Bernard Haitink (1929-2021), o maestro que não se comportava como uma estrela

Bernard Haitink, o famoso maestro holandês, morreu em paz em casa com sua família, aos 92 anos.

Essa notícia discreta dada ontem por seu agente coroou uma vida discreta, sempre marcada por mais preocupação com a música do que com manchetes de jornal.

Como relata o obituário do New York Times, ele deixava a música falar por si própria. Em 1967, a revista Time destacou que “em uma profissão onde a extravagância e a arrogância são frequentemente as marcas do talento, o tímido Haitink é uma anomalia.” Um artigo do New York Times em 1976 trazia a manchete “Por que Bernard Haitink não age como um superstar?”

Ao contrário de maestros famosos por seus ataques de pelanca, Haitink dizia que sua função era dar confiança aos músicos, mesmo quando as coisas não estavam funcionando perfeitamente. Com essa atitude no-nonsense, ele ajudou a forjar entre 1961 e 88 o famoso som da Orquestra do Concertgebouw de Amsterdam. Depois, regeu muito em Londres, Munique, Dresden, Viena, etc. Não aderiu à corrente dos instrumentos antigos, mas parece ter aprendido muito – como Abbado – com os maestros historicamente informados.

Aqui no PQPBach, Haitink já foi muito homenageado em vida. Recentemente, tivemos sua integral de Beethoven (LSO, 2005-2006) e de Shostakovich (Concertgebouw, LPO, 1977-1983).

Também não dá pra não mencionar as suas gravações de Brahms, de Bruckner (aqui e aqui) e de Mahler (aqui e aqui no blog do amigo Carlinus). Provavelmente virão outras gravações desses últimos no PQPBach em breve. Fiquem de olho.

1 comment / Add your comment below

  1. Boa tarde!
    Muitíssimo comovente a sua homenagem ao Grande Maestro.
    Para além de, como são habitualmente os seus textos, maravilhosamente bem escrita esta elegia.
    Obrigado, do coração, por ter feito redescobrir em mim o valor deste Maestro que eu já apreciava por me parecer desde sempre, muito simpático.
    Fui reouvir algumas sinfonias de Beethoven, dirigidas por ele e aqui recomendadas e, não é que me vieram lágrimas aos olhos?
    Não imagina quão compensador e espiritualmente reparador é lê-lo por aqui (quase diariamente) e acompanhar as suas sempre muito criteriosas sugestões de audição musical.
    Abração terno de Portugal!

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