Mozart (1756-1791): Sonata K. 448 / Schubert (1797 – 1828): Fantasia D. 940 – Louis Lortier & Hélène Mercier

Mozart – Sonata em ré maior, K. 448

Mozart – Andante com Variações, K. 501

Schubert – Fantasia  D. 940

O ano 1781 foi significativo na vida de Wolfgang Amadeus Mozart, então com vinte e cinco anos, no auge de seu talento. Ele deixaria definitivamente de ser um músico da corte de Salzburgo, mudando para Viena. Este também é o ano em que conhece Constanze, que viria a ser sua esposa. Mas não foi nada fácil, longe disto. Sua atitude rebelde e independente custou-lhe caro. Sem a segurança do emprego que o tornava um servidor do Arcebispo Colloredo, passou a depender do que rendesse seus concertos públicos e do que recebesse de aulas dadas, especialmente à filhas de famílias nobres.

Josephine von Auernhammer foi uma das primeiras e deve ter sido ótima aluna. É claro, ela apaixonou-se por Mozart, mas se você quer saber o resto da história, precisa ler um pouco em outras fontes… O que importa para a postagem de hoje é que Mozart compôs essa brilhante sonata, em estilo galante, para tocarem juntos. As performances de ambos foram descritas como memoráveis pelas pessoas que lá estiveram.

Bernardo Bellotto, il Canaletto – Vista de Viena, por volta de 1761

Como julgar a música de Mozart? Lembremos que ele compôs várias peças sob encomenda, para cumprir as obrigações impostas pelo trabalho. Havia também a necessidade de agradar o gosto da época, a partir do momento que sua subsistência passou a depender do resultado da bilheteria de seus concertos. Mas sua genialidade sempre brilhava. Ele próprio explicou em suas cartas como tratava de colocar nas obras algo que agradasse tanto aos ouvintes mais informados quanto às pessoas comuns.

Esta sonata é um ótimo exemplo. O fato de ter sido escrita para dois pianos é muito bem explorado. O primeiro movimento é repleto de trechos que se seguem encadeados uns aos outros, permitindo que cada pianista brilhe por seu turno. Depois o Andante, o mais longo movimento da sonata. Delicadeza e beleza reinam aqui, tornando este movimento em algo bem próximo do sublime. Eu sei, parece exagero, mas vá lá, confira! E para fechar a sonata, um allegro molto, no que poderia propriamente definir o que é o estilo galante. No disco, segue um andante com variações, que funciona aqui como um interlúdio, uma pausa antes da próxima peça.

Quando Mozart escreveu a sonata, em 1781, tinha ainda pela frente mais dez anos de vida. Já Schubert escreveu a sua Fantasia em fá menor, D. 940, em 1828, seu último ano de vida. A peça foi escrita em quatro movimentos, mas que são tocados em sequência, interligados, sem qualquer pausa. Schubert foi um mestre em modulações e transições, e aqui são usadas com perfeição por um artista no auge de sua criatividade. Ele já havia escrito uma Fantasia com essa característica, de movimentos interligados, a Wanderer Fantasie. Mas, enquanto que na Wanderer Fantasie, para piano solo, o elemento de virtuosismo prevalece (raro em Schubert), na Fantasia para piano a quatro mãos, prevalece o discurso musical, a alegria de fazer música ao lado de um amigo, ou amiga.

A gravação desta postagem tem Louis Lortie, pianista canadense, que na época gravava para o selo Chandos, acompanhado pela pianista Hélène Mercier. A gravação feita no Snape Maltings Concert Hall é excelente. O produtor Tim Handley fez um excelente trabalho. O som brilha quando precisa, canta e encanta também.

Há outras gravações que reunem essas peças, que podem ser exploradas, se você gostar do repertório. Vale mencionar Perahia e Lupu, num disco com exato mesmo repertório. Outras referências para a Fantasia de Schubert são Emil e Elena Gilels ou Sviatoslav Richter e Benjamin Britten. Mas, Lortie e Mercier é o que temos hoje, e já é bastante. Um disco de tirar o chapéu!

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Sonata para dois pianos em ré maior, K. 448
  1. Allegro con spirito
  2. Andante
  3. Allegro molto
Andante con Variações, para piano a quatro mãos, K. 501

Franz Schubert (1797 – 1828)

Fantasia em fá menor, para piano a quatro mãos, D. 940

Louis Lortier & Hélène Mercier, pianos

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Aproveite, que é coisa boa!

René Denon

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