Mozart (1756 – 1791): Così fan tutte • (Homenagem ao Ammiratore) • solistas • Philharmonia Orchestra & Karl Böhm ֍

MOZART

Così fan tutte

Schwarzkopf • C. Ludwig

Kraus • G. Taddei

Berry • H. Steffek

Philharmonia Orchestra

Karl Böhm

Para homenagear nosso gentil e saudoso amigo, compare Ammiratore, como eu gostava de chamá-lo, decidi postar uma linda ópera. Não vou tentar fazer uma postagem no estilo dele, resultado de meticulosa pesquisa, com detalhes históricos e ilustrações bem específicas, além da apresentação de diferentes gravações… Eu não tenho estas habilidades que eram típicas dele. Costumava dizer-lhe que minhas (poucas) postagens de óperas buscam mais contagiar os visitantes do blog pelo meu amor por elas, por uma pequena anedota eventualmente introduzida e que o atraísse para a obra, contando que ela (a música) fizesse então a mágica. Ainda aposto nesta abordagem e tenho certeza de que nosso querido amigo aprovaria a postagem.

Così fan tutte é a terceira ópera surgida da colaboração de Mozart e Lorenzo da Ponte. As duas anteriores, Le Nozze di Figaro e Don Giovanni, não poderiam ser mais diferentes desta última. Enquanto Figaro e Don Giovanni estão repletas de personagens marcantes e árias fenomenais, Così se destaca por números apresentados por conjuntos de cantores: duos, trios, sextetos. As personagens aparecem aos pares: duas mocinhas, dois galãs e um casal formado pelo cínico filósofo e sua colaboradora, a camareira das moças. Outro aspecto que distingue esta obra das anteriores é ser politicamente incorreta e mais deliciosa ainda por isso. Afinal, o título, Così fan tutte, fala por si, mesmo sem tradução.

Veja como a trama é descrita em um dos sites que andei visitando: ‘Uma comédia com elementos nitidamente sérios, a peça traz um conto satírico de traição, onde a confiança é testada até o limite. Afinal, é possível que dois casais aparentemente fiéis tenham suas vidas afetivas arruinadas por um jogo de traições aparentemente inofensivo?’

Elisabeth e Christa ensaiando para uma apresentação no PQP Bach Opera Theater de Resende…

Assim é a ópera, repleta de troca de papéis, de disfarces e confusões. O libreto foi escrito por da Ponte sem um especial modelo literário e aparentemente tudo surgiu de uma história que lhe foi contada pelo próprio imperador austríaco. É claro que o tema não era de todo ausente da literatura, mas certamente chocou muitas pessoas na época de sua composição. A ópera também não ficou muito tempo em cartaz devido a morte do imperador. Assim, Così fan tutte firmou-se mesmo como uma das grandes óperas de Mozart, passando a integrar o repertório dos principais teatros do mundo a partir do século XX.

Quando Mozart iniciou a sua composição em novembro de 1789, estava financeiramente quebrado e a obra foi composta em tempo recorde – com a primeira apresentação em fins de janeiro de 1790. As reservas das pessoas sobre o tema e a morte do imperador, fechando os teatros para o luto oficial, contribuíram para que a ópera não salvasse as finanças de Mozart, o que foi realmente uma pena. A experiência de Mozart na composição de música de câmera certamente influenciou nas suas composições para grupos de cantores.

As moças e os galãs…

A história inicia com uma aposta feita pelo experiente Don Alfonso com os jovens Guglielmo e Ferrando, confiantes na fidelidade de suas amadas Fiordiligi e Dorabella. É claro que segue uma enfiada de confusões, disfarces e idas e vindas que incluem envenenamento e seções de mesmerização, até que as duas lindas se rendem aos encantos dos mocinhos disfarçados de bigodudos albaneses. Afinal, così fan tutte…

Bom, é curioso que naqueles dias Mozart havia escrito uma carta para a sua Constanze, que passava uns dias em uma estância de águas em Baden recuperando a saúde, admoestando-a a ser mais… discreta. Mas Mozart era realmente um ser humano diferenciado. Veja um outro trecho de carta, da mesma época: An astonishing number of kisses are flying about! I see a whole crowd of them. Ha! Ha! I have just caught three — They are delicious… I kiss you millions of times.

