Homenagem a Byron Janis (Haydn, Schumann, Chopin, Liszt, Tchaikovsky, Moussorgsky & Janis)

Byron Janis e esposa, artista plástica Maria Cooper Janis.

Disse Maria Cooper Janis, esposa do grande pianista: “Fui abençoada com este privilégio, ao longo de 58 anos, de amar e ser amada, não apenas por um dos maiores artistas do século XX, mas por um ser humano excepcional, que elevou à plenitude seu talento”…

Nascido em Mackeesport, Pensilvânia, USA, 1928, Byron Janis estreou no “Carnegie Music Hall”, de Pittsburgh, aos 9 anos. Então, seu professor, Abraham Litow, o levou à New York, onde passou a estudar com Rosina e Josef Lhévine; depois, com Adele Marcus – três renomados mestres…

E aos 16 anos, impressionou Vladimir Horowitz, em performance do “2° concerto para piano”, de Rachmaninoff, tornando-se 1° aluno do célebre pianista, que o orientou até estreia no “Carnegie Hall”, de New York, aos 20 anos…

Byron Janis c/ Vladimir Horowitz e Adele Marcus.

Horowitz sugeria:Você brinca um pouco com aquarela, mas poderia brincar mais com óleo…” Aconselhando o jovem a buscar maiores densidade e desenvoltura de concertista

E assim, o talentoso e promissor Byron Janis era recebido e orientado por elite musical americana, tornando-se solista da “Orquestra NBC”, dirigida por Arturo Toscanini, e aos 18 anos, artista mais jovem da gravadora “RCA Victor”…

Músico versátil, também experimentou-se como compositor, em trilhas sonoras e musicais; além de parcerias com o amigo e premiado jazzista, Cy Coleman. E escreveu música para o documentário “The true Gen”, da amizade do sogro e ator, Gary Cooper, com o escritor Ernst Hemingway… Na vida pessoal, Janis casou-se duas vezes: teve um filho com a 1ª esposa, June Wright; e divorciado, 1966, casou-se com a artista plástica, Maria Cooper…

“Cooper & Hemingway: The true Gen”.

Então, acidentalmente, descobriu manuscritos de Chopin, embora, de obras publicadas pelo músico polonês, mas que lhe trouxeram notoriedade – duas valsas para piano: “op. 18 e op. 70 n° 1”, num velho baú, no castelo de Thoiry, França; e passados 6 anos, duas outras versões, coincidentemente, das mesmas valsas, na biblioteca da “Univesidade de Yale”, USA…

As versões de “Yale” traziam referência à Chopin, mas não se imaginava, tratarem-se de originais do compositor, então, identificados por Janis – documentos musicais que permitiam comparar diferentes revisões do autor, publicadas em “The most dramatic musical discovery of the Age”…

E durante a “guerra fria” – conflito USA versus URSS – séc. XX, Byron Janis foi convidado para intercâmbio cultural, criado em 1960, após os êxitos do canadense Glenn Gould, em 1957, que surpreendeu público soviético nas interpretações de JS Bach; e do carismático texano Van Cliburn, que venceu “1º Concurso Tchaikovsky”, de Moscou, 1958, tornando-se seu presidente de honra… Todos, jovens artistas, transpondo barreiras culturais e, por fim, calorosamente acolhidos pelo público sovíético…

Da viagem à URSS: “Foi importante porque, para os russos em geral, a ‘América’ só produzia automóveis; e a propaganda local era de sermos totalmente incultos”, disse Janis, no popular “The Ed Sullivan Show”, 1965… E o intercâmbio trazia à New York, o célebre ucraniano, Sviatoslav Richter…

Van Cliburn, em Moscou; Glenn Gould; e Byron Janis, em Leningrado (atual São Petersburgo).

