.: interlúdio :.

Com a escusa de PQP, FDP e Clara, este interlúdio é, também, um quase-interlúdio do jazz; desvio um pouco para a seara dos colegas e trago, também, um pouco de clássico. Bach! Interpretado, ou relido, por respeitáveis jazzmen.

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Keith Jarrett, pianista que começou nos Jazz Messengers de Art Blakey e tocou com Miles Davis no início dos anos 70, firmou-se por incorporar o clássico, o gospel e o blues ao seu estilo de jazz. Um músico diferenciado, criou sua carreira não apenas tocando em conjuntos, mas também lançando diversos álbuns-solo de piano. (De um de seus shows, puro improviso ao instrumento, vem um dos discos mais reverenciados do jazz, The Köln Concert, que certamente figurará neste blog em algum momento.)

Sua relação com a música clássica sempre acompanhou a trajetória jazzística. Desde 1973, compõe e executa para o estilo. Neste disco de 1992, convidou a virtuose dinamarquesa Michala Petri para interpretar sonatas de Bach. Não se trata de um disco de jazz; aqui ele é, antes, uma inspiração para as execuções.

Michala Petri & Keith Jarrett – Bach: Sonatas (192)

Keith Jarrett: cravo
Michala Petri: flauta doceProduzido para Keith Jarrett e Peter Laenger para a BMG/RCA.

download AQUI – 96,2mB
Sonata for Flute and Harpsichord in B minor, BWV 1030
01 I Andante – 08’18
02 II Largo e dolce – 03’28
03 III Presto – 01’25
04 IV Allegro – 04’14
Sonata for Flute and Harpsichord in E flat major, BWV 1031
05 I Allegro moderato – 03’07
06 II Siciliano – 02’02
07 III Allegro – 04’10
Sonata for Flute and Harpsichord in A major, BWV 1032
08 I Vivace – 04’31
09 II Largo e dolce – 02’50
10 III Allegro – 04’13
Sonata for Flute and Harpsichord in C major, BWV 1033
11 I Andante – Presto – 01’35
12 II Allegro – 02’11
13 III Adagio – 01’40
14 IV Menuetto I & II – 02’49
Sonata for Flute and Basso Continuo in E minor, BWV 1034
15 I Adagio ma non tanto – 02’57
16 II Allegro – 02’22
17 III Andante – 03’08
18 IV Allegro – 04’26
Sonata for Flute and Basso Continuo in E major, BWV 1035
19 I Allegro ma non tanto – 02’19
20 II Allegro – 02’52
21 III Sicilano – 03’32
22 IV Allegro assai – 02’57

1172182694 Blues On Bach
O Modern Jazz Quartet foi um dos grupos mais duradouros e originais do jazz; começaram em 1952, tocando bop, e encerraram as atividades no final dos ’70 como expoentes do third stream – estilo que se pretende um ponto de encontro entre jazz e música clássica. Evidentemente, o rótulo (cunhado por Gunther Schuller) é polêmico; já a música do MJQ, não. Sempre vistos como precursores, usaram o barroco e o blues de combustíveis para firmarem-se como visionários. Neste Blues on Bach, de 1973, o grupo intercala quatro composições originais, inspiradas em Bach, à cinco adaptações de trabalhos clássicos do compositor. Respeitosamente: sem improvisos, e usando o cravo ao invés do piano. Milt Jackson, um dos maiores vibrafonistas da música, destaca-se em passagens brilhantes.

Modern Jazz Quartet – Blues on Bach (320)

Milt Jackson: vibrafone
John Lewis: piano, cravo
Percy Heath: baixo
Connie Kay: bateriaProduzido por Nesuhi Ertegun para a Atlantic

download AQUI – 94,7mB
01 Regret? – 2’04
02 Blues in B Flat – 4’56
03 Rise up in the Morning – 3’28
04 Blues in A Minor – 7’53
05 Precious Joy – 3’12
06 Blues in C Minor – 7’58
07 Don’t Stop This Train – 1’45
08 Blues in H (B) – 5’46
09 Tears from the Children – 4’25

Boa audição!

Blue Dog

11 comments / Add your comment below

  1. Excelentes postagens, caro Blue Dog. Sou fâ do Keith Jarrett, tenho muita coisa dele, principalmente com o genial trio com o deJohnete e o Gary Peacock (a série gravada no Blue Note é obrigatória em qualquer cdteca). Suas gravações de obras de compositores eruditos, seja Bach, Mozart, Haendel ou até mesmo Shostakovich mostram um intérprete de primeira grandeza. Seus discos solos são aulas de improviso, que mostram toda sua genialidade e versatilidade (vide o antológico Köln Concert). Com relação ao MJQ também não há muito a se falar, e sim apreciar essa deliciosa postagem. Milt Jackson com certeza é um dos maiores músicos da história do jazz. A seu dispor, FDP Bach.

