Zemlinsky: Die Seejungfrau, Psalm XIII, XXIII – Chailly [link atualizado 2017]

Mais um compositor para os arquivos do PQP: Alexander von Zemlinsky (1842-1942), nascido em Viena e emigrado para os EUA, onde morreu durante a 2a. Guerra

Tenho sido aqui defensor dos compositores oprimidos e esquecidos, e este não foge à regra: na mesma linha de Hans Rott (embora mais velho), Zemlinsky também foi um compositor extremamente representativo no pós-romantismo alemão que antecedeu imediatamente a Segunda Escola de Viena, sendo também um professor destacado, que teve entre seus discípulos Schoenberg (de quem era cunhado) e Korngold.

Teve uma amizade de amor e ódio com o casal Gustav e Alma Mahler: Alma, em seu diário, conta que, antes de se casar com Mahler, foi cortejada por Zemlinsky, e, apesar de admirá-lo musicalmente, repudiou-o por ser feio como um gnomo (ela dizia: “ele não tem queixo!”). Manteve, por conta disso, certa inveja psicológica em relação a Mahler, chegando mesmo a escrever obras para concorrer com as de seu rival: sua Sinfonia Lírica, por exemplo, é a resposta ao Das Lied von der Erde. Enquanto esta é musicada sobre textos chineses e escrita para Contralto e Tenor, aquela é sobre textos hindus (do poeta Rabinadrath Tagore), e escrita para Soprano e Barítono.

Mesmo assim, frequentava a casa dos Mahler e chegou a ser contratado por Gustav para reger a ópera de Viena em 1907. Teve uma vida tumultuada e nunca conseguiu impor-se na mesma medida de sucesso que seus rivais, o que lhe rendeu muitas inimizades. Uma das obras que escolheu para musicar foi justamente o Salmo XXIII, que fala “Meu Deus, em vós confio: não seja eu decepcionado! Não escarneçam de mim meus inimigos!” e “Aliviai as angústias do meu coração, e livrai-me das aflições. Vede minha miséria e meu sofrimento, e perdoai-me todas as faltas. Vede meus inimigos, são muitos, e com ódio implacável me perseguem.”

Emigrou para a América por conta da perseguição nazista, mas suas tentativas de se estabelecer como compositor foram fracassadas, e acabou morrendo na miséria. Sua música foi banida da Alemanha nazista e só foi redescoberta recentemente. Para ajudar na correção deste sacrilégio musical, eis-me postando sobre ele.

Este CD tinha sido lançado originalmente pela DECCA numa edição normal, e logo em seguida saiu na coleção “Entartete Musik”, que reunia obras de compositores alemães suprimidas pelo Terceiro Reich.

E o disco é uma pérola, que mostra o imenso talento da escrita de Zemlinsky: um poema sinfônico em três movimentos baseados no conto de Hans Christian Anderssen, “A Pequena Sereia”. Obra empolgante e cativante, de riqueza temática, lírica e ao mesmo tempo bastante vigorosa. Meu amigo, o maestro Mateus Araujo, que me apresentou esta obra, costumava compará-la a Sheherazade, com alguns créditos a mais para ela. As demais obras são os Salmos XIII (maravilhoso) e o XXIII, já descrito anteriormente.

ZEMLINSKY: Die Seejungfrau (The little Mermaid), Psalms XIII & XXIII 
1. Die Seejungfrau – 1. Sehr Mässig Bewegt
2. Die Seejungfrau – 2. Sehr Bewegt, Rauchend
3. Die Seejungfrau – 3. Sehr Gedehnt, Mit Schmerzvollem Ausdruck
4. Psalm 13, Op.24
5. Psalm 23, Op.14
Riccardo Chailly – RSO Berlin, Ernst Senff Kammerchor

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Chucruten
Repostado por Bisnaga

5 comments / Add your comment below

  1. Grande lembrança de fato, Alma o execrou mas de início aceitava umas roçadas ao piano. Custava nada dar pra o coitado feioso mas talentoso? ela encarou depois um doido completo – Kokoschka!… é bom lembrar do ‘gnomo’ e sua muito boa música.

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