Após atuação e significados, cultural e diplomático, da turnê, agenda de Janis intensificou-se. Fase em que exibia plenamente seus repertório, domínio técnico e expressividade; e sua arte sensibilizava músicos e apreciadores… Então, carreira foi impactada, aos 45 anos – 1973, pelo desenvolvimento de “artrite psoriática”, nas mãos e nos pulsos, o que trouxe sofrimento e apreensão, mas não o impedia de apresentações. E Janis preferia manter certa discrição, do que tornar público o problema…

Inevitavelmente, além das limitações físicas, o distúrbio o atingia emocionalmente, tanto pela perspectiva profissional, quanto pela perda de algo que muito amava e em nível artístico tão elevado… De outro, doença lhe inspirou reação em defesa de maiores atenção e estudos sobre a enfermidade…

Byron Janis, em recital na “Casa Branca”, 1985.

Então, decidiu tornar público e compartilhar solidariedade e esperança com outros pacientes. E após 12 anos, entre cuidados e tratamentos, aceitou missão de embaixador nacional da “Arthritis Foundation” – 1985, formalizada em recital na “Casa Branca”, convite de Nancy Reagan, 1ª dama – USA, 1981/89…

E com o tempo, lamentavelmente, enfermidade agravou-se e procedimento cirúrgico, em 1990, deixou seu polegar esquerdo mais curto, impedindo-o retomar as obras românticas que o consagraram – “assim que tiraram os curativos, achei que nunca mais tocaria; tentava pensar positivamente, mas não conseguia”, disse ao “Times”, 1997….

“… um piano” – esboço de Maria Cooper Janis .

Da artrite: “inflamação ocasionando dores e rigidez nas articulações, que se acentuam com a idade; alguns tipos levam à deformações e atrofia dos membros”…

Em depressão, Janis retirou-se e passou a escrever canções, tal como em sua juventude… E com apoio da amiga e cantora, Juddy Collins, foi contratado pela “Warner Chappell”, para compor 22 canções do musical “Corcunda de Notre-Dame”, estreado em 1993….

E durante tratamento, incerto e pouco alentador, gradualmente, retomou apresentações, dividindo o palco em recitais beneficentes e, depois, em recital solo, no “Alice Tully Hall”, New York, 1998, com relativa mobilidade… Atento e disciplinado, cultivava equilibrio e paciência; também, movia-se por obstinação e paixão, pela música e pela vida…

Casal Maria e Byron Janis.

E disse, a esposa: “apesar das adversidades, ao longo da carreira, Janis reagiu e as superou, sem deixar esmorecer seu talento artístico!” E música, desde sempre, foi sua escolha e ofício…

Por outro lado, mais de 300 mil jovens americanos apresentavam algum tipo de “artrite”. E o músico, sensibilizado e solidário, passava a trabalhar em programas de apoio, convertendo suas dores pessoais, ou parte delas, em generosidade e empatia… Então, em 2012, aos 83 anos, foi homenageado pelo conjunto da obra – por suas trajetória artística e ativismo na área de saúde…

Sobre a discografia

A discografia de Byron Janis tem sido frequentemente relançada. Assim, seus registros, desde a época do vinil, até recentemente, seguem disponibilizados, individualmente ou em coleções – tal como box lançado pela “Mercury records”, atraindo novos apreciadores. Seu afeto pela obra e vida de Frédéric Chopin foi notável; também os registros de Beethoven, nas sonatas “Aurora”, “Tempestade” e op. 109…

Maestro Fritz Reiner e pianista Byron Janis.

Mas, especial destaque ganharam as gravações com orquestra, em autores clássicos, como WA Mozart, ou nos românticos, Schumann, Liszt e Tchaikovsky… Também revelou versatilidade, ao abordar obras de Moussorgsky e de autores do século XX, como Gershwin e Prokofiev; além de registros antológicos dos concertos de Rachmaninoff – “trata-se, portanto, de ‘jurássico autêntico’, diriam os colegas do blog”, quando nos referimos à grandes músicos do passado…

E Janis gravou com renomadas orquestras, entre as sinfônicas de “Chicago”, “Minneapolis”, “Boston”, “Philadelphia” e “London”; também, com as filarmônicas de “New York” e “Moscow”; além de notáveis regentes, como Fritz Reiner, Charles Munch, Antal Dorati, Kyril Kondrashin e outros…

Sobre o solista, Will Crutchfield, do “New York Times” – 1985, escreveu: “de estilo peculiar, Mr. Janis alterna movimentos nervosos, golpes repentinos e saltos; com toques frágeis e carícias hesitantes… E assim a música emerge, por vezes, desconcertante, mas, em geral, envolvente…”

“CD Mercury” – Byron Janis e Antal Dorati.

