Jean Sibelius (1865-1957): Integral das Sinfonias (CD 1 de 5) (CBSO / Rattle)

Uma grande orquestra, um grande regente e um concerto impossível de ouvir após acostumar-se a Jascha Heifetz. Gosto muito da Primeira de Sibelius, mas o Concerto não satisfaz por causa da citada gravação de Heifetz. Comparado ao lituano, Nigel Kennedy é apenas aceitável. Já na Sinfonia Nº 1, Sibelius parece ainda não ter formado bem seu estilo. Tudo parece muito inicial, só que, de certa forma, todo ele já está lá. E isto é o interessante!

Sua Primeira Sinfonia começou a ser composta em abril de 1898. Em janeiro do ano seguinte, Sibelius mudava-se da capital Helsinque para a pequena cidade de Kerava, a fim de ter mais tempo para compor. Acabou saindo de lá porque não tinha amigos e era complicado de se embebedar… Enquanto trabalhava na sua Sinfonia, o czar Nicolau II expediu o “Manifesto de fevereiro de 1899”, restringindo a autonomia de todas as nações do Império Russo, incluindo a Finlândia. Indignado com a nova situação de seu país, Sibelius compôs uma canção de protesto, intitulada Canção dos Atenienses. A Sinfonia nº 1 e a Canção dos Atenienses foram estreadas no mesmo concerto, em Helsinque, no dia 26 de abril de 1899, pela Sociedade Filarmônica de Helsinque, sob a regência do compositor. O concerto teve grande sucesso e Sibelius foi alçado à condição de uma das principais figuras da resistência finlandesa. Nascia um herói nacional. Sibelius revisou a Sinfonia no ano seguinte. A versão que hoje conhecemos é de 1900 e foi estreada em Estocolmo no dia 4 de julho do mesmo ano, também pela Sociedade Filarmônica de Helsinque, sob a regência de Robert Kajanus, amigo do compositor. Em turnê pelas principais capitais europeias, Kajanus foi responsável pelo sucesso da Sinfonia fora da Finlândia e pelo consequente reconhecimento internacional do compositor. Na Sinfonia nº 1 já podemos vislumbrar aquelas que se tornariam as “marcas registradas” de Sibelius: as atmosferas misteriosas que nos remetem às terras geladas da Finlândia, os contrastes súbitos onde seções calmas são inesperadamente seguidas por momentos de extremo vigor e o uso da orquestral de uma forma extremamente pessoal.

Jean Sibelius (1865-1957): Integral das Sinfonias (CD 1 de 5) (CBSO / Rattle)

Disc: 1

Sinfonia No. 1 in E minor, Op. 39 (1898)
1. I. Allegro, Ma Non Troppo – Allegro Energico
2. II. Andante, Ma Non Troppo Lento
3. III. Scherzo: Allegro
4. IV. Finale: Quasi Una Fantasia (Andante-Allegro Molto)

Concerto para Violino e Orquestra, Op. 47 (1903)
5. I. Allegro Moderato
6. II. Adagio Di Molto
7. III. Allegro, Ma Non Tanto

Nigel Kennedy, violino
City Of Birmingham Symphony Orchestra
Simon Rattle

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Sibelius numa rede com seu neto. Não me perguntem porque Jean não abriu seu casaco.

PQP

4 comments / Add your comment below

  1. Eu conhecia as sinfonias de Sibelius apenas por aquele disco do Karajan da Quarta e Sétima e ainda a Valsa Triste de sobra, eu adoro o disco mas o PQP colocou algumas restrições, se não me engano na Quarta. Bem , resolvi conhecer melhor as sinfonias de Sibelius e comprei a integral com Neeme Järvi e a Sinfônica de GOTHENBURG….wuuuaaal! Mas ainda preciso ouvir mais!
    Quanto a Heifetz…quando ele toca , cessa tudo ….e ainda querem compará-lo com o ”mecanicista” Pollini…aahahh…

  2. Nada contra a gravação do Ratlle, que aliás nem conheço e que é ainda da sua fase anterior, antes da glória, ou seja ainda com a ”modesta” Birmingham , mas às vezes é melhor deixar os nórdicos com os nórdicos.

  3. Ouvindo o Concerto para Violino de Sibelius confirmo a minha opinião de que Rattle rege muito “sem sal” … nunca pensei que fosse preferir Karajan a qualquer outro regente como Rattle mas nosso polêmico Herbert com Anne Sophie Mutter dão um banho de interpretação na dupla Kennedy e Rattle …

  4. ah, que isso… acho que estão sendo injustos e equivocados nessa critica.

    Gostei pra caramba! Tanto da sinfonia como o concerto.

    “Sem sal”, olha, acho que é outra coisa… talvez uma “falta de condimento”; e lembrando que são poucos, principalmente, brasileiros, que estão acostumados a apreciar e se deliciar uma comida sem condimento (inclusive sem sal).

    Sibelius compos praticamente uma tradição nórdica, não de florestas tropicais, mas zonas temperadas e glaciais… tem que suar, lembrar daquelas paisagens, como se sempre predominasse aquele vento frio, gelado, sem muita diversidade e intensidade de cor (como vemos no Brasil), mas ao mesmo tempo, enorme, magnifico, pelas elevadas montanhas, picos, cordilheiras, vales, vulcões e imensas planicies… de modo, que, sua sinfonias, até me faz pensar num modo “peculiar” de música de camara.

    Quanto ao concerto, nossa! Como gostei. Para ser sincero, desculpe se isso possa ser visto como uma heresia por alguns, mas eu apreciei mais do que a de Heifetz. Sim, pois o H. ao meu ver, destacou (talvez até criou) uma virtuose, cor, energia e até mesmo calor – o que acho que não poderia ter – para este concerto, o que seria mais apropriado para tocar obras do Paganini. Já Kennedy conseguiu mostrar essa frieza, o vento gelado… me senti como se apreciasse uma bela natureza no inverno, com vento frio, andando dentre de vários casacos… e foram muito bem encaixados e coerentes com todos os outros elementos da música de Sibelius. E meio a isso, surge uma virtude, mas com um novo conceito, sem tempero, sem sal, sem condimento, mas essencialmente, no sabor natural do alimento… e quando se percebe, é uma deliciosa salada crua. (porém, sei que poucos paladares estão educados a apreciar isso)

    Não pude ver ainda a gravação de Karajan, para comparar.

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