Bartók (1881-1945): Música para Cordas, Percussão e Celesta & Hindemith (1895-1963): Sinfonia “Mathis der Maler” – Berliner Philharmoniker & Herbert von Karajan ֍

Bartók

Música para Cordas, Percussão e Celesta

Hindemith

Sinfonia “Mathis der Maler”

Berliner Philharmoniker

Herbert von Karajan

As 2 obras deste disco são contemporâneas. Hindemith compôs a Sinfonia em 1934 e Bartók compôs a sua obra em 1936.

Hindemith planejava compor uma ópera com enredo baseado na vida de Matthias Grünewald, o pintor do Retábulo de Isenheim, quando William Furtwängler lhe pediu uma peça para apresentar em uma turnê que faria com a Berliner Philharmoniker. Ele resolveu compor estes movimentos sinfônicos, que foram posteriormente usados na ópera.

Paul Sacher

A peça de Bartók foi comissionada por Paul Sacher para a celebração do aniversário de dez anos de sua orquestra, a Basler Kammerorchester. Paul Sacher dedicou-se à música de seu século de muitas maneiras diferentes: como intérprete, como patrono de novas composições e como membro e patrocinador de muitos comitês e instituições. A Música para Cordas, Percussão e Celesta foi composta no mesmo período em que Bartók compôs o Quarto e o Quinto Quartetos de Cordas. A partitura dessa peça é precedida pela cuidadosa disposição dos instrumentos em relação ao regente.

Este disco me deixou intrigado, pois sempre imaginava Herbert von Karajan regendo as peças de maior apelo aos ouvintes. As sinfonias de Tchaikovsky e outros famosos compositores, assim como os concertos, sempre com jovens intérpretes. No entanto, este é apenas um dos muitos aspectos deste regente que desperta tão forte opiniões nas pessoas. Havia também o seu interesse pela música de seu próprio tempo, assim como pelas novas tecnologias. Karajan gravou essa peça de Bartók três vezes. Sua primeira gravação, feita em 1949, foi simplesmente a segunda gravação da peça. A gravação que temos aqui foi feita em novembro de 1960 e já se beneficiou da nova tecnologia de gravações – estéreo. A produção foi feita pelo lendário e controverso Walter Legge. Há ainda outra gravação dessa obra de Bartók por Karajan e a Berliner Philharmoniker, provavelmente mais conhecida, por ser para o selo Deutsche Grammophon, feita em 1973.

Quanto a obra de Hindemith, não sei quantas gravações Karajan fez, mas certamente ela fazia parte de seu repertório de novidades, como as sinfonias de Arthur Honegger e as peças dos seres do outro planeta, Schoenberg, Berg e Webern. Há uma gravação feita ao vivo de um concerto com a Wiener Symphoniker em 18 de fevereiro de 1957, na Grosser Saal des Wiener Musikvereins, cujo programa foi a Sinfonia de Hindemith e a Sétima de Beethoven. 

As duas obras do disco, apesar da proximidade temporal, não poderiam ser mais diferentes. Um texto que descreve a obra de Bartók começa assim; ‘Qual é a fonte dessa música diabólica? As divagações cromáticas sugerem Wagner e o seu Tristão, que preludia Schönberg. Mas existem outros antecedentes, e estes incluem Strauss, Stravinsky, Debussy, Ravel e, crucialmente, a música folclórica da Hungria natal de Bartók e dos seus arredores’. Diabólica… bem, trechos da obra foram usados em filmes como Being John Malkovich e Shining. Aqui você encontrará mais informações sobre essa peça.

A obra de Hindemith não é uma sinfonia no sentido estrito, uma vez que sua composição derivou de material que seria usado na ópera, mas é bem próxima do que se esperava de uma sinfonia. Veja como inicia a descrição da peça em uma análise acadêmica: “É irônico que a Sinfonia “Mathis der Maler” tenha sido considerada anti-alemã pelos nazistas. Do ponto de vista estilístico, como uma obra tonal que revive a tradição sinfônica alemã, com um foco nacionalista e uso de melodias folclóricas, deveria ter sido uma obra modelo de um compositor do Terceiro Reich. No entanto, sua paleta sonora melódica e pós-romântica a coloca na categoria de outras obras europeias da década de 1930 por compositores como Stravinsky, Bartók, Schoenberg e Shostakovich que reagiram em sua música contra o totalitarismo.”