A gravação da postagem é clássica. Alguns diriam até jurássica. Bem, eu digo impecável, inigualável. As cantoras Elisabeth Schwarzkopf e Christa Ludwig (a quem aqui mais uma vez prestamos homenagem) estão perfeitas. O tenor Alfredo Kraus como Ferrando e Giuseppe Taddei como Guglielmo completam o quarteto central. Walter Berry, que fora casado com a Christa Ludwig, é Don Alfonso e Hanny Steffek uma ótima Despina. A Philharmonia Orchestra está sob o comando de Karl Böhm, cuja expertise em Mozart era indisputável naqueles dias, e a produção de Walter Legge completa o conjunto magnificamente.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Così fan tutte

Ópera buffa em dois atos

Fiordiligi – Elisabeth Schwarzkopf, soprano

Dorabella – Christa Ludwig, mezzosoprano

Ferrando – Alfredo Kraus, tenor

Guglielmo – Giuseppe Taddei, barítono

Don Alfonso – Walter Berry, baixo

Despina – Hanny Steffek, soprano

Philharmonia Orchestra & Chorus

Karl Böhm

Produção – Walter Legge

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 732 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 379 MB

Karl era bom em Mozart, Strauss e Wagner. Já em certos outros assuntos…

Böhm já havia gravado a ópera para a DECCA em 1955 e voltaria a gravá-la em 1977 para o selo amarelo. Mas esta gravação, feita sob a supervisão de Walter Legge e com um time dos sonhos de cantores é, sem dúvida, a melhor escolha. O Penguin Guide diz: Its glorius singing is headed by the incomparable Fiordiligi of Schwazkopf and the equally moving Dorabella of Christa Ludwig; it remains a superb memento of Walter Legge’s recording genius and remains unserpassed…

Aproveite!

RD

Linda imagem da produção de Così fan tutte feita por J. E. Gardiner

Para uma visão geral da ópera, visite este site aqui.

Outra gravação para contrastar:

W. A. Mozart (1756-1791): Così fan tutte

 

5 comments / Add your comment below

  1. Hola, René:
    muy buena idea la de traer esta gloriosa grabación.
    Le nozze di Figaro se inspira en Beaumarchais, Don Giovanni en Tirso de Molina, Molière y varios más. Così fan tutte, aparentemente, es fruto únicamente de la imaginación de Lorenzo Da Ponte. Sin embargo, hay un antecedente operístico, que viene de París. Se llama “Les troqueurs” (hoy diríamos “Los swingers”) y es una ópera cómica en un acto con música de Antoine Dauvergne y libreto en francés de Jean-Joseph Vadé, basado en el relato en verso homónimo de La Fontaine. Se estrenó en el Foire Saint-Laurent en París el 30 de julio de 1753.
    En esa época, París era la sede de la “querelle des bouffons”, entre los admiradores de la ópera buffa italiana (sobre todo de Pergolessi) y los que favorecían a la opéra comique francesa. “Les troqueurs” fue presentada como una obra compuesta por un italiano que vivía en París y que hablaba muy bien el francés. Tuvo un gran éxito, confirmando la aparente superioridad de los músicos italianos. Pero al poco tiempo se aclaró que su compositor, en realidad, era francés.
    Para más datos,
    https://en.wikipedia.org/wiki/Les_troqueurs?oldformat=true
    (El artículo en español no tiene mucha información; no existe artículo en portugués).
    Saludos.

    1. Olá, Juliowolgang!
      Obrigado por sua gentil e informativa mensagem!
      Leitores atentos como você são um incentivo para nossas postagens.
      Fique bem!
      Forte abraço desde Niterói!
      René

  2. que post!!!!! que homenagem ao colega que se foi e a amada christa ludwig!!!! sugestão com mozart: a integral das sonatas do mestre com a mestra uchida!!!!!! vielen dank!!!

    1. Olá, Bernardo!
      Obrigado pelo comentário…
      Seu pedido pelas Sonatas de Mozart com a Uchida já progrediu aqui… graças à sua consi(n)stência
      Estamos estudando a melhor maneira de fazer isso.
      Abraços!
      René

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