerto para oboé. O som era meio mozartiano, mas o veredicto foi instantâneo: “é Strauss até embaixo d’água!”. Dito e feito.
O segundo causo é uma frase de Solti, grande straussiano que foi: a música de Strauss é tão bonita e tão bem orquestrada que mesmo mal executada soa belíssima. E é verdade!
Caro Dostoievsky, desculpe a demora em responder, ando muito ocupado ultimamente. mas o nosso colaborador Villalobiano já praticamente colocou o que eu iria responder: a música de Richard Strauss tem sim sua marca registrada, e ela está presente em todas as suas obras. O Bruno Lopes também tocou num ponto importante, quando fala em cansaço das tradições. Vejo a música de Strauss como a superação desta tradição,principalmente romântica, mas ainda com um pouco de receio de encarar o novo. Adoro o Dom Quixote, princpalmente os “diálogos” do violoncelo com a orquestra, creio que é nestes momentos mais líricos que ele nos mostra sua outra face, ou seja, a busca daqueles elementos “antigos” para se contrapor a este “novo” ainda não tão bem definido.
realmente explicar o que quis dizer por ausência de identidade em Strawss não é uma tarefa muito fácil. mas em palavras insuficientes, quero dizer que de modo algum digo que strawss não é reconhecível mesmo à longa distância de um chuveiro ligado. concordo que ele trás sua face, seus elementos pessoais de orquestração e estrutura musicais. mas a identidade que primeiramente reconheço em sua música é de uma música claudicante. veja, não digo investigativa ou ansiosa, mas claudicante. não me parece que as tentativas do compositor e o receio do novo sejam elementos que trouxeram à arte dele os mesmos efeitos que trouxeram a outros compositores como beethoven e schoenberg, por exemplo. nesses compositores a dúvida, a busca, o anseio de se libertar das tradições resultaram numa arte sempre mais profunda, as dúvidas e ousadias traduzindo-se em novos elementos musicais, não em dúvidas estruturais e expressivas. falar de dúvida numa música é diferente de deixar que ela se transmita ao ouvinte alheia a vontade do autor. é isso que sinto em strawss. não apenas nele, mas em vários outros compositores que não conseguiram transformar suas ambições em elementos totalmente absorvidos nos elementos tradicionais que possuiam. se é que estou me expressando bem. há, evidentemente, grandes idéias em strawss. mas elas são evidentes demais, são sobressalentes em sua obra. isso é muito triste a um artista, em minha opinião. ainda penso que as orquestrações grandiosas de suas obras tendem a ocultar muitas dessas “deficiências”. mahler me parece bem convincente em suas orquestrações malucas. tirando uma ou outra obra, no geral sua estrutura musical recebe bem a instrumentação. mas me parece que strawss simplesmente forjou uma orquestração sem observar seriamente as linhas musicais. há momentos em sua obra que sinto estar ouvindo um monte de instrumentos apenas. bem, amigos, é isso. contudo não perco noites de sono por causa disso. quero agradecer pelos comentários pertinentes.
Entendo perfeitamente seu ponto de vista, dostoievsky,e o admiro por ter conseguido expressar em palavras algo tão complexo. Sinta-se a vontade para continuar opinando sobre nossas postagens, o espaço é livre e democrático para todos.
muito obrigado pela consideração. acho que todo amante de música também é afeito a uma boa discussão estética, não é mesmo? acho que essas discussões enriquecem bastante a percepção musical. sou novo participante desta comunidade e digo que estou gostando demais da qualidade das postagens e também dos textos que as acompanham. muito informativos e de bom humor.
Valeu seus comentários, Dostoiévsky, pois ao escutarmos música clássica ,devemos perceber, auscultando a música, qual a impressão que ela nos deixa. O que te comuniquei ,é o que eu sinto quando ausculto Strauss, os insntrumentos da orquestra se “arranhando” mas na harmonia.