O primeiro movimento da sinfonia, por exemplo, foi inspirado no painel “O Concerto Angélico” (Engelkonsert) de Mathis Grünewald, que retrata três anjos tocando e cantando para o recém-nascido Cristo e sua mãe. A pintura serviu de inspiração para o primeiro movimento da Sinfonia, também funcionando como prelúdio para a ópera. Aqui, Hindemith optou por citar uma melodia folclórica de oito compassos, Es sungen drei Engel ein süssen Gesang (Três Anjos Cantaram uma Canção Doce). O Sepultamento, segundo movimento da Sinfonia, foi inspirado na parte de baixo do Tríptico.

A pintura mais impressionante, na minha opinião é a que trata das tentações de Santo Antônio.

Béla Bartók (1881-1945)

Música para Cordas, Percussão e Celesta, Sz. 106

  1. Andante tranquilo
  2. Allegro
  3. Adagio
  4. Allegro molto

Paul Hindemith (1895-1963)

Sinfonia “Mathis der Maler”

  1. Engelskonzert (Concerto Angélico)
  2. Grablegung (Sepultamento)
  3. Versuchung des heiligen Antonius (As Tentações de Santo Antônio)

Berliner Philharmoniker

Herbert von Karajan

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Numa entrevista de Herbert para Herbert, que você poderá ver na íntegra aqui:

Herbert Pendergast – ‘Você acha que a música de compositores como Boulez e Webern será facilmente compreendida pelo público musical da próxima geração?’

Herbert von Karajan – ‘Tenho certeza de que a próxima geração não terá problemas em compreender a maior parte da música de hoje. Pense no Concerto para Orquestra de Bartók. Há vinte anos era considerado inacessível; hoje é um clássico. Pense na Música para Cordas, Percussão e Celesta. Quando o tocamos hoje, soa como um concerto grosso de Handel. Com o declínio da inspiração melódica na música, as técnicas seriais de hoje são uma disciplina auto-imposta necessária para o compositor…’

Paul resolveu pousar para fotos com os instrumentos do acervo do PQP Bach, durante a preparação da postagem… Béla caiu na gargalhada…

Aproveite!

René Denon

4 comments / Add your comment below

  1. Grande, René. E eu que elogiei, em post anterior, a qualidade dos textos aqui postados. E você nos trás agora essa ótima postagem. Cara, como eu queria conseguir gostar de Bartok. Eu me esforço, escuto com atenção, mas infelizmente não consigo. Não sei se estou velho demais pra apreciar ou novo demais pra entender esse compositor.

    1. Olá, Henrique!
      Obrigado pelas palavras amáveis sobre a postagem.
      Eu mais admirava do que gostava da música de Bartók, até ouvir um CD do Vladimir Ashkenazy tocando os Concertos para Piano de Prokofiev e de Bartók, ambos de número 3. O disco é uma compilação, os dois concertos retirados das integrais gravadas por Vladimir Ashkenazy, o Prokofiev com o Previn, o Bartók com Solti (!). A capa do CD é linda, Wassily Kandinsky. Mas, desculpe-me, divago… Esta gravação do Concerto para Piano No. 3, de Bartók, me fez avançar do admirar para gostar, amar mesmo, a música de Bartók, especialmente o movimento lento, Adagio religioso.
      Enfim, boa sorte com a áspera música do Béla.
      Abração do
      René

      1. Tiene ud. suerte de que le queda por descubrir esa música. Bartok tiene música de origen o inspiración popular muy accesible tanto para piano como para orquesta. Luego empieza a complicarse un poquito porque es muy personal. Al piano: 15 variaciones sobre melodías húngaras. Mikrokosmos. Con Orquesta, las Rapsodias y el Divertimento. Deje para el final los cuartetos.
        Parece que en el interés de Karajan tuvo que ver que un maharajá se fascinó por la música para cuerdas y subvencionó su interpretación y grabación. De hecho gran parte del repertorio del compositor no lo grabó ni, casi, interpretó. Sorprenddentemente a poco del final de la guerra interpretó la Cantata Profana, no tengo información sobre las circunstancias. (Es una obra maravillosa, por su texto y por su música, que Solti grabó casi póstumamente)
        Si que comentó que la música para cuerdas le parecía algo así como la creación de la música desde el silencio. No podía por menos que apreciarla. Es una obra cumbre.

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