  2. OK, Trauriger Hund.Daqui alguns dias teremos The Ebony Concerto, um ingresso curioso e genial de um Stravinski neoclássico no mundo do jazz.Aguarde!P.Q.P. Bach

  3. Hum, bem… Quanto à Michala Petri… fico imaginando a velocidade da língua da moça… Hum, melhor não ter comentado, nosso público é meio sisudo…P.Q.P. Bach.

  4. “The Ebony Concerto…um ingresso curioso e genial de um Stravinski neoclássico no mundo do jazz”Não é bem verdade. A fonte pode ter sido o Jazz, assim como ocorreu com sua obra “Ragtime”, mas essas obras estão longe de serem jazzísticas. Da mesma forma, “Sagração da primavera” não é música folclórica russa.

  5. De acordo com o Certer for Jazz Arts:“Ebony Concerto” (1945) Work suggested by … Sir Andrew DavisComposer … Igor Stravinsky“Stravinsky’s Ebony Concerto is an important example of a jazz-influenced, symphonic work.” Premiering on March 25, 1946, at New York’s Carnegie Hall, composer Igor Stravinsky’s Ebony Concerto for clarinet and jazz band was written shortly after the end of World War II and represents a highly celebrated work from his neo-classical period. Written specifically for clarinetist Woody Herman and his orchestra, Stravinsky described his stylistic approach to the piece as “a jazz concerto grosso with a blues slow movement.” During this period in his renowned, international career, Stravinsky’s 1940 emigration to America brought about his increasing immersion in the world of commercial music, while also spending much of his time in California, moving largely in émigré circles, surrounded by friends such as Szigeti, Rubinstein, Rachmaninoff, and others. From his home in West Hollywood (1941), Stravinsky had been composing numerous works for Broadway, radio, and film, including his Scherzo á la russe for a 1944 broadcast of the Paul Whiteman Orchestra, as well as the Broadway dance-revue Scènes de ballet that same year, and various film-music sketches that would eventually result in his Symphony in Three Movements (1945). By the time of his collaboration with Stravinsky, clarinetist Woody Herman had become world renowned for both his instrumental abilities and his transformative role at the forefront of the American big band era. During their 1946 Carnegie Hall performance, the Woody Herman Orchestra consisted of numerous, gifted instrumentalists, and their performances included the world premieres of both Stravinsky’s Ebony Concerto and the extended work Summer Sequence by celebrated, American composer Ralph Burns. By the time Stravinsky had gained his full, U.S. citizenship, in 1945, he had long-since embraced the defining spirit at the heart of the American experience, and continued to be influenced by its literature, music, and philosophy, throughout his lifetime. In a discussion with his long-time associate and friend Robert Craft, the Russian-born Stravinsky stated “Ebony Concerto is my contribution to the blues, and the flute, harp and clarinet music of the slow movement of my Symphony in Three Movements is my gift to boogie-woogie.” Ho Ho Ho

  6. “Stravinsky’s Ebony Concerto is an important example of a jazz-influenced, symphonic work.” Não contradiz minha última mensagem. Stravinsky era uma esponja, recebia influência de tudo. No entanto devolvia ao mundo algo tipicamente stravinskiano. Foi muito mais uma contribuição de Stravinsky ao Jazz, que o contrário. Esse concerto deve também muito ao classicismo, com seus típicos três movimentos: allegro moderato, andante e moderato.Não quero diminuir o Jazz, pelo contrário; continua sendo um fonte muito rica de idéias. Mas tenho que repetir, Ebony Concerto não é uma obra de Jazz. Mesmo que eu seja surpreendido, com uma apresentação da obra numa belo barzinho dos Estados Unidos.

  7. Também vou à caminho de que um compositor erudito que incursa em outros gêneros está antes produzindo uma obra de influência de outro gênero do que cometendo “proselitismo”.

  8. Que maravilha MJQ “Blues on Bach”…a muitos anos atrás tive o prazer de ver esses caras tocando la em meu Buenos Aires…foi sensacional. Só um grande fan dessa turma de “génios”, nunca mais apareceu um grupo assim, é uma pena. Parabéns a vocês que tem esse bom gosto.

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