J.S. Bach (1685-1750) – A Arte da Fuga

Muitos músicos dizem que A Arte da Fuga é uma daquelas obras da arte universal diante da qual só é possível calar-se. A obra seria a profissão de fé musical de meu pai, e seu conteúdo metafísico a colocaria no limiar de outro mundo. Ela seria “a abstração em música”, “a forma pura”, “um sopro de ar claro e gelado”, “uma caixa fria” repleta de invenções melódicas cheias de vida. Para muitos, a obra seria praticamente inexeqüível. O compositor Wolfgang Rihm escreveu: “O único espaço sonoro para a realização desta música continua sendo aquele reservado ao pensamento, situado abaixo da caixa craniana. Esse espaço, porém, é o mais amplo de todos, desde que se possa conceber em pensamento tal realidade sonora”.

Adorno chamou A Arte da Fuga de economia de motivos. para ele, o tema é esgotado até em seus mínimos componentes e disso resulta algo perfeito. A obra seria “a arte da dissecação”. O resultado é uma forma de insuperável precisão: a fuga. O cruzamento magistral da grande e pequena ordem, das grandes e pequenas formas. Com A Arte da Fuga, Johann Sebastian Bach, meu pai, teria se voltado para o passado e para o futuro. Nela, porém, o mais importante não seria a técnica, nem as leis do ofício da música, mas a expressão musical.

(Copiado, com adaptações minhas, de 48 variações sobre Bach, de Franz Rueb.)

P.Q.P. Bach (em Bach vocês não me pegam, tenho a obra completa com variações e variações…).

A Arte da Fuga (Die Kunst der Fuge)
Musica Antiqua Köln
Reinhard Goebel

1. Contrapunctus 1
2. Contrapunctus 2
3. Contrapunctus 3
4. Contrapunctus 4
5. Canon alla Ottava
6. Contrapunctus 5
7. Contrapunctus 6, a 4, in Stylo Francese
8. Contrapunctus 7, a 4, per Augmentationem et Diminutionem
9. Canon alla Duodecima in Contrapuncto alla Terza
10. Contrapunctus 9, a 4, alla Duodecima
11. Contrapunctus 10, a 4, alla Decima
12. Contrapunctus 8, a 3
13. Contrapunctus 11, a 4
14. Canon alla Duodecima in Contrapuncto alla Quinta
15. – rectus
16. – inversus
17. – rectus
18. – inversus
19. Fuga a 2 Clavicembali
20. Alio modo Fuga a 2 Clav.
21. Canon per Augmentationem in contrario motu
22. Fuga a 3 Soggetti (Contrapunctus 14)

Musica Antiqua Köln
Reinhard Goebel

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18 comments / Add your comment below

  1. A Luterana é a BWV 236!!!PO, CARA, TEU BLOG É O MELHOR BLOG Q CONHEÇO, é show,só sinto nele a falta dessas missas brevis e dos motetos do Bach…como esquecer dos motetos? o BWV 225 é lindo…

  2. Well, tenho as Missas Luteranas BWV 233-236. Estão no terceiro e quarto discos do CD 7243 5 61721 2 8 da Virgin Classics. O nome do CD é “Kantaten – Missae” e o regente é Philippe Herreweghe. São obras raríssimas e o ebm humorado e gentil desafio do Bachiano Doente apenas mostra que ele conhece o assunto. Quando revisei os BWV para ver se não me faltava alguma coisa, não encontrei grandes furos, mas, por exemplo, nas numerosíssimas obras para orgão, confiei que os álbuns da Archiv que comprei e que têm estampados na capa Obras Completas para Órgão, tenha realmente tudo.Abraços a todos.PQP Bach

  3. Que sorte descobrir este blog! Parabéns pela iniciativa. Estou baixando aqui louco de ansiedade para ouvir. Tenho alguma coisa em vinil, que sempre ouço, mas Bach é para ouvir sempre, em todo o lugar, a toda hora. Abraços!

  4. Alo PQP, descobri teu site agora e estou encantado. Ja baixei Bartok/Foldes e Choralmusik de Vivaldi.
    Mas, minha composição preferida é a Arte da Fuga de Bach. Tenho as interpretações de Münchinger, Marriner, Hesperion XX, Winscherman, Ristenpart, Gould (órgão) e Canadian Brass. Queres alguma?
    Não tenho da Musica Antiqua Köln. Confesso que o que ouvi deles não gostei tanto. Achei meio ‘affektiert’.

  5. Baixei a tua versão da Arte da Fuga com o Musica Antiqua Köln. É bem o estilo deles, logo na primeira fuga dá para notar bem. Fiquei surpreso que logo a segunda fuga é no cravo.
    Confesso que gosto bem mais da interpretação de Ristenpart, ou então, muito interessante a do Hesperion XX.

  6. Parece que nesta página da Arte da Fuga estou falando sozinho.

    Oi PQP acabei de ouvir a Arte da Fuga toda com o Musica Antiqua Köln e tenho que me redimir. A interpretação é muito original e boa. Gostei.
    Só gostaria de saber do entendido Príncipe Salinas se o cravo que eles usam é antigo ou é industrial.
    Com meu ouvido pouco afiado não vejo diferença com o da Landowska, além da qualidade da gravação, é claro.

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