.Registros para download

CD “Mercury records” com suíte “Quadros de uma Exposição”, de Modest Moussorgsky, na versão original, para piano solo; e na versão orquestral, de Maurice Ravel, com a “Minneapolis Symphony”, direção de Antal Dorati:

  • Movimentos: ”Promenade” (Passeio) – Introdução; ”Gnomus”; ”Promenade”; “Il Vecchio Castello”; “Promenade”; ”Tuileries”; ”Bydlo” (‘Carro de Bois’);  ”Promenade”; ”Ballet des petits poussins dans leurs Coques” (‘Balé dos pintinhos nas cascas de Ovos’); ”Samuel Goldenberg et Schmuyle”; ”Promenade”; “Limoges, Le Marché” (‘Mercado, em Limoges’); ”Catacombae, Sepulcrum Romanum”; “Cum mortuis in língua Mortua” (‘Com os mortos em língua Morta’); ”La Cabane de Baba-Yaga sur de pattes de Poule” (‘Cabana de Baba-Yaga sobre patas de Galinha’); ”La Grande porte de Kiev”.

Download aqui

CD “Mercury records” – Concerto de Tchaikovsky.

CD “Mercury records”, com o “Concerto n° 1, em si bemol menor, op. 23”, de Piotr Ilitch Tchaikovsky, com “London Symphony”, direção de Herbert Menges:

  • Movimentos: 1. “Allegro non troppo e molto maestoso – Allegro con spirito”; 2. “Semplice andantino – Prestissimo – Tempo I”; 3. “Allegro con fuoco – Molto meno mosso – Allegro vivo”.

Download aqui

CD “Mercury records” – Concerto de Schumann.

CD “Mercury records” com o “Concerto para piano e orquestra, em lá menor, op. 54”, de Robert Schumann, com “Minneapolis Symphony”, direção de Stanislaw Skrowaczewski; e duas peças para piano solo:

  • “Concerto para piano e orquestra, op. 54”: 1. “Allegro afetuoso”; 2. “Intermezzo – Andantino grazioso”; 3. “Allegro vivace”;
  • “Arabeske, op. 18”, para piano solo;
  • “Quase variações s/Andantino de Clara Wieck”  – “3° mov. da sonata, op. 14” (“Concert sans orchestre”), para piano solo. 

Download aqui

CD “Live from Leningrad 1960″ – Ilustração de Maria Cooper Janis.

Registros inéditos – 2018

Da turnê na ex-URSS, 1960, John von Rhein, do “Chicago Tribune”, revelou “surpreendente gravação encontrada na caixa de correio do eng. de som de Byron Janis, enviada por fonte anônima, que resgatava, de disco vinil, performances ‘ao vivo’ – da sonata ‘Marcia funebre’, de Chopin, e outras, capturando reações da plateia russa”…

As gravações, com mais de 50 anos, foram lançadas em 2018, no CD “Live from Leningrad 1960″… As interpretações de Byron Janis, por vezes, livres e originais, são intensas e belas referências; e as décadas de 1950/60 marcaram auge da carreira…

Segue, áudio youtube da sonata “Marcia funebre”, de Chopin – CD “Live from Leningrad 1960″. (Clique aqui)

Cidade de Havana, Cuba.

Novo intercâmbio cultural – Cuba

“Não toco para governos, toco para pessoas”, disse Byron Janis, quando de sua viagem à Cuba….

