Gustav Mahler (1860-1911) – Symphony No. 10 in F sharp minor (incomplete) e Symphony No. 5 in C sharp minor

Desde hoje cedo, encontrava-me com um desejo enorme de ouvir a Quinta Sinfonia de Mahler. Uma disposição quase que espiritual, fez-me desejar ouvir aquele turbilhão trágico. Aquela carga espiritual e nietzscheniana. Aquele engolfamento de desespero. De profunda cartase filósofica. As minhas sinapses desejaram como nunca a Quinta de Mahler. Enquanto estava no metrô, pensava nela. Ao caminhar para o trabalho nas ruas de Brasília, assobiava o primeiro movimento, as cenas iniciais, que surgem como borrascas avassaladoras. Solfejava aquele som de onda tempestuosa. A poderosa marcha fúnebre que fala mais do homem do que qualquer tese de filosofia. Mahler é assim. Pega-nos por completo. Leva-nos ao chão, com aquela sensação de que já não somos mais os mesmos. Hoje, almocei com um colega professor. Conversamos sobre religião, ateísmo, filosofia, Dawkins, a natureza e o sentido da vida. Parece muita pretensão, mas esses são temas que sempre me pertubam. E, neste instante, chego à conclusão de que o anseio por Mahler, porque hoje eu estou aberto às grandes reflexões. Li ainda pouco um texto do Milton Ribeiro (belíssimo texto!). Aquelas palavras repletas de um senso de segurança. De uma estabilidade que impressiona, deixou-me ainda mais com o senso da agudização do quanto Mahler é importante para eu me entender num mundo no qual as relações, as tragédias, os achaques variados, em suma, para a vida que acontece aqui embaixo sob o regime das leis naturais. Ah! Mahler, como você me faz existencializar a realidade e imaginar coisas grandes e absurdas, quando eu sou pequeno e multifacetado. Mas em ti, a vida é transcendida. Aquela afirmação de Nietzsche de que ‘eu devo tranformar a minha vida numa canção que o mundo precisa escutar’, dá-me forças para continuar. Não ligue para os desvarios e escute esta baita gravação de duas das sinfonias de Mahler com Rodolfo Barshai. Gravação primorosa – ao vivo, primorosa. Uma boa apreciação!

Gustavo Mahler (1860-1911) – Symphony No. 10 in F sharp minor (incomplete) e Symphony No. 5 in C sharp minor

DISCO 01

Symphony No. 10 in F sharp minor (incomplete)
01.Adagio
02. Scherzo
03. Purgatorio
04. Allegro pesante
05. Finale

DISCO 02

Symphony No. 5 in C sharp minor
01.Trauermarsch, in gemessenem Schritt, streng wie ein Kondukt Listen
02. Stürmisch bewegt, mit grösster Vehemenz Listen
03. Scherzo, kräftig, nicht zu schnell Listen
04. Adagietto, sehr langsam Listen
05. Rondo-Finale, allegro giocoso

Junge Deutsche Philharmonie
Rudolf Barshai, regente

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Carlinus

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  1. Maravilhoso! Pessoal, quando possível, coloquem na agenda revalidar a série de Mahler com Bernstein… aquilo era tudo que eu tinha de melhor mas meu HD queimou.

    Fortes abraços! Parabéns pelo Blog!
    Não tenho palavars pra descrever minha gratidao a vocês, sinceramente.

    Dan Cookie

  2. Que texto, que texto! Creio que sinto algo bastante profundo e até transcedental ao ouvir Mahler (e Bruckner e companhia), mas nunca conseguiria escrever nada que fizesse sentido sobre isso.
    “Turbilhão trágico”, “som de onda tempestuosa”, muito bom…

  3. “Uma sinfonia deve ser universal, deve englobar tudo”, era mais ou menos isso que Mahler dizia. Parabéns pela postagem e pelo excelente texto, Carlinus. Você é um excelente prosador, sem pretensões. As sinfonias de Mahler nos cativam bastante, realmente. Se bem que, tão cativante quanto às dele, ou tão mais cativantes eu diria, são as de Shostakovich, não sei se todos concordariam, mas é minha opinião. Acho meio non sense tocar no assunto das sinfonias de Beethoven, são de outra época. Mas o fato é que algumas músicas exercem um poder mágico, e nunca sabemos exatamente o porquê. Isso é interessante.

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