E tornou-se primeiro artista americano autorizado a visitar o país caribenho, a convite do governo cubano, 1999; e cerca de 40 anos após turnê, de 1958 – entre os últimos músicos americanos a apresentarem-se na ilha, antes da revolução… Convite ocorreu após prolongado tratamento e parcial retomada da carreira…

Byron Janis – masterclass em Cuba, 1999.

Acompanhado da esposa, visita permitiu rever o país, trocar impressões com músicos e professores, realizar “master-classes”, recitais e concertos; também, interagir com a cultura local e acolhedora população. Além de ser homenageado em original montagem do musical “Corcunda de Notre Dame”…

“In music they will find their freedom”, slogan que abre o documentário da turnê… 

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Finalmente, com a esposa e artista plástica, Maria Cooper Janis, filha do laureado ator, Gary Cooper, escreveram uma autobiografia, intitulada “Chopin and Beyond: My Extraordinary Life in Music and the Paranormal”, lançada em 2010; e produziram o documentário: “A Voyage with Byron Janis”, que aborda aspectos da vida e obra de Chopin…

Byron Janis c/ “Orchestre Philarmonique de L`ORTF”, direção Louis de Froment – Paris, 1968.

Entre os grandes pianistas de sua geração, quem sabe, do século XX, e deixando expressivo legado, humano e artístico, Byron Janis faleceu em Manhattan, New York, 14/03/2024, aos 95 anos…

Segue, áudio youtube da “Ballada n° 1, op. 23”, de Chopin, registro de 1952. (Clique aqui)
Segue, vídeo youtube da “Rapsodia s/ tema de Paganini”, de Sergey Rachmaninoff, com “Orchestre Philarmonique de L’ORTF”, direção Louis de Froment – Paris, 1968. (Clique aqui)

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Autobiografia de Byron Janis, 2010.

Honrarias e documentários

– “Légion d’Honneur – Ordre des Arts et des Lettres – Commandeur”, do Ministério da Cultura, França;
– “Stanford Fellowship”, mais alta honraria da “Universidade de Yale”, USA;
– “Distinguished Pennsylvania Artist Award”, USA;
– “Embaixador Nacional das Artes”, pela “Arthritis Foundation”, USA, 1985;
– “Medalha de Ouro – da Sociedade Francesa pelo Incentivo ao Progresso”, 1° músico a receber a comenda;
Homenagem do “Congresso, USA”: “um músico, um diplomata, uma inspiração”;
– “Artista da Yamanha” e 1° conselheiro da “Yamanha Music and Wellness Institut”; 
– “The Byron Janis Story”, documentário da PBS – direção de Peter Rosen, sobre resiliência e superação, na doença que podia limitá-lo severamente, até interromper carreira…

“Concerto”, por Maria Cooper Janis.

Conselhos didáticos e vivências

Da livre didática de Janis: “Se algumas de minhas soluções interpretativas não lhes parecer corretas, desconsidere-as”, dizia aos alunos… Pois, o ensino passa por fio tênue, entre o conhecimento e a liberdade interpretativa; entre o que ensinar e o que não ensinar, considerando a identidade artística a ser desenvolvida…

Byron Janis, pianista americano (1928-2024).

“Por vezes, peço aos alunos cantarem uma melodia e, invariavelmente, realizam em andamento mais calmo, do que a executam no piano. Assim deveriam abordar o teclado, tal como os cantores o fazem”; ou como recomendava Chopin – “não pratique tanto, mas ouça grandes cantores… Vá à ópera e aprenderá a frasear uma melodia!”

Conselhos técnicos: “Estabeleça metas de estudo e utilize tempos lentos e repetição, para obter aprimoramento efetivo. Mantenha concentração e agenda consistente de treinos – observe a qualidade, no lugar da quantidade!”

Das aulas com Horowitz: dizia o mestre, “algo não está certo…  pense nisto, experimente e traga novamente” – uma orientação vaga, não específica, a induzir reflexão e senso crítico, que instigava soluções próprias, auto confiança e estilo; e recomendava, “seja o 1° Janis, busque sua identidade e supere-se, no lugar de ser um 2° Horowitz”… E após estreia, aos 20 anos, no “Carnegie Hall”, Horowitz o liberou: “agora, você deve seguir. E seus erros e acertos serão seus…”

Josef e Rosina Lhévine, pianistas.

Da experiência com Rosina e Josef Lhévine:Certa ocasião, sr. Lhévine discordara de uma interpretação, que acabará de aprender com sra. Lhévine. Foi difícil lidar com opiniões divergentes, no entanto, descobri que sempre existirão outras leituras possíveis, pois havia apreciado ambas… Assim, não havia o certo ou o errado, apenas o diverso…”

Da amizade com Jascha Heifetz:  Por um tempo, Janis morou com a família Heifetz e tocou informalmente com o grande violinista. Mal-entendidos empresariais, no entanto, impediram projeto de música de câmara, desejado por Heifetz… E certa ocasião, Byron indagou à Frank Sinatra segredo do belo “cantabile”, ao que o cantor respondeu: “eu ouço Jascha Heifetz!”

Capa CD “Mercury records” – Byron Janis “live on tour”.

.Para download, CD “Live on Tour” – box da “Mercury records”, produzido, inicialmente, pela “Janis Eleven Enterprises Ltda”, incluindo diversos autores, entre Haydn, Chopin e Liszt; além de peças do próprio Byron Janis. E lembramos, que algumas das ilustrações de “capa”, da discografia, são criações da esposa, Maria Cooper Janis:

  • Conteúdo: Haydn – “Sonata em mi bemol maior”, Hob. XVI.49 (‘Allegro’, ‘Adagio cantabile’, ‘tempo di minuet’); Chopin – “Polonaise em si bemol maior” (ed. póstuma); “Mazurca em fá menor” (ed. póstuma); “Noturno”, op. 27 n° 2; “Valsa”, op. 34  n° 1; “Largo” (3° mov. da sonata op. 58); “Valsa em sol bemol maior” (ed. póstuma); “Valsa”, op. 70 n° 1; Liszt – “Sonetti del Petrarca n° 104”, S. 270 b; “Paraphase s/ Rigoletto, de Verdi“, S. 434; Byron Janis – “You are more”; “David’s star”; “Like any man”; “By and Cy – more Paganini variations” (c/ Cy Coleman).  

Download aqui

Sobre Byron Janis, da esposa: “música era sua alma, não um ingresso para o estrelato”… “era paixão e amor, que o alimentou em 95 anos de vida”… Requisitos essenciais para quaisquer atividades artísticas; do aprimoramento e dedicação incessantes – entenda-se, “talento e muito suor”, impossíveis sem amor ou paixão…

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“Um brinde à magia da colaboração criativa e ao vínculo compartilhado e duradouro entre artistas!” (Maria Cooper Janis)

“Maria & Byron Janis”

Alex DeLarge

4 comments / Add your comment below

  1. Gostei imensamente dessa postagem! Aliás, aqui no blogue tem várias com esse perfil de apresentar mais profundamente um intérprete em particular: sempre aprendo muito e abre minha mente para novos nomes, saindo do “mais do mesmo”. Agradecido a vocês tod@s!

  2. La primera vez que fui al Teatro Colón, en abril de 1969, la Orquesta Filarmónica de Buenos Aires, dirigida por Pedro Ignacio Calderón, interpretó, entre otras obras, el 3er concerto para piano de Rachmaninov. El solista era Byron Janis. Yo no conocía ni al solista ni la obra, pero quedé muy impactado. En esa época no teníamos YouTube ni Spotify ni nada parecido. Tardé cinco años en poder escuchar por la radio esta obra; sin embargo, la melodía de su primer movimiento seguía siempre en mi cabeza. Lo recuerdo con mucha emoción, yo no tenía aún 17 años.

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